Aspectos da anatomia endocraniana do baurusuquídeo Campinasuchus dinizi (Archosauria Crocodyliformes) do Cretáceo Superior do Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fonseca, Pedro Henrique Morais
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/189992
Resumo: A utilização de tomografias em fósseis permite o estudo de estruturas internas de forma não invasiva, além de auxiliar a reconstrução de estruturas formadas por tecidos moles que, via de regra, não se preservam no registro fóssil. Para o presente trabalho foram tomografados dois espécimes de Campinasuchus dinizi (CCPLIP 1319 e CCPLIP 1360), representante do clado Baurusuchidae (Mesoeucrocodylia, Notosuchia) provenientes da formação Adamantina, Grupo Bauru, do Cretáceo Superior de Minas Gerais. Os fósseis foram submetidos ao tomógrafo CT scanner Toshiba Aquilion 64, obtendo 511 slices para o primeiro e 232 para o segundo espécime. Através do preenchimento digital das cavidades internas, utilizando o software Avizo 8.1, foi possível identificar os sinos paranasais e paratimpânicos, o interior da cavidade nasal, bem como o ducto nasofaringeano, os canais semicirculares e o molde endocraniano. Nota-se que os sinos paranasais apresentam a mesma distribuição topográfica encontrada em táxons de Crocodylia atuais, os quais apresentam hábito ecológico semi-aquático diferindo de C. dinizi e demais baurussuquídeos que eram animais terrestres. Isso pode indicar que a ecologia da espécie não influencia diretamente na formação dos sinos. Por outro lado, os sinos paranasais podem estar relacionados à dispersão de forças mecânicas no crânio, uma vez que se localizam nas áreas com maior concentração de estressse. A morfologia do molde endocraniano também apresenta pouca variação em relação a outros táxons de Mesoeucrocodylia, indicando uma alta taxa conservativa no grupo. Porém, a presença de uma expansão na região olfativa da cavidade nasal presente em C. dinizi, está restrita a táxons de hábito terrestre e provavelmente carnívoro, ocorrendo, por exemplo, em Uberabasuchus terrificus, Notosuchus terrestriss e Wargosuchus australis, táxons que apresentam ecologia semelhante. Assim como os sinos paranasais, os sinos paratimpânicos apresentamse desenvolvidos em C. dinizi, provavelmente relacionado ao formato do crânio e/ou ao hábito terrestre do táxon, uma vez que os sinos podem estar relacionados com o sistema auditivo, auxiliando na propagação do som no interior do crânio. Por fim, os canais semicirculares apresentam morfologia semelhante à encontrada nos demais táxons de Mesoeucrocodylia, o que possibilita estimar a posição do crânio. O presente trabalho incorpora informações acerca da paleoecologia de C. dinizi, bem como disponibiliza informações a cerca da evolução dessas estruturas em Baurusuchidae e outros táxons. Além disso, o presente trabalho reforça a importância do uso de tomografias em trabalhos paleontológicos.
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Através do preenchimento digital das cavidades internas, utilizando o software Avizo 8.1, foi possível identificar os sinos paranasais e paratimpânicos, o interior da cavidade nasal, bem como o ducto nasofaringeano, os canais semicirculares e o molde endocraniano. Nota-se que os sinos paranasais apresentam a mesma distribuição topográfica encontrada em táxons de Crocodylia atuais, os quais apresentam hábito ecológico semi-aquático diferindo de C. dinizi e demais baurussuquídeos que eram animais terrestres. Isso pode indicar que a ecologia da espécie não influencia diretamente na formação dos sinos. Por outro lado, os sinos paranasais podem estar relacionados à dispersão de forças mecânicas no crânio, uma vez que se localizam nas áreas com maior concentração de estressse. A morfologia do molde endocraniano também apresenta pouca variação em relação a outros táxons de Mesoeucrocodylia, indicando uma alta taxa conservativa no grupo. 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Além disso, o presente trabalho reforça a importância do uso de tomografias em trabalhos paleontológicos.The use of tomography in fossils allows the study of internal structures in a non-invasive way, besides helping the reconstruction of structures formed by soft tissues that, as a rule, are not preserved in the fossil record. For the present work two specimens of Campinasuchus dinizi (CCPLIP 1319 and CCPLIP 1360), representative of the clade Baurusuchidae (Mesoeucrocodylia, Notosuchia) from the Adamantina formation, Bauru Group, from the Upper Cretaceous of Minas Gerais were collected. The fossils were submitted to Toshiba Aquilion 64 CT scanner, obtaining 511 slices for the first and 232 for the second specimen. Through the digital filling of the internal cavities using the Avizo 8.1 software, it was possible to identify the paranasal and paratimpanic sinuses, the interior of the nasal cavity, as well as the nasopharyngeal duct, the semicircular canals and the endocast. It is noted that the paranasal sinuses present the same topographic distribution found in current Crocodylia taxa, which present semi-aquatic ecological habit differing from C. dinizi and other baurussuquídeos that were terrestrial animals. This may indicate that the ecology of the species does not directly influence the formation of the sinuses. On the other hand, paranasal sinuses may be related to the dispersion of mechanical forces in the skull, since they are located in the areas with the highest concentration of stress. The morphology of the mold endocranial also shows little variation compared to other taxa mesoeucrocodylia, indicating a high rate in conservative group. However, the presence of an expansion in the olfactory region of the nasal cavity present in C. dinizi is restricted to taxa of terrestrial and probably carnivorous habit, occurring, for example, in Uberabasuchus terrificus, Notosuchus terrestriss and Wargosuchus australis, taxa that have similar ecology. The paratimpanic sinuses are developed in C. dinizi, probably related to the shape of the skull and / or the terrestrial habit of the taxon, since the sinuses may be related to the auditory system, aiding in the propagation of the sound inside the skull. Finally, the semicircular canals show similar morphology to that found in the other taxa of Mesoeucrocodylia, which makes it possible to estimate the position of the skull, according to some studies. The present work incorporates information about the paleoecology of C. dinizi, as well as information about the evolution of these structures in Baurusuchidae and other taxa. In addition, the present study reinforces the importance of the use of tomographies in paleontological works.application/pdfporPaleoecologiaArchosauriaPaleontologia : CretáceoBrasilMesoeucrocodyliaSouth AmericaPaleoecologySinusesEndocastAspectos da anatomia endocraniana do baurusuquídeo Campinasuchus dinizi (Archosauria Crocodyliformes) do Cretáceo Superior do Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de GeociênciasPrograma de Pós-Graduação em GeociênciasPorto Alegre, BR-RS2019mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001089560.pdf.txt001089560.pdf.txtExtracted Texttext/plain186499http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189992/2/001089560.pdf.txt6451d4e4f07db6f27a4648c054f119f2MD52ORIGINAL001089560.pdfTexto completoapplication/pdf14314439http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189992/1/001089560.pdf0e43a4c3f3991cf72f4c04c48f4a503bMD5110183/1899922022-11-23 05:46:29.413832oai:www.lume.ufrgs.br:10183/189992Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-11-23T07:46:29Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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