Estudo da prevalência do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade na infância, adolescência e idade adulta
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2008 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/12635 |
Resumo: | Introdução O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que têm início na infância e podem persistir até a idade adulta. Um grande número de estudos investigou a prevalência do TDAH entre crianças e adolescentes em diversos países, inclusive no Brasil. Os estudos geraram dados conflitantes, permanecendo dúvidas quanto à influência de características demográficas e metodológicas sobre a variabilidade das estimativas. Entre adultos, há dados escassos sobre a prevalência do TDAH em todo o mundo e inexistem estudos realizados em nosso meio. Este cenário é reforçado por incertezas sobre a validade dos critérios diagnósticos e instrumentos de avaliação do TDAH nesta etapa do desenvolvimento. Objetivos Buscamos estudar a prevalência do TDAH na infância, adolescência e idade adulta, abordando as lacunas existentes na literatura.Métodos Realizamos uma revisão sistemática da literatura buscando estudos que tenham avaliado a prevalência do TDAH na infância e adolescência em amostras comunitárias nos últimos 25 anos. Agregando os estudos encontrados, avaliamos a influência de características metodológicas e da localização geográfica onde foram conduzidos sobre a heterogeneidade dos resultados através de uma análise de metaregressão. Entre adultos, investigamos a prevalência de rastreamento positivo para o TDAH em uma amostra representativa da população brasileira maior de 14 anos de idade. A seguir, avaliamos a adequação do instrumento utilizado ao modelo de Rasch da Teoria de Resposta ao Item. Resultados A revisão sistemática realizada localizou 9105 resumos, tendo sido incluídos 102 estudos originais. A prevalência agregada do TDAH entre crianças e adolescentes foi estimada em 5.29%, estando associada a heterogeneidade significativa. As variáveis significativamente associadas às taxas de prevalência foram: a) critério diagnóstico utilizado; b) exigência de prejuízo funcional para o diagnóstico; c) fonte de informação. A localização geográfica dos estudos esteve associada à heterogeneidade quando comparadas as estimativas encontradas na África e Oriente Médio em relação àquelas encontradas na América do Norte e Europa. Estimativas geradas na América do Norte, Europa, América do Sul, Ásia e Oceania não diferiram entre si. A prevalência de indivíduos com rastreamento positivo para TDAH na amostra de 3007 indivíduos avaliados em todo o Brasil foi de 5.8%. A taxa de rastreamento positivo foi de 7.6% para indivíduos entre 14 e 17 anos, 5.2% para indivíduos entre 18 e 44 anos e 6.1% para indivíduos maiores de 44 anos. A análise de Rasch revelou a inadequação dos dados referentes à amostra global às expectativas do modelo. Entretanto, os dados relacionados apenas aos indivíduos entre 14 e 17 anos de idade se adequaram ao modelo, o que não ocorreu com os dados dos indivíduos entre 18 e 44 anos e com mais de 44 anos de idade. Conclusões A variabilidade significativa das estimativas de prevalência do TDAH em crianças e adolescentes em todo o mundo é largamente influenciada pelas características metodológicas dos estudos. O papel da localização geográfica parece ser limitato, não havendo diferenças nas estimativas geradas na Europa e América do Norte. As diferenças encontradas relacionam-se ao Oriente Médio e África, onde poucos estudos foram realizados, em relação à Europa e América do Norte. Estudos futuros são necessários para confirmar este achado. Os sintomas de TDAH são comuns na população brasileira adulta. A falta de adequação dos dados ao modelo de Rasch, no entanto, limita a possibilidade de realização de testes paramétricos com os resultados gerados e alerta para a necessidade de que os instrumentos utilizados sejam avaliados à luz de teorias psicométricas modernas. A diferença de adequação ao modelo de Rasch entre dados de adolescentes e adultos sugere a necessidade de que seja agregada uma perspectiva desenvolvimental aos futuros critérios diagnósticos para o TDAH. |
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Polanczyk, Guilherme VanoniRohde, Luis Augusto Paim2008-04-24T04:13:09Z2008http://hdl.handle.net/10183/12635000628212Introdução O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que têm início na infância e podem persistir até a idade adulta. Um grande número de estudos investigou a prevalência do TDAH entre crianças e adolescentes em diversos países, inclusive no Brasil. Os estudos geraram dados conflitantes, permanecendo dúvidas quanto à influência de características demográficas e metodológicas sobre a variabilidade das estimativas. Entre adultos, há dados escassos sobre a prevalência do TDAH em todo o mundo e inexistem estudos realizados em nosso meio. Este cenário é reforçado por incertezas sobre a validade dos critérios diagnósticos e instrumentos de avaliação do TDAH nesta etapa do desenvolvimento. Objetivos Buscamos estudar a prevalência do TDAH na infância, adolescência e idade adulta, abordando as lacunas existentes na literatura.Métodos Realizamos uma revisão sistemática da literatura buscando estudos que tenham avaliado a prevalência do TDAH na infância e adolescência em amostras comunitárias nos últimos 25 anos. Agregando os estudos encontrados, avaliamos a influência de características metodológicas e da localização geográfica onde foram conduzidos sobre a heterogeneidade dos resultados através de uma análise de metaregressão. Entre adultos, investigamos a prevalência de rastreamento positivo para o TDAH em uma amostra representativa