Organização de serviços : a produção teórica dominante no campo da saúde coletiva

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, Rodrigo Prado da
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/201086
Resumo: Esta Dissertação tem como objetivo analisar as principais abordagens sobre o tema da Gestão em Saúde no campo da Saúde Coletiva. Para tanto, foi realizada uma pesquisa através da Plataforma Sucupira, ferramenta do Sistema Nacional de Pós-Graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Conforme dados disponibilizados pela Plataforma, havia, no momento da pesquisa, 35 Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva em Mestrado e Doutorado Acadêmicos. Para análise, busquei informações nos sítios eletrônicos desses Programas através de súmulas e ementas de disciplinas que disponibilizassem as referências utilizadas. O objetivo dessa busca foi identificar os principais autores de referência sobre o tema da Gestão em Saúde, no campo da Saúde Coletiva, e quais seus principais textos utilizados como referência. Somente 16 Programas disponibilizam essas informações em seus sítios eletrônicos e em todas as referências utilizadas são citados três principais autores: Emerson Elias Merhy, Gastão Wagner de Sousa Campos e Luiz Carlos de Oliveira Cecílio. Para a análise das proposições dos autores, foram utilizadas as categorias “interdiscursividade” e “intertextualidade”, desenvolvidas por Bakhtin na obra Marxismo e filosofia da linguagem. Compreendendo, a partir desse referencial, que todo texto carrega consigo um discurso dotado de sentido, busquei identificar como é produzido o discurso sobre Gestão em Saúde e qual o sentido que ele assume nas proposições dos autores analisados. Apesar das diferentes abordagens dos autores sobre o tema da Gestão em Saúde e de suas críticas à gestão sob a racionalidade gerencial, identificou-se que a interdiscursividade e a intertextualidade travadas pelos autores com referenciais que afirmam valores de classe (capitalista), resultam na incorporação desses valores para suas proposições, ainda que isso não seja nítido em seus discursos. Sem contextualizar as proposições de seus referenciais nos textos originais, os autores não evidenciam o sentido ideológico que é incorporado em seus textos e que são traduzidos e apresentados sob outra roupagem, como se fossem reestruturadores das relações de produção do trabalho. Face à articulação de proposições teóricas contraditórias, o resultado prático é a idealização das relações de produção no capitalismo e a sobrevalorização da possibilidade dos trabalhadores transporem as relações institucionais nas quais estão imersos. Sobretudo, as críticas feitas ao campo disciplinar da Administração são limitadas, porque seus modelos de gestão não ultrapassam os limites da ordem estabelecida pelo capital. A reflexão sobre esses autores permitiu evidenciar que seus modelos de Gestão em Saúde não superam o discurso gerencialista, mas o ressignificam, porque traduzem para suas proposições conceitos de referenciais que defendem a lógica de mercado em todas as dimensões da vida associada, ainda que com a intenção de reorganização dos processos de trabalho.
