Influenciadoras digitais negras e a construção de perfis-territórios : uma análise dos perfis de Camilla de Lucas (@camilladelucas), Nátaly Neri (@natalyneri) e Gabi Oliveira (@gabidepretas), a partir das constelações inspiradas em Walter Benjamin

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Monte, Irina Coelho
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/277313
Resumo: O objetivo desta tese é compreender a inserção das mulheres negras no mercado brasileiro de influência, predominantemente branco. Isso será realizado por meio da análise da construção de perfis-territórios, considerando as interseções entre raça e gênero, e as diversas desvantagens enfrentadas por esse grupo na ocupação de diferentes esferas sociais. Conceitos como dupla consciência (Du Bois, 2021), contrato racial (Mills, 2023), dispositivo de racialidade (Carneiro, 2023), o corpo negro como fenômeno social e cultural (De Mello, 2023), corporalidade nas trocas sociais (Haesbart, 2004; Quijano, 2010), e corpo-território (Gago, 2020) são empregados para analisar os perfis das influenciadoras digitais negras Camilla de Lucas (@camilladelucas), Nátaly Neri (@natalyneri) e Gabi Oliveira (@gabidepretas), sob a ótica do que denominados como perfis-territórios. Entende-se que a experiência de ser negra em uma sociedade predominantemente branca está profundamente ligada às perspectivas conflitantes em que o corpo negro é historicamente construído como símbolo de inferioridade, desumanização e exploração em sociedades colonizadas. Os perfis-territórios representam espaços paradoxais que oscilam entre a possibilidade de assimilação, por pertencerem a ambientes predominantemente brancos, e a resistência, sendo, em última instância, espaços de aquilombamento (Beatriz Nascimento, 2018; Abdias Nascimento, 2016) online, considerando a negritude numa perspectiva diaspórica (Gilroy, 2010). Olha-se as influenciadoras negras sob a lente do feminismo negro (Collins, 2019) e da Teoria Feminista: Da Margem ao Centro (hooks, 2019c), em conjunto com as perspectivas dos Estudos Críticos Interseccionais de Raça e Tecnologia (Tynes et al., 2016; Sobande, 2020; Daniels, 2009, 2013, 2015; Brock, 2020), e as dinâmicas das plataformas (Van Dijk et al., 2018). A metodologia de análise utilizada é a constelação, inspirada em Walter Benjamin (2020), que possibilita uma abordagem sensível e não linear das relações entre mulheres negras e o mercado de influência. Como resultado, o estudo evidenciou que, para a mulher negra, não basta ser influenciadora; pelo contrário, junto com essa escolha surgem desafios e marcadores sociais com os quais ela deve lidar diariamente. O primeiro deles tem início no levantamento dos perfis, quando, de modo geral, as matérias jornalísticas nem consideram pessoas negras entre influenciadores. A invisibilidade e os silenciamentos, como apresentado nesta tese, são uma constante na história do povo negro no nosso país; e a autodefinição (Collins, 2019) e o entendimento de margem e centro (hooks, 2019) atuam como elementos que possibilitam às mulheres negras a ocuparem o espaço predominantemente branco, criando modos de existências e resistências.
