Clivadas com somente : delimitando as propriedades semântico-pragmáticas das clivadas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/150301 |
Resumo: | Esta dissertação de mestrado tem como objetivo estudar a relação entre as propriedades semântico-pragmáticas das clivadas e as do advérbio somente. Mais especificamente, procura, por meio do estudo de ocorrências de clivadas com e sem somente, delimitar tais propriedades, verificando se os chamados “efeitos de exaustividade” (Kiss, 1998) são propriedades inerentes a esse tipo de construção. De acordo com Teixeira e Menuzzi (2015), a impossibilidade do uso de clivadas com somente em certos contextos indica que ela não é exaustiva – propriedades independentes de somente, contudo, também podem ser responsáveis por essa inadequação. Em nosso estudo, exploramos as razões que levam a essa inadequação, a partir de duas hipóteses: (i) da pressuposição de unicidade e (ii) das implicações de somente: a prejacente e a de exclusão. De acordo com Szabolcsi (1994); Wedgwood et. al (2006), a primeira hipótese afirma que clivadas pressupõem que apenas um único indivíduo satisfaz a predicação expressa em sua oração, o que nos leva a concluir que não pode ser adequada com somente, já que seria redundante assertar exclusão. A segunda hipótese, contudo (cf. Horn 1969, 1981), afirma que clivadas pressupõem apenas existência – não sendo incompatível com a noção de exclusão, permitiria que fossem usadas com somente. A partir de análises de clivadas com e sem somente em diversos contextos, nossos julgamentos de aceitabilidade indicam que, embora clivadas possam pressupor unicidade, esse não é, de fato, um requisito necessário para o seu uso. E, no caso de somente, também verificamos que não basta que clivadas pressuponham apenas existência, as implicações de somente também precisar ser satisfeitas contextualmente. Em resumo, acreditamos que a pressuposição da clivada não precisa ser de unicidade, não implica necessariamente exclusão e é, portanto, mais fraca do que a literatura em geral supõe. Com objetivo de verificar nossos julgamentos de aceitabilidade, aplicamos testes Likert em um grupo diverso de falantes de língua portuguesa, para que julgassem textos contendo clivadas com e sem somente. Casos em que a clivada com somente pressupõe apenas existência parecem se correlacionar com os nossos julgamentos, mas casos de unicidade e de satisfação dos requisitos de somente mostram-se problemáticos – em especial quando somente envolve alguma noção de “contra-expectativa”. Esses casos, estudados em pormenor, indicam a necessidade de controlarmos mais fortemente variáveis que envolvam a leitura dos textos aplicados e de investigar outros tipos de inferências possivelmente levantados por somente. |
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Moretto, Gian FrancoMenuzzi, Sérgio de Moura2016-12-24T02:17:54Z2016http://hdl.handle.net/10183/150301001008513Esta dissertação de mestrado tem como objetivo estudar a relação entre as propriedades semântico-pragmáticas das clivadas e as do advérbio somente. Mais especificamente, procura, por meio do estudo de ocorrências de clivadas com e sem somente, delimitar tais propriedades, verificando se os chamados “efeitos de exaustividade” (Kiss, 1998) são propriedades inerentes a esse tipo de construção. De acordo com Teixeira e Menuzzi (2015), a impossibilidade do uso de clivadas com somente em certos contextos indica que ela não é exaustiva – propriedades independentes de somente, contudo, também podem ser responsáveis por essa inadequação. Em nosso estudo, exploramos as razões que levam a essa inadequação, a partir de duas hipóteses: (i) da pressuposição de unicidade e (ii) das implicações de somente: a prejacente e a de exclusão. De acordo com Szabolcsi (1994); Wedgwood et. al (2006), a primeira hipótese afirma que clivadas pressupõem que apenas um único indivíduo satisfaz a predicação expressa em sua oração, o que nos leva a concluir que não pode ser adequada com somente, já que seria redundante assertar exclusão. A segunda hipótese, contudo (cf. Horn 1969, 1981), afirma que clivadas pressupõem apenas existência – não sendo incompatível com a noção de exclusão, permitiria que fossem usadas com somente. A partir de análises de clivadas com e sem somente em diversos contextos, nossos julgamentos de aceitabilidade indicam que, embora clivadas possam pressupor unicidade, esse não é, de fato, um requisito necessário para o seu uso. E, no caso de somente, também verificamos