Associação entre níveis de consumo de álcool, pressão arterial e prevalência de hipertensão arterial sistêmica em Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moreira, Leila Beltrami
Data de Publicação: 1996
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/197670
Resumo: Justificativas para a pesquisa: Estudos epidemiológicos têm detectado associação positiva entre o consumo crônico de álcool e elevação dos níveis tensionais e prevalência de hipertensão arterial sistêmica. De modo geral, são consistentes quanto à elevação da pressão arterial sistólica e diastólica a partir do consumo diário médio de três drinques por dia (30g de etano!). A maior parte dos estudos descreve uma curva dose-resposta linear, mas outros observam uma relação não-linear. Persistem controvérsias quanto ao baixo consumo, associado, em alguns estudos e especialmente entre as mulheres, à diminuição da pressão arterial. Discute-se, ainda, a repercussão do padrão de consumo, quanto a sua variabilidade e ao tempo decorrido entre a ingestão de bebidas alcoólicas e a aferição da pressão arterial. Considerando-se a alta prevalência de indivíduos usuários de bebidas alcoólicas em nosso meio, à luz dos aspectos comentados, justifica-se investigar a associação entre quantidade e padrão de consumo de bebidas alcoólicas com pressão arterial e prevalência de hipertensão arterial. Objetivo: Avaliar a associação entre a quantidade de álcool consumida e os padrões de consumo de bebidas alcoólicas com a pressão arterial e com a prevalência de hipertensão arterial sistêmica na população adulta de Porto Alegre. Métodos: Efetuou-se um estudo observacional, analítico e de delineamento transversal. Estudaram-se 1089 indivíduos residentes na região urbana, selecionados por processo de amostragem aleatória proporcional, em estágios múltiplos e por conglomerados. Coletaram-se os dados através de questionário estruturado em entrevista domiciliar. Aferiu-se a exposição ao álcool através de perguntas dirigidas ao tipo, quantidade e freqüência de consumo de bebidas alcoólicas. Tomando-se o conteúdo de álcool presente em cada tipo de bebida, calculou-se o consumo médio em gramas de álcool por dia. Classificou-se o consumo igual ou superior a 30g/d como abuso, um nível de exposição apontado como risco para a saúde. Empregou-se o questionário CAGE como indicador de dependência, considerado positivo diante de pelo menos duas respostas afirmaÚvas. Determinou-se a pressão arterial com esfigmomanômetros aneróides, em condições padronizadas, com o manguito para adultos não-obesos, corrigindo-se a medida conforme a circunferência braquial. Definiu-se hipertensão arterial sistêmica pela média de duas aferições, seguindo-se o critério de pressão arterial diastólica igual ou superior a 95mmHg ou sistólica igual ou superior a 160mmHg. Avaliaram-se a intensidade e a forma de associação considerando-se a pressão arterial diastólica, sistólica e categorizada em hipertensão presente ou ausente, em toda a amostra e por sexo. Utilizaram-se regressão linear simples e múltipla e modelos de regressão não-lineares, com os termos quadrático e cúbico do consumo de álcool. A exposição ao álcool foi também definida pelas faixas de consumo, abuso, freqüência, dependência (CAGE), consumo proporcional de bebidas fermentadas ou destiladas e tempo decorrido entre a ingestão de bebida alcoólica e a aferição da pressão arterial. A associação entre prevalência de hipertensão arterial e exposição ao álcool foi analisada através de regressão logística considerando os mesmos grupos de comparação. Em todos os modelos foram incluídas variáveis de controle identificadas de acordo com pressupostos teóricos e com a associação bruta com a exposição e desfecho. Resultados: Observou-se associação positiva entre a quantidade de álcool consumida com pressão arterial e prevalência de hipertensão, independentemente da idade, obesidade, escolaridade, tabagismo, uso de anticoncepcional oral e de anti-hipertensivo. Demonstrou-se correlação não-linear entre as pressões arteriais sistólicas e diastólicas e a quantidade de álcool consumido. A curvilinearidade foi mais acentuada entre as mulheres, havendo pequena elevação da pressão associada ao baixo consumo que vai crescendo à medida que aumenta a quantidade de álcool ingerida. A intensidade do efeito também foi maior entre as mulheres e sobre a pressão sistólica. O consumo de 30g/d de álcool associou-se com aumentos de 1 ,SmmHg e 2,3mmHg nas pressões arteriais diastólica