Um homem para chamar de seu : uma perspectiva genealógica da emergência da Política Nacional de Ação Integral à Saúde do Homem
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/80072 |
Resumo: | Quem é o homem que a Política Nacional de Atenção Integral à saúde do homem (PNAISH) chamará de seu? Com este questionamento tomamos a “saúde do homem” como um problema, ou seja, buscamos compreender o diagrama dos diversos movimentos que colocaram uma determinada compreensão do homem e do masculino na constituição da Política, analisando as tensões e as linhas de força que a constituem. Enquanto estratégia biopolítica, o enunciado de que o homem não cuida de sua saúde e outros discursos sobre o corpo social masculino marcam a produção social de masculinidades inscritas na história da saúde no Brasil. Para estas problematizações, fundamentamo-nos nas ferramentas teóricas e metodológicas da Psicologia Social, a partir do prisma pós-estruturalista, especialmente ao pensamento de Michel Foucault, na forma como o autor desenvolveu uma análise dos discursos e da emergência dos saberes na sua articulação com mecanismos e tecnologias de poder, em especial acerca do dispositivo da medicalização. Ademais, nos baseamos em autores que discutem as masculinidades, em especial pela analítica queer. O desenvolvimento da pesquisa tem primeiramente como corpus de análise o documento oficial da PNAISH, bem como leis, portarias e diário de campo dos Seminários de Saúde do Homem que ocorreram no Rio Grande do Sul. Em um segundo momento, a fim de conferir visibilidade à produção social das distintas figuras do masculino moralmente hierarquizadas na história da saúde no Brasil, parte-se de estudos que tanto retratam a saúde pública no país, bem como autores que problematizam os arranjos de masculinidades em determinados contextos histórico-sociais. Também nos utilizamos de personagens da literatura e da música brasileira como parte do campo de análise, inspirado pelos preceitos epistemológicos do personagem conceitual proposto na filosofia de Felix Guattari e Gilles Deleuze. A partir destes elementos, buscamos fazer uma releitura da história, onde masculinidades sujeitadas pelas ações eugênicas da medicalização dos corpos no país adquirem seu estatuto infame perante a sociedade. Percebe-se que estratégias de normalização colocam as masculinidades em movimento, onde a compartimentalização entre masculinidades legitimas e ilegítimas se constrói sobre o imperativo de homem ideal para a nação: trabalhador, pai de família, provedor. Estes preceitos, ancorados nos ideários de raça e classe social se ancoram em uma conjuntura da desigualdade social. Nesse processo de produção de masculinidades, muitas vezes, o último ponto de ancoragem social que inscrevem esses homens socialmente é uma virilidade violenta que se evidencia nos altos índices de morte por causas externas entre os homens. Em suma, evidenciamos a produção de masculinidades desprovidas de acesso aos direitos à saúde como direitos à vida, enquanto efeitos de uma longa história de medicalização do corpo social masculino, aspecto este, que adquire pouca visibilidade nas pesquisas que têm como cerne a saúde coletiva e/ou as relações de gênero e sexualidade. |
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Santos, Helen Barbosa dosNardi, Henrique Caetano2013-11-07T01:47:25Z2013http://hdl.handle.net/10183/80072000901994Quem é o homem que a Política Nacional de Atenção Integral à saúde do homem (PNAISH) chamará de seu? Com este questionamento tomamos a “saúde do homem” como um problema, ou seja, buscamos compreender o diagrama dos diversos movimentos que colocaram uma determinada compreensão do homem e do masculino na constituição da Política, analisando as tensões e as linhas de força que a constituem. Enquanto estratégia biopolítica, o enunciado de que o homem não cuida de sua saúde e outros discursos sobre o corpo social masculino marcam a produção social de masculinidades inscritas na história da saúde no Brasil. Para estas problematizações, fundamentamo-nos nas ferramentas teóricas e metodológicas da Psicologia Social, a partir do prisma pós-estruturalista, especialmente ao pensamento de Michel Foucault, na forma como o autor desenvolveu uma análise dos discursos e da emergência dos saberes na sua articulação com mecanismos e tecnologias de poder, em especial acerca do dispositivo da medicalização. Ademais, nos baseamos em autores que discutem as masculinidades, em especial pela analítica queer. O desenvolvimento da pesquisa tem primeiramente como corpus de análise o documento oficial da PNAISH, bem como leis, portarias e diário de campo dos Seminários de Saúde do Homem que ocorreram no Rio Grande do Sul. Em um segundo momento, a fim de conferir visibilidade à produção social das distintas figuras do masculino moralmente hierarquizadas na história da saúde no Brasil, parte-se de estudos que tanto retratam a saúde pública no país, bem como autores que problematizam os arranjos de masculinidades em determinados contextos histórico-sociais. Também nos utilizamos de personagens da literatura e da música brasileira como parte do campo de análise, inspirado pelos preceitos epistemológicos do personagem conceitual proposto na filosofia de Felix Guattari e Gilles Deleuze. A partir destes elementos, buscamos fazer uma releitura