Efeitos do ácido 5-aminolevulínico (ALA) sobre a transmissão sináptica no sistema nervoso central : interações com glutamato, GABA e glicina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Emanuelli, Tatiana
Data de Publicação: 2000
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/275881
Resumo: As porfirias agudas são desordens hereditárias (porfiria aguda intermitente, porfiria por deficiência da ALAD, coproporfiria hereditária, porfiria variegada) ou adquiridas (intoxicação com chumbo), caracterizadas por uma deficiência na via de biossíntese do grupo heme. A patogênese destas doenças ainda não está completamente esclarecida; no entanto, tem sido proposto o envolvimento do ácido 5-aminolevulínico (ALA), um precursor do grupo heme que se acumula na urina, no plasma e nos tecidos dos pacientes, nas alterações neurológicas, observadas nos pacientes com porfiria. No presente estudo investigou-se os efeitos comportamentais da administração intraestriatal unilateral de ALA (1-8 μmoles/2 μl) em ratas adultas, bem como os efeitos deste composto sobre alguns aspectos da neurotransmissão mediada pelos aminoácidos ácido y-aminobutírico (GABA), glutamato e glicina, in vitro, em preparações de tecido nervoso de ratos e humanos, no intuito de esclarecer a participação destes sistemas neurotransmissores na neurotoxicidade do ALA e fornecer subsídios que auxiliem na determinação do papel deste metabólito na patogênese das porfirias agudas. A administração intraestriatal de 4 μmoles de ALA aumentou a atividade locomotora de ratas adultas. Além disso, o ALA induziu convulsões clônicas e assimetria corporal contralateral, de um modo dose-dependente. As convulsões induzidas pelo ALA (6 μmoles) foram prevenidas pela pré-administração intraestriatal de 6,7-dinitroquinoxalina-2,3-diona (DNQX, 8 nmol/0,5 μl) ou dizocilpina (MK-801, 2,5 nmol/0,5 μl), mas não por muscimol (46 pmol/0,5 μl), enquanto a assimetria corporal foi prevenida apenas pela pré-administração de DNQX. Também foram observadas convulsões após a administração unilateral de ALA (8 μmoles/2 μl) no córtex cerebral. Estes resultados indicam que a administração central de ALA provoca uma resposta excitatória, causada por uma hiperativação do sistema glutamatérgico. O ALA não afetou a união de [3H]glutamato a membranas sinápticas isoladas do córtex cerebral de ratas adultas e de humanos, conforme técnica padronizada nesse estudo, nem a união de [3H]MK-801 a membranas corticais de ratas adultas. Estes resultados revelam que os efeitos excitatórios do ALA in vivo não envolvem uma ação direta em receptores glutamatérgicos e sugerem que eles possam estar relacionados a efeitos previamente relatados in vitro, tais como: aumento na liberação e inibição na captação de glutamato por sinaptossomas, inibição da Na+,K+-ATPase e produção de radicais livres. O ALA (0,1-10 rnM) inibiu significativamente e de modo dose-dependente a união de [3H]muscimol (12 nM) a membranas sinápticas de córtex cerebral de ratas adultas e de humanos (IC50= 199 e 228 μM, respectivamente). A análise cinética revelou que o ALA (1 mM) aumentou significativamente o Kd e reduziu o Bmax do [3H]muscimol em membranas de ratas (100 e 500/4, respectivamente) e humanos (200 e 40%, respectivamente), indicando uma inibição do tipo mista. O ALA (1 mM) inibiu significativamente a produção basal de AMPc em membranas sinápticas de cerebelo (40%), córtex (70%) e estriado (70%) de ratas e de córtex (45%) de humanos. A inibição da produção de AMPc por ALA não foi bloqueada por Ro 20-1724 (um inibidor de fosfodiestarase), indicando que ela provavelmente se deve a uma inibição da enzima adenilato ciclase (AC). Além de inibir a atividade basal da AC, em membranas de cerebelo de ratas, o ALA inibiu significativamente a atividade da AC estimulada por Gpp(NH)p e por fluoreto, mas não a estimulada por forscolina. A inibição da AC não foi prevenida pelo antagonista de receptores GABA B, ácido 5-aminovalérico, indicando que ela não envolve a ativação destes receptores. A inibição da AC por ALA foi completamente prevenida por antioxidantes (glutationa, ácido ascórbico e trolox), sugerindo que ela foi