A experiência da dor lombar crônica em mulheres do assentamento rural "Filhos de Sepé"

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Quijano, Angela Reyna
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/151416
Resumo: A dor lombar crônica é um tema relevante, porém, poucos estudos abordam a perspectiva da experiência do sujeito nessa condição e no contexto rural. O objetivo deste estudo foi interpretar a experiência e a vivência da dor lombar crônica no cotidiano de mulheres de um assentamento rural. Trata-se de um estudo qualitativo embasado no referencial teórico da Antropologia e da Fenomenologia, que teve como sujeitos da pesquisa seis mulheres adultas com dor lombar crônica que trabalhavam na cooperativa do assentamento rural chamado “Filhos de Sepé”, localizado no município de Viamão, no estado do Rio Grande do Sul – Brasil. Realizamos, com cada participante, três encontros no período de agosto de 2015 a julho de 2016, totalizando 18 entrevistas. Em cada encontro, além da entrevista semiestruturada, fomos construindo junto com as participantes, a partir da técnica de narrativa de mapas corporais (Gastaldo, Magalhães, Carrasco & Davy, 2012), uma representação gráfica do seu corpo fundamentada na temática proposta, a qual envolvia a utilização de elementos como colagens e desenhos. Essa narrativa de mapas corporais teve a função de complementar e explorar com maior profundidade as temáticas desenvolvidas durante as entrevistas semiestruturadas. O diário de campo, também foi um instrumento para registro de informações relevantes durante o período de aproximação com o campo e na realização do estudo. Convivemos com as mulheres que trabalhavam na cooperativa do assentamento um turno por semana durante o período de coleta de informações. A partir desse convívio, conhecemos um pouco da rotina de trabalho dessas mulheres, trocamos ideias, nos aproximamos e fomos convidando-as para participarem das entrevistas. As entrevistas foram gravadas em meio digital e transcritas na íntegra, constituindo-se em material empírico para análise. Iniciamos o processo analítico com uma leitura ampla das entrevistas e, posteriormente, começamos a definição de códigos analíticos e categorização. Como achados, apreendeu-se que as mulheres não problematizam a dor crônica como o fazem com as questões relacionadas ao papel feminino. As repercussões desfavoráveis geradas pelos silêncios sobre certos eventos da vida são percebidas pelas mulheres, fazendo-as contestá-los. Contestam os silêncios e não repetem com as gerações que se seguem. Já a dor, o trabalho, a jornada dupla desde a infância são categorias percebidas no corpo físico, mas não são questionadas ou problematizadas pelo corpo social. O evento de dor existiu, e ele é marcado na vida dessas mulheres. Todas têm clareza de como se deu esse evento, como ele deslocou a vida delas e como enfrentam a dor. Agora, em nenhum momento pensam que poderia ter sido diferente e também não se consideram doentes, de certa forma naturalizando a dor. Tanto os deslocamentos como as estratégias de enfrentamento experenciadas pelas mulheres assentadas são intersubjetivamente construídas e as ações e os comportamentos pertencentes a essas categorias são constituídas nas negociações e renegociações de significados que o grupo vai estabelecendo. Disso tudo fica a importância da interpretação da condição crônica desde uma perspectiva multidimensional para o desenvolvimento de intervenções contextualizada afim de constituir experiências que sejam significativas.
