Miocardiopatia dilatada : estudo da função ventricular e correlação com variáveis histopatológicas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mattos, Beatriz Piva e
Data de Publicação: 1994
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/198901
Resumo: Os estudos morfo-funcionais sobre a miocardiopatia dilatada (MCD) revelam aspectos controversos, limitando-se, predominantemente, à avaliação de formas congestivas com ênfase na função sistólica. Em conseqüência, a presente investigação tem como objetivo, nas fases evolutivas iniciais e avançadas da MCD, o estudo da função sistólica e diastólica do ventrículo esquerdo (VE), analisando a interação entre ambas e a correlação com variáveis histopatológicas determinadas à biópsia endomiocárdica do ventrículo direito (VD). Foram estudados 20 pacientes, com média de idade de 48± 12 anos, 9 do sexo masculino e 11 do feminino, os quais foram divididos em 2 grupos de 1O indivíduos, designados como I e II, de acordo, respectivamente, com a ausência ou presença de manifestações de insuficiência cardíaca atual ou pregressa. O estudo da função sistólica do VE através de indicadores cineangiográficos evidenciou, no grupo I, valores médios do índice do volume diastólico final (IVDF) e do índice do volume sistólico final (IVSF) discretamente elevados, com fração de ejeção (FE) média de 49,80±3,52%. No grupo II, o IVDF e o IVSF foram signifiCamente maiores (P < 0,05) e a FE significativamente mais reduzida (P < 0,05), com média de 32,00±3,59%. A análise da contratilidade segmentar do VE revelou hipocinesia difusa em ambos os grupos, significativamente mais acentuada e menos uniforme no grupo II (P < 0,05). Houve correlação inversa significante entre a FE e o coeficiente de variação do percentual de encurtamento dos eixos transversos (P < 0,05). A função diastólica do VE avaliada através do ecoDopplercardiograma mostrou-se comprometida: no grupo I, registrou-se relaxamento anormal e pseudo-normalização; no grupo II, padrões pseudo-normal, restritivo e relaxamento anormal. Os padrões diastólicos não se associaram de forma significativa com os grupos estudados (P > 0,05). A deterioração da função sistólica do VE relacionou-se, através dos indicadores cineangiográficos, a distúrbios da função diastólica, com modificações recíprocas da velocidade de fluxo mitral e dos respectivos índices ecoDopplercardiográficos (P < 0,05). A biópsia endomiocárdica do VD evidenciou hipertrofia de células miocárdicas, fibrose intersticial e degeneração celular, sem demonstrar diferenças significativas entre os grupos, quanto à intensidade e distribuição das lesões (P > 0,05). As variáveis histopatológicas não apresentaram correlação significativa com os rndices de função sistólica e diastólica do VE (P > 0,05). Concluímos que o desempenho sistólico do VE se encontra comprometido de forma espectral na MCD, sendo acompanhado por distúrbios da função diastólica, tanto nas formas iniciais sem história de insuficiência cardíaca, como nas fases avançadas com manifestações congestivas. A biópsia endomiocárdica do VD não evidencia diferenças comparativas entre as formàs clínicas da doença, assim como o comprometimento da função do VE não se relaciona, reciprocamente, às alterações histopatológicas identificadas através desse método.
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