Situação nutricional e suas tendências em mulheres e crianças da África Subsaariana e fatores associados à desnutrição em uma população infantil de Luanda, Angola
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/148854 |
Resumo: | INTRODUÇÃO: As prevalências de desnutrição infantil ainda são altas nos países da África Subsaariana; porém, há indícios de que a obesidade em adultos esteja aumentando. Neste cenário, se, por um lado, é importante combater a desnutrição, por outro, é fundamental identificar as tendências do excesso de peso ao longo do tempo, a fim de prevenir grandes elevações de obesidade e doenças crônicas. Com isso, os objetivos desta pesquisa foram: descrever as tendências de obesidade ao longo das últimas décadas em mulheres em idade fértil e em crianças menores de 5 anos, paralelamente àquelas de desnutrição nesse mesmo grupo de crianças em países da África Subsaariana; e identificar os fatores associados à desnutrição em crianças menores de 2 anos em um município de Luanda, Angola. MÉTODOS: Para descrever as tendências da situação nutricional, foram utilizados dados de inquéritos nacionais (Demographic and Health Surveys e Multiple Indicator Cluster Samples) de 13 países do continente africano, que tinham pelo menos quatro inquéritos disponíveis. Foram traçadas tendências para os desfechos: obesidade em mulheres com idade entre 15 e 49 anos, e sobrepeso, baixa estatura (stunting), baixo peso para altura (wasting), baixo peso para idade (underweight) e baixo peso ao nascer em crianças com menos de 5 anos. Para as tendências individuais de cada país, foi realizada regressão linear, enquanto para as tendências considerando o conjunto dos 13 países, empregou-se modelo de regressão multinível. Quanto à identificação dos fatores associados com a desnutrição, foram utilizados dados de um estudo transversal de base populacional realizado em Cacuaco, município da província de Luanda, em 2010. Os desfechos estudados foram baixa estatura (stunting) e baixo peso para idade (underweight). Foram estimadas razões de prevalência (RP) por regressão de Poisson com variância robusta utilizando modelo hierarquizado. RESULTADOS: A prevalência de obesidade cresceu entre mulheres em idade fértil na maior parte dos países estudados, em média 2,8 pontos percentuais por década (P<0,001), acompanhada por importante diminuição de stunting, em média de 5,6 pontos percentuais por década (P<0,001) e diminuição bem menor de wasting, em média de 1,1 ponto percentual por década (P=0,09), sem evidência, até o momento, de aumento de sobrepeso em crianças abaixo de 5 anos (aumento de 1,0 ponto percentual por década, P=0,14). Em Angola, das 749 crianças incluídas no estudo, 232 [32,0% (IC 95%: 28,7-35,5%)] tinham baixa estatura e 109 [15,1% (IC 95%: 12,6-17,9%)] estavam com peso baixo para idade. Na análise multivariável final, foram identificados os seguintes fatores associados com os desfechos pesquisados: ocorrência de diarreia nos últimos 15 dias (RP 1,39 [IC95% 1,06-1,84]) para baixa estatura; e presença de óbito de outros filhos (RP 1,52 [IC95% 1,01-2,28]) para baixo peso para idade. Em modelo composto apenas de fatores distais e intermediários, a presença de cuidador principal (outro que não a mãe) aumentou a prevalência de baixa estatura em 42% (RP 1,42; IC95% 1,10-1,84) e para cada mês mais tarde que a mãe o iniciou pré-natal, a prevalência de baixo peso para idade aumentou em 20% (RP 1,20; IC95% 1,03-1,40). CONCLUSÃO: Foi possível descrever a tendência preocupante de aumento de obesidade em mulheres em idade fértil nos países estudados. Em Angola, poucos fatores individuais foram descritos, sugerindo que a influência de fatores coletivos é importante. Esses dados devem ser úteis para o planejamento de ações visando, por um lado, à prevenção de uma epidemia de obesidade em crianças na África Subsaariana e, por outro, ao enfrentamento atual das altas taxas de desnutrição em crianças em Angola e outros países. |