e sistólica, respectivamente, entre os homens e de 2, 1 mmHg e 3,2mmHg, respectivamente, entre as mulheres. A prevalência de hipertensão arterial sistêmica associou-se com as quantidades de álcool consu111idas, aumentando a partir de 30g/dia. O risco relativo estimado ajustado para toda a amostra, tomando-se como referência o consumo de menos de 30g/dia, foi de 2,9 (I C : 1,4 a 6,0) na faixa de 30g a menos de 60g/dia, e de 2,5 (IC : 1,1 a 5,4) na faixa de consumo a partir de 60g/d. O risco relativo estimado permaneceu significativo entre as mulheres, mas não entre os homens na análise estratificada por sexo. O risco relativo estimado ajustado de hipertensão associado ao abuso (consumo de 30g/d ou mais de álcool) foi maior para as mulheres (2,2; IC : 1,1 a 4,2) do que para os homens (1 ,5; IC : 1,1 a 2, 1). O risco relativo estimado para as mulheres que consumiam a partir de 30g/d comparadas às que consumiam menores quantidades elevou-se para 6,0 (IC : 1,5 a 23,9). Não houve associação entre prevalência de hipertensão arterial sistêmica e dependência ao álcool, aferida através do teste CAGE. As pressões arteriais diastólicas foram maiores entre as pessoas "CAGE positivo" quando analisada toda a amostra. As associações entre a freqüência semanal de consumo de bebidas alcoólicas e o consumo predominante de fermentados ou destilados com a prevalência de hipertensão arterial são explicadas pela quantidade de álcool consumida. Encontrou-se associação do tempo decorrido entre o consumo de bebida alcoólica e a aferição da pressão arterial com a prevalência de hipertensão arterial sistêmica em toda a amostra, independentemente da quantidade de álcool consumida, com um risco relativo estimado de 3,0 (IC : 1,3 a 7,0) para o intervalo de 13 a 23 horas em relação ao consumo há mais de 24 horas da aferição da pressão arterial. Conclusões: A associação entre exposição a bebidas alcoólicas e a pressão arterial e a prevalência de hipertensão é consistente entre os moradores da região urbana de Porto Alegre, de ambos os sexos, com 18 anos de idade ou mais. A associação é não-linear, especialmente entre as mulheres. O consumo de baixas quantidades de etano! em toda a amostra e por sexo não se associou com valores médios de pressão arterial menores do que entre os abstinentes. Nas mulheres, entretanto, o consumo de baixas quantidades associou-se com menor prevalência de hipertensão arterial, sugerindo que, em valores limítrofes para o diagnóstico, a exposição a baixas quantidades possa ter efeito hipotensor. A associação entre exposição ao álcool e a pressão arterial e a prevalência de hipertensão arterial é explicada pela quantidade consumida e não pelo tipo de bebida ou pela freqüência de consumo. O aumento da prevalência de hipertensão em indivíduos que tinham bebido entre 12 horas e 23 horas antes da aferição sugere que parte do efeito hipertensor ocorra durante a depuração do etanol.
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Considerando-se a alta prevalência de indivíduos usuários de bebidas alcoólicas em nosso meio, à luz dos aspectos comentados, justifica-se investigar a associação entre quantidade e padrão de consumo de bebidas alcoólicas com pressão arterial e prevalência de hipertensão arterial. Objetivo: Avaliar a associação entre a quantidade de álcool consumida e os padrões de consumo de bebidas alcoólicas com a pressão arterial e com a prevalência de hipertensão arterial sistêmica na população adulta de Porto Alegre. Métodos: Efetuou-se um estudo observacional, analítico e de delineamento transversal. Estudaram-se 1089 indivíduos residentes na região urbana, selecionados por processo de amostragem aleatória proporcional, em estágios múltiplos e por conglomerados. Coletaram-se os dados através de questionário estruturado em entrevista domiciliar. Aferiu-se a exposição ao álcool através de perguntas dirigidas ao tipo, quantidade e freqüência de consumo de bebidas alcoólicas. Tomando-se o conteúdo de álcool presente em cada tipo de bebida, calculou-se o consumo médio em gramas de álcool por dia. Classificou-se o consumo igual ou superior a 30g/d como abuso, um nível de exposição apontado como risco para a saúde. Empregou-se o questionário CAGE como indicador de dependência, considerado positivo diante de pelo menos duas respostas afirmaÚvas. Determinou-se a pressão arterial com esfigmomanômetros aneróides, em condições padronizadas, com o manguito para adultos não-obesos, corrigindo-se a medida conforme a circunferência