Carga de mortalidade do diabetes, risco de desenvolver diabetes ao longo da vida e anos de vida perdidos devido ao diabetes na população brasileira
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/199070 |
Resumo: | Introdução: Assim como na maioria dos países de baixa e média renda, a carga do diabetes no Brasil hoje se baseia em estimativas de prevalência auto referida e de mortalidade a partir de certificados de óbitos. A subjetividade na informação da causa de morte nos certificados de óbito, especialmente no contexto de doenças crônicas, é uma limitação para a correta estimação da carga de mortalidade do diabetes. Estatísticas mais sofisticadas e intuitivas para descrever a carga de doenças muitas vezes não estão disponíveis por falda de dados adequados. No contexto brasileiro, é possível combinar dados epidemiológicos provenientes de inquéritos populacionais, estatísticas nacionais e estudos longitudinais e adaptar os cálculos para obter estimativas importantes de excesso de mortalidade na população brasileira atribuível ao diabetes, o risco ao longo da vida de desenvolver diabetes e os anos de vida perdidos devido ao diabetes. Objetivos: Obter estatísticas de representatividade nacional que informem de forma mais sofisticada e intuitiva a carga do diabetes na população brasileira: Estimar para a população brasileira o número de mortes no Brasil que poderiam ter sido evitadas se a mortalidade entre indivíduos com e sem diabetes fosse a mesma, e a proporção do total de mortes que poderia ser atribuído ao diabetes no ano de 2013; E em uma perspectiva mais relacionável ao indivíduo, estimar o risco de desenvolver diabetes ao longo da vida (lifetime risk) e os anos de vida perdido devido ao diabetes (years of life lost) com base em dados populacionais de 2011 e 2012. Métodos: Para estimar o excesso de mortalidade devido ao diabetes na população brasileira em 2013 foram utilizados além de estatísticas nacionais (IBGE, SIM e DATASUS), a prevalência de diabetes auto referida com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e taxas de mortalidade para pessoas com e sem diabetes obtidas a partir da razão de taxa de mortalidade calculada com dados do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). O número absoluto de mortes atribuíveis ao diabetes foi calculado pela diferença do número de mortes resultantes da aplicação de cada taxa de mortalidade (de pessoas com e sem diabetes). A fração atribuível populacional é a proporção que as mortes devido ao diabetes representaram no total de mortes no Brasil em 2013. Para o cálculo do risco ao longo da vida de desenvolver diabetes e os anos de vida perdido devido à doença foi aplicado o modelo ‘Illness-death’. A incidência de diabetes foi estimada a partir dos dados do sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL) dos anos 2011 e 2016. As taxas de mortalidade para esses anos também foram derivadas da razão de taxas de mortalidade do ELSA-Brasil aplicadas a taxa de mortalidade total de cada ano disponível no SIM. O risco de vida estima a probabilidade de um indivíduo saudável em uma determinada idade desenvolver diabetes no seu tempo de vida restante e para estima-lo modelamos a incidência do diabetes e a taxa de mortalidade dos indivíduos sem diabetes. Para os anos de vida perdidos, que compara a expectativa de vida daqueles com e sem diabetes em uma mesma idade, adicionamos ao modelo a taxa de mortalidade dos indivíduos com diabetes. Resultados: Em 2013, entre indivíduos de 35 a 80 anos, 65,581 mortes, aproximadamente 9% do total de mortes daquele ano, poderiam ter sido evitadas se a taxa de mortalidade fosse a mesma entre indivíduos com e sem diabetes, sendo a proporção de mortes devido ao diabetes maior em homens (10.5%) do que em mulheres (7.2%). Pelos certificados de óbito de 2013, a proporção de mortes com diabetes como causa principal foi de 5%, e com menção de diabetes em qualquer linha do certificado foi de 10%, similar aos nossos resultados. Análises de sensibilidade demonstraram que, se considerarmos a proporção de diabetes não diagnosticada, a proporção de mortes atribuíveis ao diabetes em 2013 chega a 14% e nesse cenário ela é maior em mulheres (15.1%) do que em homens (13.7%). O risco de desenvolver diabetes, considerando indivíduos saudáveis aos 35 anos, foi maior em mulheres enquanto que os anos de vida perdido foram maiores no sexo masculino. Os resultados foram bastante semelhantes entre os anos de 2011 e 2016. Para os dados de 2016, uma mulher de 35 anos tem um risco de 41.3% de desenvolver diabetes antes de chegar aos 80 anos em homens esse risco é de 28%. Considerando uma expectativa de vida de 80 anos para aqueles sem diabetes, um homem diagnosticado com diabetes aos 35 anos perde 6.2 anos de vida, enquanto uma mulher perde 3.2 anos. Conclusão: Os dados desse trabalho são estimativas de