Fenomenologia do videochat : imaginação audiovisual e relacionamento intersubjetivo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Damasceno, Alex Ferreira
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/141044
Resumo: Nesta pesquisa, investigamos o processo de produção de imagens audiovisuais nos ambientes de videochat. Ou, nos termos conceituais propostos pela tese, pesquisamos a imaginação acionada no fenômeno do “videorrelacionamento”. Trabalhamos com dois eixos teóricos principais: a Fenomenologia Social de Alfred Schutz, na discussão das esferas de orientação para o Outro e da formação de relacionamentos intersubjetivos; e a Fenomenologia da Imagem de Vilém Flusser, com os conceitos de imaginação, técnica e diálogo. A partir da articulação entre os dois autores, entendemos que o videochat é um uso dialógico da técnica de imaginação audiovisual, capaz de reproduzir a estrutura do relacionamento face a face, na esfera de orientação do “Nós recíproco”. O objetivo geral foi apreender essa imaginação em sua multiplicidade qualitativa. Para alcançá-lo, a pesquisa se apropria do método intuitivo de Bergson e problematiza a dimensão temporal da experiência, na formulação de um misto composto pela tecnoimaginação (tendência virtual) e pelas imagens técnicas (tendência atual). Os problemas de pesquisa enfocam os movimentos de contração e distensão desse misto: como a imaginação se atualiza em imagens? E como as imagens convergem para um mesmo ponto virtual de imaginação? Delimitamos o desenvolvimento dos problemas em um foco empírico formado por dois sites de videochats que operam com sistemas randômicos, nos quais coletamos as amostras de imagens: o Omegle e o Chatroulette. Os problemas foram resolvidos com a aplicação de quatro procedimentos metodológicos. O primeiro foi a Observação participante, que objetivou a interpretação das ações dos sujeitos-na-imagem. Como resultado, tipificamos cinco linhas de ação em trânsito (quando a ação é operada em síntese com o comando de desconexão): o zapping, o cibersexo, a interação em dupla ou grupo, a performance artística e a ausência. O segundo procedimento foi a Decifração, que objetivou a leitura da codificação técnica das imagens. O principal resultado foi que o programa do aparelho recorta e centraliza o corpo do sujeito dentro do quadro, ao mesmo tempo em que promove a onipresença do contrassujeito. O terceiro procedimento foi a Restituição dos emparelhamentos, que objetivou a compreensão do transporte dialógico das mensagens audiovisuais. Os resultados obtidos mostraram que as imagens interagem em regime de acidente e ajustamento, em um contato sensível entre corpos e consciências. O quarto e último procedimento, que finaliza a intuição filosófica, foi a Reviravolta da experiência: cruzamos todos os resultados anteriores e formulamos a tecnoimaginação dialógica como um conceito, precisamente talhado sobre a multiplicidade do fenômeno em suas diferentes dimensões.
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Para alcançá-lo, a pesquisa se apropria do método intuitivo de Bergson e problematiza a dimensão temporal da experiência, na formulação de um misto composto pela tecnoimaginação (tendência virtual) e pelas imagens técnicas (tendência atual). Os problemas de pesquisa enfocam os movimentos de contração e distensão desse misto: como a imaginação se atualiza em imagens? E como as imagens convergem para um mesmo ponto virtual de imaginação? Delimitamos o desenvolvimento dos problemas em um foco empírico formado por dois sites de videochats que operam com sistemas randômicos, nos quais coletamos as amostras de imagens: o Omegle e o Chatroulette. Os problemas foram resolvidos com a aplicação de quatro procedimentos metodológicos. O primeiro foi a Observação participante, que objetivou a interpretação das ações dos sujeitos-na-imagem. Como resultado, tipificamos cinco linhas de ação em trânsito (quando a ação é operada em síntese com o comando de desconexão): o zapping, o cibersexo, a interação em dupla ou grupo, a performance artística e a ausência. O segundo procedimento foi a Decifração, que objetivou a leitura da codificação técnica das imagens. O principal resultado foi que o programa do aparelho recorta e centraliza o corpo do sujeito dentro do quadro, ao mesmo tempo em que promove a onipresença do contrassujeito. O terceiro procedimento foi a Restituição dos emparelhamentos, que objetivou a compreensão do transporte dialógico das mensagens audiovisuais. Os resultados obtidos mostraram