braquial. Definiu-se hipertensão arterial sistêmica pela média de duas aferições, seguindo-se o critério de pressão arterial diastólica igual ou superior a 95mmHg ou sistólica igual ou superior a 160mmHg. Avaliaram-se a intensidade e a forma de associação considerando-se a pressão arterial diastólica, sistólica e categorizada em hipertensão presente ou ausente, em toda a amostra e por sexo. Utilizaram-se regressão linear simples e múltipla e modelos de regressão não-lineares, com os termos quadrático e cúbico do consumo de álcool. A exposição ao álcool foi também definida pelas faixas de consumo, abuso, freqüência, dependência (CAGE), consumo proporcional de bebidas fermentadas ou destiladas e tempo decorrido entre a ingestão de bebida alcoólica e a aferição da pressão arterial. A associação entre prevalência de hipertensão arterial e exposição ao álcool foi analisada através de regressão logística considerando os mesmos grupos de comparação. Em todos os modelos foram incluídas variáveis de controle identificadas de acordo com pressupostos teóricos e com a associação bruta com a exposição e desfecho. Resultados: Observou-se associação positiva entre a quantidade de álcool consumida com pressão arterial e prevalência de hipertensão, independentemente da idade, obesidade, escolaridade, tabagismo, uso de anticoncepcional oral e de anti-hipertensivo. Demonstrou-se correlação não-linear entre as pressões arteriais sistólicas e diastólicas e a quantidade de álcool consumido. A curvilinearidade foi mais acentuada entre as mulheres, havendo pequena elevação da pressão associada ao baixo consumo que vai crescendo à medida que aumenta a quantidade de álcool ingerida. A intensidade do efeito também foi maior entre as mulheres e sobre a pressão sistólica. O consumo de 30g/d de álcool associou-se com aumentos de 1 ,SmmHg e 2,3mmHg nas pressões arteriais diastólica e sistólica, respectivamente, entre os homens e de 2, 1 mmHg e 3,2mmHg, respectivamente, entre as mulheres. A prevalência de hipertensão arterial sistêmica associou-se com as quantidades de álcool consu111idas, aumentando a partir de 30g/dia. O risco relativo estimado ajustado para toda a amostra, tomando-se como referência o consumo de menos de 30g/dia, foi de 2,9 (I C : 1,4 a 6,0) na faixa de 30g a menos de 60g/dia, e de 2,5 (IC : 1,1 a 5,4) na faixa de consumo a partir de 60g/d. O risco relativo estimado permaneceu significativo entre as mulheres, mas não entre os homens na análise estratificada por sexo. O risco relativo estimado ajustado de hipertensão associado ao abuso (consumo de 30g/d ou mais de álcool) foi maior para as mulheres (2,2; IC : 1,1 a 4,2) do que para os homens (1 ,5; IC : 1,1 a 2, 1). O risco relativo estimado para as mulheres que consumiam a partir de 30g/d comparadas às que consumiam menores quantidades elevou-se para 6,0 (IC : 1,5 a 23,9). Não houve associação entre prevalência de hipertensão arterial sistêmica e dependência ao álcool, aferida através do teste CAGE. As pressões arteriais diastólicas foram maiores entre as pessoas "CAGE positivo" quando analisada toda a amostra. As associações entre a freqüência semanal de consumo de bebidas alcoólicas e o consumo predominante de fermentados ou destilados com a prevalência de hipertensão arterial são explicadas pela quantidade de álcool consumida. Encontrou-se associação do tempo decorrido entre o consumo de bebida alcoólica e a aferição da pressão arterial com a prevalência de hipertensão arterial sistêmica em toda a amostra, independentemente da quantidade de álcool consumida, com um risco relativo estimado de 3,0 (IC : 1,3 a 7,0) para o intervalo de 13 a 23 horas em relação ao consumo há mais de 24 horas da aferição da pressão arterial. Conclusões: A associação entre exposição a bebidas alcoólicas e a pressão arterial e a prevalência de hipertensão é consistente entre os moradores da região urbana de Porto Alegre, de ambos os sexos, com 18 anos de idade ou mais. A associação é não-linear, especialmente entre as mulheres. O consumo de baixas quantidades de etano! em toda a amostra e por sexo não se associou com valores médios de pressão arterial menores do que entre os abstinentes. Nas mulheres, entretanto, o consumo de baixas quantidades associou-se com menor prevalência de hipertensão arterial, sugerindo que, em valores limítrofes para o diagnóstico, a exposição a baixas quantidades possa ter efeito hipotensor. A associação entre exposição ao álcool e a pressão arterial e a prevalência de hipertensão