representatividade nacional inéditas para o contexto brasileiro. A carga de mortalidade do diabetes até o momento só havia sido estimada por meio de certificados de óbitos, os quais, pelos nossos resultados podem subestimar a importância da diabetes. Nós observamos que a carga de mortalidade do diabetes no Brasil é relevante, e é especialmente alta quando consideramos a proporção de diabetes não diagnosticado. Os resultados de risco de desenvolver diabetes ao longo da vida e anos de vida perdido devido ao diabetes fornecem estimativas de fácil compressão e consideradas mais facilmente relacionáveis ao indivíduo, e por isso são consideradas úteis no contexto de educação em saúde e tomada de decisões. Os altos riscos e perda de vida observados enfatizam a importância de políticas de prevenção efetivas. |
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Bracco, Paula AndreghettoDuncan, Bruce Bartholow2019-09-10T03:39:02Z2019http://hdl.handle.net/10183/199070001095557Introdução: Assim como na maioria dos países de baixa e média renda, a carga do diabetes no Brasil hoje se baseia em estimativas de prevalência auto referida e de mortalidade a partir de certificados de óbitos. A subjetividade na informação da causa de morte nos certificados de óbito, especialmente no contexto de doenças crônicas, é uma limitação para a correta estimação da carga de mortalidade do diabetes. Estatísticas mais sofisticadas e intuitivas para descrever a carga de doenças muitas vezes não estão disponíveis por falda de dados adequados. No contexto brasileiro, é possível combinar dados epidemiológicos provenientes de inquéritos populacionais, estatísticas nacionais e estudos longitudinais e adaptar os cálculos para obter estimativas importantes de excesso de mortalidade na população brasileira atribuível ao diabetes, o risco ao longo da vida de desenvolver diabetes e os anos de vida perdidos devido ao diabetes. Objetivos: Obter estatísticas de representatividade nacional que informem de forma mais sofisticada e intuitiva a carga do diabetes na população brasileira: Estimar para a população brasileira o número de mortes no Brasil que poderiam ter sido evitadas se a mortalidade entre indivíduos com e sem diabetes fosse a mesma, e a proporção do total de mortes que poderia ser atribuído ao diabetes no ano de 2013; E em uma perspectiva mais relacionável ao indivíduo, estimar o risco de desenvolver diabetes ao longo da vida (lifetime risk) e os anos de vida perdido devido ao diabetes (years of life lost) com base em dados populacionais de 2011 e 2012. Métodos: Para estimar o excesso de mortalidade devido ao diabetes na população brasileira em 2013 foram utilizados além de estatísticas nacionais (IBGE, SIM e DATASUS), a prevalência de diabetes auto referida com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e taxas de mortalidade para pessoas com e sem diabetes obtidas a partir da razão de taxa de mortalidade calculada com dados do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). O número absoluto de mortes atribuíveis ao diabetes foi calculado pela diferença do número de mortes resultantes da aplicação de cada taxa de mortalidade (de pessoas com e sem diabetes). A fração atribuível populacional é a proporção que as mortes devido ao diabetes representaram no total de mortes no Brasil em 2013. Para o cálculo do risco ao longo da vida de desenvolver diabetes e os anos de vida perdido devido à doença foi aplicado o modelo ‘Illness-death’. A incidência de diabetes foi estimada a partir dos dados do sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL) dos anos 2011 e 2016. As taxas de mortalidade para esses anos também foram derivadas da razão de taxas de mortalidade do ELSA-Brasil aplicadas a taxa de mortalidade total de cada ano disponível no SIM. O risco de vida estima a probabilidade de um indivíduo saudável em uma determinada idade desenvolver diabetes no seu tempo de vida restante e para estima-lo modelamos a incidência do diabetes e a taxa de mortalidade dos indivíduos sem diabetes. Para os anos de vida perdidos, que compara a expectativa de vida daqueles com e sem diabetes em uma mesma idade, adicionamos ao modelo a taxa de mortalidade dos indivíduos com diabetes. Resultados: Em 2013, entre indivíduos de 35 a 80 anos, 65,581 mortes, aproximadamente 9% do total de mortes daquele ano, poderiam ter sido evitadas se a taxa de mortalidade fosse a mesma entre indivíduos com e sem diabetes, sendo a proporção de mortes devido ao diabetes maior em homens (10.5%) do que em mulheres (7.2%). Pelos certificados de óbito de 2013, a proporção de mortes com diabetes como causa principal foi de 5%, e com menção de diabetes em qualquer linha do certificado foi de 10%, similar aos nossos resultados. Análises de sensibilidade demonstraram que, se considerarmos a proporção de diabetes não diagnosticada, a