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Humbwavali, João BaptistaDuncan, Bruce Bartholow2016-10-05T02:15:15Z2016http://hdl.handle.net/10183/148854001003949INTRODUÇÃO: As prevalências de desnutrição infantil ainda são altas nos países da África Subsaariana; porém, há indícios de que a obesidade em adultos esteja aumentando. Neste cenário, se, por um lado, é importante combater a desnutrição, por outro, é fundamental identificar as tendências do excesso de peso ao longo do tempo, a fim de prevenir grandes elevações de obesidade e doenças crônicas. Com isso, os objetivos desta pesquisa foram: descrever as tendências de obesidade ao longo das últimas décadas em mulheres em idade fértil e em crianças menores de 5 anos, paralelamente àquelas de desnutrição nesse mesmo grupo de crianças em países da África Subsaariana; e identificar os fatores associados à desnutrição em crianças menores de 2 anos em um município de Luanda, Angola. MÉTODOS: Para descrever as tendências da situação nutricional, foram utilizados dados de inquéritos nacionais (Demographic and Health Surveys e Multiple Indicator Cluster Samples) de 13 países do continente africano, que tinham pelo menos quatro inquéritos disponíveis. Foram traçadas tendências para os desfechos: obesidade em mulheres com idade entre 15 e 49 anos, e sobrepeso, baixa estatura (stunting), baixo peso para altura (wasting), baixo peso para idade (underweight) e baixo peso ao nascer em crianças com menos de 5 anos. Para as tendências individuais de cada país, foi realizada regressão linear, enquanto para as tendências considerando o conjunto dos 13 países, empregou-se modelo de regressão multinível. Quanto à identificação dos fatores associados com a desnutrição, foram utilizados dados de um estudo transversal de base populacional realizado em Cacuaco, município da província de Luanda, em 2010. Os desfechos estudados foram baixa estatura (stunting) e baixo peso para idade (underweight). Foram estimadas razões de prevalência (RP) por regressão de Poisson com variância robusta utilizando modelo hierarquizado. RESULTADOS: A prevalência de obesidade cresceu entre mulheres em idade fértil na maior parte dos países estudados, em média 2,8 pontos percentuais por década (P<0,001), acompanhada por importante diminuição de stunting, em média de 5,6 pontos percentuais por década (P<0,001) e diminuição bem menor de wasting, em média de 1,1 ponto percentual por década (P=0,09), sem evidência, até o momento, de aumento de sobrepeso em crianças abaixo de 5 anos (aumento de 1,0 ponto percentual por década, P=0,14). Em Angola, das 749 crianças incluídas no estudo, 232 [32,0% (IC 95%: 28,7-35,5%)] tinham baixa estatura e 109 [15,1% (IC 95%: 12,6-17,9%)] estavam com peso baixo para idade. Na análise multivariável final, foram identificados os seguintes fatores associados com os desfechos pesquisados: ocorrência de diarreia nos últimos 15 dias (RP 1,39 [IC95% 1,06-1,84]) para baixa estatura; e presença de óbito de outros filhos (RP 1,52 [IC95% 1,01-2,28]) para baixo peso para idade. Em modelo composto apenas de fatores distais e intermediários, a presença de cuidador principal (outro que não a mãe) aumentou a prevalência de baixa estatura em 42% (RP 1,42; IC95% 1,10-1,84) e para cada mês mais tarde que a mãe o iniciou pré-natal, a prevalência de baixo peso para idade aumentou em 20% (RP 1,20; IC95% 1,03-1,40). CONCLUSÃO: Foi possível descrever a tendência preocupante de aumento de obesidade em mulheres em idade fértil nos países estudados. Em Angola, poucos fatores individuais foram descritos, sugerindo que a influência de fatores coletivos é importante. Esses dados devem ser úteis para o planejamento de ações visando, por um lado, à prevenção de uma epidemia de obesidade em crianças na África Subsaariana e, por outro, ao enfrentamento atual das altas taxas de desnutrição em crianças em Angola e outros países.INTRODUCTION: The prevalence of child malnutrition is still high in sub-Saharan Africa; however, there is evidence that obesity in adults is increasing. In this scenario, on the one hand, it is important to tackle malnutrition, while on the other, it is essential to identify trends in excess weight over time, so as to focus attention on the prevention of large increases