Funcionamento psicodinâmico de mulheres vítimas de violência por parceiro íntimo sob a perspectiva do diagnóstico psicodinâmico operacionalizado (OPD-2)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Both, Luciane Maria
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: eng
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/221529
Resumo: Introdução: A violência por parceiro íntimo refere-se a qualquer comportamento de um parceiro íntimo ou ex-parceiro que cause abuso físico, sexual ou emocional, em que um parceiro exerce poder e controle sobre o outro. É uma das formas mais comuns de violência e é considerada um problema de saúde pública e causa danos físicos e psicológicos às vítimas – traumas. O trauma psicológico recorrente modifica o funcionamento psicológico do sujeito e certamente piora a qualidade de vida dos envolvidos. Assim, é imprescindível a avaliação psicológica multiaxial dessa população, de maneira que haja a integração da dimensão psicodinâmica à sintomatologia descritiva, como proposto no Diagnóstico Psicodinâmico Operacionalizado (OPD-2). Objetivo: Investigar as características do funcionamento psicodinâmico de mulheres vítimas de violência por parceiro íntimo, sob uma perspectiva dimensional operacionalizada. Para atingir esse objetivo, o projeto foi composto por sete estudos. Método: Estudo 1: revisão sistemática; Estudo 2: qualitativo e transversal; Estudo 3: Adaptação Transcultural e Validação do Eixo I; Estudo 4: quantitativo e transversal; Estudo 5: Classificação de texto com uma técnica de análise de nuvem de palavras; Estudo 6: quantitativo e transversal; Estudo 7: estudo de caso. Os estudos empíricos basearam-se na amostra de 56 mulheres vítimas de violência por parceiro íntimo com idade média de 30,07 anos (SD=9,65). Foram incluídas mulheres de 18 a 65 anos vítimas de violência por parceiro íntimo autorreferida que procuraram o serviço de exame de corpo de delito, durante o plantão do pesquisador. Utilizou-se a Entrevista Clínica do Diagnóstico Psicodinâmico Operacionalizado, gravadas e transcritas. Essas entrevistas foram codificadas e analisadas por dois juízes independentes treinados no OPD-2, com desenho de confiabilidade entre juízes. E para o Estudo 6 também foi utilizado o Defensive Style Questionnaire (DSQ-40). Resultados: Estudo 1: foram incluídos 14 artigos, categorizados conforme o tema central, local de pesquisa e ano de publicação; Estudo 2: foi compreendida as fases do ciclo da violência; Estudo 3: houve validade de conteúdo e propriedades psicométricas satisfatórias da adaptação do Eixo I; Estudo 4: a gravidade da violência estava associada à intensidade do sofrimento subjetivo das mulheres. No padrão relacional, as vítimas permanecem no relacionamento, deixando-se vulneráveis; percebiam o parceiro como controlador, agressivo, ofensivo e possuíam medo do abandono. A vítima antecipou o desejo do agressor, como um mecanismo defensivo de desconforto e sofrimento relacionais, tornando-se, portanto, submissa. O principal conflito psíquico foi a "necessidade de cuidado versus autossuficiência" (78,6%). O nível de estrutura predominante foi mediano, no qual elas têm objetos internos inseguros, apresentando dificuldades na regulação emocional e percebendo a realidade de maneira distorcida. Portanto, elas não reconhecem suas limitações e necessidades. Constatou-se que 78,6% dos casos apresentavam algum distúrbio psiquiátrico: TDM e TEPT; Estudo 5: o discurso das mulheres nas entrevistas concentrou-se em entender o que realmente havia acontecido em seu relacionamento, relatando suas situações abusivas; Estudo 6: predominou o uso de defesas maduras, principalmente da antecipação; Estudo 7: desenvolvimento das capacidades de autopercepção e percepção do objeto foi o foco principal desenvolvido do processo terapêutico. Conclusão: Esta tese fornece evidências empíricas sobre o funcionamento psicológico das vítimas e as questões que compõem a manutenção da violência perpetrada por parceiro íntimo contra as mulheres, tais como: constituição dos impasses e obstáculos do contexto violento, disfuncionalidades em função de um estresse versus estrutura de personalidade vulnerável, recursos intrapsíquicos desses sujeitos. A compreensão de padrões internalizados, funções estruturais e tensões motivacionais são fundamentais para a prevenção da revitimização, a construção de mecanismos de enfrentamento mais adaptativos e a promoção de maior adesão ao tratamento. A identificação dimensional psicodinâmica é uma ferramenta útil para o planejamento e o foco terapêutico com o intuito de superar obstáculos e impasses na interrupção do ciclo de violência.
