Aspectos moleculares relacionados ao diagnóstico e progressão da Doença de Fabry
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/217133 |
Resumo: | A Doença de Fabry (DF) é uma doença rara com herança ligada ao X causada pela deficiência de atividade da hidrolase lisossomal α-galactosidase A (α-GAL), codificada pelo gene GLA. Este defeito enzimático leva ao acúmulo de glicoesfingolipídios, principalmente globotriaosilceramida (Gb3) pelo corpo. Pacientes com a forma clássica apresentam baixa atividade residual da enzima com início dos sintomas na infância e desenvolvimento de sintomas cardíacos, cerebrovasculares e/ou renais. Pacientes com apresentações não clássicas tem atividade enzimática residual maior, início tardio dos sintomas e podem ser mono ou oligo-sintomáticos. Características marcantes da DF são alta variabilidade alélica e fenotípica. Dessa forma, o objetivo desta tese foi investigar aspectos moleculares relacionados ao diagnóstico e progressão da Doença de Fabry na população brasileira. Para triagem bioquímica de pacientes do sexo feminino em populações de risco, foi proposta uma metodologia de uso combinado de atividade de α-GAL em leucócitos e plasma. Com o uso de valores de referência gênero-específicos, esta metodologia amplamente acessível pode reduzir o número de amostras que necessitam de triagem genética em 35%. Com relação à triagem molecular, foi descrito um protocolo com a técnica de HRM (high resolution melting) para amostras de sangue coletadas em EDTA. Todas as variantes analisadas neste estudo resultaram em perfis distintos dos controles normais. Além disso, com exceção das variantes localizadas no éxon 7, também foi possível a identificação de todos os genótipos diferentes analisados. A análise molecular do gene GLA por sequenciamento de Sanger foi realizada em 408 pacientes brasileiros, provenientes de 213 famílias, com histórico familiar ou suspeita clínica de DF. Conforme o esperado para uma doença com mutações privadas, a maioria destas variantes foi encontrada em famílias únicas. Das 26 variantes identificadas em regiões codificantes, cerca de 80% eram do tipo missense, o que está de acordo com a literatura. Em seguida, a existência de genes modificadores do fenótipo cardíaco foi avaliada por análise de exoma de pacientes com ou sem doença cardíaca. A frequência da variante rs3188055 gene inositol polifosfato 5- fosfatase (INPP5F) foi significativamente maior no grupo com doença cardíaca. Portanto; INPP5F, envolvido na maturação e reciclagem dos endossomos e regulação negativa da 11 hipertrofia cardíaca, é um possível modulador da doença cardíaca em DF. Finalmente, a variabilidade fenotípica vista em mulheres com DF foi analisada com o uso de transcriptomas de células sanguíneas. Foram obtidos perfis de expressão distintivos para pacientes com diferentes manifestações: exclusivamente cardíacas, exclusivamente renais ou ambas. Os genes com expressão diferencial validados (DEFA1, A1B, A3; CEACAM8, PRKXP1, IFI44, IFI44L, IFIT1, HERC5, EIF2AK2 e RSAD2), representam possíveis vias especificas das manifestações analisadas, envolvidas com a variabilidade vista em DF, que podem auxiliar no manejo clínico dos pacientes. |
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Pasqualim, GabrielaMatte, Ursula da SilveiraVairo, Filippo Pinto e2021-01-07T04:17:21Z2017http://hdl.handle.net/10183/217133001056840A Doença de Fabry (DF) é uma doença rara com herança ligada ao X causada pela deficiência de atividade da hidrolase lisossomal α-galactosidase A (α-GAL), codificada pelo gene GLA. Este defeito enzimático leva ao acúmulo de glicoesfingolipídios, principalmente globotriaosilceramida (Gb3) pelo corpo. Pacientes com a forma clássica apresentam baixa atividade residual da enzima com início dos sintomas na infância e desenvolvimento de sintomas cardíacos, cerebrovasculares e/ou renais. Pacientes com apresentações não clássicas tem atividade enzimática residual maior, início tardio dos sintomas e podem ser mono ou oligo-sintomáticos. Características marcantes da DF são alta variabilidade alélica e fenotípica. Dessa forma, o objetivo desta tese foi investigar aspectos moleculares relacionados ao diagnóstico e progressão da Doença de Fabry na população brasileira. Para triagem bioquímica de pacientes do sexo feminino em populações de risco, foi proposta uma metodologia de uso combinado de atividade de α-GAL em leucócitos e plasma. Com o uso de valores de referência