Prevalência e fatores de risco para doença hepática gordurosa não alcoólica em pacientes com doença de Crohn
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/254362 |
Resumo: | A Doença de Crohn (DC) é uma condição inflamatória crônica oriunda da predisposição genética e fatores ambientais associados a uma desregulação do sistema imune. A plausibilidade biológica faz com que esperemos que os pacientes com DC tenham emagrecimento e desnutrição tanto pelo aumento do consumo energético secundário ao processo inflamatório quanto por possíveis alterações absortivas. Apesar de haver evidências científicas para que estes pacientes apresentem baixo peso, atualmente se observa um número significativo de pacientes com sobrepeso e obesidade, sendo este um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) na população em geral. A DHGNA é caracterizada pelo acúmulo de gordura nos hepatócitos e pode progredir para esteato-hepatite, cirrose e carcinoma hepatocelular. Alguns autores relatam uma prevalência maior de DHGNA em pacientes com DC se comparado à população em geral. No entanto, os mecanismos pelos quais a DHGNA e a DC se relacionam são pouco conhecidos, sugerindo que as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) possuem fatores de risco independentes para DHGNA. Nosso objetivo foi avaliar a prevalência e os fatores de risco para DHGNA em pacientes com DC. Material e métodos: estudo prospectivo que avaliou sequencialmente os pacientes com DC em acompanhamento no ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre entre julho de 2021 e maio de 2022. Foram coletados os dados relacionados às características clínicas da DC, medicações de uso prévio e atual, doenças pré-existentes, exames bioquímicos, óxido de trimetilamina (TMAO) plasmático, dados antropométricos e ingestão alimentar. O diagnóstico e classificação da DHGNA foi feito através de ultrassonografia (US) de abdômen superior. Resultados: 103 pacientes com DC e idade média de 45,2±15,0 2 anos, sendo 35,9% (n=37) do sexo masculino. A prevalência de DHGNA foi de 40,8% (n=42). Entre os pacientes com este diagnóstico, 42,9% (n=18) tinham hipertensão arterial sistêmica (HAS) (p<0,001), 11,9% (n=5) tinham dislipidemia (p=0,040) e 19% (n=8) tinham diabetes (DM) (p=0,009). O excesso de peso esteve presente em 62,1% da amostra (p<0,001). O tempo médio de diagnóstico da DC foi de 12,3 anos e 77,7% da amostra estava em remissão da DC. Em análise univariada não foram observadas diferenças estatísticas entre idade, sexo, características e atividade da DC, tratamento prévio ou atual para DC e ingestão alimentar com DHGNA. A presença de comorbidades como HAS, DM e dislipidemia, marcadores antropométricos como índice de massa corporal (IMC), circunferência abdominal (CA), diâmetro abdominal sagital (DAS), resultados laboratoriais como proteína C reativa (PCR), triglicerídeos (TG) e enzimas hepáticas alanina aminotransferase (ALT), gama glutamiltransferase (GGT) e fosfatase alcalina foram positivamente associados com o diagnóstico de DHGNA. Os níveis plasmáticos de TMAO não demonstraram relação com a presença de DHGNA e com a atividade da DC, mas se correlacionaram com o DAS (p 0,047). Após o ajuste pelo modelo multivariado, as variáveis que permaneceram estatisticamente associadas com a DHGNA foram: HAS (p=0,046), DM (p=0,017), DC ativa (p=0,023), sobrepeso (p=0,025) e obesidade (p<0,001). A presença de DHGNA nesta amostra esteve relacionada aos fatores de risco metabólicos semelhantes para a população em geral (hipertensão arterial sistêmica, diabetes, dislipidemia, sobrepeso e obesidade). As características da DC e os níveis plasmáticos de TMAO não demonstraram relação com a presença de DHGNA. Ao contrário do que se poderia esperar a atividade da DC apresentou correlação positiva com a DHGNA. |
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Souza, Rosenir Korpalski deFlores, CristinaBona, Laura Renata de2023-02-08T05:01:17Z2022http://hdl.handle.net/10183/254362001160260A Doença de Crohn (DC) é uma condição inflamatória crônica oriunda da predisposição genética e fatores ambientais associados a uma desregulação do sistema imune. A plausibilidade biológica faz com que esperemos que os pacientes com DC tenham emagrecimento e desnutrição tanto pelo aumento do consumo energético secundário ao processo inflamatório quanto por possíveis alterações absortivas. Apesar de haver evidências científicas para que estes pacientes apresentem baixo peso, atualmente se observa um número significativo de pacientes com sobrepeso e obesidade, sendo este um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) na população em geral. A DHGNA é caracterizada pelo acúmulo de gordura nos hepatócitos e pode progredir para esteato-hepatite, cirrose e carcinoma hepatocelular. Alguns autores relatam uma prevalência maior de DHGNA em pacientes com DC se comparado à população em geral. No entanto, os mecanismos pelos quais a DHGNA e a DC se relacionam são pouco conhecidos, sugerindo que as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) possuem fatores de risco independentes para DHGNA. Nosso objetivo foi avaliar a prevalência e os fatores de risco para DHGNA em pacientes com DC. Material e métodos: estudo prospectivo que avaliou sequencialmente os pacientes com DC em acompanhamento no ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre entre julho de 2021 e maio de 2022. Foram coletados os dados relacionados às características clínicas da DC, medicações de uso prévio e atual, doenças pré-existentes, exames bioquímicos, óxido de