Poéticas do infantil : três ensaios de psicanálise e utopia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Medeiros, Marcos Pippi de
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/194554
Resumo: O infantil apresentou-se inicialmente por meio de indagações a respeito da infância e, logo à frente, pareceu adquirir certa independência de sua definição como momento cronológico da vida humana para se constituir em um processo subjetivo, um “fator” nas construções da utopia. Neste sentido, a proposta se elabora como um incômodo que produz muitos interrogantes, e que poderia ser pensada a partir da questão: Como é e quais seriam as possibilidades para a experiência do infantil na cultura atual? A isso, juntou-se um interesse sempre presente pelos litorais entre a psicanálise e a literatura, e a arte em geral, para constituir uma investigação que tente construir contornos e discursos sobre o infantil. Mais exatamente, interrogando a incidência do infantil como experiência na cultura humana e suas condições/possibilidades contemporâneas, vistas por meio de uma análise dos laços entre a teoria psicanalítica, a emergência do infantil entre poéticas das artes visuais e da literatura. O infantil, desta forma, pode ser pensado por uma aproximação com um universo processual da criação poética e artística, e também (questão central nesse escrito), como condição de criação nas utopias iconoclastas. Essa dimensão do infantil aproximar da utopia, sobretudo, como condição daquilo que nos inclina, como cultura, ao sonho utópico, ainda que se encontre forcluído do discurso das ciências, no discurso do Capitalista, permanece como um fator determinante de resistência e criação. Primeiro, porque nos remete a esse elemento de “origem”, esse “umbigo do tempo”, ou do sonho. Segundo, porque essa indeterminação infantil da origem pede por construções ao mesmo tempo, singulares e sociais. Nos mostra uma “função do irreal”, campo onde o brincar se apresenta, principalmente, como potência de criação. O primeiro ensaio, que nomeamos A infância de Eros: por uma teoria (sexual) do infantil é uma tentativa de fazer uma formulação suficiente de uma teoria do infantil, entre poesia e utopia. O segundo ensaio ainda persegue uma elaboração acerca de uma dimensão alienante do infantil. O encontro com a obra e a vida de Yukio Mishima nos levou, por um lado, reconhecemos que através das palavras em sua obra literária, o autor nos aproxima de suas construções utópicas, que nos permite formular a proposição da utopia, na psicanálise, como teoria sexual infantil. Mas de outra forma como Mishima nos conduz por uma senda desesperada em que tenta realizar, na vida e na realidade, sua Utopia, se afastando dessa utopia infantil a qual nos debruçamos. Podemos pensar a partir disso, o quanto também, na utopia psicanalítica, o infantil freudiano é constituído como teoria frágil, sempre inacabada, “claudicante”. Por fim, em um último movimento em direção as nossas formulações iniciais, um ensaio que, em nosso entendimento, vem a justificar o título dado a esta tese, Poéticas do infantil. Os que não falam. Os que (ainda) não falam, mas que insistem, em nós, a se fazer palavra, como uma construção em poéticas visuais. Esses três ensaios são, sobretudo, uma tentativa de elaborar esse excesso que o infantil constitui como enigma na psicanálise. Pensamos que é preciso apostar que embora as palavras não sejam suficientes (para dizer dessa verdade), que algo sempre insiste, a partir desse “fator infantil”, a apontar que no fracasso de toda teoria, reside uma possibilidade de produzir, assim mesmo, perfurações na realidade, onde podemos ver algo desse “sujeito infantil” da utopia psicanalítica.
