Discussões socioambientais na Amazônia oriental : uma reflexão sociologica a partir da agricultura familiar no sudoeste do Pará

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tavares, Francinei Bentes
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/39525
Resumo: A presente pesquisa teve como tema as complexas situações envolvidas no que se poderia designar como uma problemática socioambiental em torno da agricultura familiar na Amazônia Oriental, mais especificamente na região Sudeste do Pará, que envolve questões como a expansão do desmatamento, visto principalmente como consequência da adoção do sistema técnico de corte-e-queima associado a um processo crescente de pecuarização dos sistemas produtivos familiares. Tendo em vista que esse contexto é amplo e complexo, optou-se por analisar as situações constituídas a partir das redes de relações sociais de abrangência local e regional envolvendo o tema específico da agroecologia. Tendo por base esses pressupostos, se propôs nesse trabalho analisar as formas como as cadeias de mediação que problematizam temáticas agroecológicas incidem sobre as práticas produtivas de agricultores familiares que estão se integrando aos mercados em áreas de ocupação mais antiga (entre cerca de 20 a 30 anos) na fronteira agrária do Sudeste Paraense. Visando dar elementos de resposta a esse questionamento, como grade de leitura analítica das situações concretas se escolheu utilizar a corrente da sociologia da tradução, que busca identificar as questões ambientais em um contexto maior que as situam no âmbito de um continuum sociedade-natureza. Para isso, esse conjunto teórico se utiliza da análise de redes sócio-técnicas, que envolvem em suas tramas as relações entre humanos e objetos, e que se expandem por meio de complexos procedimentos sociais de tradução. A principal estratégia metodológica utilizada foi a da observação participante, visando “seguir os atores” que fazem parte da rede sócio-técnica que discute a agroecologia no Sudeste do Pará, descrevendo-a desde as arenas de embates e discussões, passando por espaços acadêmicos e institucionais, até chegar aos agricultores familiares em seus estabelecimentos, por meio da descrição do caso de um assentamento da região. Os principais resultados alcançados permitem afirmar que entre os agricultores expostos à cadeia de mediação estendida pelos atores sociais que discutem a agroecologia, podem ser adotadas atividades produtivas que permitam sair da dependência socioeconômica da pecuária extensiva, principalmente por meio de diferentes políticas públicas que podem estimular alternativas de diversificação produtiva (como a expansão da fruticultura), mas essas atividades muitas vezes são adotadas sem uma recusa a elementos que podem ser identificados como fazendo parte de um processo de modernização tecnológica da agricultura. Isso pode demonstrar que essa última rede apresenta-se mais longa e ampliada em suas conexões e interfaces e com maior facilidade de expansão entre os agricultores da região, que podem estar indo em direção a um uso mais intensivo de insumos externos às propriedades rurais. A cadeia de mediação da agroecologia incide em alguns desses espaços, mas ainda se apresenta de modo incipiente na constituição de um processo de interessamento e engajamento dos agricultores em torno de práticas produtivas pensadas a partir de princípios agroecológicos. Essas conclusões podem apontar algumas tendências que servem de leitura reflexiva para analisar as prováveis transformações nas áreas de fronteira agrária de ocupação mais antiga pela agricultura familiar na região do Sudeste Paraense.
