Atenção ao parto e nascimento em hospital universitário : comparação de práticas desenvolvidas após a adesão à Rede Cegonha

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lopes, Giovanna De Carli
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/190144
Resumo: A partir da preocupação brasileira com a assistência ao parto, marcada pelo uso em excesso de tecnologia e medicalização, ocasionando intervenções desnecessárias e elevadas taxas de cesariana, o governo passou a adotar uma série de estratégias, a mais recente delas é a Rede Cegonha. Não foi encontrado nenhum estudo cuja finalidade fosse comparar as práticas assistenciais de uma mesma maternidade após a implementação da Rede Cegonha, no que se refere à capacidade dessa estratégia de modificar positivamente as práticas obstétricas ao longo dos anos. Assim, o objetivo desse estudo é analisar as práticas de atenção ao parto e nascimento em um hospital universitário no ano de implementação (2012) da Rede Cegonha e comparar com as práticas desenvolvidas quatro anos após (2016). Trata-se de um estudo transversal, realizado em um hospital universitário da cidade de Porto Alegre – RS, que abrange dados obtidos em dois períodos de tempo diferentes: 2012 e 2016. As variáveis do presente estudo foram divididas em sete blocos. As práticas de assistência avaliadas não demonstraram uma evolução contínua, como se supunha na hipótese desta pesquisa, visto que algumas apresentaram resultados melhores, e outras se mantiveram ou apresentaram resultados piores. Alguns resultados merecem destaque na comparação entre os anos de 2012 e 2016: venóclise rotineira (85,4% vs. 97,8%; p<0,001), restrição de movimentação no trabalho de parto (46,1% vs. 55,1%; p=0,008), episiotomia de rotina (63,6% vs. 55,0%; p=0,024), exames de toque acima do recomendado (69,5% vs. 76,8%; p=0,055), aspiração rotineira de vias aéreas do recém-nascido (65,6% vs. 56,8%; p=0,008) e administração de nitrato de prata antes da primeira hora após o parto (43,1% vs. 65,3%; p<0.001). Evidenciou-se também a manutenção de algumas práticas: internação fora do trabalho de parto (49,3% vs. 51,2%), posição de litotomia no expulsivo (99,3% vs. 98,7%), amniotomia rotineira (81,8% vs. 83,9%) e ocitocina rotineira (80,1% vs. 81,9%). Algumas boas práticas destacaram-se: aumento do acompanhante durante o parto (91,0% vs. 95,7%; p=0,004), do uso de métodos não-farmacológicos de alívio da dor (67,9% vs. 74,2%; p=0,040), do contato pele-a-pele (14,9% vs. 60,1%; p<0,001) e do estímulo à amamentação logo após o nascimento (22,1% vs. 45,0%; p<0,001). Modelos de atenção que mantêm práticas intervencionistas e obsoletas ignoram as evidências científicas e têm se mostrado falidos pois repercutem negativamente na morbimortalidade materna e neonatal. Um caminho já consolidado em outros lugares do mundo é a inserção de enfermeiras obstetras e obstetrizes na assistência direta ao parto. Os resultados encontrados neste trabalho são indicativos da necessidade da instituição, que é hospital universitário, rever suas práticas assistenciais, inclusive para adoção de um novo modelo de atenção.
