As gordas saem do armário... e entram no closet: interseccionalidade, lugar de fala e empoderamento na configuração das mulheres gordas pela revista Donna

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pilger, Caroline Roveda
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/232686
Resumo: Esta tese tem como objetivo compreender de que modos o corpo jornalístico da revista Donna configura os corpos das mulheres gordas e suas respectivas pautas levando em consideração os eixos interseccionalidade, lugar de fala e empoderamento. O corpus é composto por 172 edições da revista Donna (Grupo RBS), coletadas entre os anos de 2016 a 2019. Levando em consideração o período de reposicionamento editorial e mercadológico da revista, ocorrido em 2017, no que tange à proposta de inserção da diversidade feminina nas produções do periódico, construí a questão problema desta tese a partir do seguinte questionamento: como o corpo jornalístico da revista Donna configura os corpos das mulheres gordas e as suas respectivas pautas no entrecruzamento com os eixos interseccionalidade, lugar de fala e empoderamento? O quadro teórico se organiza pelo jornalismo em conexão com feminismos, centrando em interseccionalidade (COLLINS, 20019; CRENSHAW, 2002; AKOTIRENE, 2019), lugar de fala (SPIVAK, 2010; KILOMBA, 2010; RIBEIRO, 2019a) e empoderamento (SARDENBERG, 2018; BERTH, 2019). Para responder à problematização, realizo um levantamento quantitativo correspondendo a 366 textos jornalísticos (verbais e visuais) em que foram coletadas informações sobre as mulheres gordas, interseccionalizadas por raça, classe, gênero, sexualidade, faixa etária, deficiência, tamanho, profissão e território. Também elenco os locais (editorias/seções) da revista em que elas puderam existir e sobre o que estavam autorizadas a falar, considerando eixos de opressão e privilégio. Já para o recorte qualitativo, foco apenas nos textos em que havia o protagonismo gordo, correspondendo a 52 achados que também foram analisados de acordo com o tripé teórico-metodológico da pesquisa. Como principais resultados, levando em consideração a interseccionalidade, encontrei uma padronização do não-padrão, quando as mulheres gordas de Donna são majoritariamente brancas, jovens, com corpos menores a médios, sem deficiência, modelos, reproduzindo o que já é naturalizado no universo das mulheres magras da revista. Quando inserem as gordas como protagonistas, as narrativas oferecidas superincluem o eixo de opressão gordofobia, raramente preocupando-se com o entrecruzamento de outras avenidas identitárias, universalizando as mulheres gordas e suas vivências. Quanto ao lugar de fala, identifiquei dois principais caminhos que caracterizam as temáticas associadas a elas. (a) Ocupando maior destaque estão as reivindicações pela inclusão na sociedade de consumo, moda, beleza e mídia. Neste cenário, estão as gordas adequadas ou gordas light, vinculadas ao universo plus size e ao feminismo de mercado. (b) Em menor proporção, estão as temáticas relacionadas à problematização das violências geradas pela marginalização e exclusão desses corpos no meio social. Neste viés, há uma gorda ativista, e inadequada, vinculada a pautas dos feminismos contemporâneos, ou feminismos da diferença. Já o empoderamento se dá, principalmente, pelo direito de acesso ao mundo da moda, mídia, beleza e consumo. Tendo em conta o corpus, as gordas foram autorizadas a existir, primordialmente, na Coluna da jornalista e mulher gorda Thamires Tancredi, configurando uma liberdade demarcada pela revista, e não fazendo parte do cotidiano de Donna, já que aparecem esporadicamente. Thamires Tancredi foi responsável por 80% (41 dos 52) dos textos em que as mulheres e pautas gordas foram protagonistas, nos evidenciando que o lugar de fala é fator fundamental para a visibilidade das mulheres gordas em Donna quando sua inserção de destaque depende, quase exclusivamente, da presença de uma jornalista gorda na equipe.
