Retomada Mbya-Guarani no Yvyrupá : produção de subjetividade, agenciamentos e criação de estratégias de luta
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/198611 |
Resumo: | Esta dissertação trata sobre uma retomada de área de mata nativa, por indígenas Mbya-Guarani, no município de Maquiné, litoral norte do estado do Rio Grande do Sul, que estava em posse da Fundação de Pesquisa Agropecuária, extinta pelo atual Governo estadual. A ação para retomar parte de seu território ancestral aconteceu em um período dramático de desfazimento dos direitos territoriais dos povos indígenas no Brasil. Setores econômicos do agronegócio, políticos anti-indígenas, operadores do direito e grandes empresas de comunicação, nos últimos anos, tem travado uma guerra contra a realização das demarcações de terras indígenas. É neste cenário de lutas por garantir as possibilidades de existência de mundos outros, que a Retomada no Yvyrupá (como passou a ser denominada pelos indígenas) aconteceu e a pesquisa foi realizada. Assim, este pesquisador implicado no indigenismo, buscou analisar esta experiência a partir de ferramentas conceituais da Filosofia da Diferença, como: acontecimento, produção de subjetividade, agenciamento, devir e cartografia, entre outros. Tal pesquisar encontrou na cartografia o método apropriado para um fazer aberto, no qual o pesquisador/apoiador colocou-se junto com os Mbya no seu guatá – caminhar – por garantir a permanência em sua área de mata nativa. Neste sentido, compreendo a Retomada como um acontecimento sendo, ele, uma ação política composta pelos dois aspectos de um devir: a criação de um possível e de sua efetuação, com novas possibilidades de existência confrontando-se a valores dominantes. A Retomada emerge, então, como um território existencial, em que o tekó - modo de ser - e a tekoá – espaço do exercício do modo de ser - se atravessam, possibilitando, desta maneira, que a máquina de produção de subjetividade Mbya-Guarani se atualize e seja efetuada. De outra parte, as aproximações entre os indígenas e os juruá - não indígenas - seus apoiadores, vão possibilitar: encontros, agenciamentos coletivos e processos de subjetivação capazes de favorecer a criação de composições e alianças. Há, assim, a produção de um tipo de guaranização de atores sociais, bem como, a criação de resistências e de estratégias de lutas para a defesa de seu modo de existência e a permanência dos indígenas nesta nova tekoá nominada de Ka’aguy Porã - grande mata sagrada. |
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Farias, João Maurício AssumpçãoHennigen, Ines2019-08-29T02:35:19Z2018http://hdl.handle.net/10183/198611001098024Esta dissertação trata sobre uma retomada de área de mata nativa, por indígenas Mbya-Guarani, no município de Maquiné, litoral norte do estado do Rio Grande do Sul, que estava em posse da Fundação de Pesquisa Agropecuária, extinta pelo atual Governo estadual. A ação para retomar parte de seu território ancestral aconteceu em um período dramático de desfazimento dos direitos territoriais dos povos indígenas no Brasil. Setores econômicos do agronegócio, políticos anti-indígenas, operadores do direito e grandes empresas de comunicação, nos últimos anos, tem travado uma guerra contra a realização das demarcações de terras indígenas. É neste cenário de lutas por garantir as possibilidades de existência de mundos outros, que a Retomada no Yvyrupá (como passou a ser denominada pelos indígenas) aconteceu e a pesquisa foi realizada. Assim, este pesquisador implicado no indigenismo, buscou analisar esta experiência a partir de ferramentas conceituais da Filosofia da Diferença, como: acontecimento, produção de subjetividade, agenciamento, devir e cartografia, entre outros. Tal pesquisar encontrou na cartografia o método apropriado para um fazer aberto, no qual o pesquisador/apoiador colocou-se junto com os Mbya no seu guatá – caminhar – por garantir a permanência em sua área de mata nativa. Neste sentido, compreendo a Retomada como um acontecimento sendo, ele, uma ação política composta pelos dois aspectos de um devir: a criação de um possível e de sua efetuação, com novas possibilidades de existência confrontando-se a valores dominantes. A Retomada emerge, então, como um território existencial, em que o tekó - modo de ser - e a tekoá – espaço do exercício do modo de ser - se atravessam, possibilitando, desta maneira, que a máquina de produção de subjetividade Mbya-Guarani se atualize e seja efetuada. De outra parte, as aproximações entre os indígenas e os juruá - não indígenas - seus apoiadores, vão possibilitar: encontros, agenciamentos coletivos e processos de subjetivação capazes de favorecer a criação de composições e alianças. Há, assim, a produção de um tipo de guaranização de atores sociais, bem como, a criação de resistências e de estratégias de lutas para a defesa de seu modo de existência e a permanência dos indígenas nesta nova tekoá nominada de Ka’aguy Porã - grande mata sagrada.This dissertation is about a resumption of native forest area, by Mbya-Guarani Indians, in the municipality of Maquiné, north coast of the state of Rio Grande do Sul, which was in the possession of the Agricultural Research Foundation, extinct by the current State Government. The action to retake part of their ancestral territory happened in a dramatic period of undoing the territorial rights of the indigenous