Cetoconazol na doença de Cushing

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Viecceli, Camila
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/254421
Resumo: O tratamento de primeira linha da Doença de Cushing (DC) é a cirurgia transesfenoidal (CTE). Com este tratamento, ocorre remissão a curto prazo em torno de 60-80%, porém, com taxas de recorrência em longo prazo entre 20 a 30%, mesmo naqueles que apresentaram remissão inicial. Para pacientes que não apresentaram remissão inicial, que tiveram recorrência e para aqueles com contraindicação cirúrgica, terapias medicamentosas são opções terapêuticas, sendo o cetoconazol uma das drogas disponíveis. O objetivo desta tese é apresentar os dados de uma coorte retrospectiva brasileira de pacientes que fizeram uso do cetoconazol em qualquer etapa de seu tratamento da DC, além de trazer uma revisão sistemática com metanálise sobre o uso do cetoconazol em seu melhor contexto: casos de não remissão após a realização de CTE. Em ambos os artigos, foi buscado avaliar a resposta ao tratamento e o perfil de segurança do cetoconazol em pacientes portadores de DC. Resultados: Na coorte retrospectiva, 33 pacientes se apresentaram com dados disponíveis para análise. Destes, 26 (78%) haviam realizado CTE previamente ao uso do cetoconazol, dos quais 5 (15%) pacientes haviam realizando também radioterapia e 7 utilizaram como tratamento primário. O tempo de uso do cetoconazol variou desde 14 dias até 14 anos e meio. Os pacientes controlados ou parcialmente controlados com o cetoconazol apresentaram cortisolúrias de 24 horas basais menores do que o grupo não controlado (vezes acima do LSN: 0,62 ± 0,41 vs. 5,3 ± 8,21; p < 0,005, respectivamente), além de CTE prévia com maior frequência (p < 0,04). A prevalência de não controlados se manteve estável ao longo do tempo, em torno de 30%, a despeito de ajustes de dose do cetoconazol ou associação com outras drogas, porém, 16 sem significância estatística. Do total, 22 pacientes tiveram resposta completa (66%), 3 pacientes tiveram resposta parcial (9%) e 8 pacientes não tiveram resposta ao tratamento (24%). Pacientes que utilizaram o cetoconazol após a realização de CTE apresentaram melhores taxas de remissão. Nove pacientes receberam cabergolina devido a não resposta clínica ao uso isolado do cetoconazol na dose máxima tolerada, porém, sem melhores resultados no controle do hipercortisolismo. Efeitos adversos leves como náuseas, vômitos, tonturas e inapetência foram descritos em 10 pacientes (30%), porém, apenas 4 pacientes apresentaram efeitos adversos mais sérios com necessidade de suspensão da medicação. Hipocalemia foi descrita em 10 pacientes em pelo menos 20 episódios. Na revisão sistemática com metanálise, dez estudos foram incluídos, sendo que não houve viés de publicação para as variáveis de remissão e ausência de remissão (p=0,06 e p=0,42 respectivamente). Na análise de 270 pacientes, houve remissão do hipercortisolismo em 151 pacientes, 63% (IC 95% 50 a 74%). Já a taxa de não remissão ocorreu em 61 pacientes 20% (IC 95% 10 e 35%). Na meta-regressão, foi verificado que nem a dose final, ou a duração do tratamento, ou o valor inicial da cortisolúria, apresentaram associação de efeito com a remissão do hipercortisolismo. Devido a escassez de dados não foi possível realizar metanálise de prevalência dos efeitos adversos. Conclusão: Dentro do cenário de saúde pública brasileiro, o cetoconazol se torna uma opção terapêutica relativamente segura para o tratamento daqueles casos de não remissão da DC com as terapêuticas convencionais ou na impossibilidade de realização da CTE como terapia primária. Na revisão sistemática com metanálise foi 17 demonstrado que o cetoconazol pode ser considerado uma opção eficiente e segura no tratamento da DC em atividade após cirurgia hipofisária.