in obesity and the chronic diseases it causes. Thus, the objectives of this study were to describe trends in sub-Saharan Africa in obesity over the past decades in women of childbearing age and in children under 5 years of age, in parallel with those of malnutrition in the same group of children; as well as to identify factors associated with malnutrition in children under 2 years living in the suburban area of Luanda, Angola. METHODS: To describe the trends in nutritional status, secondary data from national surveys (Demographic and Health Surveys and Multiple Indicator Cluster Samples) of 13 African countries having at least four available surveys, were used. Trends were described for the outcomes obesity in women aged 15 to 49, and overweight, stunting, wasting, underweight and low birthweight in children under 5 years. For individual trends in each country, linear regression was performed. For trends considering the group of 13 countries, we used a multilevel regression model. To identify the factors associated with malnutrition, data from a cross-sectional population-based study held in Cacuaco, a municipality of Luanda, in 2010 were used. The outcomes studied were stunting and underweight. Prevalence ratios (PR) were estimated by Poisson regression with robust variance using a hierarchical model. RESULTS: The prevalence of obesity increased among women of reproductive age in most of the countries studied, on average 2.8 percentage points per decade (P<0.001), accompanied by significant reduction of stunting, on average 5.6 percentage points per decade (P<0.001) and a decrease, though much smaller, of wasting, on average 1.1 percentage points per decade (P=0.09), with no evidence, to date, of an increase in overweight in children under 5 years (increase of 1.0 percentage points per decade, P = 0.14).In Angola, among the 749 children included in the study, 232 [32.0% (95% CI: 28.7 to 35.5%)] were stunted and 109 [15.1% (95% CI: 12.6- 17.9)] were underweight. In the final multivariate analysis model, the following factors have been identified as associated with the studied outcomes: occurrence of diarrhea in the last 15 days (PR 1.39 [95% CI 1.06 to 1.84]) for stunting; and death of other children from the same mother (PR 1.52 [95% CI 1.01-2.28]) for underweight. In a model composed only of distal and intermediate factors, the primary caregiver not being the mother increased the prevalence of stunting by 42% (PR 1.42, 95%CI 1.10- 1.84) and each month that prenatal care was delayed increased the prevalence of underweight by 20% (PR 1.20, 95% CI 1.03-1.40). CONCLUSION: These results enabled the identification of a worrying increasing trend of obesity in women of childbearing age in the studied countries, in a context in which child malnutrition still prevails, especially stunting. In Angola, although it was possible to identify factors associated with malnutrition never before studied in Luanda, few individual factors were identified that increased the prevalence of malnutrition, suggesting that the problem results primarily from factors affecting society as a whole. These data should be useful for planning aimed, on the one hand, to prevent an epidemic of obesity in children in sub-Saharan Africa, and on the other, meeting the challenge of current widespread childhood malnutrition in Angola and other countries.application/pdfporTranstornos da nutrição infantilSobrepesoObesidadeMulheresAngolaWomenObesityOverweightChild nutrition disordersSub-saharan AfricaSituação nutricional e suas tendências em mulheres e crianças da África Subsaariana e fatores associados à desnutrição em uma população infantil de Luanda, Angolainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em EpidemiologiaPorto Alegre, BR-RS2016doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001003949.pdf.txt001003949.pdf.txtExtracted Texttext/plain181236http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/148854/2/001003949.pdf.txt89080c2c62e8d7599c9bc10bae7a1d9dMD52ORIGINAL001003949.pdf001003949.pdfTexto