Mulheres no octógono : performatividades de corpos e de sexualidades
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/107263 |
Resumo: | Esta dissertação tematiza as mulheres que praticam esportes socialmente considerados masculinos, com foco na inserção das lutadoras do Mixed Martial Arts profissional ou Artes Marciais Mistas (MMA) e no Ultimate Fighting Championship (UFC). Tem como objetivo analisar se as performatividades dos corpos e das sexualidades reiteram e/ou subvertem os discursos sobre as relações de gênero que permeiam as práticas corporais e esportivas. Os pressupostos teóricos utilizados para dialogar com os dados empíricos são as Teorias Pós-Estruturalistas e, sobretudo, Estudos de Gênero e Queer, por possibilitarem maior visibilidade acadêmica a temas como as transformações sociais e biotecnológicas do corpo; assim como questões relacionadas ao gênero e as sexualidades. Dentro desta perspectiva, a pesquisa investiga a articulação dos discursos midiáticos veiculados nas reportagens e comentários postados pel@s usuári@s de dois sites específicos: Combate e Tatame. E tem como recorte temporal o período entre a contratação de mulheres pelo UFC, que vai de dezembro de 2012 até a última luta da temporada em dezembro de 2013. O “Mapa Empírico” foi composto por 331 reportagens e 4174 comentários, pesquisados nestes sites, sistematizados através da Análise de Conteúdo dos quais emergiram categorias de análise como: o discurso biologicista – que valoriza as representações macho/fêmea, homem/mulher, masculino/feminino, baseado nas características anatômicas corporais, legitimando atitudes arbitrárias na produção dos corpos generificados pelas práticas sociais; e a heteronormatividade, compreendida como o processo normativo das práticas que regulamentam e ditam uma suposta verdade sobre o sexo e o gênero ao conectar os termos sexo, gênero e desejo, construindo uma “matriz de inteligibilidade”. No âmbito do MMA, foi possível identificar que os argumentos d@s usuári@s em relação à mudança na ordem da “normalidade” e da “naturalidade”, como a potencialização dos corpos, a virilização e a masculinização das atletas, atravessam as categorias de análise. Desta forma, a análise visibilizou o quanto o acesso das mulheres ao MMA é permeado por restrições. Em grande medida, estão relacionadas à presença de seu corpo, a uma representação normatizada de feminilidade e a heteronormatividade. Os comentários que circulam em grande parte dos posts analisados contemplam argumentos sexistas e misóginos que ao mesmo tempo erotizam a performance esportiva das lutadoras e também as desqualificam. De outro modo, há uma série de publicações de caráter lesbofóbico e transfóbico que insistem em representar as lutadoras a partir da centralidade de seus corpos que são considerados abjetos e que suas presenças no octógono maculam esta prática esportiva. Estes argumentos deslegitimam reconhecimento às diferenças, às multiplicidades e à equidade de oportunidades nesta prática esportiva. |
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Grespan, Carla LisboaGoellner, Silvana Vilodre2014-11-21T02:15:35Z2014http://hdl.handle.net/10183/107263000945042Esta dissertação tematiza as mulheres que praticam esportes socialmente considerados masculinos, com foco na inserção das lutadoras do Mixed Martial Arts profissional ou Artes Marciais Mistas (MMA) e no Ultimate Fighting Championship (UFC). Tem como objetivo analisar se as performatividades dos corpos e das sexualidades reiteram e/ou subvertem os discursos sobre as relações de gênero que permeiam as práticas corporais e esportivas. Os pressupostos teóricos utilizados para dialogar com os dados empíricos são as Teorias Pós-Estruturalistas e, sobretudo, Estudos de Gênero e Queer, por possibilitarem maior visibilidade acadêmica a temas como as transformações sociais e biotecnológicas do corpo; assim como questões relacionadas ao gênero e as sexualidades. Dentro desta perspectiva, a pesquisa investiga a articulação dos discursos midiáticos veiculados nas reportagens e comentários postados pel@s usuári@s de dois sites específicos: Combate e Tatame. E tem como recorte temporal o período entre a contratação de mulheres pelo UFC, que vai de dezembro de 2012 até a última luta da temporada em dezembro de 2013. O “Mapa Empírico” foi composto por 331 reportagens e 4174 comentários, pesquisados nestes sites, sistematizados através da Análise de Conteúdo dos quais emergiram categorias de análise como: o discurso biologicista – que valoriza as representações macho/fêmea, homem/mulher, masculino/feminino, baseado nas características anatômicas corporais, legitimando atitudes arbitrárias na produção dos corpos generificados pelas práticas sociais; e a heteronormatividade, compreendida como o processo normativo das práticas que regulamentam e ditam uma suposta verdade sobre o sexo e o gênero ao conectar os termos sexo, gênero e desejo, construindo