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spelling Both, Luciane MariaFreitas, Lucia Helena Machado2021-05-26T04:39:39Z2021http://hdl.handle.net/10183/221529001124909Introdução: A violência por parceiro íntimo refere-se a qualquer comportamento de um parceiro íntimo ou ex-parceiro que cause abuso físico, sexual ou emocional, em que um parceiro exerce poder e controle sobre o outro. É uma das formas mais comuns de violência e é considerada um problema de saúde pública e causa danos físicos e psicológicos às vítimas – traumas. O trauma psicológico recorrente modifica o funcionamento psicológico do sujeito e certamente piora a qualidade de vida dos envolvidos. Assim, é imprescindível a avaliação psicológica multiaxial dessa população, de maneira que haja a integração da dimensão psicodinâmica à sintomatologia descritiva, como proposto no Diagnóstico Psicodinâmico Operacionalizado (OPD-2). Objetivo: Investigar as características do funcionamento psicodinâmico de mulheres vítimas de violência por parceiro íntimo, sob uma perspectiva dimensional operacionalizada. Para atingir esse objetivo, o projeto foi composto por sete estudos. Método: Estudo 1: revisão sistemática; Estudo 2: qualitativo e transversal; Estudo 3: Adaptação Transcultural e Validação do Eixo I; Estudo 4: quantitativo e transversal; Estudo 5: Classificação de texto com uma técnica de análise de nuvem de palavras; Estudo 6: quantitativo e transversal; Estudo 7: estudo de caso. Os estudos empíricos basearam-se na amostra de 56 mulheres vítimas de violência por parceiro íntimo com idade média de 30,07 anos (SD=9,65). Foram incluídas mulheres de 18 a 65 anos vítimas de violência por parceiro íntimo autorreferida que procuraram o serviço de exame de corpo de delito, durante o plantão do pesquisador. Utilizou-se a Entrevista Clínica do Diagnóstico Psicodinâmico Operacionalizado, gravadas e transcritas. Essas entrevistas foram codificadas e analisadas por dois juízes independentes treinados no OPD-2, com desenho de confiabilidade entre juízes. E para o Estudo 6 também foi utilizado o Defensive Style Questionnaire (DSQ-40). Resultados: Estudo 1: foram incluídos 14 artigos, categorizados conforme o tema central, local de pesquisa e ano de publicação; Estudo 2: foi compreendida as fases do ciclo da violência; Estudo 3: houve validade de conteúdo e propriedades psicométricas satisfatórias da adaptação do Eixo I; Estudo 4: a gravidade da violência estava associada à intensidade do sofrimento subjetivo das mulheres. No padrão relacional, as vítimas permanecem no relacionamento, deixando-se vulneráveis; percebiam o parceiro como controlador, agressivo, ofensivo e possuíam medo do abandono. A vítima antecipou o desejo do agressor, como um mecanismo defensivo de desconforto e sofrimento relacionais, tornando-se, portanto, submissa. O principal conflito psíquico foi a "necessidade de cuidado versus autossuficiência" (78,6%). O nível de estrutura predominante foi mediano, no qual elas têm objetos internos inseguros, apresentando dificuldades na regulação emocional e percebendo a realidade de maneira distorcida. Portanto, elas não reconhecem suas limitações e necessidades. Constatou-se que 78,6% dos casos apresentavam algum distúrbio psiquiátrico: TDM e TEPT; Estudo 5: o discurso das mulheres nas entrevistas concentrou-se em entender o que realmente havia acontecido em seu relacionamento, relatando suas situações abusivas; Estudo 6: predominou o uso de defesas maduras, principalmente da antecipação; Estudo 7: desenvolvimento das capacidades de autopercepção e percepção do objeto foi o foco principal desenvolvido do processo terapêutico. Conclusão: Esta tese fornece evidências empíricas sobre o funcionamento psicológico das vítimas e as questões que compõem a manutenção da violência perpetrada por parceiro íntimo contra as mulheres, tais como: constituição dos impasses e obstáculos do contexto violento, disfuncionalidades em função de um estresse versus estrutura de personalidade vulnerável, recursos intrapsíquicos desses sujeitos. A compreensão de padrões internalizados, funções estruturais e tensões motivacionais são fundamentais para a prevenção da revitimização, a construção de mecanismos de enfrentamento mais adaptativos e a promoção de maior adesão ao tratamento. A identificação dimensional psicodinâmica é uma ferramenta útil para o planejamento e o foco terapêutico com o intuito de superar obstáculos e impasses na interrupção do ciclo de violência.Introduction: Intimate partner violence refers to any behavior by an intimate partner or ex-partner that causes physical, sexual or emotional abuse, in which one partner exercises power and control over the other. It is one of the most common forms of violence and is considered a public health problem and causes physical and psychological damage to victims - trauma. Recurrent psychological trauma modifies the subject's psychological functioning and certainly worsens the quality of