Estresse crônico variável : estudo de parâmetros bioquímicos e comportamentais
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1998 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/271055 |
Resumo: | O estresse causa alterações na homeostasia do organismo, acarretando a liberação de hormônios e neurotransmissores que visam preparar o organismo para responder à ação do estímulo estressante. Modelos de estresse em animais são bastante estudados. Alguns, por apresentarem como característica principal a previsibilidade, podem gerar respostas mais atenuadas ao agente estressar. Por esta razão, desenvolvemos em nosso laboratório um modelo de Estresse Crônico Variável, que apresenta como característica principal a imprevisibilidade. Ratos Wistar machos foram submetidos a 40 dias de Estresse Crônico Variável, causado por 7 agentes estressares diferentes, de duração variável e apresentados em diferentes períodos do dia. Estes animais, ao final do tratamento, apresentaram diminuição em seu peso corporal em comparação com os dos grupos controle e manipulado, porém não houve diferença no consumo de ração e água entre os grupos. O peso das glândulas adrenais nos animais estressados foi maior, o que caracteriza uma maior atividade desta glândula. Como os hormônios liberados em resposta ao estresse são hiperglicemiantes, foram analisados os níveis glicêmicos e os níveis de corticosterona nos modelos de estresse agudo e crônico. No caso do estresse agudo, 24 h após uma sessão de natação ou imobilização, não houve diferença nos níveis glicêmicos dos animais estressados. Na medida realizada imediatamente após uma sessão de imobilização, os animais estressados apresentaram maiores níveis glicêmicos do que os controles. Porém quando esta medida foi realizada após uma sessão de natação, não houve diferença significativa entre os grupos. Os níveis de corticosterona imediatamente após o estresse de natação e imobilização foram maiores nos animais estressados em comparação com os controles. No tratamento crônico, não se observaram alterações nos níveis de corticosterona e glicose plasmáticos medidos 24h após a última sessão de estresse. Nas medidas realizadas imediatamente após natação e imobilização, os animais estressados não apresentaram diferença nos níveis glicêmicos em comparação com os demais grupos. Os níveis de corticosterona apresentaram aumento na medida realizada após o estresse, mas somente em comparação com o grupo manipulado, sendo que somente após a imobilização este resultado foi significativo. Importante ressaltar que os manipulados apresentaram menores níveis de corticosterona em comparação com os controles, sugerindo que a manipulação seja um estresse leve que acarreta uma possível adaptação ao estresse diário. Sabe-se que a liberação contínua de hormônios do estresse, como glicocorticóides e adrenalina, pode causar danos em regiões cerebrais como o hipocampo, estrutura relacionada com processos de memória. Os animais foram submetidos assim a tarefas comportamentais como Esquiva Inibitória e Esquiva Ativa de Duas Vias, tarefas clássicas para testar memória. Os animais do grupo estressado apresentaram desempenho adequado para as tarefas. No Campo Aberto, os animais estressados apresentaram comportamento semelhante ao dos demais grupos, não apresentando alterações na atividade locomotora e nos comportamentos de exploração. Os níveis de dopamina e noradrenalina foram medidos em quatro regiões do cérebro, córtex, hipocampo, hipotálamo e amígdala, sendo que somente os níveis de dopamina apresentaram-se aumentados no córtex frontal. Nas outras estruturas, não houve alterações. Sabe-se que os estímulos estressantes podem modular a resposta nociceptiva. Os animais submetidos ao estresse e à manipulação apresentaram uma diminuição no limiar da dor, caracterizando hiperalgesia, que persistiu duas semanas após o término do tratamento no grupo estressado. Alterações no comportamento alimentar são relatadas como conseqüência do estresse, e, particularmente em um modelo semelhante a este, existem relatos demonstrando uma diminuição no consumo de soluções adocicadas. Os nossos resultados concordam com os dados da literatura. Os animais estressados apresentaram uma diminuição no consumo de alimento doce, no estado alimentado. Já no jejum este grupo é apenas diferente do grupo manipulado, que ingere maior quantidade de alimento doce. Após o término do tratamento, os animais estressados consomem alimento doce da mesma forma que os demais grupos. Estes resultados sugerem que este modelo de estresse representa efetivamente estresse crônico para os animais, visto que ocorre um aumento no peso das adrenais. Por outro lado, ocorre uma certa adaptação, pois a liberação de corticosterona e glicose nos animais crônicos apresenta um padrão diferente em relação ao estresse agudo. Nas tarefas comportamentais estudadas, não houve diferença entre os grupos. Em relação aos níveis de dopamina esses encontram-se aumentados somente no córtex frontal. Não houve alteração nos níveis de noradrenalina nas mesmas estruturas estudadas. Os animais estressados apresentam hiperalgesia que persiste duas semanas após o término do tratamento. Sob efeito do tratamento os animais estressados cronicamente ingerem menor quantidade alimento doce. |
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O peso das glândulas adrenais nos animais estressados foi maior, o que caracteriza uma maior atividade desta glândula. Como os hormônios liberados em resposta ao estresse são hiperglicemiantes, foram analisados os níveis glicêmicos e os níveis de corticosterona nos modelos de estresse agudo e crônico. No caso do estresse agudo, 24 h após uma sessão de natação ou imobilização, não houve diferença nos níveis glicêmicos dos animais estressados. Na medida realizada imediatamente após uma sessão de imobilização, os animais estressados apresentaram maiores níveis glicêmicos do que os controles. Porém quando esta medida foi realizada após uma sessão de natação, não houve diferença significativa entre os grupos. Os níveis de corticosterona imediatamente após o estresse de natação e imobilização foram maiores nos animais estressados em comparação com os controles. 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Alterações no comportamento alimentar são relatadas como conseqüência do estresse, e, particularmente em um modelo semelhante a este, existem relatos demonstrando uma diminuição no consumo de soluções adocicadas. Os nossos resultados concordam com os dados da literatura. Os animais estressados apresentaram uma diminuição no consumo de alimento doce, no estado alimentado. Já no jejum este grupo é apenas diferente do grupo manipulado, que ingere maior quantidade de alimento doce. Após o término do tratamento, os animais estressados consomem alimento doce da mesma forma que os demais grupos. Estes resultados sugerem que este modelo de estresse representa efetivamente estresse crônico para os animais, visto que ocorre um aumento no peso das adrenais. Por outro lado, ocorre uma certa adaptação, pois a liberação de corticosterona e glicose nos animais crônicos apresenta um padrão diferente em relação ao estresse agudo. Nas tarefas comportamentais estudadas, não houve diferença entre os grupos. Em relação aos níveis de dopamina esses encontram-se aumentados somente no córtex frontal. Não houve alteração nos níveis de noradrenalina nas mesmas estruturas estudadas. Os animais estressados apresentam hiperalgesia que persiste duas semanas após o término do tratamento. Sob efeito do tratamento os animais estressados cronicamente ingerem menor quantidade alimento doce. |
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