“A gente foi trazendo os chás, foi plantando, foi aprendendo” : agricultoras, plantas medicinais e a ordem do discurso
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/252215 |
Resumo: | O tema central desta tese é o saber popular sobre plantas medicinais e como agricultoras estudam, cultivam e utilizam tais plantas. Propus como objetivos do estudo: conhecer os discursos das agricultoras sobre plantas medicinais, seus deslocamentos e rupturas; analisar suas experiências no cultivo e uso de plantas medicinais; identificar seus saberes sobre a implantação e regulamentação da fitoterapia na rede básica de saúde. Para atender aos objetivos propostos, utilizei o método da história oral e a pesquisa documental fundamentada no referencial teórico pós-estruturalista, apoiada nos Estudos Culturais, utilizando as ferramentas poder, saber e discurso de Michel Foucault. Através de entrevistas apresento a história oral temática de cinco agricultoras do Oeste Catarinense que plantam, utilizam e indicam plantas medicinais. Analiso seus discursos confrontados com o discurso governamental, representado pelas políticas públicas, com discursos profissionais e com diferentes discursos que se ocupam do tema e representam espaços de poder e saber. Tais discursos tendem a valorizar pesquisas clínicas, considerando os saberes populares como não científicos, subordinados aos saberes dos profissionais de saúde. Outros discursos incentivam e procuram organizar seus saberes e modos de fazer. Nos discursos das agricultoras, encontro formações discursivas que se unem e fortalecem o discurso: ser agricultora; superar o preconceito e as dificuldades impostas para se aperfeiçoar; adquirir conhecimento através de cursos, capacitações e pesquisa na internet; possuir uma caminhada, uma história com as plantas medicinais; participar de cursos para fortalecer sua prática; utilizar tecnologias como a internet; valorizar as plantas medicinais e desqualificar o conhecimento dos profissionais de saúde por não terem a prática da cadeia produtiva das plantas. Sobre a experiência das agricultoras no cultivo e indicação de plantas medicinais, as formações discursivas apontam o saber e poder do qual se sentem investidas; a prática que permite o conhecimento; entendem que o chá não destrói o organismo, é barato e eficaz; que suas atividades são respaldadas por profissionais; que possuem saber científico e agregam novas técnicas e se atualizam. Ao identificar os saberes das agricultoras sobre a implantação e regulamentação da fitoterapia na rede básica de saúde, aponto que elas não têm conhecimento sobre as portarias, manuais e demais publicações governamentais e questionam a autoridade do profissional de saúde e o espaço no Sistema Único de Saúde para quem conhece plantas medicinais. Dar voz e visibilidade às histórias destas agricultoras agregou novas habilidades em minha prática de enfermeira e docente, no sentido de juntar seus saberes para, em parceria, construirmos conhecimento na qualificação do cuidado e apresentar aos alunos outro olhar sobre tais saberes. Na perspectiva de divulgar os saberes das agricultoras entrevistadas, é possível acessar o documentário “A GENTE FOI TRAZENDO OS CHÁS, FOI PLANTANDO, FOI APRENDENDO”, produto desta tese, disponível no link: https://youtu.be/w3N5lVmBI5M. |
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Galli, Kiciosan da Silva BernardiKruse, Maria Henriqueta Luce2022-12-02T04:53:58Z2017http://hdl.handle.net/10183/252215001058678O tema central desta tese é o saber popular sobre plantas medicinais e como agricultoras estudam, cultivam e utilizam tais plantas. Propus como objetivos do estudo: conhecer os discursos das agricultoras sobre plantas medicinais, seus deslocamentos e rupturas; analisar suas experiências no cultivo e uso de plantas medicinais; identificar seus saberes sobre a implantação e regulamentação da fitoterapia na rede básica de saúde. Para atender aos objetivos propostos, utilizei o método da história oral e a pesquisa documental fundamentada no referencial teórico pós-estruturalista, apoiada nos Estudos Culturais, utilizando as ferramentas poder, saber e discurso de Michel Foucault. Através de entrevistas apresento a história oral temática de cinco agricultoras do Oeste Catarinense que plantam, utilizam e indicam plantas medicinais. Analiso seus discursos confrontados com o discurso governamental, representado pelas políticas públicas, com discursos profissionais e com diferentes discursos que se ocupam do tema e representam espaços de poder e saber. Tais discursos tendem a valorizar pesquisas clínicas, considerando os saberes populares como não científicos, subordinados aos saberes dos profissionais de saúde. Outros discursos incentivam e procuram organizar seus saberes e modos de fazer. Nos discursos das agricultoras, encontro formações discursivas que se unem e fortalecem o discurso: ser agricultora; superar o preconceito e as dificuldades impostas para se aperfeiçoar; adquirir conhecimento através de cursos, capacitações e pesquisa na internet; possuir uma caminhada, uma história com as plantas medicinais; participar de cursos para fortalecer sua prática; utilizar tecnologias como a internet; valorizar as plantas medicinais e desqualificar o conhecimento dos profissionais de saúde por não terem a prática da cadeia produtiva das plantas. Sobre a experiência das agricultoras no cultivo e indicação de plantas medicinais, as formações discursivas apontam o saber e poder do qual se