arterial é explicada pela quantidade consumida e não pelo tipo de bebida ou pela freqüência de consumo. O aumento da prevalência de hipertensão em indivíduos que tinham bebido entre 12 horas e 23 horas antes da aferição sugere que parte do efeito hipertensor ocorra durante a depuração do etanol.Background: A positive association of chronic exposure to alcoholic beverages with blood pressure and prevalence of hypertension has been described in epidemiological surveys. Most studies have described a consumption threshold of three drinks a day (30g of ethanol) and a linear dose-response relationship. Others have found a non-linear relationship. A lower blood pressure in groups exposed to lesser amounts of ethanol, especially in women, postulated by some investigators, has been debated. There is no consensos, also, on the associations of pattem of consumption, including the kind of beverages, and time elapsed since the last use, with blood pressure leveis . . The high prevalence of alcoholic beverages consumption in Porto Alegre coupled with the questions above justif)r investigation the associations of alcoholic beverages consumption with blood pressure and the prevalence o f hypertension. Objective: To investigate the association between the amount o f ethanol consumed with the pattern o f alcoholic beverage use with blood pressure and the prevalence o f hypertension among adults of Porto Alegre. Methods: One thousen eighty nine individuais (92% o f those eligible ), identified in a crosssectional, population-based, multi-stage probability sample random sampling study, were selected and interviewed at home. Data were collected through a structured and pretested questionnaire. The type, quantity and frequency of alcoholic beverage consumption was measured and the CAGE questionnaire administered. The average daily alcohol intake was calculated taking into account the concentration of ethanol in the beverages, and is presented as grams of ethanol per day. An average consumption of 30g per day or more, a levei of exposure associated with health risks, was considered as heavy drinking. Two positive answers to the CAGE questionnaire represented the cut point for dependence. Sitting blood pressure was determined with aneroid sphygmomanometers, following standardized recommendations, with a cuff for nonobese adult subjects. The values were corrected according the arm circunnference. Hypertension was defined by an average of two blood pressure readings equal to or above 95mm Hg for diastolic blood pressure or 160mmHg for systolic blood pressure. The magnitude and shape of the associations were analyzed considering blood pressures and hypertension (yes orno) separately, both in the whole sample and stratified by gender. Simple and multiple linear models and non-linear regression models, with quadratic and cubic terms ofthe amount of alcohol consumed, were employed. Exposure to ethanol was also characterized by ranges of consumption, abuse, frequency, dep(mdence (CAGE), kind of beverages and the time between the last ingestion of ethanol and the moment of blood pressure determination. The association between the hypertension, defined categorically, and exposure to ethanol was analyzed through a logistic regression model, considering the same definitions o f exposure. Control variables were chosen according to the conceptual framework and to the crude association found between them and the dependent and explanatory variables. Results: Positive associations o f the amount o f alcohol consumed with blood pressure and prevalence o f hypertension were found. The association was independent o f age, years o f education, smoking, and use of oral contraceptive and anti-hypertensive drugs. The correlation between systolic and diastolic blood pressure and the amount of ethanol consumed was non-linear. The curvilinearity was accentuated in women, showing small increases at low consumption and larger ones in higher ranges of exposure, specially for systolic blood pressure. The consumption of 30g per day of ethanol was associated with increases o f 1 ,5mmHg and 2,3mmHg in diastolic and systolic blood pressure, respectively, among men, and 2, lmmHg and 3,2mmHg among women. The prevalence of hypertension was associated with the amount of alcohol consumed, with a threshold of 30g per day. The adjusted odds ratio for the whole sample, taking as reference the participants who consumed less than "30g per day, was 2.9 (CI 1.4 to 6.0) for a consumption