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Mais exatamente, interrogando a incidência do infantil como experiência na cultura humana e suas condições/possibilidades contemporâneas, vistas por meio de uma análise dos laços entre a teoria psicanalítica, a emergência do infantil entre poéticas das artes visuais e da literatura. O infantil, desta forma, pode ser pensado por uma aproximação com um universo processual da criação poética e artística, e também (questão central nesse escrito), como condição de criação nas utopias iconoclastas. Essa dimensão do infantil aproximar da utopia, sobretudo, como condição daquilo que nos inclina, como cultura, ao sonho utópico, ainda que se encontre forcluído do discurso das ciências, no discurso do Capitalista, permanece como um fator determinante de resistência e criação. Primeiro, porque nos remete a esse elemento de “origem”, esse “umbigo do tempo”, ou do sonho. Segundo, porque essa indeterminação infantil da origem pede por construções ao mesmo tempo, singulares e sociais. Nos mostra uma “função do irreal”, campo onde o brincar se apresenta, principalmente, como potência de criação. O primeiro ensaio, que nomeamos A infância de Eros: por uma teoria (sexual) do infantil é uma tentativa de fazer uma formulação suficiente de uma teoria do infantil, entre poesia e utopia. O segundo ensaio ainda persegue uma elaboração acerca de uma dimensão alienante do infantil. O encontro com a obra e a vida de Yukio Mishima nos levou, por um lado, reconhecemos que através das palavras em sua obra literária, o autor nos aproxima de suas construções utópicas, que nos permite formular a proposição da utopia, na psicanálise, como teoria sexual infantil. Mas de outra forma como Mishima nos conduz por uma senda desesperada em que tenta realizar, na vida e na realidade, sua Utopia, se afastando dessa utopia infantil a qual nos debruçamos. Podemos pensar a partir disso, o quanto também, na utopia psicanalítica, o infantil freudiano é constituído como teoria frágil, sempre inacabada, “claudicante”. Por fim, em um último movimento em direção as nossas formulações iniciais, um ensaio que, em nosso entendimento, vem a justificar o título dado a esta tese, Poéticas do infantil. Os que não falam. Os que (ainda) não falam, mas que insistem, em nós, a se fazer palavra, como uma construção em poéticas visuais. Esses três ensaios são, sobretudo, uma tentativa de elaborar esse excesso que o infantil constitui como enigma na psicanálise. Pensamos que é preciso apostar que embora as palavras não sejam suficientes (para dizer dessa verdade), que algo sempre insiste, a partir desse “fator infantil”, a apontar que no fracasso de toda teoria, reside uma possibilidade de produzir, assim mesmo, perfurações na realidade, onde podemos ver algo desse “sujeito infantil” da utopia psicanalítica.The infantile has first presented itself through inquiries regarding childhood and, soon after, it seemed to have acquired certain independence from its definition as a chronological moment of human life to constitute itself as a subjective process, a “factor” in the constructions of utopia. In this regard, the proposition is developed as a discomfort that raises several queries, and that could be regarded by means of the question: How is it and what would be the possibilities for the experience of the infantile in the current culture? In addition to this, the constant interest in the borders between psychoanalysis and literature, along with art in general, has been added in order to constitute an investigation that attempts to build outlines and discourses on the infantile. More specifically, by interrogating the incidence of the infantile as experience in the human culture and its contemporary conditions/possibilities, seen by means of an analysis of the bonds between the psychoanalytical theory, the emergence of the infantile among visual art poetics and literature. The infantile may, thereore, be envisaged through a proximity to a processual universe of the poetic and artistic creation, and moreover (central issue in this essay), as condition of creation in iconoclastic utopias. This dimension of the infantile approaches utopia, above all, as a condition of that which makes us inclined, as culture, to the utopian dream, even though it lies foreclosed from the discourse of science, it remains a determining factor of resistence and creation. First, because it sends us back to this element of “origin”, this “center of time”, or of the dream. Secondly, because this infantile indeterminacy of the origin requires constructions that are at the same time, singular and social. It shows us a “function of the unreal”, a field where child‟s play is presented, mainly, as potency of creation. Secondly, because this infantile indeterminacy of the origin requires constructions that are at the same time, singular and social. It shows us a “function of the unreal”, a field where child‟s play is presented, mainly, as potency of creation. The first essay, named by us as Eros’ childhood: for a (sexual) theory of the infantile, is an attempt to develop a sufficient formulation about a theory of the infantile, between poetry and utopia. The second essay, on the other hand, still pursues a formulation regarding the alienating dimension of the infantile. The convergence with the work and life of Yukio Mishima has led us, on one hand, to recognize that through the words present in his literary work, the author draws us closer to his utopian constructions, allowing us to formulate the proposition of utopia, in psychoanalysis, as theory of infantile sexuality. From this perspective, we may also reflect on how much, in psychoanalytical utopia, the freudian infantile is constituted as a frail theory, ever unfinished, “limping”. Finally, in a last movement towards our initial formulations, an essay that, according to our understanding, justifies the title given to this thesis, Poetics of the infantile. Those who do not speak. Those who do not speak (yet), but that insist, in us, on being made word, as a construction in visual poetics. These three essays are, above all, an attempt to elaborate this excess that the infantile constitutes as enigma in psychoanalysis. We believe that it is necessary to bet that even though the words are not enough (to tell about this truth), something always insists, from this “infantile factor”, on pointing out that in the failure of every theory lies a possibility to produce, nonetheless, holes in reality, where we are able to see something out of this “infantile subject” from psychoanalytical utopia.application/pdfporUtopiaInfânciaSexualidade infantilPsicanalise e literaturaPsychoanalysisInfantileUtopiaPoetryTheory of sexualityPoéticas do infantil : três ensaios de psicanálise e utopiainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de PsicologiaPrograma de Pós-Graduação em Psicologia Social e InstitucionalPorto Alegre, BR-RS2015doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001093893.pdf.txt001093893.pdf.txtExtracted Texttext/plain221004http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/194554/2/001093893.pdf.txt6caee39e16a7540c0d0f9ff3ad1edde0MD52ORIGINAL001093893.pdfTexto completoapplication/pdf4405728http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/194554/1/001093893.pdfa884722abc9ab1f057f7b2e57344fcf0MD5110183/1945542019-05-25 02:39:14.732931oai:www.lume.ufrgs.br:10183/194554Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-05-25T05:39:14Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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