“Gerações de senzalas, Gerações de Liberdade : experiências de liberdade em Pelotas/RS, 1850/1888”

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinto, Natália Garcia
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/178162
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo analisar as buscas pela liberdade projetadas por escravos e libertos, durante o período de 1850/1888 no município de Pelotas, localizado no sul do Brasil. Investigo, sobretudo, a passagem da escravidão para a liberdade, tratando dos padrões de alforria e da inserção social dos libertos. Entre as questões que norteiam a pesquisa uma central é de analisar quais foram os mecanismos da alforria agenciados pelos cativos, assim como, investigar trajetórias de africanos libertos e de como estes sujeitos vivenciavam suas experiências de liberdade ainda dentro de uma sociedade escravista. O objetivo da tese é investigar sobre a passagem do cativeiro para a liberdade através dos padrões de alforria. Assim sendo, busco analisar a população alforriada, demonstrando o perfil do escravo liberto analisando às seguintes variáveis: a origem, o sexo, a profissão e os tipos de alforrias. As conclusões apontam para uma presença significativa de alforrias gratuitas e condicionais, tendo uma predominância de mulheres e escravos crioulos na obtenção da liberdade. No que tange a população de africanos, observou-se uma presença expressiva dos homens em todas as modalidades de alforria alcançadas por tais sujeitos. Fato este que aponta para uma singularidade do processo de manumissão comparado com outras regiões brasileiras. Além disso, entre os africanos, constatou-se que os oriundos da costa ocidental eram alforriados em proporção maior do que os demais grupos de africanos presentes na sociedade escravista de Pelotas. Nas linhas que se seguem, pretendo analisar as estratégias elaboradas por esta população africana para fazer-se livre dentro de um período ainda de vigência da escravidão e os arranjos feitos para a conquista da carta de liberdade. Tal conquista não foi apenas produto da força do libertando, mas muitas vezes envolvia projetos familiares e redes de solidariedade. De acordo com a investigação veremos que a liberdade nessa sociedade escravista ora analisada era uma construção feita no cotidiano de homens e mulheres escravizados, que muitas vezes tinha início com a alforria, todavia manter-se livre dentro de uma sociedade hierárquica escravista era um longo e difícil caminho para essas pessoas. Outro objetivo que persigo na tese é de analisar as experiências de liberdade de um grupo de vinte e seis indivíduos africanos libertos, especialmente os afro-ocidentais, oriundos da Costa da Mina. A partir de estudos de casos desses ex-escravizados tento compreender como estes sujeitos conseguiram sobreviver dentro de uma sociedade escravista e racializada no Oitocentos e como essas pessoas alcançaram alguma mobilidade social e econômica durante a vida em liberdade. Os fragmentos das trajetórias individuais e coletivas dos sujeitos ora investigados apontaram para uma comunidade pautada por fortes laços de parentesco étnico. A vida ou a sobrevivência em liberdade (ou a sobrevivência) destes indivíduos foi reorganizada e reelaborada na diáspora na América em torno do parentesco étnico, lutando pela liberdade e por espaços de cidadania dentro da escravidão brasileira.
