“Do medo da vingança à esperança da recompensa”: dominações, instituições e a economia aquisitiva cabocla em Maués – AM

• Autor(a) principal: Gomes, Izaquiel Mateus Macedo
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/268387
• topic: Economia institucional; Caboclo; Acquisition; Domination; Weber

A implementação da política Real Portuguesa, na colônia Brasil, instalou uma política econômica mercantilista de exploração da gente e do território no intuito de responder à demanda do continente europeu. Tal fato, se efetiva com o estabelecimento de organizações e instituições já executadas e/ou conhecidas pelos portugueses. Nesse contexto, especialmente, para a colonização do espaço amazônico foi primordial a atuação da igreja Católica por intermédio de suas congregações, principalmente, os Jesuítas, os quais foram fundamentais para o processo de assimilação do nativo à cultura cristã e civil portuguesa por meio de seus bens de salvação e para as leis seculares, como exemplo: o casamento que uniu o estrangeiro e a nativa tendo como herdeiro o Mameluco, o Caboclo. Quais instituições importaram e importam a essa sua economia aquisitiva? O objetivo central desse trabalho é questionar as dinâmicas institucionais presentes no cenário amazônico que influenciaram na economia aquisitiva. Essa dinâmica possibilitou ao caboclo ser reconhecido, ‘educado’ e apoiado, ou melhor, lhes possibilitaram poderes de disposições e, consequentemente, poderes de aquisições. Para a melhor compreensão das relações sociais, ou melhor, das relações institucionais, a teoria weberiana das dominações tradicional, burocrática e carismáticas foram primordiais para analisar a construção de uma tradição de oportunidades aquisitivas. Há a contribuição, solidária, de Douglass North. Atualmente esse caboclo é cliente do Estado democrático liberal, em várias esferas, entre elas as transferências de rendas. Sejam diretamente em suas contas nas agências bancárias ou indiretamente com transferência de outras políticas como o Fundeb, o qual possibilita capacidade orçamentaria aos municípios nas políticas educacionais. Em decorrência, os caboclos e/ou professores têm suas remunerações, poder e chances aquisitivas assegurados. O trabalho apresenta algumas fases: a) A pesquisa bibliográfica; b) a exploração do campo com entrevista com aqueles que se faziam presentes nos barcos. Na observação e na escuta atenta anotando o “falado”, constatou-se que o urbano, necessariamente, não é polo atrativo, mas os recursos monetários, principalmente, públicos que circulam nele, do contrário, sua presença seria reduzida. Algumas problemáticas foram apontadas para receber ou usufruir os recursos recebidos como, por exemplo, a baixa circulação de moedas de menor valor o que dificulta o acesso prorrogando a presença no urbano e a formação de filas nas agências bancárias e lotéricas, uma vez que se pretende levar certa quantidade de dinheiro para a comunidade, devido às questões domésticas, à estratégia do uso do App que esbarra na dificuldade com o sinal da internet. Apesar dos poderes de disposições, a economia aquisitiva cabocla sofre de percalços estruturais.