A Invisibilidade negra na cidade de Porto Alegre : uma pesquisa sobre imaginários urbanos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bonetto, Helena
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/189048
Resumo: A presente pesquisa de doutorado em Geografia desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), intitulada - A invisibilidade negra na cidade de Porto Alegre: uma pesquisa sobre imaginários urbanos partiu da hipótese de que, embora entre os anos de 2010-2014 inúmeras iniciativas tenham sido direcionadas para visibilização das representações da escrita espacial negra na história de Porto Alegre, como o Museu de Percurso Negro, ainda persiste o imaginário dominante, constituído por representações que valorizam a cidade a partir da escrita espacial branca e de imigração europeia. O objetivo geral é compreender os processos de persistência de invisibilidade das representações negras nos imaginários urbanos da cidade. Os procedimentos metodológicos adotados para pesquisa formaram-se através de um mosaico de técnicas de coleta e análise de dados. Entre eles estão a pesquisa documental em panfletos, mapas e guia dos museus disponibilizados pela Secretária de Turismo, realização de entrevistas semiestruturadas no Centro Histórico de Porto Alegre no total de 46, inquérito por questionário através de plataforma online, com perguntas abertas e de múltipla escolha, com a finalidade de questionar os moradores sobre suas representações da cidade. Obteve-se também o levantamento dos monumentos na região central da cidade por meio da Secretária de Cultura do Município de Porto Alegre para análise dos grupos representados no Centro e no Parque Farroupilha (Parque da Redenção). Foram, ainda, realizadas entrevistas para obter narrativas com militantes, pesquisadores e, artistas negros, com a finalidade de visibilizar as representações da escrita espacial negra materializada em seus trabalhos. Os dados coletados estão apresentados através das narrativas espaciais turística, dos monumentos, dos moradores e de autores de trabalhos intelectuais, artístico-fotográficos e intervenções urbanas. As narrativas formam dois hologramas espaciais: sobre a invisibilidade negra, mais extenso e percorrido e sobre as narrativas de resistência, representações elaboradas para dar visibilidade ao negro em Porto Alegre. A trajetória de pesquisa permitiu chegar às seguintes considerações finais: nas narrativas às representações espaciais negras históricas da cidade de Porto Alegre continuam invisibilizadas devido a ausência do Museu de Percurso Negro nos materiais turísticos, tais como mapas, panfletos nem ao menos no guia de museus do Rio Grande do Sul. Apesar dos monumentos de visibilidade negra estarem presentes no centro da cidade, não são percebidos pelos entrevistados, não sendo vinculados a escrita espacial negra. Outra constatação alcançada é sobre a visibilidade desta escrita estar congelada no período da escravização. O estudo nos permite confirmar que a cidade de Porto Alegre apresenta no seu imaginário urbano o predomínio das representações dos imigrantes europeus relacionadas à fundação da cidade e vinculado ao trabalho que possibilitou seu desenvolvimento. Contudo, é importante destacar que as representações da identidade gaúcha, fortemente associada aos materiais analisados e nos monumentos presentes no centro histórico da cidade, também contribuiem para a invisibilidade da escrita espacial negra na sua história, na medida em que não possuem representações com esse sentido nessa construção. Por fim, o 13 estudo nos leva a enfatizar a necessidade da implementação de políticas de representação da escrita espacial negra na cidade e o fortalecimento dos projetos existentes como o Museu de Percurso Negro e os Territórios Negros através da sua inclusão como pontos turísticos e percursos a serem realizados tanto por visitante, como também pelos moradores de Porto Alegre.
