Agronegócio e a reprodução sociocultural das famílias assentadas : ofensivas e resistências – município de Candiota-RS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ribeiro, Juliane Soares
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/258749
Resumo: A pesquisa intitulada “Agronegócio e a reprodução sociocultural das famílias assentadas: ofensivas e resistências _ município de Candiota-RS” teve como objetivo diagnosticar como passam a viver e a se reproduzir as famílias assentadas que optaram pelo modo de produção do agronegócio, analisando como essas mudanças se materializam nas relações socioculturais, dando atenção também para a especificidade das práticas sociais educativas. Buscou-se, também, compreender o assentamento como território de disputa de projetos de desenvolvimento para o campo brasileiro e identificar, nesses territórios, práticas/experiências contra-hegemônicas de organização e produção das famílias assentadas, verificando nessas práticas como se constituem os processos educativos desses sujeitos assentados. Tomamos como principais referenciais teóricos: Prado Jr. (1956), Stedile (2011), Delgado (2012), Martins (2019), Marx (1983), Antunes (2004), Brandão (2008), Gramsci (1999) e Arroyo (1991). A pesquisa empírica aconteceu nos Assentamentos Conquista dos Cerros e Conquista do Paraíso, no município de Candiota-RS. A problemática que motivou essa investigação se propôs a analisar em que aspectos o modelo produtivo hegemônico do agronegócio, ao ir se implementando nos assentamentos da Reforma Agrária, interfere na reprodução sociocultural das famílias assentadas, na qual a educação também está presente. Nosso caminho metodológico deu-se através de entrevistas abertas e semiestruturadas, que aconteceram, em um primeiro momento, de forma presencial e, devido à chegada da pandemia, também de forma virtual. Colaboraram com essa pesquisa 7 interlocutores, sendo esses assentados e técnicos com atuação nos assentamentos. Os resultados desse processo de pesquisa vão ao encontro da nossa problemática, pois é possível afirmar que a expansão do monocultivo da soja, sendo ela parte do projeto do agronegócio, reconfigura a organização da família e de todo o território, frente ao trabalho e à sociabilidade. Essa transformação resulta em um amplo processo de arrendamento dos lotes, numa relação de dependência entre arrendador e arrendatário e, consequentemente: na perda de autonomia sobre sua área; na mecanização do trabalho, fazendo com que o mesmo seja executado principalmente pelos homens; na desvalorização da diversidade e da produção de alimentos que influencia na dinâmica sociocultural da família; e no enfraquecimento do vínculo desses sujeitos assentados com as organizações sociais, em especial com o MST. Ainda, frente a essas contradições, conseguimos identificar, nesses territórios, práticas/experiências contra-hegemônicas de organização e produção das famílias assentadas. Estando estas materializadas na produção de sementes agroecológicas vinculadas a Bionatur, no leite, e no papel atuante das mulheres no cultivo do lote, garantindo a reprodução social da família.
