Sexualidade e depressão no puerpério durante a pandemia de covid-19
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/219392 |
Resumo: | Introdução: O SARS-Cov-2 adquiriu status de pandemia em março de 2020. Estudos já publicados sugerem que a pandemia de COVID-19 possa ter efeitos negativos na sexualidade e no humor. Considerando-se que alterações na sexualidade potencialmente prejudicam os laços afetivos de um casal, comprometendo o vínculo da nova família em formação e que os sintomas depressivos podem agravar essas alterações e causar sofrimento às puérperas é de suma importância que se avalie e determine a população em maior risco de desenvolver disfunções sexuais e sintomas depressivos. O entendimento dessas alterações e o adequado manejo das mesmas, pode facilitar a vida do casal nessa nova fase, colaborando para a manutenção do vínculo afetivo, que será umas das bases para a criação de um filho. Objetivo: Avaliar a função sexual e os sintomas depressivos em puérperas no período da pandemia de COVID-19 no Sul do Brasil. Métodos: Coorte prospectiva com 125 mulheres avaliadas em puerpério imediato (antes da pandemia), 3 meses (início da pandemia) e 6 meses (pico da pandemia) após o nascimento. Foram aplicados os questionários Female Sexual Function Index (FSFI) e a Escala de Depressão Pós-Natal de Edinburgh (EPDS). O desfecho primário foi a variação dos escores das escalas FSFI e EPDS entre os três tempos. Os desfechos secundários foram a avaliação do impacto da via de parto, da presença do parceiro em casa, da amamentação e do método contraceptivo na função sexual nas primeiras 48 horas, no terceiro e no sexto mês após o parto durante o período de pandemia de COVID-19. Resultados: 50 puérperas participaram dos três tempos do estudo e foram consideradas para as análises estatísticas. A mediana de idade foi de 25 anos. Em T1, a mediana dos escores totais de FSFI foi de 25.1 (DP 18.8-30.8); em T2 de 21.7 (DP 15.3-28.5) e em T3 de 22.9 (DP 12.2-29.7). Não houve diferença entre os índices de FSFI nos três tempos avaliados. 60% da amostra apresentava disfunção sexual (FSFI <= 26,5) em T1, com aumento para 64% em T2 e T3 (p= 11 0.381). Houve diferença nos escores de lubrificação entre os 3 tempos, sendo em T1 de 4.7 (2.4-6.0), em T2 de 4.1 (1.8-5.4) e em T3 de 4.4 (2.4-6.0) em T3 (p: 0.049). Para os demais domínios (desejo, excitação, satisfação, orgasmo e dor) não houve diferença nos valores entre T1 e T2 e entre T1 e T3. Houve elevação dos escores da EPDS nos três tempos: em T1 os valores totais EPDS eram 5.0 (2.0-9.0), aumentando para 7.0 (4.0-14.0) em T2 e 6.5 (3.0-13.0) em T3 (p = 0.004 ). 24% da amostra apresentava screening positivo para depressão em T1, com aumento para 40% em T2 e T3 (p = 0.062). Houve correlação inversa entre os valores de FSFI e da EPDS em T2 (p< 0.001; p= - 0,594) e em T3 (p< 0.001; p= - 0,608), demonstrando que a piora na resposta sexual é secundária a maior prevalência de sintomas depressivos no puerpério, que pode ter sido agravada pela pandemia do COVID-19. Na análise multivariada, utilizando regressão de Poisson com a variável dependente disfunção sexual (FSFI <=26,5) em T3 incluindo como variáveis explanatórias morar com parceiro, trabalhar fora de casa, amamentação e método contraceptivo em T3 não houve diferença significativa (p=0,470). Uma segunda análise, utilizando screening positivo para depressão em T3 como variável dependente e morar com parceiro e trabalhar como variáveis explanatórias também não se encontrou significância (p=0,444). 86% das pacientes amamentavam 3 meses após o parto, com redução desse número para 76% no sexto mês após o nascimento (p = 0.06). 86% da amostra fazia uso de método contraceptivo tanto em T2 quanto em T3. Não houve troca e nem abandono de uso do método contraceptivo (naquelas que iniciaram no pós-parto) em 76% da amostra durante o período de avaliação (T2 e T3). A via de parto não determinou diferença na prevalência de disfunção sexual em nenhum dos tempos avaliados (T1 p = 0,377, T2 p=0,857 e T3 p=0,307). Conclusões: A pandemia da COVID-19 pode ter papel importante na piora dos escores de depressão das puérperas e esses têm correlação inversa com função sexual. Esse estudo analisou função sexual e sintomas depressivos durante a pandemia de COVID-19 em um subgrupo suscetível e identificou que quanto maior o escore de depressão, pior a função sexual 12 feminina. Assim, torna-se mandatório investigar sintomas depressivos em puérperas com queixas sexuais, em especial durante a pandemia de COVID-19. |