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Os procedimentos metodológicos adotados para pesquisa formaram-se através de um mosaico de técnicas de coleta e análise de dados. Entre eles estão a pesquisa documental em panfletos, mapas e guia dos museus disponibilizados pela Secretária de Turismo, realização de entrevistas semiestruturadas no Centro Histórico de Porto Alegre no total de 46, inquérito por questionário através de plataforma online, com perguntas abertas e de múltipla escolha, com a finalidade de questionar os moradores sobre suas representações da cidade. Obteve-se também o levantamento dos monumentos na região central da cidade por meio da Secretária de Cultura do Município de Porto Alegre para análise dos grupos representados no Centro e no Parque Farroupilha (Parque da Redenção). Foram, ainda, realizadas entrevistas para obter narrativas com militantes, pesquisadores e, artistas negros, com a finalidade de visibilizar as representações da escrita espacial negra materializada em seus trabalhos. Os dados coletados estão apresentados através das narrativas espaciais turística, dos monumentos, dos moradores e de autores de trabalhos intelectuais, artístico-fotográficos e intervenções urbanas. As narrativas formam dois hologramas espaciais: sobre a invisibilidade negra, mais extenso e percorrido e sobre as narrativas de resistência, representações elaboradas para dar visibilidade ao negro em Porto Alegre. A trajetória de pesquisa permitiu chegar às seguintes considerações finais: nas narrativas às representações espaciais negras históricas da cidade de Porto Alegre continuam invisibilizadas devido a ausência do Museu de Percurso Negro nos materiais turísticos, tais como mapas, panfletos nem ao menos no guia de museus do Rio Grande do Sul. Apesar dos monumentos de visibilidade negra estarem presentes no centro da cidade, não são percebidos pelos entrevistados, não sendo vinculados a escrita espacial negra. Outra constatação alcançada é sobre a visibilidade desta escrita estar congelada no período da escravização. O estudo nos permite confirmar que a cidade de Porto Alegre apresenta no seu imaginário urbano o predomínio das representações dos imigrantes europeus relacionadas à fundação da cidade e vinculado ao trabalho que possibilitou seu desenvolvimento. Contudo, é importante destacar que as representações da identidade gaúcha, fortemente associada aos materiais analisados e nos monumentos presentes no centro histórico da cidade, também contribuiem para a invisibilidade da escrita espacial negra na sua história, na medida em que não possuem representações com esse sentido nessa construção. Por fim, o 13 estudo nos leva a enfatizar a necessidade da implementação de políticas de representação da escrita espacial negra na cidade e o fortalecimento dos projetos existentes como o Museu de Percurso Negro e os Territórios Negros através da sua inclusão como pontos turísticos e percursos a serem realizados tanto por visitante, como também pelos moradores de Porto Alegre.The present research of doctorate in Geography developed in the Program of Postgraduate in Geography of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), titled "A research on the urban life" between years of 2010-2014 the main initiatives were guided to the visibility of representations of black space writing in the history of Porto Alegre, such as the Black Route Museum, the dominant imaginary still exists, made up of representations that value the city from white space writing and European immigration. The general objective is the processes of persistence of invisibility of the black representations in the urban imaginaries of the city. The methodologies adopted for the research are formed through a mosaic of data collection and analysis techniques. Among them are the documentary research, pamphlets, maps and guides of the museums made available by the Secretary of Tourism, conducting semi-structured lectures in the Historic Center of Porto Alegre in a total of 46, through the research through the online platform, with open questions and choice with a purpose of questioning the residents about their representations of the city. Obtaining also the survey of monuments in the central region of the city through the Culture Department of the Municipality of Porto Alegre for analysis of the groups represented in the Center and in the Farroupilha Park (Redenção Park). Interviews were also conducted to obtain narratives with militants, researchers and artists, with a view to visualize representations of black spatial writing materialized in their works. The data are presented through tourist spatial narratives, monuments, residents and authors of urban intellectual, artistic and exhibitionist works. The narratives form a spatial hologram: on a black invisibility, more extensive and traveled and on narratives of resistance, representations elaborated to give visibility to the black in Porto Alegre. The research trajectory may arrive as a newcomer: in the narratives to the negative historical representations of the city of Porto Alegre remain invisible due to an absence of the Black Route Museum in the tourist fabrics, such as maps, pamphlets or at least no guide of museums of Rio Grande do Sul. Black visibility monuments are not present in the city center, they are not forgotten by the interviewees, they are not linked to black space writing. Another finding reached a demand in this freeze in the period of enslavement. The study allows the city of Porto Alegre to expose its imaginary the predominance of the representations of the immigrants on the city and those linked to the work that enabled its development. However, it is important to highlight the representations of body identity that are related to the materials analyzed and the monuments present in the Historic Center of the city, also contributed to the invisibility of spatial writing in its history, since there are no representations with this meaning in this construction. For example, the study leads us to emphasize the implementation of the declaration of directives of black spatial nature in the city and the strengthening of projects such as the Black Route Museum and the Black Territories on their part as sights and routes to be undertaken. , as well as the residents of Porto Alegre.application/pdfporGeografia humanaNegroImaginaryCityInvisibilityUrbanBlackA Invisibilidade negra na cidade de Porto Alegre : uma pesquisa sobre imaginários urbanosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de GeociênciasPrograma de Pós-Graduação em GeografiaPorto Alegre, BR-RS2018doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001088130.pdf.txt001088130.pdf.txtExtracted Texttext/plain461096http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189048/2/001088130.pdf.txtb6a271f7b6a1c5c7ab4c255354bc4c7cMD52ORIGINAL001088130.pdfTexto completoapplication/pdf6908848http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189048/1/001088130.pdf94bd07c4216a65a6ad381e88043d6dcaMD5110183/1890482019-03-01 02:28:00.090614oai:www.lume.ufrgs.br:10183/189048Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-03-01T05:28Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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