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Somente 16 Programas disponibilizam essas informações em seus sítios eletrônicos e em todas as referências utilizadas são citados três principais autores: Emerson Elias Merhy, Gastão Wagner de Sousa Campos e Luiz Carlos de Oliveira Cecílio. Para a análise das proposições dos autores, foram utilizadas as categorias “interdiscursividade” e “intertextualidade”, desenvolvidas por Bakhtin na obra Marxismo e filosofia da linguagem. Compreendendo, a partir desse referencial, que todo texto carrega consigo um discurso dotado de sentido, busquei identificar como é produzido o discurso sobre Gestão em Saúde e qual o sentido que ele assume nas proposições dos autores analisados. Apesar das diferentes abordagens dos autores sobre o tema da Gestão em Saúde e de suas críticas à gestão sob a racionalidade gerencial, identificou-se que a interdiscursividade e a intertextualidade travadas pelos autores com referenciais que afirmam valores de classe (capitalista), resultam na incorporação desses valores para suas proposições, ainda que isso não seja nítido em seus discursos. Sem contextualizar as proposições de seus referenciais nos textos originais, os autores não evidenciam o sentido ideológico que é incorporado em seus textos e que são traduzidos e apresentados sob outra roupagem, como se fossem reestruturadores das relações de produção do trabalho. Face à articulação de proposições teóricas contraditórias, o resultado prático é a idealização das relações de produção no capitalismo e a sobrevalorização da possibilidade dos trabalhadores transporem as relações institucionais nas quais estão imersos. Sobretudo, as críticas feitas ao campo disciplinar da Administração são limitadas, porque seus modelos de gestão não ultrapassam os limites da ordem estabelecida pelo capital. A reflexão sobre esses autores permitiu evidenciar que seus modelos de Gestão em Saúde não superam o discurso gerencialista, mas o ressignificam, porque traduzem para suas proposições conceitos de referenciais que defendem a lógica de mercado em todas as dimensões da vida associada, ainda que com a intenção de reorganização dos processos de trabalho.This dissertation aims to analyze the main approaches on the topic of health management in the field of collective health. To do so, a survey was conducted through the Sucupira platform, tool of the National Post-graduation system of coordination for the improvement of higher education personnel (CAPES). According to data provided by the platform, there were, at the time of the research, 91 Post-Graduation programs in collective health and, of this total, 35 would correspond to graduate programs in academic masters and doctorate. For analysis, I sought information on the electronic sites of these 35 programs by means of subjects and courses that made available the references used. The objective of this search was to identify the main reference authors on the theme of health management in the field of public health and what its main texts used as a reference. Only 16 programs offer this information and in all references used are cited three main authors: Emerson Elias Merhy, Gastão Wagner de Sousa Campos e Luiz Carlos de Oliveira Cecílio. For the analysis of the authors' propositions, the categories "interdiscursivity" and "intertextuality" were used, developed by Bakhtin in the Marxism and the Philosophy of Language. Understanding, from this referential, that every text carries with it a discourse endowed with meaning, I sought to identify how the discourse is produced on health management and the meaning that it assumes in the propositions of the authors analyzed. Despite the different approaches of the authors on the topic of health management and their criticism of management under managerial rationality, It was identified that interdiscursiveness and intertextuality fought by the authors with referential that affirm class values (capitalist), result in the incorporation of these values into their propositions, even if this is not clear in their discourses. Without contextualizing the propositions of their references in the original texts, the authors do not evidence the ideological meaning that is incorporated in their texts and that are translated and presented under another perspective, as if they were restructurers of the work production relations. In view of the articulation of contradictory theoretical propositions, the practical result is the idealization of the production relations in capitalism and the overvaluation of the possibility of workers to transpose the institutional relations in which they are immersed. Above all, the criticisms made to the disciplinary field of the administration are limited, because their management models do not exceed the limits of the order established by the capital. The reflection on these authors revealed that their health management models do not overcome the managerial discourse, but they resignify it, because they translate to their propositions concepts of referential that advocate market logic in all dimensions of life associated, even with the intention of reorganizing the work processes.application/pdfporGestão em saúdeSaúde coletivaTeoria da organizacaoHealth managementCollective healthOrganizational theoriesOrganização de serviços : a produção teórica dominante no campo da saúde coletivainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de AdministraçãoPrograma de Pós-Graduação em AdministraçãoPorto Alegre, BR-RS2019mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001104498.pdf.txt001104498.pdf.txtExtracted Texttext/plain467527http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/201086/2/001104498.pdf.txt433b03690226dacdc0a8f58e7919547cMD52ORIGINAL001104498.pdfTexto completoapplication/pdf2253607http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/201086/1/001104498.pdf6d98aae60a4c80471b0986f4db646b4eMD5110183/2010862019-10-31 03:55:18.939oai:www.lume.ufrgs.br:10183/201086Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-10-31T06:55:18Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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