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O quadro teórico se organiza pelo jornalismo em conexão com feminismos, centrando em interseccionalidade (COLLINS, 20019; CRENSHAW, 2002; AKOTIRENE, 2019), lugar de fala (SPIVAK, 2010; KILOMBA, 2010; RIBEIRO, 2019a) e empoderamento (SARDENBERG, 2018; BERTH, 2019). Para responder à problematização, realizo um levantamento quantitativo correspondendo a 366 textos jornalísticos (verbais e visuais) em que foram coletadas informações sobre as mulheres gordas, interseccionalizadas por raça, classe, gênero, sexualidade, faixa etária, deficiência, tamanho, profissão e território. Também elenco os locais (editorias/seções) da revista em que elas puderam existir e sobre o que estavam autorizadas a falar, considerando eixos de opressão e privilégio. Já para o recorte qualitativo, foco apenas nos textos em que havia o protagonismo gordo, correspondendo a 52 achados que também foram analisados de acordo com o tripé teórico-metodológico da pesquisa. Como principais resultados, levando em consideração a interseccionalidade, encontrei uma padronização do não-padrão, quando as mulheres gordas de Donna são majoritariamente brancas, jovens, com corpos menores a médios, sem deficiência, modelos, reproduzindo o que já é naturalizado no universo das mulheres magras da revista. Quando inserem as gordas como protagonistas, as narrativas oferecidas superincluem o eixo de opressão gordofobia, raramente preocupando-se com o entrecruzamento de outras avenidas identitárias, universalizando as mulheres gordas e suas vivências. Quanto ao lugar de fala, identifiquei dois principais caminhos que caracterizam as temáticas associadas a elas. (a) Ocupando maior destaque estão as reivindicações pela inclusão na sociedade de consumo, moda, beleza e mídia. Neste cenário, estão as gordas adequadas ou gordas light, vinculadas ao universo plus size e ao feminismo de mercado. (b) Em menor proporção, estão as temáticas relacionadas à problematização das violências geradas pela marginalização e exclusão desses corpos no meio social. Neste viés, há uma gorda ativista, e inadequada, vinculada a pautas dos feminismos contemporâneos, ou feminismos da diferença. Já o empoderamento se dá, principalmente, pelo direito de acesso ao mundo da moda, mídia, beleza e consumo. Tendo em conta o corpus, as gordas foram autorizadas a existir, primordialmente, na Coluna da jornalista e mulher gorda Thamires Tancredi, configurando uma liberdade demarcada pela revista, e não fazendo parte do cotidiano de Donna, já que aparecem esporadicamente. Thamires Tancredi foi responsável por 80% (41 dos 52) dos textos em que as mulheres e pautas gordas foram protagonistas, nos evidenciando que o lugar de fala é fator fundamental para a visibilidade das mulheres gordas em Donna quando sua inserção de destaque depende, quase exclusivamente, da presença de uma jornalista gorda na equipe.This thesis aims to understand how the journalistic scope of Donna magazine configures the bodies of fat women and their agendas, taking into consideration the axes intersectionality, place of speech, and empowerment. The corpus of this research consists of 172 editions of the Donna magazine (RBS Group), collected between the years 2016 to 2019. Taking into account the period of editorial and marketing repositioning of the magazine, which took place in 2017, and considering the proposal to include female diversity in productions of the journal, I formulated the problem of this thesis based on the following question: how does the journalistic body of Donna magazine configure the bodies of fat women and its respective agendas at the intersection with the axes intersectionality, place of speech and empowerment? The theoretical basis is organized by journalism in connection with feminism, focusing on intersectionality (COLLINS, 2019; CRENSHAW, 2002; AKOTIRENE, 2019), place of speech (SPIVAK, 2010; KILOMBA, 2010; RIBEIRO, 2019a), and empowerment (SARDENBERG, 2018; BERTH, 2019). To answer the main question of this research, I carried out a quantitative survey configurated by 366 journalistic texts (verbal and visual) in which information was collected on fat women, classified and intersected by race, class, gender, sexuality, age group, disability, size, profession and territory. The locations (editors/sections) of the magazine where they were able to exist and what they were authorized to talk about were also listed, considering axes of oppression and privilege. For the qualitative sample, I focused only on texts in which there was a fat protagonist, corresponding to 52 articles that were also analyzed according to the research's theoretical-methodological tripod. As main results, taking into consideration intersectionality, I found a standardization of the non-standard, in which Donna's fat women are mostly white, young, with smaller to medium bodies, without disabilities, models, reproducing what is already naturalized in the universe of magazine's thin women. When they include fat women as protagonists, the narratives offered over-include the axis of fat-phobia oppression, rarely worrying about the intersection of other identity matters, generalizing fat women and their experiences. Regarding the place of speech, I identified two main paths that characterize the themes associated with them. (a) The claims for inclusion in a consumer society, fashion, beauty, and media are most prominent. In this scenario, there are the most appropriate fats or light fats, linked to the plus-size universe and market feminism. (b) In a smaller quantity, there are the themes related to the problematization of violence resulting from the marginalization and exclusion of these bodies in the social environment. In this bias, I found a fat activist, linked to the agendas of contemporary