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Em cada encontro, além da entrevista semiestruturada, fomos construindo junto com as participantes, a partir da técnica de narrativa de mapas corporais (Gastaldo, Magalhães, Carrasco & Davy, 2012), uma representação gráfica do seu corpo fundamentada na temática proposta, a qual envolvia a utilização de elementos como colagens e desenhos. Essa narrativa de mapas corporais teve a função de complementar e explorar com maior profundidade as temáticas desenvolvidas durante as entrevistas semiestruturadas. O diário de campo, também foi um instrumento para registro de informações relevantes durante o período de aproximação com o campo e na realização do estudo. Convivemos com as mulheres que trabalhavam na cooperativa do assentamento um turno por semana durante o período de coleta de informações. A partir desse convívio, conhecemos um pouco da rotina de trabalho dessas mulheres, trocamos ideias, nos aproximamos e fomos convidando-as para participarem das entrevistas. As entrevistas foram gravadas em meio digital e transcritas na íntegra, constituindo-se em material empírico para análise. Iniciamos o processo analítico com uma leitura ampla das entrevistas e, posteriormente, começamos a definição de códigos analíticos e categorização. Como achados, apreendeu-se que as mulheres não problematizam a dor crônica como o fazem com as questões relacionadas ao papel feminino. As repercussões desfavoráveis geradas pelos silêncios sobre certos eventos da vida são percebidas pelas mulheres, fazendo-as contestá-los. Contestam os silêncios e não repetem com as gerações que se seguem. Já a dor, o trabalho, a jornada dupla desde a infância são categorias percebidas no corpo físico, mas não são questionadas ou problematizadas pelo corpo social. O evento de dor existiu, e ele é marcado na vida dessas mulheres. Todas têm clareza de como se deu esse evento, como ele deslocou a vida delas e como enfrentam a dor. Agora, em nenhum momento pensam que poderia ter sido diferente e também não se consideram doentes, de certa forma naturalizando a dor. Tanto os deslocamentos como as estratégias de enfrentamento experenciadas pelas mulheres assentadas são intersubjetivamente construídas e as ações e os comportamentos pertencentes a essas categorias são constituídas nas negociações e renegociações de significados que o grupo vai estabelecendo. Disso tudo fica a importância da interpretação da condição crônica desde uma perspectiva multidimensional para o desenvolvimento de intervenções contextualizada afim de constituir experiências que sejam significativas.Chronic low back pain is a relevant issue; however, few studies have addressed the perspective of the subject's experience in this condition and in the rural context. The aim of this study was to interpret the experience of chronic low back pain in everyday life of women from a rural settlement. This is a qualitative study grounded in the theoretical framework of Anthropology and Phenomenology and had as research subjects six adult women with chronic low back pain who worked in a cooperative of a rural settlement called "Filhos de Sepé” located in the city of Viamão, in the state of Rio Grande do Sul - Brazil. We conducted with each participant three interviews from July 2015 to July 2016 , totalling 18 interviews. At each meeting , besides semi-structured interview, we built together with participants the body maps narrative technique (Gastaldo, Magellan, Carrasco & Davy, 2012) , a graphical representation of the body based on a proposed theme , which involved the use of elements such as collages and drawings. This narrative of body maps had a complementary function of exploring in greater depth the subjects developed during the semi- structured interview. The field diary was also an instrument to record relevant information during the approach period with the field. We get along with women that worked in the settlement cooperative of one shift per week during the period of information gathering. From this interaction , we got acquainted with the routine work of these women , we exchange ideas, in order to invite them to participate in the interviews. The interviews were recorded in digital media and transcribed, being an empirical material for analysis. The analytical process begun with a broad reading of the interviews and later started the definition of analytical and categorization codes. As findings, it seized that women do not question the chronic pain as they do with issues related to women's role. The unfavorable repercussions generated by silences on certain life events are perceived by women, making them challenge them . Challenge the silence and do not repeat with the generations that follow. Already the pain, work, double journey since childhood are categories perceived in the physical body , but are not questioned or problematized by the social body. The pain event existed, and it is marked in the lives of these women. All have clear how was this event , how it shifted their lives and how difficult is to face the pain . Now, any time they think it could have been different and also do not consider themselves as sick person , in a way of naturalizing pain. Both, shifts as the coping strategies are intersubjectively constructed and the actions and behaviors belonging to these categories are made by negotiations and renegotiations of meanings that the group will establish . Above all the interpretation of the chronic condition should be from a multidimensional perspective to develop contextualized interventions in order to provide a meaningful experiences.application/pdfporDor lombarDor crônicaPopulação ruralFisioterapiaChronic low back painRural populationQualitative researchA experiência da dor lombar crônica em mulheres do assentamento rural "Filhos de Sepé"info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de Educação FísicaPrograma de Pós-Graduação em Ciências do Movimento HumanoPorto Alegre, BR-RS2016.mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001012064.pdf001012064.pdfTexto completoapplication/pdf2107266http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/151416/1/001012064.pdfd13154e5e771947c56cc297d6f6823daMD51TEXT001012064.pdf.txt001012064.pdf.txtExtracted Texttext/plain353536http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/151416/2/001012064.pdf.txt794b88b8742d051027be9b647f9c378cMD5210183/1514162017-02-09 02:21:52.083948oai:www.lume.ufrgs.br:10183/151416Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532017-02-09T04:21:52Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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