causada por um dano oxidativo, provavelmente na própria enzima, uma vez que o ALA não afetou a união de [3H]Gpp(NH)p (se liga a proteínas G) a membranas de cerebelo de ratas. O ALA inibiu significativamente a captação vesicular de glutamato, GABA e glicina (IC50= 1,45 x 10^-3 , 1,28 x 10^-4 e 1,23 x 10^-6 M, respectivamente), em cérebro total de ratos, indicando que ele pode afetar a armazenagem destes neurotransmissores. Esta inibição não foi devido a uma inibição da atividade ATPásica presente na nossa preparação de vesícula sináptica, que é a responsável por gerar o gradiente de energia para a captação. Os resultados obtidos neste estudo indicam que, in vivo, o ALA provoca efeitos excitatórios relacionados à ativação de receptores glutamatérgicos, provavelmente de forma indireta; enquanto que, in vitro, o ALA afeta diretamente a união de ligantes a receptores GABAA, inibe a AC por mecanismos oxidativos e inibe a captação vesicular de GABA, glutamato e glicina. A comparação dos efeitos do ALA em tecidos de ratos e humanos revelou uma grande similaridade nas respostas, indicando a adequação dos modelos em ratos para avaliar o potencial neurotóxico deste composto em humanos. Ainda são necessários estudos para determinar a relevância dos efeitos neurofisiológicos do ALA observados no presente trabalho, para a patogênese das porfirias agudas.
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No presente estudo investigou-se os efeitos comportamentais da administração intraestriatal unilateral de ALA (1-8 μmoles/2 μl) em ratas adultas, bem como os efeitos deste composto sobre alguns aspectos da neurotransmissão mediada pelos aminoácidos ácido y-aminobutírico (GABA), glutamato e glicina, in vitro, em preparações de tecido nervoso de ratos e humanos, no intuito de esclarecer a participação destes sistemas neurotransmissores na neurotoxicidade do ALA e fornecer subsídios que auxiliem na determinação do papel deste metabólito na patogênese das porfirias agudas. A administração intraestriatal de 4 μmoles de ALA aumentou a atividade locomotora de ratas adultas. Além disso, o ALA induziu convulsões clônicas e assimetria corporal contralateral, de um modo dose-dependente. As convulsões induzidas pelo ALA (6 μmoles) foram prevenidas pela pré-administração intraestriatal de 6,7-dinitroquinoxalina-2,3-diona (DNQX, 8 nmol/0,5 μl) ou dizocilpina (MK-801, 2,5 nmol/0,5 μl), mas não por muscimol (46 pmol/0,5 μl), enquanto a assimetria corporal foi prevenida apenas pela pré-administração de DNQX. Também foram observadas convulsões após a administração unilateral de ALA (8 μmoles/2 μl) no córtex cerebral. Estes resultados indicam que a administração central de ALA provoca uma resposta excitatória, causada por uma hiperativação do sistema glutamatérgico. O ALA não afetou a união de [3H]glutamato a membranas sinápticas isoladas do córtex cerebral de ratas adultas e de humanos, conforme técnica padronizada nesse estudo, nem a união de [3H]MK-801 a membranas corticais de ratas adultas. Estes resultados revelam que os efeitos excitatórios do ALA in vivo não envolvem uma ação direta em receptores glutamatérgicos e sugerem que eles possam estar relacionados a efeitos previamente relatados in vitro, tais como: aumento na liberação e inibição na captação de glutamato por sinaptossomas, inibição da Na+,K+-ATPase e produção de radicais livres. O ALA (0,1-10 rnM) inibiu significativamente e de modo dose-dependente a união de [3H]muscimol (12 nM) a membranas sinápticas de córtex cerebral de ratas adultas e de humanos (IC50= 199 e 228 μM, respectivamente). A análise cinética revelou que o ALA (1 mM) aumentou significativamente o Kd e reduziu o Bmax do [3H]muscimol em membranas de ratas (100 e 500/4, respectivamente) e humanos (200 e 40%, respectivamente), indicando uma inibição do tipo mista. O ALA (1 mM) inibiu significativamente a produção basal de AMPc em membranas sinápticas de cerebelo (40%), córtex (70%) e estriado (70%) de ratas e de córtex (45%) de humanos. A inibição da produção de AMPc por ALA não foi bloqueada por Ro 20-1724 (um inibidor de fosfodiestarase), indicando que ela provavelmente se deve a uma