of30 to 60g per day, and 2.5 (CI 1.1 to 5.4) for a consumption of 60 g or more. In analyses stratified by gender, the associations were significant only for women. The adjusted odds ratio for abuse ( daily consumption o f 3 Og o r more o f ethanol) was higher among women (2.2; CI 1.1 to 4.2) than men (1.5; CI 1.1 to 2.1). The odds ratio for women exposed to a consumption of 30g or more, compared to those who ingested low amounts of ethanol, increased to 6.0 (CI 1.5 to 23.9). There was no association between the prevalence of hypertension and dependence on alcohol, characterized by the answers to the CAGE questionaire. The participants with two positive answers had higher diastolic blood pressure. The associations o f the frequency o f alcoholic beverages consumption and o f the kind of beverage with of hypertension were explained by the amount of alcohol consumed. The association o f the time elapsed between the last ingestion and blood pressure measurement with hypertension was independent of the amount consumed, with a odds ratio of 3.0 (CI 1.3 to 7.0) for the interval of 13 to 23 hours, compared to the subjects who had consumed alcoholic beverages 24 hours or more before the blood pressure determination. Conclusions: The association of alcoholic beverage consumption with blood pressure and the prevalence of hypertension is consistent among both genders in individuais higher then 18 years old or more living in the urban region of Porto Alegre. The association is non-linear, especially among women. The consumption of small amounts of ethanol (< 30g/d), in the whole sample and in both genders, was not associated with lower averages of systolic and diastolic blood pressure. Among women, however, the consumption of small amounts of ethanol was associated with lower prevalence of hypertension, suggesting that such an exposure may have an anti-hipertensive effect for those with pressures close to the diagnostic cut point. The association of exposure to ethanol with blood pressure and the prevalence of hypertension is explained by the amoun~ consumed and not by the frequency or consumption and type o f beverage. The increase of the prevalence of hypertension among participants who had drunk: 12 to 23 hours before blood pressure measurement suggests that part of the hypertensive effect of ethanol is an acute one occuring during its clearance.application/pdfporHipertensãoEpidemiologiaConsumo de bebidas alcoolicasFatores de riscoHipertensãoEstudos transversaisBrasilAssociação entre níveis de consumo de álcool, pressão arterial e prevalência de hipertensão arterial sistêmica em Porto Alegreinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaCurso de Pós-Graduação em Clínica MédicaPorto Alegre, BR-RS1996doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT000215897.pdf.txt000215897.pdf.txtExtracted Texttext/plain251686http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/197670/2/000215897.pdf.txt1ea34f71ba0db1012e225b117b338caeMD52ORIGINAL000215897.pdfTexto completoapplication/pdf148900083http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/197670/1/000215897.pdf919549b7d9abf5ac4a9f50900ac4a573MD5110183/1976702023-06-30 03:31:30.790808oai:www.lume.ufrgs.br:10183/197670Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-06-30T06:31:30Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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Considerando-se a alta prevalência de indivíduos usuários de bebidas alcoólicas em nosso meio, à luz dos aspectos comentados, justifica-se investigar a associação entre quantidade e padrão de consumo de bebidas alcoólicas com pressão arterial e prevalência de hipertensão arterial. Objetivo: Avaliar a associação entre a quantidade de álcool consumida e os padrões de consumo de bebidas alcoólicas com a pressão arterial e com a prevalência de hipertensão arterial sistêmica na população adulta de Porto Alegre. Métodos: Efetuou-se um estudo observacional, analítico e de delineamento transversal. Estudaram-se 1089 indivíduos residentes na região urbana, selecionados por processo de amostragem aleatória proporcional, em estágios múltiplos e por conglomerados. Coletaram-se os dados através de questionário estruturado em entrevista domiciliar. Aferiu-se a exposição ao álcool através de perguntas dirigidas ao tipo, quantidade e freqüência de consumo de bebidas alcoólicas. Tomando-se o conteúdo de álcool presente em cada tipo de bebida, calculou-se o consumo médio em gramas de álcool por