Estudo das espécies fúngicas causadoras de micoses superficiais em pacientes com hanseníase em um ambulatório de referência de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vettorato, Rodrigo
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/235956
Resumo: Introdução: A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, caracterizada por lesões na pele e nervos periféricos. O tratamento é realizado com esquema de poliquimioterapia, incluindo rifampicina, clofazimina e dapsona. Corticosteroides também são utilizados para tratar a neuropatia e as reações hansênicas. O uso de antibióticos e corticosteroides, em combinação com a presença de lesões na pele, predispõem os pacientes com hanseníase a diversas infecções oportunistas, como as micoses superficiais. Essas micoses têm prevalência estimada em 20 a 25% da população mundial e os tipos mais comuns são onicomicose e tinea pedis. O tratamento é realizado com antifúngicos tópicos e/ou sistêmicos; no entanto, pode ser ineficiente devido ao crescente problema de resistência antifúngica, entre outros fatores. Objetivo: Determinar a prevalência das espécies fúngicas causadoras de onicomicose e tinea pedis em pacientes com hanseníase e avaliar sua suscetibilidade antifúngica in vitro. Métodos: Estudo transversal que incluiu 95 pacientes com hanseníase e 91 pacientes sem hanseníase (grupo controle), com lesões características de onicomicose e tinea pedis. Raspados de pele e cortes das unhas foram analisados através de exame micológico direto e cultura. Se o paciente apresentava mais de um local de lesão, cada amostra foi coletada e analisada separadamente. Os materiais foram cultivados em ágar Sabouraud dextrose e os isolados fúngicos foram identificados através do sequenciamento da região ITS (internal transcribed spacer) do rDNA. Os testes de suscetibilidade antifúngica in vitro foram realizados com os protocolos do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). As comparações das proporções foram feitas com o teste qui-quadrado no software SPSS v.22 (IBM Corporation, Chicago, IL, USA). Resultados: Ocorreu crescimento fúngico em 48 amostras de 40 pacientes com hanseníase e em 46 amostras de 43 pacientes do grupo controle. A maior parte das amostras foi de casos de onicomicose, no entanto, pacientes com hanseníase apresentaram mais casos de tinea pedis (p<0.05). Destes pacientes, 27 (67,5%) apresentavam forma clínica virchowiana e 20 (50%) possuíam algum tipo de reação hansênica no momento da coleta. Em ambos os grupos, o principal fungo identificado foi Trichophyton interdigitale, não sendo encontradas variações na distribuição dos agentes etiológicos. A suscetibilidade antifúngica não apresentou grandes variações. Porém, para os isolados de T. interdigitale e o antifúngico itraconazol, as concentrações inibitórias mínimas (CIM) para os pacientes com hanseníase foram maiores que para o grupo controle (p<0.05). Conclusão: Este foi o primeiro estudo a analisar prospectivamente casos de onicomicose e tinea pedis na hanseníase. Esses pacientes são muito suscetíveis a micoses superficiais, o que foi comprovado pelos resultados deste estudo, nos quais 26,3% dos pacientes com hanseníase apresentavam ao menos um tipo de lesão. Apesar de não terem sido encontradas diferenças marcantes na suscetibilidade antifúngica, a efetividade reduzida in vitro do itraconazol merece destaque. Estudos posteriores, com um maior número de pacientes, além de correlações entre a suscetibilidade antifúngica in vitro e as respostas in vivo dos tratamentos, são necessários para determinar a significância clínica destes achados iniciais.