inibição da enzima adenilato ciclase (AC). Além de inibir a atividade basal da AC, em membranas de cerebelo de ratas, o ALA inibiu significativamente a atividade da AC estimulada por Gpp(NH)p e por fluoreto, mas não a estimulada por forscolina. A inibição da AC não foi prevenida pelo antagonista de receptores GABA B, ácido 5-aminovalérico, indicando que ela não envolve a ativação destes receptores. A inibição da AC por ALA foi completamente prevenida por antioxidantes (glutationa, ácido ascórbico e trolox), sugerindo que ela foi causada por um dano oxidativo, provavelmente na própria enzima, uma vez que o ALA não afetou a união de [3H]Gpp(NH)p (se liga a proteínas G) a membranas de cerebelo de ratas. O ALA inibiu significativamente a captação vesicular de glutamato, GABA e glicina (IC50= 1,45 x 10^-3 , 1,28 x 10^-4 e 1,23 x 10^-6 M, respectivamente), em cérebro total de ratos, indicando que ele pode afetar a armazenagem destes neurotransmissores. Esta inibição não foi devido a uma inibição da atividade ATPásica presente na nossa preparação de vesícula sináptica, que é a responsável por gerar o gradiente de energia para a captação. Os resultados obtidos neste estudo indicam que, in vivo, o ALA provoca efeitos excitatórios relacionados à ativação de receptores glutamatérgicos, provavelmente de forma indireta; enquanto que, in vitro, o ALA afeta diretamente a união de ligantes a receptores GABAA, inibe a AC por mecanismos oxidativos e inibe a captação vesicular de GABA, glutamato e glicina. A comparação dos efeitos do ALA em tecidos de ratos e humanos revelou uma grande similaridade nas respostas, indicando a adequação dos modelos em ratos para avaliar o potencial neurotóxico deste composto em humanos. Ainda são necessários estudos para determinar a relevância dos efeitos neurofisiológicos do ALA observados no presente trabalho, para a patogênese das porfirias agudas.Acute porphyrias are inherited (acute intermittent porphyria, ALAD porphyria, hereditary coproporphyria, variegate porphyria) or adquired (lead poisoning) disorders, biochemically characterized by a deficiency in the haem biosynthetic pathway. Although the pathogenesis of these disorders have not been completely elucidated, some evidence suggest the involvement of 5-aminolevulinic acid (ALA), an haem precursor which accumulates in the urine, plasma and tissues of patients, in the neurological manifestations observed in porphyric patients. ln the present study, we have investigated the behavioral effects of the unilateral intrastriatal administration of ALA (1-8 μmoles/2 μl) to adult female rats, as well as the in vitro effects of ALA on some aspects of the amino acid-mediated neurotransmission [y-aminobutyric acid (GABA), glutamate and glycine], in preparations isolated from human and rat brain. The intrastriatal administration of ALA ( 4 μmoles) increased the locomotor activity of adult rats. Moreover, ALA dose-dependently induced clonic convulsions and body asymmetry. ALAinduced ( 6 μmoles) convulsions were prevented by the intrastriatal preadministration of 6, 7- dinitroquinoxaline-2,3-dione (DNQX, 8 nmol/0.5 μl) or dizocilpine (MK-801, 2.5 nmol/0.5 μl), but not by muscimol (46 pmol/0.5 μl). Body asymmetry was prevented only by DNQX pretreatment. Clonic convulsions were also observed after the unilateral administration of ALA (8 μmoles/2 μl) into the cerebral cortex of rats. These results indicate that the intracerebral administration of ALA elicites an excitatory response, due to the activation of glutamatergic system. ALA did not affect [3H]glutamate binding to synaptic membranes isolated from the cerebral cortex of adult rats and humans (methodology standardized in the present study), neither [3H]MK.