Racismo genderizado : encarceramento feminino pela perspectiva de integrantes do Movimento Negro Unificado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalho, Tainara Carozzi de
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/235945
Resumo: Na presente pesquisa busquei compreender qual é o pensamento de integrantes do Movimento Negro Unificado sobre o encarceramento feminino no Brasil, articulando raça, gênero e criminalidade. Para isso entrevistei pessoas que fazem ou fizeram parte organicamente do movimento, em períodos distintos desde a fundação em 1978. Meu argumento principal com base nos documentos analisados, era que o movimento possuía uma atuação relevante no que se refere à temática do encarceramento masculino, invisibilizando de certo modo, a questão do encarceramento feminino. Os resultados da pesquisa, contudo, demonstraram que o movimento possui como eixo central o combate à discriminação racial em sentido amplo, e tem se dedicado nos últimos anos à combater o racismo em um sentido mais estrito, sem conseguir articular as propostas contidas no Plano de Ação do MNU para combater a violência policial e a chamada industrialização da criminalidade. Nesse sentido, observei que as articulações voltadas a temáticas específicas são realizadas por membros do movimento, mas não necessariamente de maneira institucionalizada. Os resultados demonstraram também avanços nas discussões de gênero dentro do próprio movimento, com eleição de mulheres para a liderança do movimento e espaços especiais para a discussão de gênero. No que se refere ao encarceramento feminino, no entanto, apesar de todas as pessoas entrevistadas entenderem a urgência de discutir o tema ficou constatada a ausência de articulações imediatas sobre o assunto. Essa ausência parece ser motivada pela luta incessante contra o racismo que ainda é muito marcante na nossa sociedade. Em outras palavras, o combate as discriminações raciais cotidianas têm tomado a energia e estrutura do Movimento Negro Unificado, não deixando espaço para pensar estratégica e politicamente propostas de mudança para a situação do encarceramento feminino.
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Os resultados da pesquisa, contudo, demonstraram que o movimento possui como eixo central o combate à discriminação racial em sentido amplo, e tem se dedicado nos últimos anos à combater o racismo em um sentido mais estrito, sem conseguir articular as propostas contidas no Plano de Ação do MNU para combater a violência policial e a chamada industrialização da criminalidade. Nesse sentido, observei que as articulações voltadas a temáticas específicas são realizadas por membros do movimento, mas não necessariamente de maneira institucionalizada. Os resultados demonstraram também avanços nas discussões de gênero dentro do próprio movimento, com eleição de mulheres para a liderança do movimento e espaços especiais para a discussão de gênero. No que se refere ao encarceramento feminino, no entanto, apesar de todas as pessoas entrevistadas entenderem a urgência de discutir o tema ficou constatada a ausência de articulações imediatas sobre o assunto. Essa ausência parece ser motivada pela luta incessante contra o racismo que ainda é muito marcante na nossa sociedade. Em outras palavras, o combate as discriminações raciais cotidianas têm tomado a energia e estrutura do Movimento Negro Unificado, não deixando espaço para pensar estratégica e politicamente propostas de mudança para a situação do encarceramento feminino.In this present research, I sought to understand what the thoughts members of the Unified Black Movement (Movimento Negro Unificado) on about female imprisonment in Brazil, articulating race, gender and criminality. In order to do so, I interviewed people who are currently part of or were part of the movement organically, at different periods of time since its foundation in 1978. Based on the analysed documents, my main argument was that the movement had relevant practices when it came to male imprisonment, and in a certain way making the female imprisonment question invisible. However, the research results showed that the movement has as its pivoting point a broad idea of fighting against racial discrimination, and it has dedicated itself in the last years to combat racism in a more strict idea, not being able to put into practice* the proposals from UBM’s Action Plan to fight police brutality and the so-called criminality industrialization. In that sense, I observed that the discussions* about specific themes are done by members of the movement, but not always in an institutional manner. The results have also shown advancements in gender discussions within the movement, with the election of women for leadership positions and special spaces for gender discussion. However, as far as female imprisonment is concerned, all people interviewed understood the urgency of the matter, but it’s possible to observe the absence of immediate action plans* about it. This absence seems to be motivated by the incessant fight against racism, which is still pervasive in our society. In other words, the fight against day-today racial discrimination has taken a toll in the Unified Black Movement’s energy and structure, and thus not leaving space for the strategical and political thinking of proposals of change concerning female imprisonment.application/pdfporPresidio femininoMulheresPresidiariosGêneroMovimento negroSociologiaImprisonmentGenderBlack movementRacismo genderizado : encarceramento feminino pela perspectiva de integrantes do Movimento Negro Unificadoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em SociologiaPorto Alegre, BR-RS2020mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001138088.pdf.txt001138088.pdf.txtExtracted Texttext/plain395773http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/235945/2/001138088.pdf.txt57357bb1c9e23f60679319ad08270d12MD52ORIGINAL001138088.pdfTexto completoapplication/pdf2643269http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/235945/1/001138088.pdf43be9f08cfb85fd2cd18d8a28251cedeMD5110183/2359452022-05-09 04:44:47.845789oai:www.lume.ufrgs.br:10183/235945Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-05-09T07:44:47Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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