O design editorial na conformação do livro como dispositivo : um olhar a partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/138251 |
Resumo: | A pesquisa tem como foco a forma do livro na cultura da convergência, na sua relação entre design e edição, partindo do conceito de dispositivo de Charaudeau (2006a e 2006b) e Mouillaud (2002). Dada a amplitude da questão, buscou-se um objeto empírico que permitisse relacionar informações de caráter histórico, dados documentais e conceitos construídos com base no referencial teórico, ancorando a problematização proposta. Para tanto, selecionou-se o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, editado pela primeira vez em livro em 1881. O objetivo geral foi identificar paratextos editoriais ligados à forma em oito edições publicadas nos séculos XIX, XX e XXI, impressas e digitais, a fim de analisar e discutir como esses articulam-se à noção de livro enquanto dispositivo, problematizando tais relações a partir das lógicas de funcionamento de sua cadeia e mercado, dos novos modelos de acesso às edições e do lugar ocupado pelo livro na cultura da convergência. Como objetivos específicos, buscouse (1) avaliar o papel do design no estabelecimento de paratextos editoriais, definindo níveis de atuação da atividade na conformação do livro enquanto dispositivo; (2) identificar e analisar os paratextos editoriais ligados à forma e ao entorno do livro em diferentes edições, impressas e digitais do título, tensionando o modo como as edições configuram materialmente orientações e tendências na cadeia do livro; e (3) problematizar a noção de livro na cultura da convergência, tendo em vista o processo de remediação no sistema de mídia. A análise das edições delineou-se em duas etapas. A primeira teve em vista os paratextos ligados à forma. Já na segunda etapa, focou-se na identificação de tendências nos paratextos ligados ao entorno do livro. Constatou-se que as edições analisadas variam muito em relação à forma, indicando que os produtos foram criados para leituras e leitores diversos. As edições do século XIX são objetos que integram o texto verbal e a retórica tipográfica, valorizando o espaço gráfico como elemento importante para a narrativa. Nas edições digitais do século XXI, há outras propostas, com novos atrativos, incluindo desde ferramentas de busca dentro do texto até a possibilidade de cruzamento do texto verbal na formação de epitextos também verbais. Entre imediação e hipermediação, a materialidade do livro hoje é resultado de um processo contínuo de remediação do livro impresso no digital e do digital no impresso. A materialidade é influenciada também pela noção de espaço nos produtos digitais. Esse entorno – que no livro impresso está claramente fora do produto – no livro em tela passa a ter seus limites menos claros, permeando o artefato digital. Notou-se, nas três edições digitais analisadas, que bibliotecas, livrarias e lojas virtuais geram epitextos cada vez mais aderentes aos produtos editoriais. O livro digital não tem ainda uma identidade própria, mas delineia uma tendência importante neste início de século XXI: o tratamento do livro como objeto de dados predominantemente verbais. Embora essa seja uma vertente importante do livro atual, ela não é a única. Convivem na cultura da convergência muitas formas, em papel e em tela, que adotam estruturas bastante similares entre si, cercadas de inúmeros outros modos de narrar essa história, em meio a leitores cada vez mais expostos e acostumados a narrativas transmídias. |
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Castedo, Raquel da SilvaGruszynski, Ana Claudia2016-04-14T02:07:36Z2016http://hdl.handle.net/10183/138251000989759A pesquisa tem como foco a forma do livro na cultura da convergência, na sua relação entre design e edição, partindo do conceito de dispositivo de Charaudeau (2006a e 2006b) e Mouillaud (2002). Dada a amplitude da questão, buscou-se um objeto empírico que permitisse relacionar informações de caráter histórico, dados documentais e conceitos construídos com base no referencial teórico, ancorando a problematização proposta. Para tanto, selecionou-se o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, editado pela primeira vez em livro em 1881. O objetivo geral foi identificar paratextos editoriais ligados à forma em oito edições publicadas nos séculos XIX, XX e XXI, impressas e digitais, a fim de analisar e discutir como esses articulam-se à noção de livro enquanto dispositivo, problematizando tais relações a partir das lógicas de funcionamento de sua cadeia e mercado, dos novos modelos de acesso às edições e do lugar ocupado pelo livro na cultura da convergência. Como objetivos específicos, buscouse (1) avaliar o papel do design no estabelecimento de paratextos editoriais, definindo níveis de atuação da atividade na conformação do livro enquanto dispositivo; (2) identificar e analisar os paratextos editoriais ligados à forma e ao entorno do livro em diferentes edições, impressas e digitais do