-801 binding to cortical membranes from rats. These results indicate that the excitatory effects of ALA in vivo were not related to a direct activation of glutamate receptors, and suggest that they may be related to some previously reported effects of ALA in vitro, such as the increase of glutamate release and the inhibition of glutamate uptake by synaptosomal preparations, inhibition of Na+,K+-ATPase and free radical production. ALA (0.1-10 mM) dose-dependently inhibited [3H]muscimol (12 nM) binding to synaptic membranes isolated from rat and human cerebral cortex (ICso= 199 e 228 μM, respectively). Kinetic analysis revealed that ALA (1 mM) significantly increased the Kd and decreased the Bmax of [3H]muscimol to both rat (100 and 50%, respectively) and human (200 and 40%, respectively) membranes, indicating a mixed-type inhibition. ALA (1 mM) significantly inhibited basal cAMP production in synaptic membranes isolated from the rat cerebellum ( 40% ), cortex (70%) and striatum (70% ), and from the human cortex ( 45% ). Ro 20-1724 ( an inhibitor of phosphodiesterases) did not prevent this inhibition, indicating that it was probably due to an inhibition of basal adenylate cyclase (AC) activity. ALA also inhibited fluoride- and Gpp(NH)p-stimulated, but not the forskolin-stimulated AC activity of cerebellar membranes. 5-Aminovaleric acid did not prevent the inhibition, indicating that it was not mediated by the activation of the Gi-protein coupled GABA B receptors. ln addition, the nucleotide binding site of G-protein appeared not to be affected by ALA since it did not inhibit [3H]Gpp(NH)p binding to our membrane preparation. Antioxidants (glutathione, ascorbate and trolox) completely prevented the inhibition indicating that ALA effect was mediated by an oxidative damage of AC. ALA significantly inhibited the vesicular uptake of glutamate, GABA and glycine (IC50= 1.45 x 10^-3, 1.28 x 10^-4 e 1.23 x 10^-6 M, respectively) in the forebrain of adult rats, indicating that it may affect the storage of these neurotransmistters. The inhibition was not related to the inhibition of the ATPase activities present in our synaptic vesicle preparation, which generate the electrochemical gradient that drives the transport. The results obtained in the present study indicate that, in vivo, ALA induces an excitatory response probably related to an indirect activation of glutamatergic receptors. ln addition, in vitro, ALA directly affects the binding of GABAA ligands, inhibits AC activity through oxidative mechanisms, and inhibits the vesicular uptake of glutamate, GABA and glycine. The comparison between ALA effects in human and rat preparations, revealed similar responses, indicating the suitability of those animal models to evaluate the neurotoxic potential of ALA, in humans. Further studies are needed to determine the relevance of the neurophysiological effects of ALA reported in the present study, for the pathogenesis of acute porphyrias.application/pdfporÁcido aminolevulínicoGlutamatosGlicinaÁcido gama-aminobutíricoSistema nervoso centralEfeitos do ácido 5-aminolevulínico (ALA) sobre a transmissão sináptica no sistema nervoso central : interações com glutamato, GABA e glicinainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Ciências Básicas da SaúdeCurso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: BioquímicaPorto Alegre, BR-RS2000doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT000282869.pdf.txt000282869.pdf.txtExtracted Texttext/plain295790http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/275881/2/000282869.pdf.txtd51fa428fcb92073dce64f6b95ab32b0MD52ORIGINAL000282869.pdfTexto completoapplication/pdf7766573http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/275881/1/000282869.pdf3c15a78221d924e6a07395419fa6cf4bMD5110183/2758812024-06-21 06:48:10.656952oai:www.lume.ufrgs.br:10183/275881Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532024-06-21T09:48:10Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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No presente estudo investigou-se os efeitos comportamentais da administração intraestriatal unilateral de ALA (1-8 μmoles/2 μl) em ratas adultas, bem como os efeitos deste composto sobre alguns aspectos da neurotransmissão mediada pelos aminoácidos ácido y-aminobutírico (GABA), glutamato e glicina, in vitro, em preparações de tecido nervoso de ratos e humanos, no intuito de esclarecer a participação destes sistemas neurotransmissores na neurotoxicidade do ALA e fornecer subsídios que auxiliem na determinação do papel deste