Violência sexual em mulheres transgênero : estudo nacional e síntese internacional de evidências

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Hentges, Bruna
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/277117
Resumo: Introdução: A maior visibilidade de pessoas transgênero tem gerado discussões sobre os desafios complexos que esta população enfrenta ao longo de suas vidas, sendo a violência, em suas múltiplas manifestações, um dos mais graves. Objetivo: Investigar a prevalência, os fatores associados e como a violência sexual se insere na trajetória de vida de mulheres transgênero. Métodos: Foi conduzida uma revisão sistemática com meta-análise buscando investigar a prevalência global de violência sexual em mulheres transgênero. Foram inclusos estudos quantitativos com dados desagregados para mulheres transgênero sobre violência sexual, publicados entre 2000 e 2024. Em uma segunda parte, são analisados dados de um estudo transversal realizado em 5 capitais brasileiras entre 2019 e 2021, com 1.317 mulheres transgênero e travestis (MTT). As participantes foram recrutadas usando a técnica Respondent-Driven Sampling (RDS). Foi realizada uma análise de regressão logística para determinar as associações entre fatores sociodemográficos e comportamentais e a experiência de violência sexual durante a vida. Resultados: De 5.958 artigos, 85 estudos (n=33.626 mulheres transgênero) e 132 prevalências de violência sexual entraram na avaliação final da revisão sistemática. A prevalência de violência sexual durante a vida foi de 35,2% (IC95% 29,0-41,8%); no último ano de 16,4% (IC95% 11,5-23,0%); e durante a infância de 31,2% (IC95% 24,1-39,3%). O estudo nacional revelou que 53% (n=698) das MTT foram vítimas de pelo menos um episódio de violência sexual, e que para 64,4% destas (n=419) a violência ocorreu em mais de uma ocasião. A maioria das vítimas (79%) não buscou nenhum tipo de ajuda após a violência. A violência sexual esteve associada a características que indicam alta vulnerabilidade social e individual, como a falta de moradia, troca de sexo por dinheiro, saúde emocional ruim e problemas ao acessar serviços de saúde no último ano. Conclusões: Apesar dos avanços significativos na visibilidade das mulheres transgênero, essa comunidade continua a enfrentar discriminação em múltiplos níveis, desde estruturas sistêmicas até interações interpessoais e experiências individuais. A alta prevalência de violência sexual entre mulheres transgênero, que ocorre 9 desde a infância, é uma manifestação direta do estigma associado à identidade de gênero, cuja interseção com outras formas de marginalização pode intensificar ainda mais as consequências adversas da violência. O compromisso com a igualdade de gênero deve permear políticas públicas em todas as áreas, assegurando a igualdade de oportunidades, especialmente para populações estigmatizadas. É fundamental que sistemas de apoio sensíveis ao gênero sejam implementados, adotando uma abordagem abrangente e inclusiva para enfrentar efetivamente a violência e promover a equidade.
