Sigmodontídeos (Rodentia, Cricetidae) do holoceno do sítio RS-S-327 : Sangão, município de Santo Antônio da Patrulha, Rio Grande so Sul, Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Stutz, Narla Shannay
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/189841
Resumo: Os sigmodontíneos constituem uma vasta subfamília da ordem Rodentia, incluindo 11 tribos e cerca de 438 espécies viventes. Estão majoritariamente distribuídos na América do Sul, onde ocupam ampla gama de habitats, possuindo grande diversidade morfológica. O estudo de sigmodontíneos fósseis no Brasil permanece incipiente, apesar de esses se mostrarem ferramentas úteis para inferências paleoambientais, dada sua abundância e especificidade de habitat. Neste sentido, este trabalho objetivou estudar fragmentos crânio-mandibulares de sigmodontíneos do sítio RS-S-327: Sangão, localizado no Município de Santo Antônio da Patrulha, nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O sítio é um abrigo sob rocha escavado em arenito da Formação Botucatu, o qual foi utilizado como local de habitação por povos da Tradição Umbu durante o Holoceno. O sítio foi escavado nos anos 2000, em níveis artificiais de 5 cm, em uma área total de 13 m². Datações radiocarbônicas realizadas com carvões provindos de diversos níveis estratigráficos indicam uma sequência abrangendo de 8.790 ± 40 anos AP a 3.730 ± 60 anos AP. O material encontra-se depositado no Museu de Arqueologia do Rio Grande do Sul, localizado no Município de Taquara, Rio Grande do Sul. Os fragmentos estudados provêm das quadrículas E12, F8 e G8. Estes foram limpos e estudados sob estereomicroscópio. Posteriormente, os fragmentos foram identificados com base em literatura especializada e por comparação com espécimes recentes e fósseis de diversas coleções científicas. Alguns fragmentos, 78 maxilares e 38 dentários, foram identificados apenas ao nível de subfamília. Os demais 2.567 fragmentos foram atribuídos a 22 táxons: Delomys sp., Juliomys sp., Akodon cf. A. azarae, Akodon sp., Bibimys sp., Brucepattersonius sp., Deltamys sp., Gyldenstolpia cf. G. planaltensis, Kunsia tomentosus, Necromys lasiurus, N. obscurus, Oxymycterus sp., Scapteromys tumidus, Holochilus sp., Nectomys squamipes, Oecomys catherinae, Oligoryzomys sp., Pseudoryzomys simplex, Sooretamys angouya, Calomys sp., Reithrodon cf. R. typicus e Wilfredomys oenax. Os táxons Brucepattersonius sp., Deltamys sp., N. squamipes, O. catherinae e Reithrodon cf. R. typicus são registrados pela primeira vez para o Holoceno do Rio Grande do Sul. Táxons tipicamente florestais, como Delomys sp., S. angouya e O. catherinae, ocorrem juntamente com táxons característicos de ambientes abertos dos biomas Cerrado, Chaco e Pampa, tais como Gyldenstolpia cf. G. planaltensis, K. tomentosus, P. simplex e Reithrodon cf. R. typicus. Em comparação com as demais assembleias de sigmodontíneos fósseis brasileiras, a assembleia do sítio Sangão apresentou maior similaridade com aquelas do Brasil central. Ademais, comparando com a assembleia de sigmodontíneos de egagropilos de coruja recentes, notou-se 7 STUTZ, N. S. Dissertação de Mestrado – PPGGeo – UFRGS uma diminuição da diversidade desses roedores no Rio Grande do Sul. Esses resultados sugerem, para o Holoceno do nordeste do Rio Grande do Sul, uma paisagem composta por áreas de vegetação campestre, bordeadas por florestas, com posterior expansão desta última, estabelecendo-se o ambiente de Floresta Atlântica atual no final do Holoceno. Este panorama concorda com aquele sugerido por estudos prévios com pequenos mamíferos do sítio Sangão e de outros dois sítios próximos, RS-C-61: Adelar Pilger e RS-TQ-58: Afonso Garivaldino Rodrigues, assim como com dados paleopalinológicos.