da população brasileira maior de 14 anos de idade. A seguir, avaliamos a adequação do instrumento utilizado ao modelo de Rasch da Teoria de Resposta ao Item. Resultados A revisão sistemática realizada localizou 9105 resumos, tendo sido incluídos 102 estudos originais. A prevalência agregada do TDAH entre crianças e adolescentes foi estimada em 5.29%, estando associada a heterogeneidade significativa. As variáveis significativamente associadas às taxas de prevalência foram: a) critério diagnóstico utilizado; b) exigência de prejuízo funcional para o diagnóstico; c) fonte de informação. A localização geográfica dos estudos esteve associada à heterogeneidade quando comparadas as estimativas encontradas na África e Oriente Médio em relação àquelas encontradas na América do Norte e Europa. Estimativas geradas na América do Norte, Europa, América do Sul, Ásia e Oceania não diferiram entre si. A prevalência de indivíduos com rastreamento positivo para TDAH na amostra de 3007 indivíduos avaliados em todo o Brasil foi de 5.8%. A taxa de rastreamento positivo foi de 7.6% para indivíduos entre 14 e 17 anos, 5.2% para indivíduos entre 18 e 44 anos e 6.1% para indivíduos maiores de 44 anos. A análise de Rasch revelou a inadequação dos dados referentes à amostra global às expectativas do modelo. Entretanto, os dados relacionados apenas aos indivíduos entre 14 e 17 anos de idade se adequaram ao modelo, o que não ocorreu com os dados dos indivíduos entre 18 e 44 anos e com mais de 44 anos de idade. Conclusões A variabilidade significativa das estimativas de prevalência do TDAH em crianças e adolescentes em todo o mundo é largamente influenciada pelas características metodológicas dos estudos. O papel da localização geográfica parece ser limitato, não havendo diferenças nas estimativas geradas na Europa e América do Norte. As diferenças encontradas relacionam-se ao Oriente Médio e África, onde poucos estudos foram realizados, em relação à Europa e América do Norte. Estudos futuros são necessários para confirmar este achado. Os sintomas de TDAH são comuns na população brasileira adulta. A falta de adequação dos dados ao modelo de Rasch, no entanto, limita a possibilidade de realização de testes paramétricos com os resultados gerados e alerta para a necessidade de que os instrumentos utilizados sejam avaliados à luz de teorias psicométricas modernas. A diferença de adequação ao modelo de Rasch entre dados de adolescentes e adultos sugere a necessidade de que seja agregada uma perspectiva desenvolvimental aos futuros critérios diagnósticos para o TDAH.Introduction Attention Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD) is characterized by symptoms of inattention, hyperactivity, and impulsivity, which begin in childhood and can persist into adulthood. Several studies have evaluated the prevalence of ADHD among children and adolescents in different countries, including Brazil. Results are conflicting, remaining doubts about the potential role of demographic and methodological issues on the variability of estimates. There are scarce data about the prevalence of ADHD in adulthood worldwide, and there are no studies conducted in our country. This scenario is reinforced by uncertainties concerning the validity of current ADHD diagnostic criteria and available instruments at this developmental stage. Aims We aimed to study the ADHD prevalence in childhood, adolescence, and adulthood, addressing the gaps in the literature. Methods We conducted a systematic review of the literature aiming to detect studies that have evaluated the prevalence of ADHD in childhood and adolescence in community samples in the last 25 years. Pooling the selected studies, we evaluated the role of demographic and methodological issues on the heterogeneity of results through a metaregression analysis. In adults, we evaluated the prevalence of positive screeners for ADHD in a representative sample of the Brazilian population older than 14 years of age. Afterwards, we evaluated the fitness of the scale to the Rasch model of Item Response Theory. Results The systematic review located 9105 abstracts, and 102 original studies were included. The ADHD pooled prevalence among children and adolescents was estimated in 5.29%, which was associated with significant heterogeneity. The methodological variables significantly associated with the prevalence rates were: a) diagnostic criteria; b) requirement of impairment for the diagnosis; c) source of information. Geographic location was associated with significant variability between estimates from North America and Europe in relation to Africa and the Middle East. No significant differences were found in prevalence rates between North America, Europe, South America, Asia, and Oceania. The prevalence of positive screeners in the sample of 3007 individuals evaluated in Brazil was 5.8%. The rate of positive screening was 7.6% for respondents younger than 18 years, 5.2% for adults 18 to 44 years old, and 6.1% for respondents older than 44 years of age. Rash analyses revealed that data for the overall sample misfitted the model. However, data related to respondents 14 to 17 years old fitted the model, which was not true for the other age strata. Conclusion The significant variability of ADHD prevalence estimates among children and adolescents worldwide is largely influenced by methodological characteristics of studies. Geographic location seems to play a limited role, since there are no differences on prevalence rates detected in Europe and North America. Differences detected are related to the Middle East and Africa, where few studies were conducted. In this regard, further studies are necessary to support this finding. ADHD