metabólito na patogênese das porfirias agudas. A administração intraestriatal de 4 μmoles de ALA aumentou a atividade locomotora de ratas adultas. Além disso, o ALA induziu convulsões clônicas e assimetria corporal contralateral, de um modo dose-dependente. As convulsões induzidas pelo ALA (6 μmoles) foram prevenidas pela pré-administração intraestriatal de 6,7-dinitroquinoxalina-2,3-diona (DNQX, 8 nmol/0,5 μl) ou dizocilpina (MK-801, 2,5 nmol/0,5 μl), mas não por muscimol (46 pmol/0,5 μl), enquanto a assimetria corporal foi prevenida apenas pela pré-administração de DNQX. Também foram observadas convulsões após a administração unilateral de ALA (8 μmoles/2 μl) no córtex cerebral. Estes resultados indicam que a administração central de ALA provoca uma resposta excitatória, causada por uma hiperativação do sistema glutamatérgico. O ALA não afetou a união de [3H]glutamato a membranas sinápticas isoladas do córtex cerebral de ratas adultas e de humanos, conforme técnica padronizada nesse estudo, nem a união de [3H]MK-801 a membranas corticais de ratas adultas. Estes resultados revelam que os efeitos excitatórios do ALA in vivo não envolvem uma ação direta em receptores glutamatérgicos e sugerem que eles possam estar relacionados a efeitos previamente relatados in vitro, tais como: aumento na liberação e inibição na captação de glutamato por sinaptossomas, inibição da Na+,K+-ATPase e produção de radicais livres. O ALA (0,1-10 rnM) inibiu significativamente e de modo dose-dependente a união de [3H]muscimol (12 nM) a membranas sinápticas de córtex cerebral de ratas adultas e de humanos (IC50= 199 e 228 μM, respectivamente). A análise cinética revelou que o ALA (1 mM) aumentou significativamente o Kd e reduziu o Bmax do [3H]muscimol em membranas de ratas (100 e 500/4, respectivamente) e humanos (200 e 40%, respectivamente), indicando uma inibição do tipo mista. O ALA (1 mM) inibiu significativamente a produção basal de AMPc em membranas sinápticas de cerebelo (40%), córtex (70%) e estriado (70%) de ratas e de córtex (45%) de humanos. A inibição da produção de AMPc por ALA não foi bloqueada por Ro 20-1724 (um inibidor de fosfodiestarase), indicando que ela provavelmente se deve a uma inibição da enzima adenilato ciclase (AC). Além de inibir a atividade basal da AC, em membranas de cerebelo de ratas, o ALA inibiu significativamente a atividade da AC estimulada por Gpp(NH)p e por fluoreto, mas não a estimulada por forscolina. A inibição da AC não foi prevenida pelo antagonista de receptores GABA B, ácido 5-aminovalérico, indicando que ela não envolve a ativação destes receptores. A inibição da AC por ALA foi completamente prevenida por antioxidantes (glutationa, ácido ascórbico e trolox), sugerindo que ela foi causada por um dano oxidativo, provavelmente na própria enzima, uma vez que o ALA não afetou a união de [3H]Gpp(NH)p (se liga a proteínas G) a membranas de cerebelo de ratas. O ALA inibiu significativamente a captação vesicular de glutamato, GABA e glicina (IC50= 1,45 x 10^-3 , 1,28 x 10^-4 e 1,23 x 10^-6 M, respectivamente), em cérebro total de ratos, indicando que ele pode afetar a armazenagem destes neurotransmissores. Esta inibição não foi devido a uma inibição da atividade ATPásica presente na nossa preparação de vesícula sináptica, que é a responsável por gerar o gradiente de energia para a captação. Os resultados obtidos neste estudo indicam que, in vivo, o ALA provoca efeitos excitatórios relacionados à ativação de receptores glutamatérgicos, provavelmente de forma indireta; enquanto que, in vitro, o ALA afeta diretamente a união de ligantes a receptores GABAA, inibe a AC por mecanismos oxidativos e inibe a captação vesicular de GABA, glutamato e glicina. A comparação dos efeitos do ALA em tecidos de ratos e humanos revelou uma grande similaridade nas respostas, indicando a adequação dos modelos em ratos para avaliar o potencial neurotóxico deste composto em humanos. Ainda são necessários estudos para determinar a relevância dos efeitos neurofisiológicos do ALA observados no presente trabalho, para a patogênese das porfirias agudas.
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