Soroprevalência do vírus da hepatite E (HEV) e seus determinantes em populações de risco no Estado do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, Marisa Boff da
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/202715
Resumo: Introdução: A hepatite associada à infecção pelo vírus da hepatite E (HEV) é a principal causa de hepatite aguda no mundo. Os resultados de prevalência revelam uma alta heterogeneidade em relação à soropositividade do Anti-HEV, levando a concluir que os determinantes das estimativas, incluindo o ensaio e população de risco, devem ser considerados ao interpretar a epidemiologia do HEV e seu impacto. A infecção pelo HEV em humanos é habitualmente assintomática. Apenas uma minoria desenvolve sintomas de hepatite aguda. Pacientes imunossuprimidos podem falhar na eliminação do vírus e, portanto são considerados de risco para a evolução à doença. O objetivo deste estudo foi avaliar a soroprevalência de hepatite E em populações de risco comparando seus resultados aos obtidos em doadores de sangue descrevendo as características demográficas da população. Métodos: Foi realizado um estudo transversal em indivíduos adultos de distintas populações de risco incluindo usuários de crack (CK), moradores de uma região de baixa condição socioambientais (VL), pacientes cirróticos (CIR) e pacientes transplantados de fígado (LT) em comparação com doadores de sangue (DS). Foi utilizado teste Wantai® Elisa Anti-HEV para a determinação de sorologia e teste in house para o RNA-PCR. Resultado: Um total de 400 participantes foi incluído. A idade média foi de 47,3±15,8 anos e 65,6% eram do sexo masculino. O anti-HEV IgG foi positivo em 19,5% da amostra total, atingindo a maior taxa no grupo CIR, 22,5%, seguida por CK, LT e VL (20%, 18,7% e 17,5%, respectivamente). A soroprevalência encontrada no grupo DS foi de 18,7% (p=NS). Anti-HEV IgM foi positivo em apenas 1,5% da amostra (6/400). Nenhuma amostra de sangue ou fezes foi positiva para RNA-HEV. No grupo crack, a contaminação por HEV esteve relacionada à idade, ao início do uso de drogas em idade mais precoce (p=0,024) e à gravidade do consumo de álcool, tabaco e crack (p<0,05). Fatores como higiene, histórico prévio de prisão e situação de rua não foram associados à presença do vírus. Após o ajuste para a variável idade, a soroprevalência do HEV demonstrou ser 11% menor para cada ano a mais na idade do primeiro uso de álcool (RP=0,89; IC 95%=0,80-0,98; p=0,025). Discussão: A soroprevalência relatada neste estudo figura entre as mais altas taxas já encontradas no Brasil. A intensa investigação diagnóstica, incluíndo análise molecular integral nas amostras de soro, plasma e fezes de pacientes cirróticos e transpladatos hepáticos demosntrou que, embora circulante no país, o HEV não parece ser um problema na população brasileira, mesmo em indivíduos imunocomprometidos. Conclusão: Os resultados de soroprevalência relatados neste estudo indicam que o HEV circula em nosso meio em taxas similares àquelas encontradas em áreas endêmicas. Entretanto, confirmando achados de outros estudos nacionais, não foi detectado qualquer caso de doença ativa.
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spelling Costa, Marisa Boff daÁlvares-da-Silva, Mário Reis2019-12-18T04:00:08Z2019http://hdl.handle.net/10183/202715001107290Introdução: A hepatite associada à infecção pelo vírus da hepatite E (HEV) é a principal causa de hepatite aguda no mundo. Os resultados de prevalência revelam uma alta heterogeneidade em relação à soropositividade do Anti-HEV, levando a concluir que os determinantes das estimativas, incluindo o ensaio e população de risco, devem ser considerados ao interpretar a epidemiologia do HEV e seu impacto. A infecção pelo HEV em humanos é habitualmente assintomática. Apenas uma minoria desenvolve sintomas de hepatite aguda. Pacientes imunossuprimidos podem falhar na eliminação do vírus e, portanto são considerados de risco para a evolução à doença. O objetivo deste estudo foi avaliar a soroprevalência de hepatite E em populações de risco comparando seus resultados aos obtidos em doadores de sangue descrevendo as características demográficas da população. Métodos: Foi realizado um estudo transversal em indivíduos adultos de distintas populações de risco incluindo usuários de crack (CK), moradores de uma região de baixa condição socioambientais (VL), pacientes cirróticos (CIR) e pacientes transplantados de fígado (LT) em comparação com doadores de sangue (DS). Foi utilizado teste Wantai® Elisa Anti-HEV para a determinação de sorologia e teste in house para o RNA-PCR. Resultado: Um total de 400 participantes foi incluído. A idade média foi de 47,3±15,8 anos e 65,6% eram do sexo masculino. O anti-HEV IgG foi positivo em 19,5% da amostra total, atingindo a maior taxa no grupo CIR, 22,5%, seguida por CK, LT e VL (20%, 18,7% e 17,5%, respectivamente). A soroprevalência encontrada no grupo DS foi de 18,7% (p=NS). Anti-HEV IgM foi positivo em apenas 1,5% da amostra (6/400). Nenhuma amostra de sangue ou fezes foi positiva para RNA-HEV. No grupo crack, a contaminação por HEV esteve relacionada à idade, ao início do uso de drogas em idade mais precoce (p=0,024) e à gravidade do consumo de álcool, tabaco e crack (p<0,05). Fatores como higiene, histórico prévio de prisão e situação de rua não foram associados à presença do vírus. Após o ajuste para a variável idade, a soroprevalência do HEV demonstrou ser 11% menor para cada ano a mais na idade do primeiro uso de álcool (RP=0,89; IC 95%=0,80-0,98; p=0,025). Discussão: A soroprevalência relatada neste estudo figura entre as mais altas taxas já encontradas no Brasil. A intensa investigação diagnóstica, incluíndo análise molecular integral nas amostras de soro, plasma e fezes de pacientes cirróticos e transpladatos hepáticos demosntrou que, embora circulante no país, o HEV não parece ser um problema na população brasileira, mesmo em indivíduos imunocomprometidos. Conclusão: Os resultados de soroprevalência relatados neste estudo indicam que o HEV circula em nosso meio em taxas similares àquelas encontradas em áreas endêmicas. Entretanto, confirmando achados de outros estudos nacionais, não foi detectado qualquer caso de doença ativa.Background: Hepatitis associated with hepatitis E virus (HEV) infection is the leading cause of acute hepatitis worldwide. Prevalence results show a high heterogeneity in relation to the anti-HEV seropositivity, leading to the conclusion that the determinants of the estimates, including the assay and the at-risk population, should be considered when interpreting HEV epidemiology and its impact. Hepatitis E virus (HEV) infection in humans is usually asymptomatic. Only a minority develops symptoms of acute hepatitis. Immunosuppressed patients may fail to eliminate the virus and therefore are considered to be at risk for disease progression. The objective of this study was to evaluate the prevalence of hepatitis E in populations at risk comparing their results to those obtained in blood donors describing the demographic characteristics of the population. Methods: A cross-sectional study was carried out in adults of different risk populations including crack users (CK), residents of a low income area (LIA), cirrhotic patients (CIR) and liver transplant patients (LT) compared with blood donors (BD). The Wantai® Elisa Anti-HEV test was used for the determination of serology and in-house test for RNA-PCR. Results: A total of 400 participants were included. The mean age was 47.3 ± 15.8 years-old, and 65.6% were male. Anti-HEV IgG was positive in 19.5% of the total sample, reaching the highest rate in the CIR group, 22.5%, followed by CK, LT, and LIA (20%, 18.7%, and 18%). The prevalence in BD group was 18.7% (p=NS). In the CK group, the HEV contamination was related to age, to the onset of drug use at an earlier age (p=0.024) and severity of alcohol, tobacco and crack consumption (p<0.05). Factors such as hygiene, previous history of imprisonment and homeless condition were not associated with the presence of the virus. After adjusting for the age variable, HEV seroprevalence was shown to be 11% lower for each additional year at the age of first alcohol use (PR=0.89; 95% CI=0.80-0, 98; p=0.025). Discussion: The seroprevalence reported in this study (19.5%) is among the highest rates ever found in Brazil. The intense diagnostic investigation, including molecular analysis in all the serum, plasma and stool specimens of cirrhosis and liver transplant patients, showed that, although circulating in the country, HEV does not appear to be a problem in the Brazilian population, even in immunocompromised individuals. Conclusion: The seroprevalence results described in this study indicate that HEV circulates in our region at rates similar to those found in endemic areas worldwide. However, as reported in other Brazilian studies, no case of active disease was detected.application/pdfporHepatite EPrevalênciaVírus da hepatite EEpidemiologiaDoadores de sangueCaracterísticas da populaçãoFatores de riscoAdultoEstudos transversaisRio Grande do SulSoroprevalência do vírus da hepatite E (HEV) e seus determinantes em populações de risco no Estado do Rio Grande do Sulinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Ciências em Gastroenterologia e HepatologiaPorto Alegre, BR-RS2019doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001107290.pdf.txt001107290.pdf.txtExtracted Texttext/plain182653http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/202715/2/001107290.pdf.txtb8d05ea82c1b97afb7fc80cb70a2bf93MD52ORIGINAL001107290.pdfTexto completoapplication/pdf29609645http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/202715/1/001107290.pdf5a207faf366aceaa094d92ef90c2784cMD5110183/2027152023-02-15 04:23:45.644368oai:www.lume.ufrgs.br:10183/202715Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-02-15T06:23:45Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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