proporção de mortes atribuíveis ao diabetes em 2013 chega a 14% e nesse cenário ela é maior em mulheres (15.1%) do que em homens (13.7%). O risco de desenvolver diabetes, considerando indivíduos saudáveis aos 35 anos, foi maior em mulheres enquanto que os anos de vida perdido foram maiores no sexo masculino. Os resultados foram bastante semelhantes entre os anos de 2011 e 2016. Para os dados de 2016, uma mulher de 35 anos tem um risco de 41.3% de desenvolver diabetes antes de chegar aos 80 anos em homens esse risco é de 28%. Considerando uma expectativa de vida de 80 anos para aqueles sem diabetes, um homem diagnosticado com diabetes aos 35 anos perde 6.2 anos de vida, enquanto uma mulher perde 3.2 anos. Conclusão: Os dados desse trabalho são estimativas de representatividade nacional inéditas para o contexto brasileiro. A carga de mortalidade do diabetes até o momento só havia sido estimada por meio de certificados de óbitos, os quais, pelos nossos resultados podem subestimar a importância da diabetes. Nós observamos que a carga de mortalidade do diabetes no Brasil é relevante, e é especialmente alta quando consideramos a proporção de diabetes não diagnosticado. Os resultados de risco de desenvolver diabetes ao longo da vida e anos de vida perdido devido ao diabetes fornecem estimativas de fácil compressão e consideradas mais facilmente relacionáveis ao indivíduo, e por isso são consideradas úteis no contexto de educação em saúde e tomada de decisões. Os altos riscos e perda de vida observados enfatizam a importância de políticas de prevenção efetivas.Introduction: As in most low- and middle-income countries, the information about the burden of diabetes in Brazil today is based on self-reported prevalence from national surveys and on mortality from death certificates. The subjectivity in the information of death certificates, especially in the context of the well-documented multi-causality of common chronic diseases, is a limitation for the correct estimation of the mortality burden of diabetes. In addition, more sophisticated and intuitive statistics to describe the burden of the disease are often not available due to the lack of proper data. In the Brazilian context, it is possible to combine epidemiological data from national surveys, national statistics and longitudinal studies and adapt them to obtain important estimates: the excess mortality attributable to diabetes, the lifetime risk of developing diabetes, and the years of life lost due to diabetes. Aims: Obtain more sophisticated and intuitive national representative statistics that describe the burden of diabetes in the Brazilian population. First, estimate the number of deaths in Brazil that could have been prevented if the mortality among individuals with and without diabetes were the same and the proportion of total deaths that could be attributed to diabetes, in the year 2013. Second, from a more individual perspective, estimate the lifetime risk of developing diabetes and the years of life lost due to diabetes based on population data for the years 2011 and 2012. Methods: We obtained diabetes prevalence from the Brazilian National Health Survey (PNS). We calculated the mortality rate for people with and without diabetes using the mortality rate ratio from ELSA-Brasil, a large, ongoing cohort study, and the all-cause mortality for the year 2013, the latter obtained from the Brazilian mortality information system. The absolute number of deaths associated with diabetes was calculated as the difference in the numbers of deaths resulting from each mortality rate. Population-attributable fraction was the proportion that the total deaths due to diabetes. We applied the illness-death model to obtain the lifetime risk and the years of life lost. We estimated incidence rates based on the Brazilian risk factor surveillance system (VIGITEL) using data from 2011 and 2016. For the lifetime risk calculation, we inputted these age- and sex-specific diabetes incidence rates and the mortality rate of those without diabetes in the population. For years of life lost, which compares the life expectancy of people with and without diabetes, we additionally input diabetes mortality rate. Results: In 2013, 65,581 deaths, approximately 9% of all deaths between the ages of 35-80, could have been prevented if the mortality rate were the same between those with and without known diabetes. A higher proportion of deaths was due to diabetes for men (10.5%) than for women (7.2%). From death certificates information, the proportion of deaths with diabetes as the underlying cause was 5%, and with diabetes listed anywhere on the death certificate was 10%, this latter similar to our results. The risk of developing diabetes, considering healthy individuals at age 35, was higher in women, while the years of life lost were greater in men. The results were