uma “matriz de inteligibilidade”. No âmbito do MMA, foi possível identificar que os argumentos d@s usuári@s em relação à mudança na ordem da “normalidade” e da “naturalidade”, como a potencialização dos corpos, a virilização e a masculinização das atletas, atravessam as categorias de análise. Desta forma, a análise visibilizou o quanto o acesso das mulheres ao MMA é permeado por restrições. Em grande medida, estão relacionadas à presença de seu corpo, a uma representação normatizada de feminilidade e a heteronormatividade. Os comentários que circulam em grande parte dos posts analisados contemplam argumentos sexistas e misóginos que ao mesmo tempo erotizam a performance esportiva das lutadoras e também as desqualificam. De outro modo, há uma série de publicações de caráter lesbofóbico e transfóbico que insistem em representar as lutadoras a partir da centralidade de seus corpos que são considerados abjetos e que suas presenças no octógono maculam esta prática esportiva. Estes argumentos deslegitimam reconhecimento às diferenças, às multiplicidades e à equidade de oportunidades nesta prática esportiva.This dissertation thematizes women who play sports socially considered masculine, focusing on inclusion of professional fighters in the Mixed Martial Arts and Ultimate Fighting Championship (UFC). It aims to analyze whether performativities of the bodies and sexualities reiterate and / or subvert the discourses on gender relations which permeate the body and sports practices. The theoretical assumptions used to dialogue with the empirical data are the Post-Structuralist theories and, above all, Gender Studies and Queer, since they offer higher academic visibility to issues of social and biotechnological transformation of the body, as well as issues related to gender and sexuality. Within this perspective, the research investigates the articulation of media discourse in the news and comments posted by members of two specific websites: Combate and Tatame. It has the time frame period between hiring women for the UFC, which runs from December 2012 until the last fight of the season in December 2013. The “Map Empirical” was composed of 331 stories and 4174 comments, surveyed on these sites was systematized through Content Analysis and emerged as categories of analysis: the biologicist discourse - that values the representations male / female, man / woman, masculine / feminine based on body anatomical features legitimizing arbitrary attitudes in the production of gendered bodies through social practices; and heteronormativity, understood as the process of normative practices that regulate and dictate a supposed truth about sex and gender to connect the terms sex, gender and desire, building a "matrix of intelligibility." Under the MMA, we found that the arguments of users in relation to the change in the order of "normality" and "naturalness" as the enhancement of the bodies, virilization and masculinization of athletes, cross categories of analysis. Therefore, the analysis visualized how women's access to MMA is permeated by restrictions. Largely relate to the presence of his body, a standardized representation of femininity and heteronormativity. The comments on most posts analyzed include sexist and misogynistic arguments that at the same time eroticize sports performance of the fighters and also disqualify them. Otherwise, there are a number of publications and transphobic lesbophobic character that insist on representing the fighters from the centrality of their bodies which are considered abject and that their presence in the octagon tarnish this sport. These arguments delegitimize recognition of differences, the multiplicities and equity opportunities in this sport.application/pdfporArtes marciaisRelações de gêneroMulheres : EsporteSexualidadeTeoria queerMixed martial artsWomenQueer studiesMulheres no octógono : performatividades de corpos e de sexualidadesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de Educação FísicaPrograma de Pós-Graduação em Ciências do Movimento HumanoPorto Alegre, BR-RS2014mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000945042.pdf000945042.pdfTexto completoapplication/pdf2237964http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/107263/1/000945042.pdf36ffbe04b6e005875a70880fc277c3a1MD51TEXT000945042.pdf.txt000945042.pdf.txtExtracted Texttext/plain277674http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/107263/2/000945042.pdf.txt43cd6d95516ff7a494875e61ddfbb66bMD52THUMBNAIL000945042.pdf.jpg000945042.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1502http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/107263/3/000945042.pdf.jpgf4e651471ab8e0ed4be8bea25c9afbc7MD5310183/1072632018-10-22 08:07:17.825oai:www.lume.ufrgs.br:10183/107263Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-22T11:07:17Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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