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O sítio foi escavado nos anos 2000, em níveis artificiais de 5 cm, em uma área total de 13 m². Datações radiocarbônicas realizadas com carvões provindos de diversos níveis estratigráficos indicam uma sequência abrangendo de 8.790 ± 40 anos AP a 3.730 ± 60 anos AP. O material encontra-se depositado no Museu de Arqueologia do Rio Grande do Sul, localizado no Município de Taquara, Rio Grande do Sul. Os fragmentos estudados provêm das quadrículas E12, F8 e G8. Estes foram limpos e estudados sob estereomicroscópio. Posteriormente, os fragmentos foram identificados com base em literatura especializada e por comparação com espécimes recentes e fósseis de diversas coleções científicas. Alguns fragmentos, 78 maxilares e 38 dentários, foram identificados apenas ao nível de subfamília. Os demais 2.567 fragmentos foram atribuídos a 22 táxons: Delomys sp., Juliomys sp., Akodon cf. A. azarae, Akodon sp., Bibimys sp., Brucepattersonius sp., Deltamys sp., Gyldenstolpia cf. G. planaltensis, Kunsia tomentosus, Necromys lasiurus, N. obscurus, Oxymycterus sp., Scapteromys tumidus, Holochilus sp., Nectomys squamipes, Oecomys catherinae, Oligoryzomys sp., Pseudoryzomys simplex, Sooretamys angouya, Calomys sp., Reithrodon cf. R. typicus e Wilfredomys oenax. Os táxons Brucepattersonius sp., Deltamys sp., N. squamipes, O. catherinae e Reithrodon cf. R. typicus são registrados pela primeira vez para o Holoceno do Rio Grande do Sul. Táxons tipicamente florestais, como Delomys sp., S. angouya e O. catherinae, ocorrem juntamente com táxons característicos de ambientes abertos dos biomas Cerrado, Chaco e Pampa, tais como Gyldenstolpia cf. G. planaltensis, K. tomentosus, P. simplex e Reithrodon cf. R. typicus. Em comparação com as demais assembleias de sigmodontíneos fósseis brasileiras, a assembleia do sítio Sangão apresentou maior similaridade com aquelas do Brasil central. Ademais, comparando com a assembleia de sigmodontíneos de egagropilos de coruja recentes, notou-se 7 STUTZ, N. S. Dissertação de Mestrado – PPGGeo – UFRGS uma diminuição da diversidade desses roedores no Rio Grande do Sul. Esses resultados sugerem, para o Holoceno do nordeste do Rio Grande do Sul, uma paisagem composta por áreas de vegetação campestre, bordeadas por florestas, com posterior expansão desta última, estabelecendo-se o ambiente de Floresta Atlântica atual no final do Holoceno. Este panorama concorda com aquele sugerido por estudos prévios com pequenos mamíferos do sítio Sangão e de outros dois sítios próximos, RS-C-61: Adelar Pilger e RS-TQ-58: Afonso Garivaldino Rodrigues, assim como com dados paleopalinológicos.The Sigmodontinae constitute a vast subfamily of the order Rodentia, including 11 tribes and about 438 living species. They are mainly distributed in South America, where they occupy a wide range of habitats and possess a great morphological diversity. The study of fossil sigmodontines in Brazil remains in the early stages, although they are useful tools for paleoenvironmental inferences, given their abundance and habitat specificity. In this regard, this work aimed at studying the cranio-mandibular fragments of sigmodontines from the site RS-S-327: Sangão, located in the municipality of Santo Antônio da Patrulha, northeast Rio Grande do Sul state, Brazil. The site is a rock shelter eroded into the sandstone of the Botucatu Formation, which was used as a dwelling by the people of the Umbu Tradition during the Holocene. The site was excavated in the 2000s, in artificial levels of 5 cm, covering a total area of 13 m². Radiocarbon dating analyses performed on charcoal from different stratigraphic levels indicated a sequence ranging from 8,790 ± 40 years BP to 3,730 ± 60 years BP. The material is housed at the Museu de Arqueologia do Rio Grande do Sul located in the municipality of Taquara, Rio Grande do Sul. The studied fragments come from grids E12, F8 and G8. After cleaning, numbering and studying under stereomicroscope, the fragments were identified based on referral to specialized literature and by comparison with recent and fossil specimens from several scientific collections. A small number of fragments (78 maxillaries and 38 dentaries) were identified only to the subfamily level. The remaining 2,567 fragments were referred to 22 taxa: Delomys sp., Juliomys sp., Akodon cf. A. azarae, Akodon sp., Bibimys sp., Brucepattersonius sp., Deltamys sp., Gyldenstolpia cf. G. planaltensis, Kunsia tomentosus, Necromys lasiurus, N. obscurus, Oxymycterus sp Scapteromys tumidus, Holochilus sp., Nectomys squamipes, Oecomys catherinae, Oligoryzomys sp., Pseudoryzomys simplex, Sooretamys angouya, Calomys sp., Reithrodon cf. R. typicus and Wilfredomys oenax. The taxa Brucepattersonius sp., Deltamys sp., Nectomys squamipes, Oecomys catherinae and Reithrodon cf. R. typicus are recorded for the first time for the Holocene of Rio Grande do Sul. In addition, taxa typical of forests, such as Delomys sp., Sooretamys angouya and Oecomys catherinae, are registered, along with taxa characteristic of open environments of the Cerrado, Chaco and Pampa biomes, such as Gyldenstolpia cf. G. planaltensis, Kunsia tomentosus, Pseudoryzomys simplex and Reithrodon cf. R. typicus. Compared to the other Brazilian fossil sigmodontine assemblages, the assemblage of the Sangão site had greater similarity with those of central Brazil. Moreover, comparing with the sigmodontine assemblage from recent owl pellets, it was possible to 9 STUTZ, N. S. Dissertação de Mestrado – PPGGeo – UFRGS notice a decrease of the diversity of these rodents in Rio Grande do Sul. These results suggest a landscape composed of grasslands bordered by forests for the Holocene of northeastern Rio Grande do Sul, with a later expansion of the forest, the current environment of the Atlantic rainforest being established around the Late Holocene. This landscape agrees with the one suggested by previous studies with small mammals from the Sangão site and from another two close sites, RS-C-61: Adelar Pilger and RS-TQ-58: Afonso Garivaldino Rodrigues, as well as with data for sigmodontine rodents from the latter two sites and from paleopalynological studies.application/pdfporPaleoambienteTaxonomiaSanto Antônio da Patrulha (RS)TaxonomyReithrodon cf. R. typicusKunsia tomentosusOecomys catherinaePaleoenvironmentSigmodontídeos (Rodentia, Cricetidae) do holoceno do sítio RS-S-327 : Sangão, município de Santo Antônio da Patrulha, Rio Grande so Sul, Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de GeociênciasPrograma de Pós-Graduação em GeociênciasPorto Alegre, BR-RS2019mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001089746.pdf.txt001089746.pdf.txtExtracted Texttext/plain144201http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189841/2/001089746.pdf.txt7b2cd22d0a4852ccd56101873f8b9314MD52ORIGINAL001089746.pdfTexto completoapplication/pdf28558055http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189841/1/001089746.pdf36983830920f16abd3e7a80129650dc2MD5110183/1898412019-03-31 04:12:35.194338oai:www.lume.ufrgs.br:10183/189841Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-03-31T07:12:35Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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