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Assim sendo, busco analisar a população alforriada, demonstrando o perfil do escravo liberto analisando às seguintes variáveis: a origem, o sexo, a profissão e os tipos de alforrias. As conclusões apontam para uma presença significativa de alforrias gratuitas e condicionais, tendo uma predominância de mulheres e escravos crioulos na obtenção da liberdade. No que tange a população de africanos, observou-se uma presença expressiva dos homens em todas as modalidades de alforria alcançadas por tais sujeitos. Fato este que aponta para uma singularidade do processo de manumissão comparado com outras regiões brasileiras. Além disso, entre os africanos, constatou-se que os oriundos da costa ocidental eram alforriados em proporção maior do que os demais grupos de africanos presentes na sociedade escravista de Pelotas. Nas linhas que se seguem, pretendo analisar as estratégias elaboradas por esta população africana para fazer-se livre dentro de um período ainda de vigência da escravidão e os arranjos feitos para a conquista da carta de liberdade. Tal conquista não foi apenas produto da força do libertando, mas muitas vezes envolvia projetos familiares e redes de solidariedade. De acordo com a investigação veremos que a liberdade nessa sociedade escravista ora analisada era uma construção feita no cotidiano de homens e mulheres escravizados, que muitas vezes tinha início com a alforria, todavia manter-se livre dentro de uma sociedade hierárquica escravista era um longo e difícil caminho para essas pessoas. Outro objetivo que persigo na tese é de analisar as experiências de liberdade de um grupo de vinte e seis indivíduos africanos libertos, especialmente os afro-ocidentais, oriundos da Costa da Mina. A partir de estudos de casos desses ex-escravizados tento compreender como estes sujeitos conseguiram sobreviver dentro de uma sociedade escravista e racializada no Oitocentos e como essas pessoas alcançaram alguma mobilidade social e econômica durante a vida em liberdade. Os fragmentos das trajetórias individuais e coletivas dos sujeitos ora investigados apontaram para uma comunidade pautada por fortes laços de parentesco étnico. A vida ou a sobrevivência em liberdade (ou a sobrevivência) destes indivíduos foi reorganizada e reelaborada na diáspora na América em torno do parentesco étnico, lutando pela liberdade e por espaços de cidadania dentro da escravidão brasileira.This research aims to analyze the pursuit for freedom designed by slaves and freedmen, during the period of 1850/1888 in the municipality of Pelotas, located in the south of Brazil. I investigate, above all, the transition from slavery to freedom, dealing with the standards of manumission and the social insertion of freedmen. Among the questions that guide the research, a central one is to analyze which were the agency mechanisms run by the captives, as well as to investigate the trajectories of freed Africans and how these subjects lived their experiences of freedom within a slave society. The purpose of the thesis is to investigate the passage from captivity to freedom through the standards of manumission. Therefore, I try to analyze the freed population, demonstrating the profile of the freed slaves by analyzing the following variables: origins, gender, occupation and types of manumission. The conclusions point to a significant presence of free and conditional manumissions, with a predominance of Creole slaves and women in obtaining freedom. With regard to the African population, there was an expressive presence of men in all modes of manumission achieved by such subjects. This fact points to a singularity of the manumission process compared to other Brazilian regions. Moreover, among the Africans, it was found that those from the West Coast were freed in greater proportion than the other groups of Africans present in the slave society of Pelotas. In the following lines, I intend to analyze the strategies developed by this African population that struggled to obtain their release within a period where the force of slavery was prevalent and the arrangements made by the slaves for the conquest of manumission. This achievement was not only a product of the individual slave agency, but often involved family projects and solidarity networks. According to the investigation, freedom in the slave society analyzed here was a construction made in the daily life of enslaved men and women, who often began with manumission, yet remaining free within a slave hierarchical society was a long and difficult experience for these people. Another objective of the thesis is to analyze the experiences of freedom of a group of twenty-six freed African individuals, especially those from the West Coast (Costa da Mina). From some case studies of these ex-slaves, I try to understand how these subjects managed to survive within a racialized society in the nineteenth century and how these people attained some social and economic mobility during their free life. The fragments of individual and collective trajectories of the subjects investigated have pointed to a community based on strong ties of ethnic kinship. The life in freedom (or survival) of these individuals was reorganized and re-elaborated in the American diaspora around ethnic kinship, fighting for freedom and spaces of citizenship within Brazilian slavery.application/pdfporPelotas (RS)EscravidãoLiberdadeEscravismo : Rio Grande do Sul : HistoriaEscravos libertosSociedade escravagista : BrasilManumissionFreedomWestern AfricansFreedmen“Gerações de senzalas, Gerações de Liberdade : experiências de liberdade em Pelotas/RS, 1850/1888”info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em HistóriaPorto Alegre, BR-RS2017doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001063803.pdf001063803.pdfTexto completoapplication/pdf2209026http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/178162/1/001063803.pdf6c656f389985f889cf96be9da7b3a7e8MD51TEXT001063803.pdf.txt001063803.pdf.txtExtracted Texttext/plain617348http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/178162/2/001063803.pdf.txt8efb7f743186efb0b299a229e37b122aMD5210183/1781622018-05-13 02:31:31.662397oai:www.lume.ufrgs.br:10183/178162Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-05-13T05:31:31Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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