título, tensionando o modo como as edições configuram materialmente orientações e tendências na cadeia do livro; e (3) problematizar a noção de livro na cultura da convergência, tendo em vista o processo de remediação no sistema de mídia. A análise das edições delineou-se em duas etapas. A primeira teve em vista os paratextos ligados à forma. Já na segunda etapa, focou-se na identificação de tendências nos paratextos ligados ao entorno do livro. Constatou-se que as edições analisadas variam muito em relação à forma, indicando que os produtos foram criados para leituras e leitores diversos. As edições do século XIX são objetos que integram o texto verbal e a retórica tipográfica, valorizando o espaço gráfico como elemento importante para a narrativa. Nas edições digitais do século XXI, há outras propostas, com novos atrativos, incluindo desde ferramentas de busca dentro do texto até a possibilidade de cruzamento do texto verbal na formação de epitextos também verbais. Entre imediação e hipermediação, a materialidade do livro hoje é resultado de um processo contínuo de remediação do livro impresso no digital e do digital no impresso. A materialidade é influenciada também pela noção de espaço nos produtos digitais. Esse entorno – que no livro impresso está claramente fora do produto – no livro em tela passa a ter seus limites menos claros, permeando o artefato digital. Notou-se, nas três edições digitais analisadas, que bibliotecas, livrarias e lojas virtuais geram epitextos cada vez mais aderentes aos produtos editoriais. O livro digital não tem ainda uma identidade própria, mas delineia uma tendência importante neste início de século XXI: o tratamento do livro como objeto de dados predominantemente verbais. Embora essa seja uma vertente importante do livro atual, ela não é a única. Convivem na cultura da convergência muitas formas, em papel e em tela, que adotam estruturas bastante similares entre si, cercadas de inúmeros outros modos de narrar essa história, em meio a leitores cada vez mais expostos e acostumados a narrativas transmídias.The research focuses on the form of the book in the convergence culture in its relationship between design and editing, based on the concept of dispositif by Charaudeau (2006a and 2006b) and Mouillaud (2002). Given the breadth of the issue, it sought an empirical object that allows relating historical background information, documentary evidence and concepts built on the theoretical framework, anchoring the problematic proposal. To accomplish this, we selected the novel The Posthumous Memoirs of Bras Cubas, by Machado de Assis, published for the first time as a book in 1881. The overall goal was to identify editorial paratexts connected to the form of the book in eight editions, published in the 19th, 20th and 21st centuries, print and digital, in order to analyze and discuss how they articulate the notion of book as dispositif in the convergence culture. As specific objectives, we sought to (1) evaluate the role of design in establishing editorial paratexts defining levels of action in shaping the book as a dispositif; (2) identify and analyze the editorial paratexts on different book editions, print and digital, discussing how they materially configure trends in the book chain; and (3) discuss the notion of book on the convergence culture, considering the remediation process in the media system. The analysis of the books was outlined in two stages. The first one took into consideration the paratexts attached to the form. In the second phase, the focus was on identifying paratexts connected to the surroundings of the books. As a result, we identified that the editions vary widely in regard to form, indicating that the products were created to several different readings and readers. The books edited in the 19th century are objects that integrate the verbal text and the rhetoric of typography, highlighting the graphic space as an important element to the narrative. In the digital editions of the 21st century, there are other strategies, with new tools, ranging from search engines to the possibility of crossing verbal texts, what generates new verbal epitexts. Between immediacy and hypermediacy, the materiality of the book today is the result of a continuous process of remediation of the printed book into the digital book and vice-versa. In digital products, materiality is also influenced by the notion of space. The epitext environment, in the printed book, is clearly outside the product. In the digital book, on the other hand, the boundaries between what is inside and outside the book is not as clear. It was noticed that in the three digital editions analyzed, libraries, bookstores and online retailers generate epitexts that are adhered to the editorial products. The digital book does not have its own identity yet, but we see an important trend in the beginning of 21st century: the book treated as a predominantly verbal data object. While this is an important aspect of the current idea of book, it is not