symptoms are common in adults from the Brazilian population. The absence of fitness of ASRS to the Rasch model challenges the utilization of parametric analyses of data and calls for the evaluation of currently employed research methods in light of modern theories of psychometrics. The difference between adolescents and adults on the fitness to the model suggests the inclusion of developmental perspective into future ADHD diagnostic criteria.application/pdfporTranstorno do déficit de atenção com hiperatividadeCriançaAdolescenteAdultoAttention Deficit/Hyperactivity DisorderChildrenAdolescentsAdultsPrevalenceEpidemiologyEstudo da prevalência do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade na infância, adolescência e idade adultainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Ciências Médicas: PsiquiatriaPorto Alegre, BR-RS2008doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000628212.pdf000628212.pdfTexto completoapplication/pdf8869566http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/12635/1/000628212.pdfbe1094ef864133b6e93518a13edb70abMD51TEXT000628212.pdf.txt000628212.pdf.txtExtracted Texttext/plain235399http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/12635/2/000628212.pdf.txtdd90716f005d9064660830165706d3a2MD52THUMBNAIL000628212.pdf.jpg000628212.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1213http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/12635/3/000628212.pdf.jpg6a3ff6251ff679c1f4af583fac950cbeMD5310183/126352023-09-29 03:36:01.402267oai:www.lume.ufrgs.br:10183/12635Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-09-29T06:36:01Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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Introdução O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que têm início na infância e podem persistir até a idade adulta. Um grande número de estudos investigou a prevalência do TDAH entre crianças e adolescentes em diversos países, inclusive no Brasil. Os estudos geraram dados conflitantes, permanecendo dúvidas quanto à influência de características demográficas e metodológicas sobre a variabilidade das estimativas. Entre adultos, há dados escassos sobre a prevalência do TDAH em todo o mundo e inexistem estudos realizados em nosso meio. Este cenário é reforçado por incertezas sobre a validade dos critérios diagnósticos e instrumentos de avaliação do TDAH nesta etapa do desenvolvimento. Objetivos Buscamos estudar a prevalência do TDAH na infância, adolescência e idade adulta, abordando as lacunas existentes na literatura.Métodos Realizamos uma revisão sistemática da literatura buscando estudos que tenham avaliado a prevalência do TDAH na infância e adolescência em amostras comunitárias nos últimos 25 anos. Agregando os estudos encontrados, avaliamos a influência de características metodológicas e da localização geográfica onde foram conduzidos sobre a heterogeneidade dos resultados através de uma análise de metaregressão. Entre adultos, investigamos a prevalência de rastreamento positivo para o TDAH em uma amostra representativa da população brasileira maior de 14 anos de idade. A seguir, avaliamos a adequação do instrumento utilizado ao modelo de Rasch da Teoria de Resposta ao Item. Resultados A revisão sistemática realizada localizou 9105 resumos, tendo sido incluídos 102 estudos originais. A prevalência agregada do TDAH entre crianças e adolescentes foi estimada em 5.29%, estando associada a heterogeneidade significativa. As variáveis significativamente associadas às taxas de prevalência foram: a) critério diagnóstico utilizado; b) exigência de prejuízo funcional para o diagnóstico; c) fonte de informação. A localização geográfica dos estudos esteve associada à heterogeneidade quando comparadas as estimativas encontradas na África e Oriente Médio em relação àquelas encontradas na América do Norte e Europa. Estimativas geradas na América do Norte, Europa, América do Sul, Ásia e Oceania não diferiram entre si. A prevalência de indivíduos com rastreamento positivo para TDAH na amostra de 3007 indivíduos avaliados em todo o Brasil foi de 5.8%. A taxa de rastreamento positivo foi de 7.6% para indivíduos entre 14 e 17 anos, 5.2% para indivíduos entre 18 e 44 anos e 6.1% para indivíduos maiores de 44 anos. A análise de Rasch revelou a inadequação dos dados referentes à amostra global às expectativas do modelo. Entretanto, os dados relacionados apenas aos indivíduos entre 14 e 17 anos de idade se adequaram ao modelo, o que não ocorreu com os dados dos indivíduos entre 18 e 44 anos e com mais de 44 anos de idade. Conclusões A variabilidade significativa das estimativas de prevalência do TDAH em crianças e adolescentes em todo o mundo é largamente influenciada pelas características metodológicas dos estudos. O papel da localização geográfica parece ser limitato, não havendo diferenças nas estimativas geradas na Europa e América do Norte. As diferenças encontradas relacionam-se ao Oriente Médio e África, onde poucos estudos foram realizados, em relação à Europa e América do Norte. Estudos futuros são necessários para confirmar este achado. Os sintomas de TDAH são comuns na população brasileira adulta. A falta de adequação dos dados ao modelo de Rasch, no entanto, limita a possibilidade de realização de testes paramétricos com os resultados gerados e alerta para a necessidade de que os instrumentos utilizados sejam avaliados à luz de teorias psicométricas modernas. A diferença de adequação ao modelo de Rasch entre dados de adolescentes e adultos sugere a necessidade de que seja agregada uma perspectiva desenvolvimental aos futuros critérios diagnósticos para o TDAH. |
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