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Tendo por base esses pressupostos, se propôs nesse trabalho analisar as formas como as cadeias de mediação que problematizam temáticas agroecológicas incidem sobre as práticas produtivas de agricultores familiares que estão se integrando aos mercados em áreas de ocupação mais antiga (entre cerca de 20 a 30 anos) na fronteira agrária do Sudeste Paraense. Visando dar elementos de resposta a esse questionamento, como grade de leitura analítica das situações concretas se escolheu utilizar a corrente da sociologia da tradução, que busca identificar as questões ambientais em um contexto maior que as situam no âmbito de um continuum sociedade-natureza. Para isso, esse conjunto teórico se utiliza da análise de redes sócio-técnicas, que envolvem em suas tramas as relações entre humanos e objetos, e que se expandem por meio de complexos procedimentos sociais de tradução. A principal estratégia metodológica utilizada foi a da observação participante, visando “seguir os atores” que fazem parte da rede sócio-técnica que discute a agroecologia no Sudeste do Pará, descrevendo-a desde as arenas de embates e discussões, passando por espaços acadêmicos e institucionais, até chegar aos agricultores familiares em seus estabelecimentos, por meio da descrição do caso de um assentamento da região. Os principais resultados alcançados permitem afirmar que entre os agricultores expostos à cadeia de mediação estendida pelos atores sociais que discutem a agroecologia, podem ser adotadas atividades produtivas que permitam sair da dependência socioeconômica da pecuária extensiva, principalmente por meio de diferentes políticas públicas que podem estimular alternativas de diversificação produtiva (como a expansão da fruticultura), mas essas atividades muitas vezes são adotadas sem uma recusa a elementos que podem ser identificados como fazendo parte de um processo de modernização tecnológica da agricultura. Isso pode demonstrar que essa última rede apresenta-se mais longa e ampliada em suas conexões e interfaces e com maior facilidade de expansão entre os agricultores da região, que podem estar indo em direção a um uso mais intensivo de insumos externos às propriedades rurais. A cadeia de mediação da agroecologia incide em alguns desses espaços, mas ainda se apresenta de modo incipiente na constituição de um processo de interessamento e engajamento dos agricultores em torno de práticas produtivas pensadas a partir de princípios agroecológicos. Essas conclusões podem apontar algumas tendências que servem de leitura reflexiva para analisar as prováveis transformações nas áreas de fronteira agrária de ocupação mais antiga pela agricultura familiar na região do Sudeste Paraense.This study had as its theme the complex situations involved in what might be called a socio-environmental issue around the family-run farms in eastern Amazonia, specifically in the Southeast of Pará, which involves issues such as the expansion of deforestation, mainly seen as consequence of the adoption of the technical system of cut-and-burn associated with a growing process of raising cattle production of family productive systems. Since this context is broad and complex, we chose to analyze situations generated from networks of social relations of local and regional coverage involving the specific topic of agroecology. Based on these assumptions, we propose in this study to analyze the ways in which of mediation chains that problematize agroecological thematic that relate to the production practices of family agricultural workers that are integrating to the markets in older occupied areas (around 20 to 30 years) in the agrarian frontier in the Southeast of Pará. In order to give elements of answer to this question, such as analytical reading grid of concrete situations we chose to use the sociology of translation, which seeks to identify environmental issues in a larger context that puts it within a continuum between society and nature. In order to do this, this theoretical set uses the analysis of socio-technical networks, which involve the relationship between humans and objects, and they expand themselves through complex social processes of translation. The main methodological strategy used was the participant observation, in order to "follow the actors" that are part of a socio-technical network that discusses the agroecology in the southeast of Pará, describing it from the arenas of talks and discussions, passing through academic and institutional spaces, until it reaches the family agricultural workers in their establishments, by describing the case of a settlement in the region. The main results have revealed that among farmers exposed to the extended chain of mediation by social actors who discuss the agro-ecology, productive activities can be adopted that allow farmers to leave the socio-economic dependence on extensive livestock rearing, mainly through various public policies that may encourage alternatives of diversification of production (such as the expansion of fruit growing), but these activities are often adopted without a refusal of elements that can be identified as being part of a process of technological modernization of agriculture. This might show that this last network show itself longer and extended on its connections and interfaces with bigger facility of expansion among the region's farmers, who may be moving towards a more intensive use of external inputs in relation to rural properties. The agroecology chain of mediation focuses upon some of these spaces, but it still shows itself timid in the constitution of a process of interest and engagement of agriculture workers around production practices, thinking from agroecological principles. These findings may point to some trends that serve as a reflective reading to analyze the probable changes in older agrarian border areas occupied by family farms in the Southeast of Pará.application/pdfporSociologia ruralSociologia da agriculturaAgricultura familiarFronteira agrícolaAgroecologiaParáEastern amazoniaFamily agricultureAgrarian borderAgroecologySociology of translationDiscussões socioambientais na Amazônia oriental : uma reflexão sociologica a partir da agricultura familiar no sudoeste do Paráinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em SociologiaPorto Alegre, BR-RS2012doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000826159.pdf000826159.pdfTexto completoapplication/pdf3492393http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/39525/1/000826159.pdfdec117d472e386ea8ad297878464ceb3MD51TEXT000826159.pdf.txt000826159.pdf.txtExtracted Texttext/plain790452http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/39525/2/000826159.pdf.txt09bae7d0e42f680984a4a7a8c45543c1MD52THUMBNAIL000826159.pdf.jpg000826159.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg926http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/39525/3/000826159.pdf.jpg5e232fffdc4a303ecf518dc40af724abMD5310183/395252018-10-11 08:52:31.677oai:www.lume.ufrgs.br:10183/39525Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-11T11:52:31Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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