Glifosato ambiental e obesidade nas populações

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bruchêz, Adriane
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/255331
Resumo: A obesidade pandêmica é um fenômeno contemporâneo que atinge tanto os indivíduos quanto a sociedade, causando danos à saúde física e mental, e prejuízos econômicos e sociais. Além de fatores genéticos e desequilíbrio energético, comumente associados ao aumento de peso, tem-se descoberto outros fatores responsáveis pelo crescimento dos níveis da obesidade nas populações, dentre eles a exposição ambiental aos obesogênicos, substâncias químicas que alteram os hormônios de controle de peso, fazendo com que indivíduos expostos a certas substâncias no início da vida tenham alteradas suas células-tronco, tornando-as pré-programadas para ativação da adipogênese. Entre as substâncias analisadas em laboratório que apresentaram relação com a obesidade cabe destaque a um produto extensivamente utilizado na agricultura mundial, em especial na produção da soja, o agrotóxico glifosato. A pergunta que deve ser respondida é se o que se observa em animais de laboratório expostos ao agrotóxico também ocorre com populações humanas. Assim, o presente estudo teve por objetivo verificar se existe correlação entre a exposição ao glifosato e a ocorrência de obesidade em populações rurais. Ademais, cabe comparar os efeitos putativos da exposição ambiental ao glifosato com os outros fatores reconhecidos como determinantes da obesidade e sobrepeso nas populações. Para tanto, neste estudo usou-se dados agronômicos e demográficos municipais a partir de fontes institucionais públicas, para o estado do Rio Grande do Sul e outros estados do Brasil produtores de soja. Como principais resultados, verificou-se que nos municípios situados no Rio Grande do Sul ocorrem apenas correlações fracas entre o uso de glifosato nas lavouras e os índices de prevalência de obesidade nas populações eventualmente expostas aos aerossóis das pulverizações. Em outras regiões do Brasil produtoras de soja, pode-se verificar uma correlação significativa entre o uso agrícola do glifosato e a obesidade grave em adolescentes. Fatores reconhecidos com relação positiva com os índices de obesidade, de acordo com as mesmas fontes de dados, são: percentual de pessoas de 18 anos ou mais, insuficientemente ativas; consumo de alimentos preparados e misturas industriais; consumo de óleos e gorduras; consumo de sais e condimentos; e consumo de outras bebidas e infusões. Observou-se também as relações inversas reconhecidas entre os índices de obesidade e sobrepeso e o consumo de cereais, leguminosas, hortaliças e frutas e o consumo per capita de bebidas alcoólicas. Os resultados sugerem que no Rio Grande do Sul a exposição da população rural ao glifosato não se inclui entre os determinantes obesogênicos, contrastando com a obesogenicidade desse agrotóxico que se observa em animais experimentais em laboratório. Por outro lado, os resultados observados nas populações rurais de outras regiões do país sugerem a possibilidade de ocorrência de obesogenicidade transgeracional decorrente da exposição ao agrotóxico, tal como descrita em pesquisa laboratorial com animais. O contraste regional evidenciado pode ser devido aos diferentes graus de exposição das respectivas populações, decorrente de diferentes práticas no manuseio dos agrotóxicos, supostamente mais adequadas e melhor estabelecidas entre os agricultores do Rio Grande do Sul.
