Assinatura rasurada: cinzas, sombras e formas em travessia na América Latina
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/241742 |
Resumo: | Esta tese pretende dar visibilidade a narrativas ficcionais, ou fábulas, contemporâneas que carregam a intenção de produzir kátharsis da memória latino-americana dos “anos de chumbo”, tida como um dos nervos da identidade latina, discutindo-a como um problema político latente que ainda pode ser (re)vivido. Por isso, em suas primeiras análises, discute o texto contemporâneo como um sistema no qual o estado de travessia dos horrores provocados pelo terrorismo de Estado recente encontra-se narrativamente em processo de decantação. Nesse momento, destacam-se as narrativas A Mancha (2003), de Luís Fernando Veríssimo, Um, Dois, Já (2006), de Inés Bortagaray, e Los Topos (2008), de Félix Bruzzone. Tais fábulas, sob a ação do leitor crítico, acabam por revelar novas partículas desses traumas recentes ou, conforme Walter Benjamin, nas quais o vivido encontra a ação-presente num lampejo, revelando um solo brasileiro, uruguaio e argentino permeado pela dor. Em seguida, detém o olhar na atmosfera traumática, turva e difusa impresso por essas ditaduras que eclodiram na América Latina a partir dadécada de 1960, sendo não só na sociedade daquele período, mas também na contemporânea, como um rastro, ou um resto, que insiste em reaparecer. Nesse cenário, ganham destaque algumas narrativas: Formas de volver a casa (2011), Facsímil: libro de exercícios (2014), de Alejandro Zambra; e O lugar mais sombrio (2017/2019), de Milton Hatoum. Trata-se de narrativas engajadas politicamente em dar voz aos que acabaram por se afogar no vórtice de violência provocado por Estados autoritários, como o que se apoderou do Chile de 1973 a 1990, e do Brasil de 1964 a 1985. Por fim, buscando revelar a formação silenciosa de uma constelação estética de dores, que continuam a ressoar os traumas ditatoriais no tempo presente, ouve até o final as narrativas das griôs Nona Fernández (La dimensión desconocida, de 2016), Mariana Enríquez (Nuestra parte de noche, de 2019) e Claudia Lage (O Corpo interminável, de 2019). Nesse sentido, esta tese tem o percurso investigativo orientado por um fazer crítico que não busca ser apenas um discurso sobre esse passado, ou tratá-lo como algo finito, mas abordálo por meio de uma reflexão na qual memória, corpo e linguagem se atravessam no tempo presente. Esta reflexão é permeada por categorias de pensamento, tais como memória e rastro, de Paul Ricoeur, escritura, de Roland Barthe, frontería, de Abril Trigo, assinatura, de Jacques Derrida, contemporâneo, de Giorgio Agamben, paisagem, de Michel Collot, arte transmoderna, de Enrique Dussel, e partilha do sensível, de Jacques Rancière. |
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Costa, Danielle FerreiraSilva, Maria Luiza Berwanger da2022-07-05T05:07:50Z2022http://hdl.handle.net/10183/241742001144181Esta tese pretende dar visibilidade a narrativas ficcionais, ou fábulas, contemporâneas que carregam a intenção de produzir kátharsis da memória latino-americana dos “anos de chumbo”, tida como um dos nervos da identidade latina, discutindo-a como um problema político latente que ainda pode ser (re)vivido. Por isso, em suas primeiras análises, discute o texto contemporâneo como um sistema no qual o estado de travessia dos horrores provocados pelo terrorismo de Estado recente encontra-se narrativamente em processo de decantação. Nesse momento, destacam-se as narrativas A Mancha (2003), de Luís Fernando Veríssimo, Um, Dois, Já (2006), de Inés Bortagaray, e Los Topos (2008), de Félix Bruzzone. Tais fábulas, sob a ação do leitor crítico, acabam por revelar novas partículas desses traumas recentes ou, conforme Walter Benjamin, nas quais o vivido encontra a ação-presente num lampejo, revelando um solo brasileiro, uruguaio e argentino permeado pela dor. Em seguida, detém o olhar na atmosfera traumática, turva e difusa impresso por essas ditaduras que eclodiram na América Latina a partir dadécada de 1960, sendo não só na sociedade daquele período, mas também na contemporânea, como um rastro, ou um resto, que insiste em reaparecer. Nesse cenário, ganham destaque algumas narrativas: Formas de volver a casa (2011), Facsímil: libro de exercícios (2014), de Alejandro Zambra; e O lugar mais sombrio (2017/2019), de Milton Hatoum. Trata-se de narrativas engajadas politicamente em dar voz aos que acabaram por se afogar no vórtice de violência provocado por Estados autoritários, como o que se apoderou do Chile de 1973 a 1990, e do