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Tomamos como principais referenciais teóricos: Prado Jr. (1956), Stedile (2011), Delgado (2012), Martins (2019), Marx (1983), Antunes (2004), Brandão (2008), Gramsci (1999) e Arroyo (1991). A pesquisa empírica aconteceu nos Assentamentos Conquista dos Cerros e Conquista do Paraíso, no município de Candiota-RS. A problemática que motivou essa investigação se propôs a analisar em que aspectos o modelo produtivo hegemônico do agronegócio, ao ir se implementando nos assentamentos da Reforma Agrária, interfere na reprodução sociocultural das famílias assentadas, na qual a educação também está presente. Nosso caminho metodológico deu-se através de entrevistas abertas e semiestruturadas, que aconteceram, em um primeiro momento, de forma presencial e, devido à chegada da pandemia, também de forma virtual. Colaboraram com essa pesquisa 7 interlocutores, sendo esses assentados e técnicos com atuação nos assentamentos. Os resultados desse processo de pesquisa vão ao encontro da nossa problemática, pois é possível afirmar que a expansão do monocultivo da soja, sendo ela parte do projeto do agronegócio, reconfigura a organização da família e de todo o território, frente ao trabalho e à sociabilidade. Essa transformação resulta em um amplo processo de arrendamento dos lotes, numa relação de dependência entre arrendador e arrendatário e, consequentemente: na perda de autonomia sobre sua área; na mecanização do trabalho, fazendo com que o mesmo seja executado principalmente pelos homens; na desvalorização da diversidade e da produção de alimentos que influencia na dinâmica sociocultural da família; e no enfraquecimento do vínculo desses sujeitos assentados com as organizações sociais, em especial com o MST. Ainda, frente a essas contradições, conseguimos identificar, nesses territórios, práticas/experiências contra-hegemônicas de organização e produção das famílias assentadas. Estando estas materializadas na produção de sementes agroecológicas vinculadas a Bionatur, no leite, e no papel atuante das mulheres no cultivo do lote, garantindo a reprodução social da família.The research entitled “Agribusiness and the socioculture reproduction of settled families: offensives and resistances – municipality of Candiota-RS”, aimed to diagnose how the settled families who chose the agribusiness production mode began to live and reproduce, analyzing how these changes materialize in sociocultural relationships, also paying attention to the specificity of educational social practices. We also to understand the settlement as a diputed territory of development projects for the Brazilien agrarian and identify in these territories practices/ experiences against hegemonic organization and production of settled families, in these practices how the educational processes of these seated subjects are constituted. We take it as the main theoretical reference Prado Jr (1956), Stedile (2011), Delgado (2012), Martins (2019) Marx (1983), Antunes (2004), Brandão (2008), Gramsci (1999), Arroyo (1991). The empirical research took place in the Settlements Conquista dos Cerros and Conquista do Paraiso, in the municipality of Candiota/RS. The problem that motived this investigation was proposed to analyse in what aspect the hegemonic productive model of agribusiness, by implementing itself in the settlements of the Agrarian Reform, interferes in the sociocultural reproduction of settled families, in which education is also presente. Our methodological path took place through open interviews and semistructures that took place at first in person and, due to the advento of the pandemic, also virtual. Seven interlocutors collaborated with this research, these are settled and technical with work in the settlements. The results of this research process are in line with our problem, where it can be affirmed that the expansion of soybean monoculture, being part of the agribusiness project reconfigures the organization of the family and whole territory, facing work and sociability. This transformation results in a broad lease process of the lots, in a relationship of dependence between lessor and lessee and consequently in the loss of autonomy over its area; mechanization of the work, causing in to be performed mainly by men; in the devaluation of diversity and food production that influences the sociocultural dynamics of the family, and weakening the bond of these settled subjects with social organizations, in particular the MST. Furthemore, in the face of these contradictions, we were able to identify in these territories practices/experiences against hegemonic organization and production setlled families. Being these materialized in the production of agroecological seeds linked to Bionatur, in milk, and in the active role of women in the cultivation of the lot, ensuring the social reproduction of the family.application/pdfporReforma agráriaAssentamentoSociabilidadeAgribusinessSettlementsAgrarian reformSociabilityAgronegócio e a reprodução sociocultural das famílias assentadas : ofensivas e resistências – município de Candiota-RSinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de EducaçãoPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoPorto Alegre, BR-RS2022mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001169393.pdf.txt001169393.pdf.txtExtracted Texttext/plain290255http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/258749/2/001169393.pdf.txtb8b59511d1b41d79b37b3e0a9810d7fcMD52ORIGINAL001169393.pdfTexto completoapplication/pdf1426135http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/258749/1/001169393.pdff559f1650f171218c2aa6ae7bb0b1c75MD5110183/2587492023-06-02 03:30:07.290694oai:www.lume.ufrgs.br:10183/258749Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-06-02T06:30:07Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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