quite similar between the years 2011 and 2016. For the 2016 data, a 35-year-old woman has a 41.3% risk of developing diabetes before reaching age 80, in men that risk is 28%. Considering a life expectancy of 80 years for those without diabetes, a man diagnosed with diabetes at age 35 loses 6.2 years of life, while a woman loses 3.2 years. Conclusion: This first report of the diabetes mortality burden in Brazil based on means other than death certificates suggests that mere estimates of prevalence and of mortality based only on death certificate information, underestimate the importance of diabetes. We found that the mortality burden of diabetes in Brazil approximately 50% greater in women and 100% greater in men than that reported in official statistics, and even higher if we consider the proportion of undiagnosed diabetes. More than a quarter of Brazilian men aged 35, and 4 in 10 similarly aged Brazilian are at risk of developing diabetes if they live to be 80. This lifetime risk of developing diabetes and the appreciable number of years of life lost due to diabetes are metrics of easy comprehension, and may be of use in health education and decision-making. The large risks and losses we found emphasize the importance of effective prevention policies.application/pdfporDiabetes mellitusMortalidadeEpidemiologiaPrevalênciaIncidênciaBrasilMortalityLifetime riskYears of life lostCarga de mortalidade do diabetes, risco de desenvolver diabetes ao longo da vida e anos de vida perdidos devido ao diabetes na população brasileirainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em EpidemiologiaPorto Alegre, BR-RS2019doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001095557.pdf.txt001095557.pdf.txtExtracted Texttext/plain164141http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/199070/2/001095557.pdf.txtd230d0a769bff192726fb84dbd7da6c6MD52ORIGINAL001095557.pdfTexto completoapplication/pdf1940815http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/199070/1/001095557.pdffca2b6bf382c9edd12c9fc2bfc8c8e98MD5110183/1990702022-09-01 05:01:45.172137oai:www.lume.ufrgs.br:10183/199070Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-09-01T08:01:45Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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Objetivos: Obter estatísticas de representatividade nacional que informem de forma mais sofisticada e intuitiva a carga do diabetes na população brasileira: Estimar para a população brasileira o número de mortes no Brasil que poderiam ter sido evitadas se a mortalidade entre indivíduos com e sem diabetes fosse a mesma, e a proporção do total de mortes que poderia ser atribuído ao diabetes no ano de 2013; E em uma perspectiva mais relacionável ao indivíduo, estimar o risco de desenvolver diabetes ao longo da vida (lifetime risk) e os anos de vida perdido devido ao diabetes (years of life lost) com base em dados populacionais de 2011 e 2012. 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Resultados: Em 2013, entre indivíduos de 35 a 80 anos, 65,581 mortes, aproximadamente 9% do total de mortes daquele ano, poderiam ter sido evitadas se a taxa de mortalidade fosse a mesma entre indivíduos com e sem diabetes, sendo a proporção de mortes devido ao diabetes maior em homens (10.5%) do que em mulheres (7.2%). Pelos certificados de óbito de 2013, a proporção de mortes com diabetes como causa principal foi de 5%, e com menção de diabetes em qualquer linha do certificado foi de 10%, similar aos nossos resultados. Análises de sensibilidade demonstraram que, se considerarmos a proporção de diabetes não diagnosticada, a proporção de mortes atribuíveis ao diabetes em 2013 chega a 14% e nesse cenário ela é maior em mulheres (15.1%) do que em homens (13.7%). O risco de desenvolver diabetes, considerando indivíduos saudáveis aos 35 anos, foi maior em mulheres enquanto que os anos de vida perdido foram maiores no sexo masculino. Os resultados foram bastante semelhantes entre os anos de 2011 e 2016. Para os dados de 2016, uma mulher de 35 anos tem um risco de 41.3% de desenvolver diabetes antes de chegar aos 80 anos em homens esse risco é de 28%. Considerando uma expectativa de vida de 80 anos para aqueles sem diabetes, um homem diagnosticado com diabetes aos 35 anos perde 6.2 anos de vida, enquanto uma mulher perde 3.2 anos. Conclusão: Os dados desse trabalho são estimativas de representatividade nacional inéditas para o contexto brasileiro. A carga de mortalidade do diabetes até o momento só havia sido estimada por meio de certificados de óbitos, os quais, pelos nossos resultados podem subestimar a importância da diabetes. Nós observamos que a carga de mortalidade do diabetes no Brasil é relevante, e é especialmente alta quando consideramos a proporção de diabetes não diagnosticado. 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