Brasil de 1964 a 1985. Por fim, buscando revelar a formação silenciosa de uma constelação estética de dores, que continuam a ressoar os traumas ditatoriais no tempo presente, ouve até o final as narrativas das griôs Nona Fernández (La dimensión desconocida, de 2016), Mariana Enríquez (Nuestra parte de noche, de 2019) e Claudia Lage (O Corpo interminável, de 2019). Nesse sentido, esta tese tem o percurso investigativo orientado por um fazer crítico que não busca ser apenas um discurso sobre esse passado, ou tratá-lo como algo finito, mas abordálo por meio de uma reflexão na qual memória, corpo e linguagem se atravessam no tempo presente. Esta reflexão é permeada por categorias de pensamento, tais como memória e rastro, de Paul Ricoeur, escritura, de Roland Barthe, frontería, de Abril Trigo, assinatura, de Jacques Derrida, contemporâneo, de Giorgio Agamben, paisagem, de Michel Collot, arte transmoderna, de Enrique Dussel, e partilha do sensível, de Jacques Rancière.Esta tesis pretende dar visibilidad a las narrativas ficcionales, o fábulas, contemporáneas que llevan la intención de producir kátharsis a partir de la memoria latinoamericana de los “años del plomo”, considerado uno de los nervios de la identidad latina, discutiéndolo como un problema político latente que todavía se puede (re)vivir. Por ello, en sus primeros análisis, discute el texto contemporáneo como un sistema en el que el estado de atravesar los horrores provocados por el reciente Terrorismo de Estado se encuentra narrativamente en proceso de decantación. En este momento, las narraciones La Mancha (2003), de Luís Fernando Veríssimo; Prontos, listos, ya (2006), de Inés Bortagaray; y Los Topos (2008), de Félix Bruzzone. Fábulas que, bajo la acción del lector crítico, terminan develando nuevas partículas de estos traumas recientes o, según Walter Benjamin, en las que lo vivido se encuentra con el presente-acción en un instante, revelando un suelo brasileño, uruguayo y argentino, permeado por el dolor Luego, mira la atmósfera traumática, turbia y difusa que estas dictaduras que irrumpieron en América Latina a partir de la década de 1960, no solo imprimieron en la sociedad de ese período, sino también en la sociedad contemporánea como una huella, o un remanente, que insiste en reaparecer. En este escenario, se destacan las narrativas: Formas de volver a casa (2011), Facsímil: libro de exercícios (2014), de Alejandro Zambra; y El lugar más oscuro (2017/2019), de Milton Hatoum. Narrativas comprometidas políticamente en dar voz a quienes terminaron ahogados en la vorágine de violencia provocada por estados autoritarios, como el que se apoderó de Chile de 1973 a 1990, y de Brasil de 1964 a 1985. Por fin, buscando develar la formación silenciosa de una constelación estética de dolores, que siguen resonando con traumas dictatoriales en tiempo presente, escuchar hasta el final las narraciones de la griots Nona Fernández, La dimensión disconocida (2016); Mariana Enríquez, Nuestra parte de noche (2019); y Claudia Lage, El cuerpo sin fin (2019). En ese sentido, esta tesis tiene el camino investigativo guiado por un hacer crítico que no busca ser sólo un discurso sobre ese pasado, ni tratarlo como algo finito, sino abordarlo a través de una reflexión, en la que memoria, cuerpo y cruce de idiomas en tiempo presente. Una reflexión permeada por categorías de pensamiento, como: memoria y huella, de Paul Ricoeur; escritura, de Roland Barthes; frontería, de Abril Trigo; firma, de Jacques Derrida; contemporánea, de Giorgio Agamben; paisaje, de Michel Collot; arte transmoderno, de Enrique Dussel; y compartir lo sensible, de Jacques Rancière.application/pdfporDitaduraLinguagem e línguasNarrativa contemporâneaMemóriaAmérica LatinaNarrativa contemporáneaDictaduraAmérica LatinaMemoriaAssinatura rasurada: cinzas, sombras e formas em travessia na América Latinainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2022doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001144181.pdf.txt001144181.pdf.txtExtracted Texttext/plain937203http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/241742/2/001144181.pdf.txt1698409804ae6b4144624e402d59a1c2MD52ORIGINAL001144181.pdfTexto completoapplication/pdf34594683http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/241742/1/001144181.pdf67df16f277311b4bd554be1da750c495MD5110183/2417422022-07-06 04:57:54.216958oai:www.lume.ufrgs.br:10183/241742Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-07-06T07:57:54Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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