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Entre as substâncias analisadas em laboratório que apresentaram relação com a obesidade cabe destaque a um produto extensivamente utilizado na agricultura mundial, em especial na produção da soja, o agrotóxico glifosato. A pergunta que deve ser respondida é se o que se observa em animais de laboratório expostos ao agrotóxico também ocorre com populações humanas. Assim, o presente estudo teve por objetivo verificar se existe correlação entre a exposição ao glifosato e a ocorrência de obesidade em populações rurais. Ademais, cabe comparar os efeitos putativos da exposição ambiental ao glifosato com os outros fatores reconhecidos como determinantes da obesidade e sobrepeso nas populações. Para tanto, neste estudo usou-se dados agronômicos e demográficos municipais a partir de fontes institucionais públicas, para o estado do Rio Grande do Sul e outros estados do Brasil produtores de soja. Como principais resultados, verificou-se que nos municípios situados no Rio Grande do Sul ocorrem apenas correlações fracas entre o uso de glifosato nas lavouras e os índices de prevalência de obesidade nas populações eventualmente expostas aos aerossóis das pulverizações. Em outras regiões do Brasil produtoras de soja, pode-se verificar uma correlação significativa entre o uso agrícola do glifosato e a obesidade grave em adolescentes. Fatores reconhecidos com relação positiva com os índices de obesidade, de acordo com as mesmas fontes de dados, são: percentual de pessoas de 18 anos ou mais, insuficientemente ativas; consumo de alimentos preparados e misturas industriais; consumo de óleos e gorduras; consumo de sais e condimentos; e consumo de outras bebidas e infusões. Observou-se também as relações inversas reconhecidas entre os índices de obesidade e sobrepeso e o consumo de cereais, leguminosas, hortaliças e frutas e o consumo per capita de bebidas alcoólicas. Os resultados sugerem que no Rio Grande do Sul a exposição da população rural ao glifosato não se inclui entre os determinantes obesogênicos, contrastando com a obesogenicidade desse agrotóxico que se observa em animais experimentais em laboratório. Por outro lado, os resultados observados nas populações rurais de outras regiões do país sugerem a possibilidade de ocorrência de obesogenicidade transgeracional decorrente da exposição ao agrotóxico, tal como descrita em pesquisa laboratorial com animais. O contraste regional evidenciado pode ser devido aos diferentes graus de exposição das respectivas populações, decorrente de diferentes práticas no manuseio dos agrotóxicos, supostamente mais adequadas e melhor estabelecidas entre os agricultores do Rio Grande do Sul.Pandemic obesity is a contemporary phenomenon that affects both individuals and society, causing damage to physical and mental health, and economic and social losses. In addition to genetic factors and energy imbalance, commonly associated with weight gain, other factors responsible for the growth of obesity levels in populations have been discovered, including environmental exposure to obesogens, chemicals that alter weight control hormones, causing individuals exposed to certain substances early in life to have their stem cells altered, making them pre-programmed for the activation of adipogenesis. Among the substances analyzed in the laboratory that were related to obesity, a product extensively used in world agriculture, especially in soybean production, the pesticide glyphosate, stands out. The question that must be answered is whether what is observed in laboratory animals exposed to pesticides also occurs in human populations. Thus, the present study aimed to verify whether there is a correlation between exposure to glyphosate and the occurrence of obesity in rural populations. Furthermore, it is worth comparing the putative effects of environmental exposure to glyphosate with the other factors recognized as determinants of obesity and overweight in populations. Therefore, this study used municipal agronomic and demographic data from public institutional sources, for the state of Rio Grande do Sul and other soybean producing states in Brazil. As main results, it was found that in the municipalities located in Rio Grande do Sul, there are only weak correlations between the use of glyphosate in crops and the prevalence rates of obesity in populations eventually exposed to spray aerosols. In other soy-producing regions of Brazil, a significant correlation can be seen between agricultural use of glyphosate and severe obesity in adolescents. Factors recognized with a positive relationship wi Factors recognized with a positive relationship with obesity rates, according to the same data sources, are: percentage of people aged 18 or over who are insufficiently active; consumption of prepared foods and industrial mixtures; consumption of oils and fats; consumption of salts and spices; and consumption of other beverages and infusions. The inverse relationships recognized between obesity and overweight rates and the consumption of cereals, legumes, vegetables and fruits and the per capita consumption of alcoholic beverages were also observed. The results suggest that in Rio Grande do Sul the exposure of the rural population to glyphosate is not included among the obesogenic determinants, contrasting with the obesogenicity of this pesticide that is observed in experimental animals in the laboratory. On the other hand, the results observed in rural populations in other regions of the country suggest the possibility of occurrence of transgenerational obesogenicity resulting from exposure to pesticides, as described in laboratory research with animals. The regional contrast evidenced may be due to the different degrees of exposure of the respective populations, resulting from different practices in the handling of pesticides, supposedly more adequate and better established among farmers in Rio Grande do Sul.application/pdfporObesidadeGlifosatoEpigenéticaAgrotóxicoObesityExposure to glyphosateObesogenic environmentTransgenerational epigeneticsEndocrine-disrupting chemicalsGlifosato ambiental e obesidade nas populaçõesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulCentro de Estudos e Pesquisas em AgronegóciosPrograma de Pós-Graduação em AgronegóciosPorto Alegre, BR-RS2022doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001163638.pdf.txt001163638.pdf.txtExtracted Texttext/plain127461http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/255331/2/001163638.pdf.txt0ea7dc7393f73b0f6a721ee848322746MD52ORIGINAL001163638.pdfTexto parcialapplication/pdf483004http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/255331/1/001163638.pdf6b55296c282419435f972307bcc64593MD5110183/2553312023-03-05 03:23:24.654707oai:www.lume.ufrgs.br:10183/255331Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-03-05T06:23:24Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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