peoples in Brazil. Economic sectors of the agribusiness, anti-indigenous politicians, legal operators and large communication companies, in recent years, have waged a war against the realization of the demarcations of indigenous lands. It is in this scenario of struggles to guarantee the possibility of existence of other worlds, that the Resumption in the Yvyrupá (as it came to be denominated by the natives) happened and the research was carried out. Therefore, this this researcher involved in indigenism sought to analyze this experience from conceptual tools of the Philosophy of Difference, concepts such as: event, production of subjectivity, agency, becoming and cartography, among others were used. Such research found in cartography the appropriate method for an open doping, in which the researcher / supporter put himself together with the Mbya in their guatá - walk - to ensure the permanence in their area of native forest. In this sense, the Resumption is understood as an event, a political action composed of the two aspects of a becoming: the creation of a possible and its realization, with new possibilities of existence confronting dominant values. The Resumption emerges as an existential territory, where the tekó - the way of being - and the tekoá - space of the exercise of the way of being - go throught, thus enabling the Mbya - Guarani subjectivity production machine to update and be done. On the other hand, the approximations between indigenous and juruá - not indigenous - their supporters, will enable: meetings, collective assemblages and processes of subjectivation capable of favoring the creation of compositions and alliances. There is thus the production of a kind of guaranization of social actors, as well as the creation of resistances and strategies of struggles to defend their way of existence and the permanence of the natives in this new tekoá nominated by Ka'aguy Porã - great sacred bush.application/pdfporPsicologia socialSubjetividadeLuta pela terraTerras indigenasResistênciaMbyá-guaraniIndigenismGuatáCartographyCompositionsAgenciesProduction of Mbya SubjectivityRetomada Mbya-Guarani no Yvyrupá : produção de subjetividade, agenciamentos e criação de estratégias de lutainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de PsicologiaPrograma de Pós-Graduação em Psicologia Social e InstitucionalPorto Alegre, BR-RS2018mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001098024.pdf.txt001098024.pdf.txtExtracted Texttext/plain335095http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/198611/2/001098024.pdf.txt72290222c7b8cc31ff5b91e95ca97326MD52ORIGINAL001098024.pdfTexto completoapplication/pdf4012128http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/198611/1/001098024.pdf8655a88330ca10e288f2adaab9b7baf5MD5110183/1986112019-10-18 03:54:24.439631oai:www.lume.ufrgs.br:10183/198611Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-10-18T06:54:24Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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Esta dissertação trata sobre uma retomada de área de mata nativa, por indígenas Mbya-Guarani, no município de Maquiné, litoral norte do estado do Rio Grande do Sul, que estava em posse da Fundação de Pesquisa Agropecuária, extinta pelo atual Governo estadual. A ação para retomar parte de seu território ancestral aconteceu em um período dramático de desfazimento dos direitos territoriais dos povos indígenas no Brasil. Setores econômicos do agronegócio, políticos anti-indígenas, operadores do direito e grandes empresas de comunicação, nos últimos anos, tem travado uma guerra contra a realização das demarcações de terras indígenas. É neste cenário de lutas por garantir as possibilidades de existência de mundos outros, que a Retomada no Yvyrupá (como passou a ser denominada pelos indígenas) aconteceu e a pesquisa foi realizada. Assim, este pesquisador implicado no indigenismo, buscou analisar esta experiência a partir de ferramentas conceituais da Filosofia da Diferença, como: acontecimento, produção de subjetividade, agenciamento, devir e cartografia, entre outros. Tal pesquisar encontrou na cartografia o método apropriado para um fazer aberto, no qual o pesquisador/apoiador colocou-se junto com os Mbya no seu guatá – caminhar – por garantir a permanência em sua área de mata nativa. Neste sentido, compreendo a Retomada como um acontecimento sendo, ele, uma ação política composta pelos dois aspectos de um devir: a criação de um possível e de sua efetuação, com novas possibilidades de existência confrontando-se a valores dominantes. A Retomada emerge, então, como um território existencial, em que o tekó - modo de ser - e a tekoá – espaço do exercício do modo de ser - se atravessam, possibilitando, desta maneira, que a máquina de produção de subjetividade Mbya-Guarani se atualize e seja efetuada. De outra parte, as aproximações entre os indígenas e os juruá - não indígenas - seus apoiadores, vão possibilitar: encontros, agenciamentos coletivos e processos de subjetivação capazes de favorecer a criação de composições e alianças. Há, assim, a produção de um tipo de guaranização de atores sociais, bem como, a criação de resistências e de estratégias de lutas para a defesa de seu modo de existência e a permanência dos indígenas nesta nova tekoá nominada de Ka’aguy Porã - grande mata sagrada. |
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