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Trata-se de um estudo transversal, realizado em um hospital universitário da cidade de Porto Alegre – RS, que abrange dados obtidos em dois períodos de tempo diferentes: 2012 e 2016. As variáveis do presente estudo foram divididas em sete blocos. As práticas de assistência avaliadas não demonstraram uma evolução contínua, como se supunha na hipótese desta pesquisa, visto que algumas apresentaram resultados melhores, e outras se mantiveram ou apresentaram resultados piores. Alguns resultados merecem destaque na comparação entre os anos de 2012 e 2016: venóclise rotineira (85,4% vs. 97,8%; p<0,001), restrição de movimentação no trabalho de parto (46,1% vs. 55,1%; p=0,008), episiotomia de rotina (63,6% vs. 55,0%; p=0,024), exames de toque acima do recomendado (69,5% vs. 76,8%; p=0,055), aspiração rotineira de vias aéreas do recém-nascido (65,6% vs. 56,8%; p=0,008) e administração de nitrato de prata antes da primeira hora após o parto (43,1% vs. 65,3%; p<0.001). Evidenciou-se também a manutenção de algumas práticas: internação fora do trabalho de parto (49,3% vs. 51,2%), posição de litotomia no expulsivo (99,3% vs. 98,7%), amniotomia rotineira (81,8% vs. 83,9%) e ocitocina rotineira (80,1% vs. 81,9%). Algumas boas práticas destacaram-se: aumento do acompanhante durante o parto (91,0% vs. 95,7%; p=0,004), do uso de métodos não-farmacológicos de alívio da dor (67,9% vs. 74,2%; p=0,040), do contato pele-a-pele (14,9% vs. 60,1%; p<0,001) e do estímulo à amamentação logo após o nascimento (22,1% vs. 45,0%; p<0,001). Modelos de atenção que mantêm práticas intervencionistas e obsoletas ignoram as evidências científicas e têm se mostrado falidos pois repercutem negativamente na morbimortalidade materna e neonatal. Um caminho já consolidado em outros lugares do mundo é a inserção de enfermeiras obstetras e obstetrizes na assistência direta ao parto. Os resultados encontrados neste trabalho são indicativos da necessidade da instituição, que é hospital universitário, rever suas práticas assistenciais, inclusive para adoção de um novo modelo de atenção.Based on the Brazilian preoccupation with childbirth care, marked by the excessive use of technology and medicalization, causing unnecessary interventions and high cesarean rates, the government started to adopt a series of strategies, the most recent being the Stork Network. We did not find any study whose purpose was to compare the care practices of the same motherhood after the implementation of the Stork Network, regarding the capacity of this strategy to positively modify obstetric practices over the years. Thus, the objective of this study is to analyze the practices of care for childbirth and birth in a university hospital in the year of implementation (2012) of the Stork Network and compare with the practices developed four years after (2016). This is a cross-sectional study carried out in a university hospital in the city of Porto Alegre, Brazil, which covers data obtained in two different time periods: 2012 and 2016. The variables of the present study were divided into seven blocks. The assistance practices evaluated did not show a continuous evolution, as assumed in the hypothesis of this research, since some presented better results, and others maintained or presented worse results. Some results are worthy of note in the comparison between the years 2012 and 2016: routine venoclysis (85.4% vs. 97.8%, p <0.001), movement restriction in labor (46.1% vs. 55.1% (P = .024), touch tests above the recommended rate (69.5% vs. 76.8%, p = 0.055), (65.6% vs. 56.8%, p = 0.008) and administration of silver nitrate within the first hour after delivery (43.1% vs. 65.3%; p <0.001). It was also evidenced the maintenance of some practices: hospitalization outside labor (49.3% vs. 51.2%), position of lithotomy in the expulsive (99.3% vs. 98.7%), routine amniotomy (81.8% vs. 83.9%) and routine oxytocin (80.1% vs. 81.9%). Some good practices were: increase of the companion during delivery (91.0% vs. 95.7%, p = 0.004), use of non-pharmacological methods of pain relief (67.9% vs. 74, (P = 0.040), skin-to-skin contact (14.9% vs. 60.1%, p <0.001) and stimulation of breastfeeding soon after birth (22.1% vs. 45.0% %, p <0.001). Models of care that maintain interventionist and obsolete practices ignore the scientific evidence and have proved bankrupt because they have a negative impact on maternal and neonatal morbidity and mortality. A path already consolidated in other parts of the world is the insertion of obstetricians and obstetricians in the direct care of childbirth. The results found in this study are indicative of the need of the institution, which is a university hospital, to review its care practices, including the adoption of a new model of care.application/pdfporEnfermagem obstétricaTocologiaParto humanizadoObstetric nursingMidwiferyHumanizing deliveryAtenção ao parto e nascimento em hospital universitário : comparação de práticas desenvolvidas após a adesão à Rede Cegonhainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de EnfermagemPrograma de Pós-Graduação em EnfermagemPorto Alegre, BR-RS2017mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001058683.pdf.txt001058683.pdf.txtExtracted Texttext/plain397533http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/190144/2/001058683.pdf.txt555bedaeac72eff1a4768d052c057fbfMD52ORIGINAL001058683.pdfTexto completoapplication/pdf12281033http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/190144/1/001058683.pdf335b32df9819c85ac81220bfae4edbe0MD5110183/1901442019-04-13 02:40:31.892846oai:www.lume.ufrgs.br:10183/190144Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-04-13T05:40:31Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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