completoapplication/pdf5589737http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/148854/1/001003949.pdf5abf60f90a218949b7abd5867ae4ae0dMD5110183/1488542020-07-12 03:42:05.140422oai:www.lume.ufrgs.br:10183/148854Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532020-07-12T06:42:05Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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INTRODUÇÃO: As prevalências de desnutrição infantil ainda são altas nos países da África Subsaariana; porém, há indícios de que a obesidade em adultos esteja aumentando. Neste cenário, se, por um lado, é importante combater a desnutrição, por outro, é fundamental identificar as tendências do excesso de peso ao longo do tempo, a fim de prevenir grandes elevações de obesidade e doenças crônicas. Com isso, os objetivos desta pesquisa foram: descrever as tendências de obesidade ao longo das últimas décadas em mulheres em idade fértil e em crianças menores de 5 anos, paralelamente àquelas de desnutrição nesse mesmo grupo de crianças em países da África Subsaariana; e identificar os fatores associados à desnutrição em crianças menores de 2 anos em um município de Luanda, Angola. MÉTODOS: Para descrever as tendências da situação nutricional, foram utilizados dados de inquéritos nacionais (Demographic and Health Surveys e Multiple Indicator Cluster Samples) de 13 países do continente africano, que tinham pelo menos quatro inquéritos disponíveis. Foram traçadas tendências para os desfechos: obesidade em mulheres com idade entre 15 e 49 anos, e sobrepeso, baixa estatura (stunting), baixo peso para altura (wasting), baixo peso para idade (underweight) e baixo peso ao nascer em crianças com menos de 5 anos. Para as tendências individuais de cada país, foi realizada regressão linear, enquanto para as tendências considerando o conjunto dos 13 países, empregou-se modelo de regressão multinível. Quanto à identificação dos fatores associados com a desnutrição, foram utilizados dados de um estudo transversal de base populacional realizado em Cacuaco, município da província de Luanda, em 2010. Os desfechos estudados foram baixa estatura (stunting) e baixo peso para idade (underweight). Foram estimadas razões de prevalência (RP) por regressão de Poisson com variância robusta utilizando modelo hierarquizado. RESULTADOS: A prevalência de obesidade cresceu entre mulheres em idade fértil na maior parte dos países estudados, em média 2,8 pontos percentuais por década (P<0,001), acompanhada por importante diminuição de stunting, em média de 5,6 pontos percentuais por década (P<0,001) e diminuição bem menor de wasting, em média de 1,1 ponto percentual por década (P=0,09), sem evidência, até o momento, de aumento de sobrepeso em crianças abaixo de 5 anos (aumento de 1,0 ponto percentual por década, P=0,14). Em Angola, das 749 crianças incluídas no estudo, 232 [32,0% (IC 95%: 28,7-35,5%)] tinham baixa estatura e 109 [15,1% (IC 95%: 12,6-17,9%)] estavam com peso baixo para idade. Na análise multivariável final, foram identificados os seguintes fatores associados com os desfechos pesquisados: ocorrência de diarreia nos últimos 15 dias (RP 1,39 [IC95% 1,06-1,84]) para baixa estatura; e presença de óbito de outros filhos (RP 1,52 [IC95% 1,01-2,28]) para baixo peso para idade. Em modelo composto apenas de fatores distais e intermediários, a presença de cuidador principal (outro que não a mãe) aumentou a prevalência de baixa estatura em 42% (RP 1,42; IC95% 1,10-1,84) e para cada mês mais tarde que a mãe o iniciou pré-natal, a prevalência de baixo peso para idade aumentou em 20% (RP 1,20; IC95% 1,03-1,40). CONCLUSÃO: Foi possível descrever a tendência preocupante de aumento de obesidade em mulheres em idade fértil nos países estudados. Em Angola, poucos fatores individuais foram descritos, sugerindo que a influência de fatores coletivos é importante. Esses dados devem ser úteis para o planejamento de ações visando, por um lado, à prevenção de uma epidemia de obesidade em crianças na África Subsaariana e, por outro, ao enfrentamento atual das altas taxas de desnutrição em crianças em Angola e outros países. |
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