Saúde de migrantes e refugiados em Porto Alegre: “a doença que eles têm não é o hospital que resolve”.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/263970 |
Resumo: | Introdução: Os equipamentos públicos de saúde não estão totalmente preparados para atender demandas de pessoas residentes nascidas em outros países. Justificativa: A partir desta constatação histórica e enquanto ocorre a qualificação da rede, voluntários e instituições do 3o setor apareceram com protagonismo social no acolhimento e cuidado a essas pessoas. Objetivo: Foi analisar e compreender como se dá o acesso a saúde de migrantes residentes em POA, identificar atores e ações de apoio, acolhimento e promoção de saúde e sua relação com a RAS (rede de atenção à saúde). Metodologia: Para buscar respostas às questões iniciais localizamos instituições e profissionais do terceiro setor que atuavam com migrantes e refugiados em Porto Alegre e região metropolitana através do site de busca Google encontramos uma lista com doze instituições e seus contatos disponíveis no site do Observatório Brasileiro de Migrações.Os primeiros entrevistados indicaram e disponibilizaram o contato de outras pessoas chave pelo método Bola de Neve, assim desenvolveu-se 10 entrevistas presenciais em 2019, dois entrevistados também eram migrantes. Utilizamos para as entrevistas um roteiro semiestruturado elaborado pela pesquisadora a partir de referenciais clássicos de Promoção da Saúde. Depois de gravadas as informações foram transcritas, agrupadas de acordo com a Teoria Fundamentada em dados, analisadas e categorizadas por temas mais relevantes e então discutidas. Resultados: Os resultados encontrados estão relacionados à busca de trabalho, qualidade de vida, mas sempre são atravessados por desigualdades estruturais originadas pelo colonialismo e perpetuados pela crueldade capitalista. Os países subdesenvolvidos remam contra a maré sem colete salva vidas e quando recebem ajuda tem que pagar a custo da escravização, miséria e violência. A migração aparece como uma oportunidade de alçar melhores destinos para as famílias, sempre personalizada em um eleito. Conclusão: Quando esse eleito não consegue retribuir da forma esperada porque se deparou com continuidade daquilo que fugia em seu país e que assumiu nomes diferentes durante a diáspora...racismo, xenofobia e discriminação, ele adoece. É essa doença identificada nas entrevistas e que vai muito além da necessidade de um hospital. Mesmo assim, logo o corpo se defende manifestando perturbações reacionais, doenças mentais e físicas. Aplicabilidade está na compreensão do adoecimento da população migrante contextualizada como coletiva, social e abusiva às nações jovens, negras e não europeias, subjugadas por países líderes do capitalismo mundial. |
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Metodologia: Para buscar respostas às questões iniciais localizamos instituições e profissionais do terceiro setor que atuavam com migrantes e refugiados em Porto Alegre e região metropolitana através do site de busca Google encontramos uma lista com doze instituições e seus contatos disponíveis no site do Observatório Brasileiro de Migrações.Os primeiros entrevistados indicaram e disponibilizaram o contato de outras pessoas chave pelo método Bola de Neve, assim desenvolveu-se 10 entrevistas presenciais em 2019, dois entrevistados também eram migrantes. Utilizamos para as entrevistas um roteiro semiestruturado elaborado pela pesquisadora a partir de referenciais clássicos de Promoção da Saúde. Depois de gravadas as informações foram transcritas, agrupadas de acordo com a Teoria Fundamentada em dados, analisadas e categorizadas por temas mais relevantes e então discutidas. Resultados: Os resultados encontrados estão relacionados à busca de trabalho, qualidade de vida, mas sempre são atravessados por desigualdades estruturais originadas pelo colonialismo e perpetuados pela crueldade capitalista. Os países subdesenvolvidos remam contra a maré sem colete salva vidas e quando recebem ajuda tem que pagar a custo da escravização, miséria e violência. A migração aparece como uma oportunidade de alçar melhores destinos para as famílias, sempre personalizada em um eleito. Conclusão: Quando esse eleito não consegue retribuir da forma esperada porque se deparou com continuidade daquilo que fugia em seu país e que assumiu nomes diferentes durante a diáspora...racismo, xenofobia e discriminação, ele adoece. É essa doença identificada nas entrevistas e que vai muito além da necessidade de um hospital. Mesmo assim, logo o corpo se defende manifestando perturbações reacionais, doenças mentais e físicas. Aplicabilidade está na compreensão do adoecimento da população migrante contextualizada como coletiva, social e abusiva às nações jovens, negras e não europeias, subjugadas por países líderes do capitalismo mundial.Introduction: The Brazilian public health institutions are not prepared to meet the demands of foreigners. Justification: Based on this historical and current finding, volunteers institutions demonstrated social protagonism in receiving and taking care of these people. The objective of this study was to analyze and understand how migrants living in POA have access to health, to identify actors and support actions, reception and health promotion and their relationship with the RAS (health care network). Methodology: To seek answers to the initial questions, we located institutions and professionals from the third sector that worked with migrants and refugees in Porto Alegre and the metropolitan region through the Google search site. The first interviewees indicated and made available the contact of other key people through the Snowball method, so 10 face-to-face interviews were carried out in 2019, two interviewees were also migrants. For the interviews, we used a semi-structured script prepared by the researcher based on classic Health Promotion references. After recording, the information was transcribed, grouped according to Grounded Theory, analyzed and categorized by the most relevant themes and then discussed. Results: The results found are related to the search for work, quality of life, but are always crossed by structural inequalities originated by colonialism and perpetuated by capitalist cruelty. Underdeveloped countries row against the tide without a life jacket and when they receive help they have to pay the cost of enslavement, misery and violence. Migration appears as an opportunity to raise better destinations for families, always personalized in a chosen one. Conclusion: When that elected person fails to reciprocate in the expected way because he is faced with the continuity of what was fleeing in his country and which took on different names during the diaspora...racism, xenophobia and discrimination, he/she gets sick. And these illnesses identified in the interviews that go far beyond the need for a hospital. Even so, soon the body defends itself by developing reactionary disorders, mental and physical illnesses. Applicability lies in understanding the illness of the migrant population contextualized as collective, social and abusive to young, black and non-European nations, subjugated by leading countries of world capitalism.application/pdfporRefugiadosMigrantesCapitalismoMigrantsRefugeesCapitalismSaúde de migrantes e refugiados em Porto Alegre: “a doença que eles têm não é o hospital que resolve”.info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de EnfermagemPrograma de Pós-Graduação em Saúde ColetivaPorto Alegre, BR-RS2023mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001174143.pdf.txt001174143.pdf.txtExtracted Texttext/plain178634http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/263970/2/001174143.pdf.txt513d32eeb2c7dea83c8034489a21746eMD52ORIGINAL001174143.pdfTexto parcialapplication/pdf902394http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/263970/1/001174143.pdfa7c2de90b39409fa2fb7e0d731e0d5fdMD5110183/2639702023-08-26 03:33:14.349568oai:www.lume.ufrgs.br:10183/263970Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-08-26T06:33:14Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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