the only one. Books exist in the convergence culture in many ways, on paper and on digital screen. They have very similar structures and are surrounded by numerous other ways of telling Bras Cubas’ story, accessed by readers increasingly exposed and accustomed to transmedia narratives.application/pdfporDesign gráficoDesign editorialLivro eletrônicoProdução gráficaBookE-bookDesignEditorial productionThe Posthumous Memoirs of Bras CubasO design editorial na conformação do livro como dispositivo : um olhar a partir de Memórias Póstumas de Brás Cubasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Biblioteconomia e ComunicaçãoPrograma de Pós-Graduação em Comunicação e InformaçãoPorto Alegre, BR-RS2016doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000989759.pdf000989759.pdfTexto completoapplication/pdf3980234http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/138251/1/000989759.pdfc51444a83b3ef5b997733275a2245e4bMD51TEXT000989759.pdf.txt000989759.pdf.txtExtracted Texttext/plain475863http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/138251/2/000989759.pdf.txt743b2a0075e4302af5d92290aa6a7e16MD52THUMBNAIL000989759.pdf.jpg000989759.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg991http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/138251/3/000989759.pdf.jpg1a464d82e8878367631dcfaba1e31df5MD5310183/1382512018-10-23 08:33:38.0oai:www.lume.ufrgs.br:10183/138251Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-23T11:33:38Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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A pesquisa tem como foco a forma do livro na cultura da convergência, na sua relação entre design e edição, partindo do conceito de dispositivo de Charaudeau (2006a e 2006b) e Mouillaud (2002). Dada a amplitude da questão, buscou-se um objeto empírico que permitisse relacionar informações de caráter histórico, dados documentais e conceitos construídos com base no referencial teórico, ancorando a problematização proposta. Para tanto, selecionou-se o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, editado pela primeira vez em livro em 1881. O objetivo geral foi identificar paratextos editoriais ligados à forma em oito edições publicadas nos séculos XIX, XX e XXI, impressas e digitais, a fim de analisar e discutir como esses articulam-se à noção de livro enquanto dispositivo, problematizando tais relações a partir das lógicas de funcionamento de sua cadeia e mercado, dos novos modelos de acesso às edições e do lugar ocupado pelo livro na cultura da convergência. Como objetivos específicos, buscouse (1) avaliar o papel do design no estabelecimento de paratextos editoriais, definindo níveis de atuação da atividade na conformação do livro enquanto dispositivo; (2) identificar e analisar os paratextos editoriais ligados à forma e ao entorno do livro em diferentes edições, impressas e digitais do título, tensionando o modo como as edições configuram materialmente orientações e tendências na cadeia do livro; e (3) problematizar a noção de livro na cultura da convergência, tendo em vista o processo de remediação no sistema de mídia. A análise das edições delineou-se em duas etapas. A primeira teve em vista os paratextos ligados à forma. Já na segunda etapa, focou-se na identificação de tendências nos paratextos ligados ao entorno do livro. Constatou-se que as edições analisadas variam muito em relação à forma, indicando que os produtos foram criados para leituras e leitores diversos. As edições do século XIX são objetos que integram o texto verbal e a retórica tipográfica, valorizando o espaço gráfico como elemento importante para a narrativa. Nas edições digitais do século XXI, há outras propostas, com novos atrativos, incluindo desde ferramentas de busca dentro do texto até a possibilidade de cruzamento do texto verbal na formação de epitextos também verbais. Entre imediação e hipermediação, a materialidade do livro hoje é resultado de um processo contínuo de remediação do livro impresso no digital e do digital no impresso. A materialidade é influenciada também pela noção de espaço nos produtos digitais. Esse entorno – que no livro impresso está claramente fora do produto – no livro em tela passa a ter seus limites menos claros, permeando o artefato digital. Notou-se, nas três edições digitais analisadas, que bibliotecas, livrarias e lojas virtuais geram epitextos cada vez mais aderentes aos produtos editoriais. O livro digital não tem ainda uma identidade própria, mas delineia uma tendência importante neste início de século XXI: o tratamento do livro como objeto de dados predominantemente verbais. Embora essa seja uma vertente importante do livro atual, ela não é a única. Convivem na cultura da convergência muitas formas, em papel e em tela, que adotam estruturas bastante similares entre si, cercadas de inúmeros outros modos de narrar essa história, em meio a leitores cada vez mais expostos e acostumados a narrativas transmídias. |
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