O trágico e o demoníaco em "O evangelho segundo Jesus Cristo", de Saramago

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinheiro, Vanessa Neves Riambau
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/10789
Resumo: Este estudo realiza uma análise de O Evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago, partindo do pressuposto de que a obra recupera circunstâncias presentes no trágico grego, lhe oferecendo nova roupagem. Avaliamos, através deste estudo, que determinados fatores pertinentes à época grega, tais como a culpa e a inevitável submissão a um destino inexorável, permanecem intactos. Porém, como as tragédias gregas não mais existem, algumas mudanças no modus tragicus surgiram, tais como as forças que pesam sobre o herói e a sua atual disposição: o protagonista revela-se agora hesitante e questionador, e seu desfecho não é mais prenunciado pela moira implacável, e sim diretamente causado pela ação de um tirano. Para chegarmos a essas conclusões, realizamos um percurso que se iniciou na Grécia antiga, com o estudo de Aristóteles, até chegarmos aos pensadores contemporâneos, tais como Peter Szondi e George Steiner. A partir dessa pesquisa sobre o trágico, percebemos que a obra estudada encaixa-se no modo de ficção trágica formulado pelo crítico canadense Northrop Frye. Não obstante, consideramos que a narrativa recupera imagens, tais como a cruz, o deserto e o nevoeiro, que aparecem como indícios deste mundo obscuro, chamado por Frye de demoníaco. Cabe ressaltar que o mundo demoníaco é considerado pelo crítico como um modo de representação da ficção trágica. Frye em a Anatomia da crítica propõe quatro tipos de crítica, complementares entre si: histórica, ética, arquetípica e retórica. Em nosso estudo, nos embasamos principalmente nos conceitos formulados a partir da crítica histórica e da arquetípica. A primeira analisa os modos de ficção e mostra de que forma ocorre a ficção que se pretende trágica, e a última, por sua vez, privilegia os mitos e as imagens suscitadas a partir deles. Assim, pudemos nos apropriar dessas definições trabalhadas pelo teórico para embasar nossa hipótese, ou seja, para podermos verificar a tragicidade existente em O Evangelho segundo Jesus Cristo.
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Para chegarmos a essas conclusões, realizamos um percurso que se iniciou na Grécia antiga, com o estudo de Aristóteles, até chegarmos aos pensadores contemporâneos, tais como Peter Szondi e George Steiner. A partir dessa pesquisa sobre o trágico, percebemos que a obra estudada encaixa-se no modo de ficção trágica formulado pelo crítico canadense Northrop Frye. Não obstante, consideramos que a narrativa recupera imagens, tais como a cruz, o deserto e o nevoeiro, que aparecem como indícios deste mundo obscuro, chamado por Frye de demoníaco. Cabe ressaltar que o mundo demoníaco é considerado pelo crítico como um modo de representação da ficção trágica. Frye em a Anatomia da crítica propõe quatro tipos de crítica, complementares entre si: histórica, ética, arquetípica e retórica. Em nosso estudo, nos embasamos principalmente nos conceitos formulados a partir da crítica histórica e da arquetípica. A primeira analisa os modos de ficção e mostra de que forma ocorre a ficção que se pretende trágica, e a última, por sua vez, privilegia os mitos e as imagens suscitadas a partir deles. Assim, pudemos nos apropriar dessas definições trabalhadas pelo teórico para embasar nossa hipótese, ou seja, para podermos verificar a tragicidade existente em O Evangelho segundo Jesus Cristo.This study undertakes an analysis of The Gospel According to Jesus Christ, by José Saramago based on the assumptions that the work recovers elements present in Greek tragedy, giving it new treatment. We consider, through this study, that certain factors pertaining to the Greek context, such as guilt and an inevitable submission to an inexorable destiny, remain intact. However, as Greek tragedies no longer exist, some changes in the modus tragicus appeared, such as forces that weigh upon the hero and his current disposition: the protagonist now discloses himself as hesitating and inquisitive and his ending is not dictated by the implacable moira. Instead, it is directly caused by the action of a tyrant. In order to bring off such conclusions we traced a path that started back in Ancient Greece, with the study of Aristotle, and came up to contemporary thinkers such as Peter Szondi and George Steiner. Based on this research on the tragedy, we come to understand that the novel in question fits the mode of tragic fiction formulated by the Canadian critic Northrop Frye. Moreover, the narrative recovers images, such as the cross, the desert and the fog, that appear as indications of the obscure world called demoniac by Frye. It is important to highlight that the demoniac world is considered by the critic as a mode of representation in tragic fiction. In his Anatomy of Criticism , Frye proposes four types of criticism that complement one another: historical, ethical, archetypical and rhetoric. Our study is chiefly based on the concepts formulated in historical and archetypical criticism. The former analyses the modes of fiction and shows how the allegedly tragic fiction works. The latter focuses on the myths and images occasioned by them. Thus, we were able to make use of the definitions worked out by the theoretician to embed our hypothesis, that is, to verify the tragicity present in The Gospel According to Jesus Christ.application/pdfporLiteratura portuguesaRomanceSaramago, José, 1922-2010Critica e interpretacaoTrágico na literaturaDemoníaco na literaturaTragicImagesDemoniacO trágico e o demoníaco em "O evangelho segundo Jesus Cristo", de Saramagoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2007mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000601205.pdf000601205.pdfTexto completoapplication/pdf310002http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/10789/1/000601205.pdf80980793e8730a5555098ccea877e65bMD51TEXT000601205.pdf.txt000601205.pdf.txtExtracted Texttext/plain220585http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/10789/2/000601205.pdf.txt847625e7f7c8871b63ea864cba0cd655MD52THUMBNAIL000601205.pdf.jpg000601205.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1026http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/10789/3/000601205.pdf.jpg50e5fd1f3b08be794063692dd1a1e2c9MD5310183/107892018-10-19 10:51:03.429oai:www.lume.ufrgs.br:10183/10789Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-19T13:51:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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