gênero-específicos, esta metodologia amplamente acessível pode reduzir o número de amostras que necessitam de triagem genética em 35%. Com relação à triagem molecular, foi descrito um protocolo com a técnica de HRM (high resolution melting) para amostras de sangue coletadas em EDTA. Todas as variantes analisadas neste estudo resultaram em perfis distintos dos controles normais. Além disso, com exceção das variantes localizadas no éxon 7, também foi possível a identificação de todos os genótipos diferentes analisados. A análise molecular do gene GLA por sequenciamento de Sanger foi realizada em 408 pacientes brasileiros, provenientes de 213 famílias, com histórico familiar ou suspeita clínica de DF. Conforme o esperado para uma doença com mutações privadas, a maioria destas variantes foi encontrada em famílias únicas. Das 26 variantes identificadas em regiões codificantes, cerca de 80% eram do tipo missense, o que está de acordo com a literatura. Em seguida, a existência de genes modificadores do fenótipo cardíaco foi avaliada por análise de exoma de pacientes com ou sem doença cardíaca. A frequência da variante rs3188055 gene inositol polifosfato 5- fosfatase (INPP5F) foi significativamente maior no grupo com doença cardíaca. Portanto; INPP5F, envolvido na maturação e reciclagem dos endossomos e regulação negativa da 11 hipertrofia cardíaca, é um possível modulador da doença cardíaca em DF. Finalmente, a variabilidade fenotípica vista em mulheres com DF foi analisada com o uso de transcriptomas de células sanguíneas. Foram obtidos perfis de expressão distintivos para pacientes com diferentes manifestações: exclusivamente cardíacas, exclusivamente renais ou ambas. Os genes com expressão diferencial validados (DEFA1, A1B, A3; CEACAM8, PRKXP1, IFI44, IFI44L, IFIT1, HERC5, EIF2AK2 e RSAD2), representam possíveis vias especificas das manifestações analisadas, envolvidas com a variabilidade vista em DF, que podem auxiliar no manejo clínico dos pacientes.Fabry disease (FD) is a rare X-linked disorder resulting from deficient activity of the lysosomal hydrolase α-galactosidase A (α-GAL), encoded by the GLA gene. This deficiency leads to the accumulation of glycosphingolipids, mainly globotriaosylceramide (Gb3), throughout the body. Patients with the classical form of the disease have low residual enzymatic activity with childhood onset of symptoms and development of cardiac, cerebrovascular and/or renal complications. Patients with non-classical phenotypes have higher residual activity, later onset of symptoms and are mono or oligo-symptomatic. Striking features of FD are high allelic and phenotypic variability. Thus, the aim of this thesis was to investigate molecular aspects related to the diagnosis and progression of Fabry disease in the Brazilian population. For biochemical screening of female patients in risk populations, a methodology of combined use of α-GAL activity in leukocytes and plasma was proposed. With the use of gender-specific reference values, this widely accessible methodology can reduce the number of samples that require genetic screening by 35%. Regarding molecular screening, a protocol with high resolution melting (HRM) technique for blood samples collected in EDTA was described. All the variants analyzed in this study displayed different profiles from normal controls. In addition, with the exception of variants located in exon 7, it was also possible to identify all the different genotypes analyzed. The molecular analysis of the GLA gene by Sanger sequencing was performed in 408 Brazilian patients, from 213 families, with family history or clinical suspicion of FD. As expected for a disease with private mutations, most of these variants were found in single families. Of the 26 variants identified in coding regions, about 80% were missense, which is in agreement with the literature. Then, the existence of cardiac phenotype modifier genes was evaluated by exome analysis of patients with and without heart disease. The frequency of variant rs3188055 variant in Inositol Polyphosphate-5-Phosphatase F gene (INPP5F) was significantly higher in the group with heart disease. Therefore, INPP5F, which is involved in the maturation and recycling of endosomes and negative regulation of cardiac hypertrophy, is a possible modulator of cardiac disease in FD. Finally, the phenotypic variability seen in women with FD was analyzed with the use of transcriptomes from whole blood. Distinctive expression profiles