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As participantes foram recrutadas usando a técnica Respondent-Driven Sampling (RDS). Foi realizada uma análise de regressão logística para determinar as associações entre fatores sociodemográficos e comportamentais e a experiência de violência sexual durante a vida. Resultados: De 5.958 artigos, 85 estudos (n=33.626 mulheres transgênero) e 132 prevalências de violência sexual entraram na avaliação final da revisão sistemática. A prevalência de violência sexual durante a vida foi de 35,2% (IC95% 29,0-41,8%); no último ano de 16,4% (IC95% 11,5-23,0%); e durante a infância de 31,2% (IC95% 24,1-39,3%). O estudo nacional revelou que 53% (n=698) das MTT foram vítimas de pelo menos um episódio de violência sexual, e que para 64,4% destas (n=419) a violência ocorreu em mais de uma ocasião. A maioria das vítimas (79%) não buscou nenhum tipo de ajuda após a violência. A violência sexual esteve associada a características que indicam alta vulnerabilidade social e individual, como a falta de moradia, troca de sexo por dinheiro, saúde emocional ruim e problemas ao acessar serviços de saúde no último ano. Conclusões: Apesar dos avanços significativos na visibilidade das mulheres transgênero, essa comunidade continua a enfrentar discriminação em múltiplos níveis, desde estruturas sistêmicas até interações interpessoais e experiências individuais. A alta prevalência de violência sexual entre mulheres transgênero, que ocorre 9 desde a infância, é uma manifestação direta do estigma associado à identidade de gênero, cuja interseção com outras formas de marginalização pode intensificar ainda mais as consequências adversas da violência. O compromisso com a igualdade de gênero deve permear políticas públicas em todas as áreas, assegurando a igualdade de oportunidades, especialmente para populações estigmatizadas. É fundamental que sistemas de apoio sensíveis ao gênero sejam implementados, adotando uma abordagem abrangente e inclusiva para enfrentar efetivamente a violência e promover a equidade.Introduction: The increased visibility of transgender individuals has sparked discussions about the complex challenges this population faces throughout their lives, with violence, in its multiple manifestations, being one of the most severe. Objective: To investigate the prevalence, associated factors, and how sexual violence intersects with the life trajectory of transgender women. Methods: A systematic review with meta-analysis was conducted to investigate the overall prevalence of sexual violence in transgender women. Quantitative studies with empirical data disaggregated for transgender women on sexual violence, published between 2000 and 2024, were included. In a second part, data from a cross-sectional study conducted in 5 Brazilian capitals between 2019 and 2021, with 1,317 transgender women and travestis (TWT), are analyzed. Participants were recruited using the Respondent-Driven Sampling (RDS) technique. Logistic regression analysis was performed to determine associations between sociodemographic and behavioral factors and the experience of lifetime sexual violence. Results: Out of 5,958 articles, 85 studies (n=33,626 transgender women) and 132 prevalence rates of sexual violence were included in the final assessment of the systematic review. The prevalence of lifetime sexual violence was 35.2% (95% CI 29.0-41.8%); in the last year, it was 16.4% (95% CI 11.5-23.0%); and during childhood, it was 31.2% (95% CI 24.1-39.3%). The national study revealed that 53% (n=698) of TWT were victims of at least one episode of sexual violence, and for 64.4% of these (n=419), violence occurred on more than one occasion. The majority of victims (79%) did not seek any type of help after the violence. Sexual violence was associated with characteristics indicating high social and individual vulnerability, such as homelessness, sex exchange for money, poor emotional health, and difficulties accessing healthcare services in the past year. Conclusions: Despite significant advancements in the visibility of transgender women, this community continues to face discrimination at multiple levels, from systemic structures to interpersonal interactions and individual experiences. The high prevalence of sexual violence among transgender women, occurring since childhood, is a direct manifestation of the stigma associated with 11 gender identity, the intersection of which with other forms of marginalization can further intensify the adverse consequences of violence. Commitment to gender equality should permeate public policies in all areas, ensuring equal opportunities, especially for stigmatized populations. It is essential that gender-sensitive support systems be implemented, adopting a comprehensive and inclusive approach to effectively address violence and promote equity.application/pdfporMulheresMinorias sexuais e de gêneroDelitos sexuaisViolência contra a mulherPrevalênciaPessoas transgêneroSexual violenceTransgender womenPrevalenceViolência sexual em mulheres transgênero : estudo nacional e síntese internacional de evidênciasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em EpidemiologiaPorto Alegre, BR-RS2024doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001207904.pdf.txt001207904.pdf.txtExtracted Texttext/plain207740http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/277117/2/001207904.pdf.txt5a7253cc14268b546947e3e67d0055fbMD52ORIGINAL001207904.pdfTexto parcialapplication/pdf729491http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/277117/1/001207904.pdfd72a16a8ac32c2da41ca187f324b6b89MD5110183/2771172024-09-14 06:48:10.383847oai:www.lume.ufrgs.br:10183/277117Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532024-09-14T09:48:10Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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