id URGS_8cdff5f0966a0088b83fa2c5fcf46227
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/254421
network_acronym_str URGS
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
repository_id_str 1853
spelling Viecceli, CamilaCzepielewski, Mauro AntonioRodrigues, Ticiana da Costa2023-02-08T05:02:22Z2022http://hdl.handle.net/10183/254421001160592O tratamento de primeira linha da Doença de Cushing (DC) é a cirurgia transesfenoidal (CTE). Com este tratamento, ocorre remissão a curto prazo em torno de 60-80%, porém, com taxas de recorrência em longo prazo entre 20 a 30%, mesmo naqueles que apresentaram remissão inicial. Para pacientes que não apresentaram remissão inicial, que tiveram recorrência e para aqueles com contraindicação cirúrgica, terapias medicamentosas são opções terapêuticas, sendo o cetoconazol uma das drogas disponíveis. O objetivo desta tese é apresentar os dados de uma coorte retrospectiva brasileira de pacientes que fizeram uso do cetoconazol em qualquer etapa de seu tratamento da DC, além de trazer uma revisão sistemática com metanálise sobre o uso do cetoconazol em seu melhor contexto: casos de não remissão após a realização de CTE. Em ambos os artigos, foi buscado avaliar a resposta ao tratamento e o perfil de segurança do cetoconazol em pacientes portadores de DC. Resultados: Na coorte retrospectiva, 33 pacientes se apresentaram com dados disponíveis para análise. Destes, 26 (78%) haviam realizado CTE previamente ao uso do cetoconazol, dos quais 5 (15%) pacientes haviam realizando também radioterapia e 7 utilizaram como tratamento primário. O tempo de uso do cetoconazol variou desde 14 dias até 14 anos e meio. Os pacientes controlados ou parcialmente controlados com o cetoconazol apresentaram cortisolúrias de 24 horas basais menores do que o grupo não controlado (vezes acima do LSN: 0,62 ± 0,41 vs. 5,3 ± 8,21; p < 0,005, respectivamente), além de CTE prévia com maior frequência (p < 0,04). A prevalência de não controlados se manteve estável ao longo do tempo, em torno de 30%, a despeito de ajustes de dose do cetoconazol ou associação com outras drogas, porém, 16 sem significância estatística. Do total, 22 pacientes tiveram resposta completa (66%), 3 pacientes tiveram resposta parcial (9%) e 8 pacientes não tiveram resposta ao tratamento (24%). Pacientes que utilizaram o cetoconazol após a realização de CTE apresentaram melhores taxas de remissão. Nove pacientes receberam cabergolina devido a não resposta clínica ao uso isolado do cetoconazol na dose máxima tolerada, porém, sem melhores resultados no controle do hipercortisolismo. Efeitos adversos leves como náuseas, vômitos, tonturas e inapetência foram descritos em 10 pacientes (30%), porém, apenas 4 pacientes apresentaram efeitos adversos mais sérios com necessidade de suspensão da medicação. Hipocalemia foi descrita em 10 pacientes em pelo menos 20 episódios. Na revisão sistemática com metanálise, dez estudos foram incluídos, sendo que não houve viés de publicação para as variáveis de remissão e ausência de remissão (p=0,06 e p=0,42 respectivamente). Na análise de 270 pacientes, houve remissão do hipercortisolismo em 151 pacientes, 63% (IC 95% 50 a 74%). Já a taxa de não remissão ocorreu em 61 pacientes 20% (IC 95% 10 e 35%). Na meta-regressão, foi verificado que nem a dose final, ou a duração do tratamento, ou o valor inicial da cortisolúria, apresentaram associação de efeito com a remissão do hipercortisolismo. Devido a escassez de dados não foi possível realizar metanálise de prevalência dos efeitos adversos. Conclusão: Dentro do cenário de saúde pública brasileiro, o cetoconazol se torna uma opção terapêutica relativamente segura para o tratamento daqueles casos de não remissão da DC com as terapêuticas convencionais ou na impossibilidade de realização da CTE como terapia primária. Na revisão sistemática com metanálise foi 17 demonstrado que o cetoconazol pode ser considerado uma opção eficiente e segura no tratamento da DC em atividade após cirurgia hipofisária.application/pdfporSíndrome de CushingCetoconazolRevisão sistemáticaMetanáliseCetoconazol na doença de Cushinginfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Ciências Médicas: EndocrinologiaPorto Alegre, BR-RS2022doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001160592.pdf.txt001160592.pdf.txtExtracted Texttext/plain95619http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/254421/2/001160592.pdf.txt2f7d79a59f8909eb8e0f70725d26d4a7MD52ORIGINAL001160592.pdfTexto parcialapplication/pdf542569http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/254421/1/001160592.pdfe8bc6e6f7dbd7ef5b214e55c7a1fc33aMD5110183/2544212024-03-29 06:19:14.696254oai:www.lume.ufrgs.br:10183/254421Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532024-03-29T09:19:14Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Cetoconazol na doença de Cushing
title Cetoconazol na doença de Cushing
spellingShingle Cetoconazol na doença de Cushing
Viecceli, Camila
Síndrome de Cushing
Cetoconazol
Revisão sistemática
Metanálise
title_short Cetoconazol na doença de Cushing