que as imagens interagem em regime de acidente e ajustamento, em um contato sensível entre corpos e consciências. O quarto e último procedimento, que finaliza a intuição filosófica, foi a Reviravolta da experiência: cruzamos todos os resultados anteriores e formulamos a tecnoimaginação dialógica como um conceito, precisamente talhado sobre a multiplicidade do fenômeno em suas diferentes dimensões.En este estudio, investigamos el proceso de producción de imágenes audiovisuales en los ambientes de videochat. O, en los términos conceptuales propuestos por la tesis, observamos la imaginación en el fenómeno del "vídeo-relación". Trabajamos con dos enfoques teóricos principales: la Fenomenología Social de Alfred Schutz, en la discusión de la orientación para el Otro y de la formación de relaciones intersubjetivas; y la Fenomenología de la Imagen de Vilém Flusser, con los conceptos de imaginación, técnica y diálogo. A partir de la articulación entre los dos autores, entendemos que el videochat es un uso dialógico de la técnica de imaginación audiovisual, capaz de reproducir la estructura de la relación cara a cara, en la esfera de orientación de “Nosotros recíproco”. El objetivo general fue aprehender esa imaginación en su multiplicidad cualitativa. Para lograrlo, la investigación se apropia del método intuitivo de Bergson y analiza la dimensión temporal de la experiencia, con la formulación de un mixto compuesto por la tecnoimaginação (tendencia virtual) y por las imágenes técnicas (tendencia actual). Los problemas de investigación tienen como foco los movimientos de contracción y distensión de este mixto: ¿cómo la imaginación se actualiza imágenes? Y ¿como las imágenes convergen a un mismo punto virtual de imaginación? Delimitamos el desarrollo de los problemas en un enfoque empírico formado por dos websites de videochats que funcionan con un sistema aleatorio, en los cuales recogemos las muestras de imágenes: el Omegle y el Chatroulette. Los problemas fueran resueltos con la aplicación de cuatro procedimientos metodológicos. El primero fue la Observación participante, que tenía por objetivo interpretar las acciones del sujetos-en-la-imagen. Como resultado, tipificamos cinco líneas de acción en tránsito (cuando la acción se efectúa en síntesis con el comando de desconexión): el zapping, el sexo virtual, la interacción de par o grupo, la performance artística y la ausencia. El segundo procedimiento fue el Desciframiento, que tenía como objetivo leer la codificación técnica de las imágenes. El principal resultado fue que el programa del aparato recorta y centra el cuerpo del sujeto dentro del cuadro, al mismo tiempo que promueve la omnipresencia del otro sujeto. El tercer procedimiento fue la Restitución de los emparejamientos, cuyo objetivo era comprender el transporte dialógico de los mensajes audiovisuales. Los resultados mostraron que las imágenes interactúan en regímenes de accidente y ajuste, en un contacto sensible entre cuerpos y conciencias. El cuarto y último procedimiento, que termina la intuición filosófica, fue el Giro de la experiencia: cruzamos todos los resultados anteriores y formulamos la tecnoimaginación dialógica como un concepto, que se adapta exactamente a la multiplicidad del fenómeno en sus diferentes dimensiones.application/pdfporAudiovisualImagemVideoconferênciaCiberculturaVideochatVídeo-relaciónTecnoimaginaciónAudiovisualMétodo intuitivoFenomenologia do videochat : imaginação audiovisual e relacionamento intersubjetivoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Biblioteconomia e ComunicaçãoPrograma de Pós-Graduação em Comunicação e InformaçãoPorto Alegre, BR-RS2016doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000992523.pdf000992523.pdfTexto completoapplication/pdf3280287http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/141044/1/000992523.pdf4259ae2d05a1644a63810bb1de11395fMD51TEXT000992523.pdf.txt000992523.pdf.txtExtracted Texttext/plain514693http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/141044/2/000992523.pdf.txtc357c8298352073e40f9a3f80adf9ebfMD52THUMBNAIL000992523.pdf.jpg000992523.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1088http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/141044/3/000992523.pdf.jpg06c149fd112b0815aa996fb929035782MD5310183/1410442018-10-25 09:51:20.841oai:www.lume.ufrgs.br:10183/141044Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-25T12:51:20Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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