were obtained for patients with different 13 manifestations: exclusively cardiac, exclusively renal or both. The validated genes with differential expression (DEFA1, A1B, A3, CEACAM8, PRKXP1, IFI44, IFI44L, IFIT1, HERC5, EIF2AK2 and RSAD2) indicate possible disease specific pathways involved in phenotypic variability seen in FD, which might aid in patient management.application/pdfporDoença de FabryTerapia de reposição enzimáticaMucopolissacaridoseErros inatos do metabolismoAspectos moleculares relacionados ao diagnóstico e progressão da Doença de Fabryinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de BiociênciasPrograma de Pós-Graduação em Genética e Biologia MolecularPorto Alegre, BR-RS2017doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001056840.pdf.txt001056840.pdf.txtExtracted Texttext/plain644246http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/217133/2/001056840.pdf.txt1b741c7b331d3955dcc712e0c54c7a89MD52ORIGINAL001056840.pdfTexto completoapplication/pdf22690587http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/217133/1/001056840.pdf0a568ca8063073e4aedd5e1a4c7645e0MD5110183/2171332021-11-20 06:21:45.068596oai:www.lume.ufrgs.br:10183/217133Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-11-20T08:21:45Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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A Doença de Fabry (DF) é uma doença rara com herança ligada ao X causada pela deficiência de atividade da hidrolase lisossomal α-galactosidase A (α-GAL), codificada pelo gene GLA. Este defeito enzimático leva ao acúmulo de glicoesfingolipídios, principalmente globotriaosilceramida (Gb3) pelo corpo. Pacientes com a forma clássica apresentam baixa atividade residual da enzima com início dos sintomas na infância e desenvolvimento de sintomas cardíacos, cerebrovasculares e/ou renais. Pacientes com apresentações não clássicas tem atividade enzimática residual maior, início tardio dos sintomas e podem ser mono ou oligo-sintomáticos. Características marcantes da DF são alta variabilidade alélica e fenotípica. Dessa forma, o objetivo desta tese foi investigar aspectos moleculares relacionados ao diagnóstico e progressão da Doença de Fabry na população brasileira. Para triagem bioquímica de pacientes do sexo feminino em populações de risco, foi proposta uma metodologia de uso combinado de atividade de α-GAL em leucócitos e plasma. Com o uso de valores de referência gênero-específicos, esta metodologia amplamente acessível pode reduzir o número de amostras que necessitam de triagem genética em 35%. Com relação à triagem molecular, foi descrito um protocolo com a técnica de HRM (high resolution melting) para amostras de sangue coletadas em EDTA. Todas as variantes analisadas neste estudo resultaram em perfis distintos dos controles normais. Além disso, com exceção das variantes localizadas no éxon 7, também foi possível a identificação de todos os genótipos diferentes analisados. A análise molecular do gene GLA por sequenciamento de Sanger foi realizada em 408 pacientes brasileiros, provenientes de 213 famílias, com histórico familiar ou suspeita clínica de DF. Conforme o esperado para uma doença com mutações privadas, a maioria destas variantes foi encontrada em famílias únicas. Das 26 variantes identificadas em regiões codificantes, cerca de 80% eram do tipo missense, o que está de acordo com a literatura. Em seguida, a existência de genes modificadores do fenótipo cardíaco foi avaliada por análise de exoma de pacientes com ou sem doença cardíaca. A frequência da variante rs3188055 gene inositol polifosfato 5- fosfatase (INPP5F) foi significativamente maior no grupo com doença cardíaca. Portanto; INPP5F, envolvido na maturação e reciclagem dos endossomos e regulação negativa da 11 hipertrofia cardíaca, é um possível modulador da doença cardíaca em DF. Finalmente, a variabilidade fenotípica vista em mulheres com DF foi analisada com o uso de transcriptomas de células sanguíneas. Foram obtidos perfis de expressão distintivos para pacientes com diferentes manifestações: exclusivamente cardíacas, exclusivamente renais ou ambas. Os genes com expressão diferencial validados (DEFA1, A1B, A3; CEACAM8, PRKXP1, IFI44, IFI44L, IFIT1, HERC5, EIF2AK2 e RSAD2), representam possíveis vias especificas das manifestações analisadas, envolvidas com a variabilidade vista em DF, que podem auxiliar no manejo clínico dos pacientes. |
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