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Lorentz, Marcela SiliprandiLubianca, Jaqueline Neves2021-04-02T04:24:32Z2020http://hdl.handle.net/10183/219392001123440Introdução: O SARS-Cov-2 adquiriu status de pandemia em março de 2020. Estudos já publicados sugerem que a pandemia de COVID-19 possa ter efeitos negativos na sexualidade e no humor. Considerando-se que alterações na sexualidade potencialmente prejudicam os laços afetivos de um casal, comprometendo o vínculo da nova família em formação e que os sintomas depressivos podem agravar essas alterações e causar sofrimento às puérperas é de suma importância que se avalie e determine a população em maior risco de desenvolver disfunções sexuais e sintomas depressivos. O entendimento dessas alterações e o adequado manejo das mesmas, pode facilitar a vida do casal nessa nova fase, colaborando para a manutenção do vínculo afetivo, que será umas das bases para a criação de um filho. Objetivo: Avaliar a função sexual e os sintomas depressivos em puérperas no período da pandemia de COVID-19 no Sul do Brasil. Métodos: Coorte prospectiva com 125 mulheres avaliadas em puerpério imediato (antes da pandemia), 3 meses (início da pandemia) e 6 meses (pico da pandemia) após o nascimento. Foram aplicados os questionários Female Sexual Function Index (FSFI) e a Escala de Depressão Pós-Natal de Edinburgh (EPDS). O desfecho primário foi a variação dos escores das escalas FSFI e EPDS entre os três tempos. Os desfechos secundários foram a avaliação do impacto da via de parto, da presença do parceiro em casa, da amamentação e do método contraceptivo na função sexual nas primeiras 48 horas, no terceiro e no sexto mês após o parto durante o período de pandemia de COVID-19. Resultados: 50 puérperas participaram dos três tempos do estudo e foram consideradas para as análises estatísticas. A mediana de idade foi de 25 anos. Em T1, a mediana dos escores totais de FSFI foi de 25.1 (DP 18.8-30.8); em T2 de 21.7 (DP 15.3-28.5) e em T3 de 22.9 (DP 12.2-29.7). Não houve diferença entre os índices de FSFI nos três tempos avaliados. 60% da amostra apresentava disfunção sexual (FSFI <= 26,5) em T1, com aumento para 64% em T2 e T3 (p= 11 0.381). Houve diferença nos escores de lubrificação entre os 3 tempos, sendo em T1 de 4.7 (2.4-6.0), em T2 de 4.1 (1.8-5.4) e em T3 de 4.4 (2.4-6.0) em T3 (p: 0.049). Para os demais domínios (desejo, excitação, satisfação, orgasmo e dor) não houve diferença nos valores entre T1 e T2 e entre T1 e T3. Houve elevação dos escores da EPDS nos três tempos: em T1 os valores totais EPDS eram 5.0 (2.0-9.0), aumentando para 7.0 (4.0-14.0) em T2 e 6.5 (3.0-13.0) em T3 (p = 0.004 ). 24% da amostra apresentava screening positivo para depressão em T1, com aumento para 40% em T2 e T3 (p = 0.062). Houve correlação inversa entre os valores de FSFI e da EPDS em T2 (p< 0.001; p= - 0,594) e em T3 (p< 0.001; p= - 0,608), demonstrando que a piora na resposta sexual é secundária a maior prevalência de sintomas depressivos no puerpério, que pode ter sido agravada pela pandemia do COVID-19. Na análise multivariada, utilizando regressão de Poisson com a variável dependente disfunção sexual (FSFI <=26,5) em T3 incluindo como variáveis explanatórias morar com parceiro, trabalhar fora de casa, amamentação e método contraceptivo em T3 não houve diferença significativa (p=0,470). Uma segunda análise, utilizando screening positivo para depressão em T3 como variável dependente e morar com parceiro e trabalhar como variáveis explanatórias também não se encontrou significância (p=0,444). 86% das pacientes amamentavam 3 meses após o parto, com redução desse número para 76% no sexto mês após o nascimento (p = 0.06). 86% da amostra fazia uso de método contraceptivo tanto em T2 quanto em T3. Não houve troca e nem abandono de uso do método contraceptivo (naquelas que iniciaram no pós-parto) em 76% da amostra durante o período de avaliação (T2 e T3). A via de parto não determinou diferença na prevalência de disfunção sexual em nenhum dos tempos avaliados (T1 p = 0,377, T2 p=0,857 e T3 p=0,307). Conclusões: A pandemia da COVID-19 pode ter papel importante na piora dos escores de depressão das puérperas e esses têm correlação inversa com função sexual. Esse estudo analisou função sexual e sintomas depressivos durante a pandemia de COVID-19 em um subgrupo suscetível e identificou que quanto maior o escore de depressão, pior a função sexual 12 feminina. Assim, torna-se mandatório investigar sintomas depressivos em