que não basta que clivadas pressuponham apenas existência, as implicações de somente também precisar ser satisfeitas contextualmente. Em resumo, acreditamos que a pressuposição da clivada não precisa ser de unicidade, não implica necessariamente exclusão e é, portanto, mais fraca do que a literatura em geral supõe. Com objetivo de verificar nossos julgamentos de aceitabilidade, aplicamos testes Likert em um grupo diverso de falantes de língua portuguesa, para que julgassem textos contendo clivadas com e sem somente. Casos em que a clivada com somente pressupõe apenas existência parecem se correlacionar com os nossos julgamentos, mas casos de unicidade e de satisfação dos requisitos de somente mostram-se problemáticos – em especial quando somente envolve alguma noção de “contra-expectativa”. Esses casos, estudados em pormenor, indicam a necessidade de controlarmos mais fortemente variáveis que envolvam a leitura dos textos aplicados e de investigar outros tipos de inferências possivelmente levantados por somente.This thesis studies the relationship between the semantic-pragmatic properties of cleft sentences and the adverb only. More specifically, it aims at investigating whether the so-called “exhaustive effects” (Kiss, 1998) are inherent to clefts, through the study of clefts with and without only. According to Teixeira & Menuzzi (2015), the impossibility of clefts with only in certain contexts indicates that they are not exhaustive; independent properties of only may also be responsible for such inadequacy, though – requiring the application of other expressions to verify it. In our study, we analyzed the (in)adequacy of clefts with only based on two hypotheses: (i) the presupposition of uniqueness and (ii) the two implications of only, the prejacent implication and the exclusive implication. According to Szabolcsi (1994); Wedgwood et. all (2006), the first hypothesis assumes that clefts presuppose uniqueness, i. e., they presuppose that only one individual satisfies the predication expressed by the cleft clause. In such cases, only, it seems, is not appropriate in clefts, since it would be redundant to assert exclusion. Horn (1969, 1981), however, states that clefts presuppose existence, therefore allowing only to assert exclusion. Based on analysis of our own acceptability judgements of clefts with and without only, we find that, although clefts can presuppose uniqueness, this is not a necessary condition, and, when it comes to only, it is not enough that clefts simply presuppose existence – the implications of only need also be satisfied, as Teixeira & Menuzzi (2015) have pointed out. In summary, we believe that the presupposition of clefts need not be of uniqueness, and need not imply exclusion: they are weaker than the literature generally suggests. In order to confirm our own judgments, Likert tests were applied on a range of Portuguese speakers to judge texts containing clefts with and without only. The results show that cases in which the cleft with only presupposes only existence seem to confirm our hypotheses, but cases of uniqueness and requirements of the implications of only seem to be problematic – especially when only involves some notion of “counter-expectation”. These cases, studied in detail, indicate the need to better control variables such as reading proficiency and to investigate other possible inferences of only.application/pdfporLíngua portuguesaAnálise lingüísticaSemânticaClivagem (Linguística)CleftsExhaustivenessOnlyClivadas com somente : delimitando as propriedades semântico-pragmáticas das clivadasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2016mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001008513.pdf001008513.pdfTexto completoapplication/pdf4372807http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/150301/1/001008513.pdf6d506b901c4b81a7bc216f225e270552MD51TEXT001008513.pdf.txt001008513.pdf.txtExtracted Texttext/plain366360http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/150301/2/001008513.pdf.txt63b5058a52135c36173ae1aff44629fbMD52THUMBNAIL001008513.pdf.jpg001008513.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg984http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/150301/3/001008513.pdf.jpge84d2fac7fea15e1a3308c1b4c541142MD5310183/1503012018-10-30 07:56:06.863oai:www.lume.ufrgs.br:10183/150301Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-30T10:56:06Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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