dia. Classificou-se o consumo igual ou superior a 30g/d como abuso, um nível de exposição apontado como risco para a saúde. Empregou-se o questionário CAGE como indicador de dependência, considerado positivo diante de pelo menos duas respostas afirmaÚvas. Determinou-se a pressão arterial com esfigmomanômetros aneróides, em condições padronizadas, com o manguito para adultos não-obesos, corrigindo-se a medida conforme a circunferência braquial. Definiu-se hipertensão arterial sistêmica pela média de duas aferições, seguindo-se o critério de pressão arterial diastólica igual ou superior a 95mmHg ou sistólica igual ou superior a 160mmHg. Avaliaram-se a intensidade e a forma de associação considerando-se a pressão arterial diastólica, sistólica e categorizada em hipertensão presente ou ausente, em toda a amostra e por sexo. Utilizaram-se regressão linear simples e múltipla e modelos de regressão não-lineares, com os termos quadrático e cúbico do consumo de álcool. A exposição ao álcool foi também definida pelas faixas de consumo, abuso, freqüência, dependência (CAGE), consumo proporcional de bebidas fermentadas ou destiladas e tempo decorrido entre a ingestão de bebida alcoólica e a aferição da pressão arterial. A associação entre prevalência de hipertensão arterial e exposição ao álcool foi analisada através de regressão logística considerando os mesmos grupos de comparação. Em todos os modelos foram incluídas variáveis de controle identificadas de acordo com pressupostos teóricos e com a associação bruta com a exposição e desfecho. Resultados: Observou-se associação positiva entre a quantidade de álcool consumida com pressão arterial e prevalência de hipertensão, independentemente da idade, obesidade, escolaridade, tabagismo, uso de anticoncepcional oral e de anti-hipertensivo. Demonstrou-se correlação não-linear entre as pressões arteriais sistólicas e diastólicas e a quantidade de álcool consumido. A curvilinearidade foi mais acentuada entre as mulheres, havendo pequena elevação da pressão associada ao baixo consumo que vai crescendo à medida que aumenta a quantidade de álcool ingerida. A intensidade do efeito também foi maior entre as mulheres e sobre a pressão sistólica. O consumo de 30g/d de álcool associou-se com aumentos de 1 ,SmmHg e 2,3mmHg nas pressões arteriais diastólica e sistólica, respectivamente, entre os homens e de 2, 1 mmHg e 3,2mmHg, respectivamente, entre as mulheres. A prevalência de hipertensão arterial sistêmica associou-se com as quantidades de álcool consu111idas, aumentando a partir de 30g/dia. O risco relativo estimado ajustado para toda a amostra, tomando-se como referência o consumo de menos de 30g/dia, foi de 2,9 (I C : 1,4 a 6,0) na faixa de 30g a menos de 60g/dia, e de 2,5 (IC : 1,1 a 5,4) na faixa de consumo a partir de 60g/d. O risco relativo estimado permaneceu significativo entre as mulheres, mas não entre os homens na análise estratificada por sexo. O risco relativo estimado ajustado de hipertensão associado ao abuso (consumo de 30g/d ou mais de álcool) foi maior para as mulheres (2,2; IC : 1,1 a 4,2) do que para os homens (1 ,5; IC : 1,1 a 2, 1). O risco relativo estimado para as mulheres que consumiam a partir de 30g/d comparadas às que consumiam menores quantidades elevou-se para 6,0 (IC : 1,5 a 23,9). Não houve associação entre prevalência de hipertensão arterial sistêmica e dependência ao álcool, aferida através do teste CAGE. As pressões arteriais diastólicas foram maiores entre as pessoas "CAGE positivo" quando analisada toda a amostra. As associações entre a freqüência semanal de consumo de bebidas alcoólicas e o consumo predominante de fermentados ou destilados com a prevalência de hipertensão arterial são explicadas pela quantidade de álcool consumida. Encontrou-se associação do tempo decorrido entre o consumo de bebida alcoólica e a aferição da pressão arterial com a prevalência de hipertensão arterial sistêmica em toda a amostra, independentemente da quantidade de álcool consumida, com um risco relativo estimado de 3,0 (IC : 1,3 a 7,0) para o intervalo de 13 a 23 horas em relação ao consumo há mais de 24 horas da aferição da pressão arterial. Conclusões: A associação entre exposição a bebidas alcoólicas e a pressão arterial e a prevalência de hipertensão é consistente entre os moradores da região urbana de Porto Alegre, de ambos os sexos, com 18 anos de idade ou mais. A associação é não-linear, especialmente entre as mulheres. 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