Narrativas do eu : confissões na arte contemporânea - o corpo como diário

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: De Martino, Marlen Batista
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/15448
Resumo: A pesquisa que aqui se apresenta aborda a emergência da confissão na arte contemporânea. Notamos que os artistas, nas duas últimas décadas, vêm reconhecendo cada vez mais uma necessidade de expor a sua própria existência como obra de arte. Assim, a vida adquire um estatuto de arte. A existência e todo o peso da intimidade passam a ser os temas essenciais a serem pensados. Investigamos os trabalhos de artistas contemporâneos como Tracey Emin, Nan Goldin, Beth Moysés e Karen Finley que tomam sua vida como narrativa e obra. A tese está fundamentada no anacronismo como possibilidade de análise historiográfica. Tentamos realizar uma leitura particular de atividades artísticas separadas espacial e temporalmente em uma espécie de estratigrafia, realizando uma montagem interpretativa. Procuramos investigar as origens da confissão em diversos momentos históricos na Idade Média, na Grécia, e no século XX com artistas como Claude Cahun, Andy Warhol, Marcel Duchamp, a arte feminista nas décadas de 60 e 70 e o acionismo vienense que tencionaram, uma aproximação entre arte e vida. A confissão caracteriza-se como uma prática que consiste em anunciar o testemunho de um desvio, revelando-se uma experiência diversa do saber cognitivo e da informação. As “narrativas do eu” existem enquanto dejeto, prurido, excreção, líquido abjeto que envenena e contamina. Falar seria uma maneira de aliviar-se do que está retido. A confissão seria a fala que se perde, que se deixa, no entanto ao excretar o doloroso e o impuro, advém o prazer da dejeção. Abordamos o universo da confissão utilizando o conceito de circonfissão, cunhado pelo filósofo Jacques Derrida. A circonfissão seria a reunião da confissão com a circuncisão, construindo um conceito em que confissão se torna uma espécie de recostura, uma cicatriz. Essa via negativa que é cristalizada pela confissão, opera através da intimidade e conduz o relato a uma sensação de abandono que “não exclui o prazer ou o gozo, ao contrário provoca-os”1 Das confissões nascem lágrimas de Thanatos e lágrimas de Eros. Dessa forma, a confissão passa a adquirir uma narrativa estética.
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Procuramos investigar as origens da confissão em diversos momentos históricos na Idade Média, na Grécia, e no século XX com artistas como Claude Cahun, Andy Warhol, Marcel Duchamp, a arte feminista nas décadas de 60 e 70 e o acionismo vienense que tencionaram, uma aproximação entre arte e vida. A confissão caracteriza-se como uma prática que consiste em anunciar o testemunho de um desvio, revelando-se uma experiência diversa do saber cognitivo e da informação. As “narrativas do eu” existem enquanto dejeto, prurido, excreção, líquido abjeto que envenena e contamina. Falar seria uma maneira de aliviar-se do que está retido. A confissão seria a fala que se perde, que se deixa, no entanto ao excretar o doloroso e o impuro, advém o prazer da dejeção. Abordamos o universo da confissão utilizando o conceito de circonfissão, cunhado pelo filósofo Jacques Derrida. A circonfissão seria a reunião da confissão com a circuncisão, construindo um conceito em que confissão se torna uma espécie de recostura, uma cicatriz. Essa via negativa que é cristalizada pela confissão, opera através da intimidade e conduz o relato a uma sensação de abandono que “não exclui o prazer ou o gozo, ao contrário provoca-os”1 Das confissões nascem lágrimas de Thanatos e lágrimas de Eros. Dessa forma, a confissão passa a adquirir uma narrativa estética.The research presented here concerns the emergence of “confession” in contemporary art. In the last decades we have noted that artists are recognizing the necessity, not only to exhibit their work but exhibit their own existence in their art. In this manner life acquires an artistic connotation. The full weight of the intimacy becomes the essential theme to be considered. We have investigated contemporary artists: Tracey Emin, Nan Goldin, Beth Moysés and Karen Finley that have taken their lives as a narrative and work. The thesis is grounded on the anachronism as a possibility of historiographical analysis. We have tried to make a particular reading about artistic activities that are separated in the space and in the time in a stratigraphic way, making a kind of interpretative montage. We attempt to investigate the roots of the confession in several historical periods: in Middle Ages, in Greece, in XX century, we have researched works made by artists as: Claude Cahun, Andy Warhol, Marcel Duchamp, the feminist art from the 60’s and 70’s, and the vienense acionism that made an approximation between art and life. Confession characterizes itself as a practice which consists of announcing a witness to deviation, and in doing so reveals itself as a diverse experience of cognitive knowledge and information. The narratives of the self are a representation of sentiments excreted, rejected, expelled from the artists inner self because they are considered to be impure and vile. Speaking would be a manner to aliviate this retention. The confession would be a lost dialogue, nevertheless when the painful and the impure are excreted succeed the joy of the dejection. We investigate the universe of confession utilizing the idea of circonfession proposed by the philosopher Jacques Derrida. The circonfession would be the amalgamation of confession with circumcision, constructing the idea that confession becomes a form of resewing, a scar. This negative route is crystallized by the confession and operates through intimacy leading the narrative to a sense of abandonment that doesn’t exclude pleasure or joy, on the contrary, provokes them. From the confessions are born: tears of Thanatos and tears of Eros. 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