life of those involved. Thus, the multiaxial psychological assessment of this population is essential, so that there is the integration of the psychodynamic dimension with the descriptive symptoms, as proposed in the Operationalized Psychodynamic Diagnosis (OPD-2). Objective: To investigate the characteristics of the psychodynamic functioning of women victims of intimate partner violence, from an operationalized dimensional perspective. To achieve this goal, the project consisted of seven studies. Method: Study 1: systematic review; Study 2: qualitative and transversal; Study 3: Transcultural Adaptation and Validation of Axis I; Study 4: quantitative and transversal; Study 5: Text classification with a word cloud analysis technique; Study 6: quantitative and transversal; Study 7: case study. The empirical studies were based on the sample of 56 women victims of intimate partner violence, with an average age of 30.07 years (SD = 9.65). Women from 18 to 65 years of age who were victims of intimate partner violence by self-reported who sought the body of crime examination service during the researcher's duty were included. The Operationalized Psychodynamic Diagnosis Clinical Interview was used, recorded and transcribed. These interviews were coded and analyzed by two independent judges trained in OPD-2, with a design of reliability between judges. And for Study 6, the Defensive Style Questionnaire (DSQ-40) was also used. Results: Study 1: 14 articles were included, categorized according to the central theme, place of research and year of publication; Study 2: the phases of the violence cycle were understood; Study 3: there was content validity and satisfactory psychometric properties of the adaptation of Axis I; Study 4: the severity of the violence was associated with the intensity of the women's subjective suffering. In the relational pattern, the victims remain in the relationship, leaving themselves vulnerable; they perceived their partner as controlling, aggressive, offensive and were afraid of abandonment. The victim anticipated the aggressor's desire, as a defensive mechanism of relational discomfort and suffering, thus becoming submissive. The main psychic conflict was the "need for care versus selfreliance" (78.6%). The predominant level of structure was average, in which they have insecure internal objects, presenting difficulties in emotional regulation and perceiving reality in a distorted way. Therefore, they do not recognize their limitations and needs. It was found that 78.6% of the cases had some psychiatric disorder: TDM and PTSD; Study 5: the women's speech in the interviews focused on understanding what had really happened in their relationship, reporting their abusive situations; Study 6: the use of mature defenses predominated, especially anticipation; Study 7: the development of the self-perception and perception of the object was the main focus developed in the therapeutic process. Conclusion: This thesis provides empirical evidence on the psychological functioning of the victims and the issues that make up the maintenance of violence perpetrated by an intimate partner against women, such as: constitution of impasses and obstacles in the violent context, dysfunctionalities due to stress versus vulnerable personality structure, intrapsychic resources of these subjects. The understanding of internalized patterns, structural functions and motivational tensions are fundamental for the prevention of revictimization, the construction of more adaptive coping mechanisms and the promotion of greater adherence to treatment. Psychodynamic dimensional identification is a useful tool for planning and therapeutic focus in order to overcome obstacles and impasses in interrupting the cycle of violence.application/pdfengViolência por parceiro íntimoViolência domésticaViolência contra a mulherPsicologia clínicaPsicoterapia psicodinâmicaDiagnósticoIntimate partner violenceDomestic violenceViolence against womenClinical psychologyPsychodynamic psychotherapyDiagnosisPublic healthFuncionamento psicodinâmico de mulheres vítimas de violência por parceiro íntimo sob a perspectiva do diagnóstico psicodinâmico operacionalizado (OPD-2)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Psiquiatria e Ciências do ComportamentoPorto Alegre, BR-RS2021doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001124909.pdf.txt001124909.pdf.txtExtracted Texttext/plain473577http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/221529/2/001124909.pdf.txt6ac897edeca0c9982753a35237d6a3afMD52ORIGINAL001124909.pdfTexto completoapplication/pdf5914792http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/221529/1/001124909.pdf498c16e28f67aaa968049711291cfe41MD5110183/2215292023-06-07 03:41:59.405831oai:www.lume.ufrgs.br:10183/221529Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-06-07T06:41:59Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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