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Entende-se que a experiência de ser negra em uma sociedade predominantemente branca está profundamente ligada às perspectivas conflitantes em que o corpo negro é historicamente construído como símbolo de inferioridade, desumanização e exploração em sociedades colonizadas. Os perfis-territórios representam espaços paradoxais que oscilam entre a possibilidade de assimilação, por pertencerem a ambientes predominantemente brancos, e a resistência, sendo, em última instância, espaços de aquilombamento (Beatriz Nascimento, 2018; Abdias Nascimento, 2016) online, considerando a negritude numa perspectiva diaspórica (Gilroy, 2010). Olha-se as influenciadoras negras sob a lente do feminismo negro (Collins, 2019) e da Teoria Feminista: Da Margem ao Centro (hooks, 2019c), em conjunto com as perspectivas dos Estudos Críticos Interseccionais de Raça e Tecnologia (Tynes et al., 2016; Sobande, 2020; Daniels, 2009, 2013, 2015; Brock, 2020), e as dinâmicas das plataformas (Van Dijk et al., 2018). A metodologia de análise utilizada é a constelação, inspirada em Walter Benjamin (2020), que possibilita uma abordagem sensível e não linear das relações entre mulheres negras e o mercado de influência. Como resultado, o estudo evidenciou que, para a mulher negra, não basta ser influenciadora; pelo contrário, junto com essa escolha surgem desafios e marcadores sociais com os quais ela deve lidar diariamente. O primeiro deles tem início no levantamento dos perfis, quando, de modo geral, as matérias jornalísticas nem consideram pessoas negras entre influenciadores. A invisibilidade e os silenciamentos, como apresentado nesta tese, são uma constante na história do povo negro no nosso país; e a autodefinição (Collins, 2019) e o entendimento de margem e centro (hooks, 2019) atuam como elementos que possibilitam às mulheres negras a ocuparem o espaço predominantemente branco, criando modos de existências e resistências.The present thesis aims to understand the insertion of black women in the predominantly white Brazilian digital influencer market. This will be accomplished via analysis of the construction of profile-territories, taking into account gender and race intersections, and the numerous disadvantages faced by this group in occupying different social spheres. Concepts as double conscience (Du Bois, 2021), social contract (Mills, 2023), racial device (Carneiro, 2023), the black body as a social and cultural phenomenon (De Mello, 2023), corporeality in social exchanges (Haesbaert, 2024; Quijano, 2010), and body-territory (Gago, 2020) are employed to analyze the profiles of black digital influencers Camilla de Lucas (@camilladelucas), Nátaly Neri (@natalyneri), and Gabi Oliveira (@gabidepretas), under the optics of what we have named profile-territories. Being black in a predominantly white society is an experience understood as profoundly connected to the conflicting perspectives upon in which the black body is historically built in colonized societies as a symbol of inferiority, dehumanization, and exploration. The profile-territories represent paradoxical spaces oscillating between the possibility of assimilation, due to belonging to predominantly white spaces, and of resistance, being on-line quilombo territories (Beatriz Nascimento, 2018; Abdias Nascimento, 2016) as a last instance, taking blackness into a diasporic perspective (Gilroy, 2010). The black digital influencers are viewed under the lenses of black feminism (Collins, 2019) and Feminist Theory: From Margin to Center (hooks, 2019c), in association with the perspectives of Critical Intersectional Studies on Race and Technology (Tynes et al., 2016; Sobande, 2020; Daniels, 2009, 2013, 2015; Brock, 2020), and platform dynamics (Van Dijk et al., 2018). The methodology applied to the analysis is constellation, inspired by Walter Benjamin (2020), which allows for a sensitive and non-linear approach to relations between black women and the digital influencer market. As a result, the study uncovered that being a digital influencer is not enough for the black woman; on the contrary, along with this choice emerge social challenges and markers which they must deal with daily. The first challenge happens at profile survey, where generally journalistic pieces don't consider black people amongst these influencers. The invisibility and silencings, as presented in this thesis, are a constant in the history of black people in our country; self identification (Collins, 2019) and the understanding of margin and center (hooks, 2019) act as elements that enable black women to occupy predominantly white spaces, creating ways to exist and resist.application/pdfporInfluenciador digitalMulher negraRepresentatividadeBlack womenDigital influencersInfluence marketBlack feminismProfileterritoriesInfluenciadoras digitais negras e a construção de perfis-territórios : uma análise dos perfis de Camilla de Lucas (@camilladelucas), Nátaly Neri (@natalyneri) e Gabi Oliveira (@gabidepretas), a partir das constelações inspiradas em Walter Benjamininfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Biblioteconomia e ComunicaçãoPrograma de Pós-Graduação em ComunicaçãoPorto Alegre, BR-RS2024doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001208221.pdf.txt001208221.pdf.txtExtracted Texttext/plain653790http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/277313/2/001208221.pdf.txt60123e9bafc1673fc47e45c9c811a31bMD52ORIGINAL001208221.pdfTexto completoapplication/pdf8042199http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/277313/1/001208221.pdf65a014fe98f4f7608e5797e35428e341MD5110183/2773132024-08-15 06:31:11.400686oai:www.lume.ufrgs.br:10183/277313Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532024-08-15T09:31:11Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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