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Objetivo: Determinar a prevalência das espécies fúngicas causadoras de onicomicose e tinea pedis em pacientes com hanseníase e avaliar sua suscetibilidade antifúngica in vitro. Métodos: Estudo transversal que incluiu 95 pacientes com hanseníase e 91 pacientes sem hanseníase (grupo controle), com lesões características de onicomicose e tinea pedis. Raspados de pele e cortes das unhas foram analisados através de exame micológico direto e cultura. Se o paciente apresentava mais de um local de lesão, cada amostra foi coletada e analisada separadamente. Os materiais foram cultivados em ágar Sabouraud dextrose e os isolados fúngicos foram identificados através do sequenciamento da região ITS (internal transcribed spacer) do rDNA. Os testes de suscetibilidade antifúngica in vitro foram realizados com os protocolos do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). As comparações das proporções foram feitas com o teste qui-quadrado no software SPSS v.22 (IBM Corporation, Chicago, IL, USA). Resultados: Ocorreu crescimento fúngico em 48 amostras de 40 pacientes com hanseníase e em 46 amostras de 43 pacientes do grupo controle. A maior parte das amostras foi de casos de onicomicose, no entanto, pacientes com hanseníase apresentaram mais casos de tinea pedis (p<0.05). Destes pacientes, 27 (67,5%) apresentavam forma clínica virchowiana e 20 (50%) possuíam algum tipo de reação hansênica no momento da coleta. Em ambos os grupos, o principal fungo identificado foi Trichophyton interdigitale, não sendo encontradas variações na distribuição dos agentes etiológicos. A suscetibilidade antifúngica não apresentou grandes variações. Porém, para os isolados de T. interdigitale e o antifúngico itraconazol, as concentrações inibitórias mínimas (CIM) para os pacientes com hanseníase foram maiores que para o grupo controle (p<0.05). Conclusão: Este foi o primeiro estudo a analisar prospectivamente casos de onicomicose e tinea pedis na hanseníase. Esses pacientes são muito suscetíveis a micoses superficiais, o que foi comprovado pelos resultados deste estudo, nos quais 26,3% dos pacientes com hanseníase apresentavam ao menos um tipo de lesão. Apesar de não terem sido encontradas diferenças marcantes na suscetibilidade antifúngica, a efetividade reduzida in vitro do itraconazol merece destaque. Estudos posteriores, com um maior número de pacientes, além de correlações entre a suscetibilidade antifúngica in vitro e as respostas in vivo dos tratamentos, são necessários para determinar a significância clínica destes achados iniciais.Background: Leprosy is a chronic infectious disease caused by the bacillus Mycobacterium leprae, characterized by lesions in the skin and peripheral nerves. Treatment is performed with a multidrug regimen, including rifampicin, clofazimine and dapsone. Corticosteroids are also used to treat leprosy neuropathy and reactions. The use of antibiotics and corticosteroids, in combination with the presence of skin lesions, predispose leprosy patients to various opportunistic infections, such as superficial mycoses. These mycoses have an estimated prevalence of 20 to 25% of the world population and the most common types are onychomycosis and tinea pedis. Treatment is performed with topical and/or systemic antifungal agents; however, it may be ineffective due to the growing problem of antifungal resistance, among other factors. Objective: To determine the prevalence of fungal species causing onychomycosis and tinea pedis in leprosy patients and to assess their antifungal susceptibility in vitro. Methods: Cross-sectional study including 95 leprosy patients and 91 non-leprosy patients (control group) with characteristic lesions of onychomycosis and tinea pedis. Skin scrapes and nail clippings were analyzed by direct mycological examination and culture. If the patient had more than one lesion site, each sample was collected and analyzed separately. The materials were cultivated in Sabouraud dextrose agar, and the fungal isolates were identified by sequencing the ITS (internal transcribed spacer) region of rDNA. In vitro antifungal susceptibility testing was performed using the Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) protocols. Comparisons of proportions were made using the chi-square test using SPSS v.22 software (IBM Corporation, Chicago, IL, USA). Results: Fungal growth occurred in 48 samples from 40 leprosy patients and in 46 samples from 43 control patients. Most samples were from cases of onychomycosis; however, leprosy patients had more cases of tinea pedis (p<0.05). Of these patients, 27 (67.5%) presented the lepromatous clinical form, and 20 (50%) had some type of leprosy reaction at the time of collection. In both groups, the main fungus identified was Trichophyton interdigitale, without variations in the distribution of etiological agents. Antifungal susceptibility did not vary greatly. However, for the isolates of T. interdigitale and the antifungal itraconazole, the minimum inhibitory concentrations (MIC) for leprosy patients were higher than for the control group (p<0.05). Conclusion: This was the first study to prospectively analyze cases of onychomycosis and tinea pedis in leprosy. These patients are very susceptible to superficial mycoses, which was confirmed by the results of this study, in which 26.3% of leprosy patients had at least one type of lesion. Although no marked differences were found in antifungal susceptibility, the reduced in vitro effectiveness of itraconazole is noteworthy. Further studies, with a larger number of patients, in addition to correlations between in vitro antifungal susceptibility and in vivo responses to treatments, are needed to determine the clinical significance of these initial findings.application/pdfporHanseníaseOnicomicoseAntifúngicosLeprosyOnychomycosisTinea pedisAntifungal susceptibilityDermatophytesEstudo das espécies fúngicas causadoras de micoses superficiais em pacientes com hanseníase em um ambulatório de referência de Porto Alegreinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Medicina: Ciências MédicasPorto Alegre, BR-RS2021doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001138078.pdf.txt001138078.pdf.txtExtracted Texttext/plain311279http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/235956/2/001138078.pdf.txt576f92084bcbacb294c5f8e743ef52f9MD52ORIGINAL001138078.pdfTexto completoapplication/pdf3775824http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/235956/1/001138078.pdf6c9629ca8e467641e029ee7cd4d16d26MD5110183/2359562024-07-20 06:21:47.202629oai:www.lume.ufrgs.br:10183/235956Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532024-07-20T09:21:47Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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