trimetilamina (TMAO) plasmático, dados antropométricos e ingestão alimentar. O diagnóstico e classificação da DHGNA foi feito através de ultrassonografia (US) de abdômen superior. Resultados: 103 pacientes com DC e idade média de 45,2±15,0 2 anos, sendo 35,9% (n=37) do sexo masculino. A prevalência de DHGNA foi de 40,8% (n=42). Entre os pacientes com este diagnóstico, 42,9% (n=18) tinham hipertensão arterial sistêmica (HAS) (p<0,001), 11,9% (n=5) tinham dislipidemia (p=0,040) e 19% (n=8) tinham diabetes (DM) (p=0,009). O excesso de peso esteve presente em 62,1% da amostra (p<0,001). O tempo médio de diagnóstico da DC foi de 12,3 anos e 77,7% da amostra estava em remissão da DC. Em análise univariada não foram observadas diferenças estatísticas entre idade, sexo, características e atividade da DC, tratamento prévio ou atual para DC e ingestão alimentar com DHGNA. A presença de comorbidades como HAS, DM e dislipidemia, marcadores antropométricos como índice de massa corporal (IMC), circunferência abdominal (CA), diâmetro abdominal sagital (DAS), resultados laboratoriais como proteína C reativa (PCR), triglicerídeos (TG) e enzimas hepáticas alanina aminotransferase (ALT), gama glutamiltransferase (GGT) e fosfatase alcalina foram positivamente associados com o diagnóstico de DHGNA. Os níveis plasmáticos de TMAO não demonstraram relação com a presença de DHGNA e com a atividade da DC, mas se correlacionaram com o DAS (p 0,047). Após o ajuste pelo modelo multivariado, as variáveis que permaneceram estatisticamente associadas com a DHGNA foram: HAS (p=0,046), DM (p=0,017), DC ativa (p=0,023), sobrepeso (p=0,025) e obesidade (p<0,001). A presença de DHGNA nesta amostra esteve relacionada aos fatores de risco metabólicos semelhantes para a população em geral (hipertensão arterial sistêmica, diabetes, dislipidemia, sobrepeso e obesidade). As características da DC e os níveis plasmáticos de TMAO não demonstraram relação com a presença de DHGNA. Ao contrário do que se poderia esperar a atividade da DC apresentou correlação positiva com a DHGNA.Crohn's Disease (CD) is a chronic inflammatory condition arising from genetic predisposition and environmental factors associated with a dysregulation of the immune system. The biological plausibility makes us expect that patients with CD will have weight loss and malnutrition, both due to increased energy consumption secondary to the inflammatory process and possible absorption changes. Although there is scientific evidence that these patients are underweight, a significant number of overweight and obese patients are currently observed, which is one of the main risk factors for the development of Non-Alcoholic Fatty Liver Disease (NAFLD) in the general population. NAFLD is characterized by the accumulation of fat in hepatocytes and can progress to steatohepatitis, cirrhosis, and hepatocellular carcinoma. Some authors report a higher prevalence of NAFLD in patients with CD compared to the general population. However, the mechanisms by which NAFLD and CD are related are poorly understood, suggesting that Inflammatory Bowel Diseases (IBD) have independent risk factors for NAFLD. Our objective was to assess the prevalence and risk factors for NAFLD in patients with CD. Material and methods: prospective study that sequentially evaluated patients with CD that have been followed at the Inflammatory Bowel Diseases outpatient clinic of Hospital de Clínicas de Porto Alegre between July 2021 and May 2022. The data were collected related to the clinical characteristics of CD, use of previous and current medications, comorbidities, biochemical tests, plasmatic trimethylamine oxide (TMAO), anthropometric data and food intake. The diagnosis and classification of NAFLD was made by an upper abdominal ultrasound (US). Results: 103 patients with CD and mean age of 45.2 ± 15.0 years, 35.9% (n=37) were male. The prevalence of NAFLD was 40.8% (n=42). Among patients with this diagnosis, 42.9% (n=18) had systemic arterial hypertension 4 (SAH) (p<0.001), 11.9% (n=5) had dyslipidemia (p=0.040) and 19% (n=8) had diabetes mellitus (DM). (p=0.009). Excess weight was present in 62.1% of the sample (p<0.001). The mean diagnosis CD time was 12.3 years and 77.7% of the sample was in CD remission. In univariate analysis, no statistical differences were observed between age, sex, characteristics, and activity of CD, previous or current treatment for CD and food consumption and NAFLD. The presence of comorbidities such as SAH, DM and dyslipidemia, anthropometric markers such as body mass index (BMI), abdominal circumference (CA), sagittal abdominal diameter (DAS), laboratory results such as C-reactive protein (CRP), triglycerides (TG), liver enzymes alanine aminotransferase (ALT) and gamma glutamyltransferase (GGT) and alkaline phosphatase were positively associated with the diagnosis of NAFLD. TMAO plasmatic levels showed no relation with the presence of NAFLD and with the activity of CD, but correlate with sagittal abdominal diameter. After adjusting for the multivariate model, the variables that remained statistically associated with NAFLD were: SAH (p=0.046), DM (p=0.017), active CD (p=0.023), overweight (p=0.025) and obesity (p=0.023). <0.001). The presence of NAFLD in this sample was related to similar metabolic risk factors for the general population (systemic arterial hypertension, diabetes, dyslipidemia, overweight and obesity). The characteristics of CD and plasma levels of TMAO showed no relation with the presence of NAFLD. 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