sentem investidas; a prática que permite o conhecimento; entendem que o chá não destrói o organismo, é barato e eficaz; que suas atividades são respaldadas por profissionais; que possuem saber científico e agregam novas técnicas e se atualizam. Ao identificar os saberes das agricultoras sobre a implantação e regulamentação da fitoterapia na rede básica de saúde, aponto que elas não têm conhecimento sobre as portarias, manuais e demais publicações governamentais e questionam a autoridade do profissional de saúde e o espaço no Sistema Único de Saúde para quem conhece plantas medicinais. Dar voz e visibilidade às histórias destas agricultoras agregou novas habilidades em minha prática de enfermeira e docente, no sentido de juntar seus saberes para, em parceria, construirmos conhecimento na qualificação do cuidado e apresentar aos alunos outro olhar sobre tais saberes. Na perspectiva de divulgar os saberes das agricultoras entrevistadas, é possível acessar o documentário “A GENTE FOI TRAZENDO OS CHÁS, FOI PLANTANDO, FOI APRENDENDO”, produto desta tese, disponível no link: https://youtu.be/w3N5lVmBI5M.The core theme of this thesis is the popular knowledge about medicinal plants, especially regarding the way in which women growers study, cultivate and use such plants. As for the objectives of the study, we proposed: to know the discourses of growers about medicinal plants, their displacements and breakages; to analyze their experiences in the cultivation and use of medicinal plants; and to identify their knowledge about the deployment and regulation of phytotherapy in the primary health network. In order to meet the proposed objectives, we used the method of oral history and documentary research based on the post-structuralist theoretical framework, supported by Cultural Studies, using the tools of power, knowledge and discourse of Michel Foucault. Through interviews, we introduce the thematic oral history of five growers from the Western Region of Santa Catarina who plant, use and recommend medicinal plants. We analyze their discourses confronted with the governmental discourse, represented by public policies, with professional discourses and with different discourses addressing this theme and represent spaces of power and knowledge. Such discourses tend to appreciate clinical research, at the same time in which they consider popular knowledge as non-scientific, subordinated to the knowledge of health professionals. Other discourses encourage and seek to organize their knowledge and ways of doing. In the discourses of women growers, we can find discursive formations that come together to strengthen the discourse: to be a grower; to overcome prejudice and difficulties imposed to improve oneself; to acquire knowledge through courses, training and research on the Internet; to have a path, a history with medicinal plants; to take part in courses to strengthen their paractice; to use technologies such as the Internet; to appreciate medicinal plants and to disqualify the knowledge of health professionals due to the fact that they do not have the paractice of the productive chain of plants. Concerning the experience of women growers in the cultivation and recommendation of medicinal plants, the discursive formations highlight the knowledge and power of which they feel invested; the paractice that enables knowledge; they understand that tea does not destroy the body, in addition to being cheap and effective; that their activities are supported by professionals; and that they have scientific knowledge and add new techniques and update themselves. When identifying the knowledge of women growers about the deployment and regulation of phytotherapy in the primary health network, we can highlight that they are not aware of the ordinances, handbooks and other governmental publications and question the authority of the health professional and the space in the Brazilian Unified Health System for those who know about medicinal plants. By giving voice and visibility to the histories of these women growers, we added new skills to our paractice as nurses and teachers, with a view to joining their knowledge to collectively build knowledge in the qualification of care and to provide students with another look at such knowledge. With the prospect of disclosing the knowledge of the interviewed women growers, it is possible to access the documentary “WE HAVE BROUGHT TEAS, PLANTED, AND LEARNED”, product of this thesis, available at the following link: https://youtu.be/w3N5lVmBI5M.application/pdfporPlantas medicinaisFitoterapiaFoucault, Michel, 1926-1984Medicinal PlantsNursingPhytotherapy“A gente foi trazendo os chás, foi plantando, foi aprendendo” : agricultoras, plantas medicinais e a ordem do discursoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de Enfermagem2017Porto Alegre, BR-RS2017.doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001058678.pdf.txt001058678.pdf.txtExtracted Texttext/plain333426http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/252215/2/001058678.pdf.txtc0fd8d009cb5b8a7b97fc05131cf7557MD52ORIGINAL001058678.pdfTexto completoapplication/pdf3271802http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/252215/1/001058678.pdfdaa729764b4f8e0862e3794b94ba9926MD5110183/2522152022-12-03 06:11:40.384688oai:www.lume.ufrgs.br:10183/252215Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-12-03T08:11:40Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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