feminism, or feminism of difference. Empowerment, on the other hand, takes place mainly through the right to access the world of fashion, media, beauty, and consumption. Taking into account the corpus, the fat women could be seen, primarily, in the column of the journalist and fat woman Thamires Tancredi, configuring creative freedom demarcated by the magazine, and not part of Donna's daily life, as they appear sporadically. Thamires Tancredi was responsible for 80% (41 out of 52) of the texts in which fat women and such agendas were protagonists, showing us that the place of speech is a fundamental factor for the visibility of fat women in Donna when their prominent insertion depends almost exclusively on the presence of a fat journalist on the team.Esta tesis tiene como objetivo comprender cómo los periodistas de la revista Donna configuran los cuerpos de las mujeres gordas y sus respectivas pautas, teniendo en cuenta los ejes interseccionalidad, lugar de discurso y empoderamiento. El corpus consta de 172 ediciones de la revista Donna (Grupo RBS), recopiladas entre los años 2016 a 2019. Teniendo en cuenta el período de reposicionamiento editorial y de marketing de la revista, que tuvo lugar en 2017, respecto a la propuesta de insertar diversidad femenina en las producciones periódicas, construí la pregunta problema de esta tesis a partir de la siguiente cuestión: ¿Cómo los periodistas de la revista Donna configuran los cuerpos de las mujeres gordas y sus respectivos lineamientos en la intersección con los ejes interseccionalidad, lugar de discurso y empoderamiento? El marco teórico está organizado por el periodismo en conexión con los feminismos, centrado en la interseccionalidad (COLLINS, 2019; CRENSHAW, 2002; AKOTIRENE, 2019), el lugar del discurso (SPIVAK, 2010; KILOMBA, 2010; RIBEIRO, 2019a) y el empoderamiento (SARDENBERG, 2018; BERTH, 2019). Para responder al cuestionamiento, se realizó una encuesta cuantitativa correspondiente a 366 textos periodísticos (verbales y visuales) en los que se recopiló información sobre mujeres gordas, intersectadas por raza, clase, género, sexualidad, grupo de edad, discapacidad, tamaño, profesión y territorio. También se enumeraron las ubicaciones (editores / secciones) de la revista donde podrían existir y de qué estaban autorizados a hablar, considerando ejes de opresión y privilegio. En cuanto al abordaje cualitativo, me concentré únicamente en textos en los que hubo protagonismo de mujeres gordas y pautas relacionadas con el tema, correspondientes a 52 hallazgos que también fueron analizados según el trípode teórico-metodológico de la investigación. Como principales resultados, teniendo en cuenta la interseccionalidad, encontré una estandarización de lo atípico, cuando las mujeres gordas de Donna son mayoritariamente blancas, jóvenes, con cuerpos más pequeños a medianos, sin discapacidades, modelos, reproduciendo lo que ya está naturalizado en el universo de las mujeres delgadas de la revista. Cuando incluyen a las mujeres gordas como protagonistas, las narrativas que se ofrecen incluyen en exceso el eje de la opresión de la gordofobía, rara vez preocupándose por la intersección de otras vías de identidad, universalizando a las mujeres gordas y sus experiencias. En cuanto al lugar del habla, identifiqué dos caminos principales que caracterizan los temas asociados a ellos. (a) Las reivindicaciones de inclusión en la sociedad de consumo, la moda, la belleza y los medios de comunicación son las más destacadas. En este escenario, están las gordas adecuadas o gordas light, ligadas al universo plus size y al feminismo de mercado. (b) En menor medida, están los temas relacionados con la problematización de la violencia generada por la marginación y exclusión de estos cuerpos en el ámbito social. En este sesgo encontré a una gorda activista, ligada a las pautas de los feminismos contemporáneos, o feminismos de la diferencia. El empoderamiento, en cambio, se da principalmente a través del derecho a acceder al mundo de la moda, los medios de comunicación, la belleza y el consumo. Teniendo en cuenta el corpus, a las gordas se les permitió existir, principalmente, en la columna del periodista y gorda Thamires Tancredi, configurando una libertad demarcada por la revista, y no siendo parte del día a día de Donna. Thamires Tancredi fue responsable del 80% (41 de 52) de los textos en los que mujeres gordas y sus pautas fueron protagonistas, mostrándonos que el lugar del habla es un factor fundamental para la visibilidad de las mujeres gordas en Donna cuando de su inserción depende casi exclusivamente sobre la presencia de una periodista gorda en el equipo.application/pdfporZero Hora (Jornal). DonnaEmpoderamento femininoInterseccionalidadeMulherFat womenIntersectionalityPlace of speechEmpowermentMujeres gordasInterseccionalidadLugar de discursoEmpoderamientoAs gordas saem do armário... e entram no closet: interseccionalidade, lugar de fala e empoderamento na configuração das mulheres gordas pela revista Donnainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Biblioteconomia e ComunicaçãoPrograma de Pós-Graduação em ComunicaçãoPorto Alegre, BR-RS2021doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001134555.pdf.txt001134555.pdf.txtExtracted Texttext/plain897227http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/232686/2/001134555.pdf.txt5941c75b13e9e3de47d0725619db0b5bMD52ORIGINAL001134555.pdfTexto completoapplication/pdf8919200http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/232686/1/001134555.pdf8deb2da9b406e9ec518043e08764baf0MD5110183/2326862022-02-22 04:48:40.841102oai:www.lume.ufrgs.br:10183/232686Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-02-22T07:48:40Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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