Nas sombras, às margens : o Reprimido e o Outro no cinema brasileiro de horror contemporâneo

• Autor(a) principal: Soares, Jéssica Patrícia
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/224217
• topic: Cinema brasileiro; Filme de terror; Narrativa cinematográfica; Horror; Film genres; Contemporary brazilian cinema; The Other and the Repressed

Este estudo propõe analisar como o cinema brasileiro de horror contemporâneo desenvolve a noção de Reprimido e do Outro. Investigando o corpus fílmico e sua relação com o contexto sociopolítico do Brasil na atualidade, a discussão será realizada a partir de quatro longas-metragens: O Animal Cordial (Gabriela Amaral Almeida, 2017), As Boas Maneiras (Juliana Rojas e Marco Dutra, 2017), Morto Não Fala (Dennison Ramalho, 2019) e Cabrito (Luciano de Azevedo, 2020). A escolha do objeto de pesquisa acompanha um momento de expansão da filmografia brasileira do gênero horror, compreendida neste trabalho de 2010 a 2020. Por isso, o objetivo geral desta pesquisa é discutir o cinema brasileiro que dialoga com convenções do horror, dentro do movimento contemporâneo deste gênero, e pensando em como estes filmes articulam-se com o contexto sociopolítico brasileiro da atualidade. A investigação sobre as potencialidades do Reprimido e do Outro como o Monstro será articulada à luz dos estudos de Robin Wood, que propõem uma ideia central aos filmes de horror: a normalidade é ameaçada por um Monstro. Nesta direção, os seguintes objetivos específicos foram formulados: 1) Mapear o cenário contemporâneo do cinema brasileiro de horror a fim de compreender suas características; 2) Analisar a constituição da figura do Monstro nas narrativas cinematográficas de horror contemporâneo, em particular nos filmes analisados; 3) Examinar os filmes que compõem o corpus com enfoque em como os personagens dialogam com o contexto sociopolítico do Brasil contemporâneo a partir da noção de Reprimido e Outro. Com isso, desenvolve-se uma análise sobre o corpus fílmico, buscando entender como seus protagonistas experienciam aspectos que são reprimidos e oprimidos nas condutas inerentes à vida em sociedade, e como as convenções do gênero horror surgem a partir da ameaça que as transgressões sociais tensionam na narrativa. O estudo possibilitou compreender que as noções de Reprimido e do Outro desenvolvem-se nas obras a partir da hibridação do gênero horror com aspectos culturais do Brasil, criando Monstros que expõem problemáticas tipicamente brasileiras. Considera-se que a origem descentralizada dos cineastas dedicados ao horror contemporâneo no País possibilita uma maior diversidade nestas obras e na criação de imagens e experiências comuns ao gênero horror.