Sobre as esferas cognitiva, acústico-articulatória e realista indireta da percepção fônica não nativa : para além do PAM-L2

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Perozzo, Reiner Vinicius
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/172945
Resumo: A presente tese se ocupa da percepção fônica de línguas não nativas e tem como objetivo repensar as premissas básicas do PERCEPTUAL ASSIMILATION MODEL-L2 [PAM-L2 (BEST; TYLER, 2007)] no que diz respeito aos seus eixos cognitivo, fônico e filosófico. De acordo com os proponentes do modelo, (i) a percepção da fala não nativa dispensa mecanismos cognitivos no que se refere a representações mentais ou processos inferenciais; (ii) a unidade de análise do evento perceptual, em termos de fala, é o gesto articulatório; e (iii) o acesso às informações disponíveis no mundo é direto, garantido pela atuação dos sentidos como nossos próprios sistemas perceptuais. Julgamos que tais premissas são limitadas e incoerentes com o objeto de investigação dos autores e argumentamos, portanto, que os eixos cognitivo, fônico e filosófico do modelo devam ser vislumbrados sobre um ponto de vista alternativo. Quanto ao primeiro eixo, defendemos que o evento perceptual seja concebido essencialmente como um fenômeno cognitivo, criado e gerenciado pelo encéfalo, que envolve abstrações, representações mentais e inferências acerca dos objetos do mundo. Em relação ao segundo eixo, julgamos que o tratamento acústico-articulatório (ALBANO, 2001) à unidade gestual seja mais apropriado à percepção de elementos fônicos não nativos, diferindo do tratamento articulatório (BROWMAN; GOLDSTEIN, 1989, 1992) que reside originalmente no modelo. No que diz respeito ao terceiro eixo, adotamos a posição realista indireta (JACKSON, 1977, 2010) como sendo aquela que abarca de modo mais adequado a percepção das unidades fônicas não nativas, em detrimento do realismo direto (J. GIBSON, 1966, 1986). Decorrentes de nosso refinamento teórico, questões adicionais à percepção fônica não nativa são endereçadas, as quais concernem à falsa dicotomia L2 VS. LE, à influência do sistema grafêmico sobre a percepção fônica e à formação de novas categorias fônicas a serviço do idioma-alvo. Discutimos, também, os aspectos metodológicos de alguns estudos perceptuais, assim como suas implicações para uma nova caracterização do modelo, e ponderamos sobre o delineamento, o tipo de conhecimento de base testado (língua materna ou não nativa) e o objetivo de cada tarefa perceptual a ser empregada em ambiente laboratorial.
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Julgamos que tais premissas são limitadas e incoerentes com o objeto de investigação dos autores e argumentamos, portanto, que os eixos cognitivo, fônico e filosófico do modelo devam ser vislumbrados sobre um ponto de vista alternativo. Quanto ao primeiro eixo, defendemos que o evento perceptual seja concebido essencialmente como um fenômeno cognitivo, criado e gerenciado pelo encéfalo, que envolve abstrações, representações mentais e inferências acerca dos objetos do mundo. Em relação ao segundo eixo, julgamos que o tratamento acústico-articulatório (ALBANO, 2001) à unidade gestual seja mais apropriado à percepção de elementos fônicos não nativos, diferindo do tratamento articulatório (BROWMAN; GOLDSTEIN, 1989, 1992) que reside originalmente no modelo. No que diz respeito ao terceiro eixo, adotamos a posição realista indireta (JACKSON, 1977, 2010) como sendo aquela que abarca de modo mais adequado a percepção das unidades fônicas não nativas, em detrimento do realismo direto (J. GIBSON, 1966, 1986). Decorrentes de nosso refinamento teórico, questões adicionais à percepção fônica não nativa são endereçadas, as quais concernem à falsa dicotomia L2 VS. LE, à influência do sistema grafêmico sobre a percepção fônica e à formação de novas categorias fônicas a serviço do idioma-alvo. Discutimos, também, os aspectos metodológicos de alguns estudos perceptuais, assim como suas implicações para uma nova caracterização do modelo, e ponderamos sobre o delineamento, o tipo de conhecimento de base testado (língua materna ou não nativa) e o objetivo de cada tarefa perceptual a ser empregada em ambiente laboratorial.This Doctoral Dissertation addresses the phonic perception of non-native languages and aims to rethink the central tenets of the PERCEPTUAL ASSIMILATION MODEL-L2 [PAM-L2 (BEST; TYLER, 2007)] with respect to its cognitive, phonic and philosophical spheres. According to the proponents of the model, (i) the perception of non-native speech disregards any cognitive mechanisms related to mental representations or inferential processes; (ii) the unit for analyzing perceptual events, in terms of speech, corresponds to the articulatory gesture; and (iii) we have direct access to the information available in the world, since our senses act as our own perceptual systems. We argue that these premises are limited and inconsistent with the research object of the authors and, thus, we assume that the cognitive, phonic and philosophical spheres of the model should be glimpsed from an alternative point of view. As for the first sphere, we argue that the perceptual event is essentially a cognitive phenomenon, created and managed by the brain, which involves abstractions, mental representations and inferences about the objects of the world. Regarding the second sphere, we state that an acoustic-articulatory treatment (ALBANO, 2001) to the gestural unit is more appropriate to the perception of non-native phonic elements, differing from the articulatory treatment (BROWMAN; GOLDSTEIN, 1989, 1992) that is originally conveyed by the model. With respect to the third sphere, opposing direct realism (J. GIBSON, 1966, 1986), we adopt the indirect realist position (JACKSON, 1977, 2010) as the one that encompasses the perception of non-native phonic units more adequately. Due to our theoretical refinement, we address additional issues to the phonic perception, which concern the false L2 vs. LE dichotomy, the impact of graphical systems on phonic perception, and the formation of new phonic categories at the service of the target language. We discuss methodological aspects of perceptual studies, as well as their implications for a new characterization of the model, and we also consider the design, the type of knowledge tested (native or nonnative language) and the purpose of each perceptual task to be used in a laboratory environment.application/pdfporCogniçãoFonologiaPercepção da falaAcoustic-articulatory gestureNonnative phonic perceptionIndirect realismCognitionSobre as esferas cognitiva, acústico-articulatória e realista indireta da percepção fônica não nativa : para além do PAM-L2Neurosciences ‘from this side’: An inquiry into the laboratorial relations between mice, drugs, and humansinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2017doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001060352.pdf001060352.pdfTexto completoapplication/pdf1850773http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/172945/1/001060352.pdf0fa2d9943852972755e90bac86334803MD51TEXT001060352.pdf.txt001060352.pdf.txtExtracted Texttext/plain600354http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/172945/2/001060352.pdf.txtab6d1d2c7f844bfa70af7ab7587031ebMD52THUMBNAIL001060352.pdf.jpg001060352.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg915http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/172945/3/001060352.pdf.jpg78f6e94d3b22690a0eb3c64f7d5f453cMD5310183/1729452018-10-29 09:06:26.99oai:www.lume.ufrgs.br:10183/172945Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-29T12:06:26Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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