title_full Cetoconazol na doença de Cushing
title_fullStr Cetoconazol na doença de Cushing
title_full_unstemmed Cetoconazol na doença de Cushing
title_sort Cetoconazol na doença de Cushing
author Viecceli, Camila
author_facet Viecceli, Camila
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Viecceli, Camila
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Czepielewski, Mauro Antonio
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Rodrigues, Ticiana da Costa
contributor_str_mv Czepielewski, Mauro Antonio
Rodrigues, Ticiana da Costa
dc.subject.por.fl_str_mv Síndrome de Cushing
Cetoconazol
Revisão sistemática
Metanálise
topic Síndrome de Cushing
Cetoconazol
Revisão sistemática
Metanálise
description O tratamento de primeira linha da Doença de Cushing (DC) é a cirurgia transesfenoidal (CTE). Com este tratamento, ocorre remissão a curto prazo em torno de 60-80%, porém, com taxas de recorrência em longo prazo entre 20 a 30%, mesmo naqueles que apresentaram remissão inicial. Para pacientes que não apresentaram remissão inicial, que tiveram recorrência e para aqueles com contraindicação cirúrgica, terapias medicamentosas são opções terapêuticas, sendo o cetoconazol uma das drogas disponíveis. O objetivo desta tese é apresentar os dados de uma coorte retrospectiva brasileira de pacientes que fizeram uso do cetoconazol em qualquer etapa de seu tratamento da DC, além de trazer uma revisão sistemática com metanálise sobre o uso do cetoconazol em seu melhor contexto: casos de não remissão após a realização de CTE. Em ambos os artigos, foi buscado avaliar a resposta ao tratamento e o perfil de segurança do cetoconazol em pacientes portadores de DC. Resultados: Na coorte retrospectiva, 33 pacientes se apresentaram com dados disponíveis para análise. Destes, 26 (78%) haviam realizado CTE previamente ao uso do cetoconazol, dos quais 5 (15%) pacientes haviam realizando também radioterapia e 7 utilizaram como tratamento primário. O tempo de uso do cetoconazol variou desde 14 dias até 14 anos e meio. Os pacientes controlados ou parcialmente controlados com o cetoconazol apresentaram cortisolúrias de 24 horas basais menores do que o grupo não controlado (vezes acima do LSN: 0,62 ± 0,41 vs. 5,3 ± 8,21; p < 0,005, respectivamente), além de CTE prévia com maior frequência (p < 0,04). A prevalência de não controlados se manteve estável ao longo do tempo, em torno de 30%, a despeito de ajustes de dose do cetoconazol ou associação com outras drogas, porém, 16 sem significância estatística. Do total, 22 pacientes tiveram resposta completa (66%), 3 pacientes tiveram resposta parcial (9%) e 8 pacientes não tiveram resposta ao tratamento (24%). Pacientes que utilizaram o cetoconazol após a realização de CTE apresentaram melhores taxas de remissão. Nove pacientes receberam cabergolina devido a não resposta clínica ao uso isolado do cetoconazol na dose máxima tolerada, porém, sem melhores resultados no controle do hipercortisolismo. Efeitos adversos leves como náuseas, vômitos, tonturas e inapetência foram descritos em 10 pacientes (30%), porém, apenas 4 pacientes apresentaram efeitos adversos mais sérios com necessidade de suspensão da medicação. Hipocalemia foi descrita em 10 pacientes em pelo menos 20 episódios. Na revisão sistemática com metanálise, dez estudos foram incluídos, sendo que não houve viés de publicação para as variáveis de remissão e ausência de remissão (p=0,06 e p=0,42 respectivamente). Na análise de 270 pacientes, houve remissão do hipercortisolismo em 151 pacientes, 63% (IC 95% 50 a 74%). Já a taxa de não remissão ocorreu em 61 pacientes 20% (IC 95% 10 e 35%). Na meta-regressão, foi verificado que nem a dose final, ou a duração do tratamento, ou o valor inicial da cortisolúria, apresentaram associação de efeito com a remissão do hipercortisolismo. Devido a escassez de dados não foi possível realizar metanálise de prevalência dos efeitos adversos. Conclusão: Dentro do cenário de saúde pública brasileiro, o cetoconazol se torna uma opção terapêutica relativamente segura para o tratamento daqueles casos de não remissão da DC com as terapêuticas convencionais ou na impossibilidade de realização da CTE como terapia primária. Na revisão sistemática com metanálise foi 17 demonstrado que o cetoconazol pode ser considerado uma opção eficiente e segura no tratamento da DC em atividade após cirurgia hipofisária.
publishDate 2022
dc.date.issued.fl_str_mv 2022
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2023-02-08T05:02:22Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/254421
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 001160592
url http://hdl.handle.net/10183/254421
identifier_str_mv 001160592
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/254421/2/001160592.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/254421/1/001160592.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv 2f7d79a59f8909eb8e0f70725d26d4a7
e8bc6e6f7dbd7ef5b214e55c7a1fc33a
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br
_version_ 1810085608390918144