da história, onde masculinidades sujeitadas pelas ações eugênicas da medicalização dos corpos no país adquirem seu estatuto infame perante a sociedade. Percebe-se que estratégias de normalização colocam as masculinidades em movimento, onde a compartimentalização entre masculinidades legitimas e ilegítimas se constrói sobre o imperativo de homem ideal para a nação: trabalhador, pai de família, provedor. Estes preceitos, ancorados nos ideários de raça e classe social se ancoram em uma conjuntura da desigualdade social. Nesse processo de produção de masculinidades, muitas vezes, o último ponto de ancoragem social que inscrevem esses homens socialmente é uma virilidade violenta que se evidencia nos altos índices de morte por causas externas entre os homens. Em suma, evidenciamos a produção de masculinidades desprovidas de acesso aos direitos à saúde como direitos à vida, enquanto efeitos de uma longa história de medicalização do corpo social masculino, aspecto este, que adquire pouca visibilidade nas pesquisas que têm como cerne a saúde coletiva e/ou as relações de gênero e sexualidade.Who is the man attended by the Brazilian Policy of Integral Attention of Men’s Health? With this question in mind, we consider “men’s health” as a problem, in other words, we aim at understanding the diagram of several movements that built a determined comprehension of man and the masculinity in the political constitutions, analyzing its tensions and forces. As a biopolitical strategy, the statement that men do not take care of their health and other discourses on men’s social body underline the social production of masculinities inscribed in the health history of Brazil. To answer these questions, we use as a basis the theoretical and methodological tools of social psychology, from the poststructuralist perspective, especially the studies of Michel Foucault, in which the author developed an analysis of discourses and the emergence of knowledge in their relationship with mechanisms and technologies of power, especially on the device of medicalization. Furthermore, we also reviewed the studies of other authors on masculinities, especially in the queer analytical approach. The development of this research has, firstly, as its corpus of analysis, the official documentation of the Brazilian Policy of Integral Attention of Men’s Health, as well as related legislation and field diaries on the Men’s Health seminars that occurred in Rio Grande do Sul state. Afterwards, to highlight the social production of distinct male figures that are morally hierarchical in the history of health care in Brazil, we considered studies that portray public health in Brazil as well as authors that have questioned the arrangements of masculinities in specific historical and social contexts. Characters from Brazilian literature and music were used as part of the field of analysis, inspired by the epistemological precepts of the conceptual character proposed by the studies of Gilles Deleuze and Felix Guattari. Based on these elements, we made a re-reading of the history, in which masculinities subjected by eugenicactions of medicalization of bodies in Brazil acquired its infamous status in society. It is noticeable that the standardization strategies put masculinities in motion, in which compartmentalization between legitimate and illegitimate masculinities are build on the requirements of the ideal man for the nation: worker, father, provider. These precepts, anchored in the ideals of race and social class are anchored in a juncture of social inequality. In this process of production of masculinities, often the last point of social anchorage in which these men are socially inscribed is a violent virility that becomes evident in the high rates of death from external causes among men. To briefly summarize, we argue that the production of masculinities devoid of access to health rights as well as the right to live, as an effect of a long history of social medicalization of the male body. We should also consider that this topic is understudied in researches that have as their core public health and/or relations of gender and sexuality.application/pdfporMasculinidadeSaúde do homemUm homem para chamar de seu : uma perspectiva genealógica da emergência da Política Nacional de Ação Integral à Saúde do Homeminfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de PsicologiaPrograma de Pós-Graduação em Psicologia Social e InstitucionalPorto Alegre, BR-RS2013mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT000901994.pdf.txt000901994.pdf.txtExtracted Texttext/plain442535http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/80072/2/000901994.pdf.txtf1ea47250a7efedaf20fb84a1ee5f907MD52ORIGINAL000901994.pdf000901994.pdfTexto completoapplication/pdf3754208http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/80072/1/000901994.pdf572af21d946d5c0cbfcd698116ed8097MD51THUMBNAIL000901994.pdf.jpg000901994.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1217http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/80072/3/000901994.pdf.jpg6c06eebc1d23ab4654b2b73c5aa0ca45MD5310183/800722018-10-18 07:42:58.784oai:www.lume.ufrgs.br:10183/80072Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-18T10:42:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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