As rosas negras: quebradeiras de coco babaçu, raça e território no maranhão contemporâneo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sousa, Igor Thiago Silva de
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/255641
Resumo: A presente tese analisa o modo como as associações entre raça e território propostas por quebradeiras de coco babaçu negras no Maranhão permitem redimensionar as discussões usuais sobre raça, ruralidade, meio ambiente e gênero, situando de que forma as articulações envolvendo estas mulheres negras e outros povos e comunidades tradicionais possibilitam alianças territoriais potentes. Ao remeter a sua pertença racial, essas quebradeiras têm feito uma associação direta entre suas vidas, a violência antinegra a que estão sujeitas e seus corpos-territórios, destacando que não pode haver “corpos livres em territórios presos” pelo latifúndio ou ditames do Estado e mercado. Nesse sentido, remetem não apenas a si mesmas, mas a um conjunto de sujeitos, sejam seus companheiros, companheiras, filhos e filhas, atrelando diretamente a vida a partir do tecido comunitário. Para tanto, foi necessário um tipo de pesquisa e produção etnográfica calcadas nas experiências de caminhar ao lado, mesmo que cruzadas e impactadas pela pandemia de covid 19 e seus efeitos, um esforço de seguir, estar com, atravessar lugares e trilhar experiências, em dar densidade teórica às vivências dos sujeitos com os quais se fez pesquisa, em seus fluxos, passagens e aprendizados, correntezas. A aposta na correnteza, passar por turbilhões em conjunto, mesmo que de maneira diferencial, se mostrou crucial ao longo da pesquisa, na medida em que falar da pertença racial de minhas interlocutoras, como vivem em um mundo marcadamente antinegro e cercado de dor, memórias e apostas de vida e morte, foi também ver/ouvir a mim mesmo, conseguir lidar com dores e expectativas, dividir dores que também eram comuns às minhas interlocutoras.
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spelling Sousa, Igor Thiago Silva deAnjos, José Carlos Gomes dosFurtado, Marivânia Leonor Souza2023-03-11T03:30:40Z2022http://hdl.handle.net/10183/255641001163732A presente tese analisa o modo como as associações entre raça e território propostas por quebradeiras de coco babaçu negras no Maranhão permitem redimensionar as discussões usuais sobre raça, ruralidade, meio ambiente e gênero, situando de que forma as articulações envolvendo estas mulheres negras e outros povos e comunidades tradicionais possibilitam alianças territoriais potentes. Ao remeter a sua pertença racial, essas quebradeiras têm feito uma associação direta entre suas vidas, a violência antinegra a que estão sujeitas e seus corpos-territórios, destacando que não pode haver “corpos livres em territórios presos” pelo latifúndio ou ditames do Estado e mercado. Nesse sentido, remetem não apenas a si mesmas, mas a um conjunto de sujeitos, sejam seus companheiros, companheiras, filhos e filhas, atrelando diretamente a vida a partir do tecido comunitário. Para tanto, foi necessário um tipo de pesquisa e produção etnográfica calcadas nas experiências de caminhar ao lado, mesmo que cruzadas e impactadas pela pandemia de covid 19 e seus efeitos, um esforço de seguir, estar com, atravessar lugares e trilhar experiências, em dar densidade teórica às vivências dos sujeitos com os quais se fez pesquisa, em seus fluxos, passagens e aprendizados, correntezas. A aposta na correnteza, passar por turbilhões em conjunto, mesmo que de maneira diferencial, se mostrou crucial ao longo da pesquisa, na medida em que falar da pertença racial de minhas interlocutoras, como vivem em um mundo marcadamente antinegro e cercado de dor, memórias e apostas de vida e morte, foi também ver/ouvir a mim mesmo, conseguir lidar com dores e expectativas, dividir dores que também eram comuns às minhas interlocutoras.This thesis analyzes the way in which the associations between race and territory proposed by black women babassu coconut breakers in Maranhão allow for a re framing of the usual discussions on race, rurality, environment and gender, situating how the articulations involving these black women and other traditional peoples and communities enable powerful territorial alliances. By referring to their racial belonging, these women have made a direct association between their lives, the anti-black violence to which they are subjected and their body-territories, making it clear that there can be no "free bodies in territories imprisoned" by the latifundia or the dictates of the state and the market. In this sense, they refer not only to themselves, but to a group of subjects, whether they are their parents, partners, sons and daughters, directly linking life with the community fabric. For this, it was necessary a type of research and ethnographic production based on the experiences of walking beside, although crossed and impacted by the covid 19 pandemic and its effects, an effort to follow, to be with, to cross places and experiences, to give theoretical density to the experiences of the subjects with whom it was investigated, in their flows, passages and learning, currents. The bet for the current, for going through whirlwinds together, even if in a differential way, was crucial throughout the research, insofar as talking about the racial belonging of my interlocutors, how they live in a markedly anti-black world surrounded by pain, memories and bets of life and death, was also seeing/listening to myself, being able to deal with pains and expectations, sharing pains that were also common to my interlocutors.Esta tesis analiza el modo en que las asociaciones entre raza y territorio propuestas por las mujeres negras rompedoras de coco babassu en Maranhão permiten redimensionar las discusiones habituales sobre raza, ruralidad, medio ambiente y género, situando cómo las articulaciones que involucran a estas mujeres negras y a otros pueblos y comunidades tradicionales permiten poderosas alianzas territoriales. Al referirse a su pertenencia racial, estas mujeres han hecho una asociación directa entre sus vidas, la violencia antinegra a la que están sometidas y sus cuerpos-territorios, poniendo de manifiesto que no puede haber "cuerpos libres en territorios aprisionados" por el latifundio o los dictados del Estado y el mercado. En este sentido, se refieren no sólo a ellas mismas, sino a un grupo de sujetos, ya sean sus compañeros, parejas, hijos e hijas, vinculando directamente la vida desde el tejido comunitario. Para ello, fue necesario un tipo de investigación y producción etnográfica basada en las experiencias de caminar al lado, aunque atravesado e impactado por la pandemia del covid 19 y sus efectos, un esfuerzo por seguir, estar con, atravesar lugares y experiencias, para dar densidad teórica a las vivencias de los sujetos con los que se investigó, en sus flujos, pasajes y aprendizajes, corrientes. La apuesta por la corriente, por atravesar torbellinos juntos, aunque sea de forma diferencial, resultó crucial a lo largo de la investigación, en la medida en que hablar de la pertenencia racial de mis interlocutoras, de cómo viven en un mundo marcadamente antinegro y rodeado de dolor, recuerdos y apuestas de vida y muerte, fue también verme/escucharme a mí mismo, poder lidiar con dolores y expectativas, compartir dolores que también eran comunes a mis interlocutoras.application/pdfporRacismoCorpoNegritudeViolênciaSociologiaMaranhãoBabassu coconut breakersAnti blacknessBodies-territoriesViolenceRompedoras de coco de babassuAntinegritudCuerpos-territoriosViolenciaAs rosas negras: quebradeiras de coco babaçu, raça e território no maranhão contemporâneoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em SociologiaPorto Alegre, BR-RS2022doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001163732.pdf.txt001163732.pdf.txtExtracted Texttext/plain564178http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/255641/2/001163732.pdf.txtd53dede742fcfa072205df935114cfa2MD52ORIGINAL001163732.pdfTexto completoapplication/pdf1364388http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/255641/1/001163732.pdf2dd0261756460e9ed0cff9ff2c0721d9MD5110183/2556412023-03-12 03:24:13.113969oai:www.lume.ufrgs.br:10183/255641Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-03-12T06:24:13Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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