puérperas com queixas sexuais, em especial durante a pandemia de COVID-19.Introduction: SARS-Cov-2 acquired pandemic status in March 2020. Studies already published suggest that the COVID-19 pandemic may have negative effects on sexuality and mood. Considering that changes in sexuality potentially harm a couple's affective bonds, compromising the bond of the new family and that depressive symptoms can aggravate these changes and cause suffering to the puerperal women, it is extremely important to evaluate and determine the population in increased risk of developing sexual dysfunction and depressive symptoms. The understanding of these changes and the proper management of them may facilitate the couple's life in this new phase, contributing to the maintenance of the affective bond, which will be one of the bases for the creation of a child. Objective: To evaluate sexual function and depressive symptoms in puerperal women during the COVID-19 pandemic period in southern Brazil. Methods: Prospective cohort with 125 women evaluated in the immediate puerperium (before the pandemic), 3 months (pandemic onset) and 6 months (pandemic peak) after birth. The Female Sexual Function Index (FSFI) questionnaires and the Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS) were applied. The primary outcome was the variation in the scores of the FSFI and EPDS scales between the three times. Secondary outcomes were the assessment of the impact of the mode of delivery, the presence of the partner at home, breastfeeding and the contraceptive method on sexual function in the first 48 hours, in the third and sixth months after delivery during the period pandemic of COVID-19. Results: 50 puerperal women participated in the three study periods and were considered for statistical analysis. The median age was 25 years. At T1, the median total FSFI scores was 25.1 (SD 18.8-30.8); in T2 of 21.7 (SD 15.3-28.5) and in T3 of 22.9 (SD 12.2-29.7). There was no difference between the FSFI indices at the three evaluated times. 60% of the sample had sexual dysfunction (FSFI <= 26.5) at T1, with an increase to 64% at T2 and T3 (p = 0.381). There was 14 a difference in the lubrication scores between the 3 times, being T1 at 4.7 (2.4-6.0), T2 at 4.1 (1.8-5.4) and T3 at 4.4 (2.4-6.0) at T3 (p: 0.049). For the other domains (desire, excitement, satisfaction, orgasm and pain) there was no difference in values between T1 and T2 and between T1 and T3. There was an increase in EPDS scores in the three periods: in T1, the total EPDS values were 5.0 (2.0-9.0), increasing to 7.0 (4.0-14.0) in T2 and 6.5 (3.0-13.0) in T3 (p = 0.004). 24% of the sample had positive screening for depression in T1, with an increase to 40% in T2 and T3 (p = 0.062). There was an inverse correlation between FSFI and EPDS values at T2 (p <0.001; p = - 0.594) and T3 (p <0.001; p = - 0.608), demonstrating that the worsening of sexual response is secondary to the higher prevalence of depressive symptoms in the puerperium, which may have been aggravated by the COVID-19 pandemic. In multivariate analysis, using Poisson regression with the dependent variable sexual dysfunction (FSFI <= 26.5) in T3 including explanatory variables living with a partner, working outside the home, breastfeeding and contraceptive method in T3, there was no significant difference (p = 0.470). A second analysis, using positive screening for depression in T3 as a dependent variable and living with a partner and working as explanatory variables was also not found to be significant (p = 0.444). 86% of patients breastfed 3 months after delivery, with a reduction of this number to 76% in the sixth month after birth (p = 0.06). 86% of the sample used contraception in both T2 and T3. There was no exchange or abandonment of use of the contraceptive method (in those who started in the postpartum period) in 76% of the sample during the evaluation period (T2 and T3). The mode of delivery did not determine any difference in the prevalence of sexual dysfunction at any of the evaluated times (T1 p = 0.377, T2 p = 0.857 and T3 p = 0.307). Conclusions: The COVID-19 pandemic may play an important role in worsening the depression scores of postpartum women and these have an inverse correlation with sexual function. This study analyzed sexual function and depressive symptoms during the COVID-19 pandemic in a susceptible subgroup and found that the higher the depression score, the worse 15 the female sexual function. 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