Doces companheiras indispensáveis : um estudo antropológico sobre abelhas e habitabilidade
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/226267 |
Resumo: | Esta tese investiga relações estabelecidas entre humanos e abelhas, compreendidas aqui como “companheiras indispensáveis” da vida humana. Além a relevância como polinizadoras, destacamos que foi especialmente por meio do mel, termo mediador das interações estabelecidas com as abelhas, que estes animais teriam se tornado uma alteridade importante aos humanos, proporcionando o mais intenso sabor doce até o surgimento do açúcar. Contemporaneamente, as abelhas têm passado por crises, sendo o fenômeno do “desaparecimento das abelhas” muito divulgado na mídia e gerado uma grande comoção, alimentando um imaginário distópico e, também, iniciativas em defesa desses insetos. Para compreender, por um lado, as relações estabelecidas entre humanos e abelhas tendo o mel como intermediário e, por outro lado, se acaso haveria o desaparecimento de abelhas no Rio Grande do Sul, realizamos esta pesquisa a partir do universo da apicultura e da meliponicultura, conduzida por meio de metodologia etnográfica, cuja observação participante foi realizada sobretudo em cursos de apicultura, em seminários e em espaços de fomento à apicultura e à meliponicultura no estado do Rio Grande do Sul. A partir de dados etnográficos elaborados nesse universo, que se constitui a partir das abelhas com e sem ferrão , desenvolvemos esta investigação. Ao início, desde uma perspectiva histórica, mostro que as abelhas e seus méis foram companheiros fundamentais para povos indígenas e colonizadores no Brasil. Na sequencia, estabelecendo um diálogo com a antropologia da alimentação, destaco a centralidade do mel na relação entre abelhas e humanos, o que nos mostra a relevância do mel como criador de vínculos entre ambos. Principal substância consumida pelos humanos que já foi previamente digerida e que é produzida por insetos , o mel é dotado de sabores que vão além do doce e que proporcionam muitos prazeres gustativos. Após abordar os méis e seus múltiplos sabores, discorro sobre os saberes, as habilidades, os valores e as habitabilidades cultivadas no meio apícola, o qual tem no encantamento dos apicultores pelas abelhas e sua vida social um de seus motivos condutores. Essa admiração pelas abelhas encontra, nas interações entre apicultores e abelhas que transcorrem nos apiários, alguns pontos de tensão, os quais são abordados na sequencia, quando são debatidas as práticas apícolas como “atos domesticatórios” dos enxames, destacando o complexo estatuto de domesticidade das abelhas e o limiar entre colheita e coleta do mel. Ao fim, enfoco a meliponicultura, isto é, a criação de abelhas nativas sem ferrão, salientando a importância dos meliponicultores e o cultivo que promovem de habitabilidades multiespécie, cujos atos possuem conotações conservacionistas, posto que diversas espécies de abelhas sem ferrão encontram-se em processo de extinção. |
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Para compreender, por um lado, as relações estabelecidas entre humanos e abelhas tendo o mel como intermediário e, por outro lado, se acaso haveria o desaparecimento de abelhas no Rio Grande do Sul, realizamos esta pesquisa a partir do universo da apicultura e da meliponicultura, conduzida por meio de metodologia etnográfica, cuja observação participante foi realizada sobretudo em cursos de apicultura, em seminários e em espaços de fomento à apicultura e à meliponicultura no estado do Rio Grande do Sul. A partir de dados etnográficos elaborados nesse universo, que se constitui a partir das abelhas com e sem ferrão , desenvolvemos esta investigação. Ao início, desde uma perspectiva histórica, mostro que as abelhas e seus méis foram companheiros fundamentais para povos indígenas e colonizadores no Brasil. Na sequencia, estabelecendo um diálogo com a antropologia da alimentação, destaco a centralidade do mel na relação entre abelhas e humanos, o que nos mostra a relevância do mel como criador de vínculos entre ambos. Principal substância consumida pelos humanos que já foi previamente digerida e que é produzida por insetos , o mel é dotado de sabores que vão além do doce e que proporcionam muitos prazeres gustativos. Após abordar os méis e seus múltiplos sabores, discorro sobre os saberes, as habilidades, os valores e as habitabilidades cultivadas no meio apícola, o qual tem no encantamento dos apicultores pelas abelhas e sua vida social um de seus motivos condutores. Essa admiração pelas abelhas encontra, nas interações entre apicultores e abelhas que transcorrem nos apiários, alguns pontos de tensão, os quais são abordados na sequencia, quando são debatidas as práticas apícolas como “atos domesticatórios” dos enxames, destacando o complexo estatuto de domesticidade das abelhas e o limiar entre colheita e coleta do mel. Ao fim, enfoco a meliponicultura, isto é, a criação de abelhas nativas sem ferrão, salientando a importância dos meliponicultores e o cultivo que promovem de habitabilidades multiespécie, cujos atos possuem conotações conservacionistas, posto que diversas espécies de abelhas sem ferrão encontram-se em processo de extinção.This thesis investigates the relations established between humans and bees, understood here as “indispensable companions” of human life. Besides the relevance as polinators, we emphasize that it was especially through honey, the mediating term of the interactions established with the bees, that these animals would have become important to humans, providing the most intense sweet taste until the emergence of sugar. Currently, bees have been hit by crises, and the phenomenon of "vanishing of the bees" has been much publicized in the media and generated a great commotion, feeding a dystopian imaginary and, also, initiatives in defense of these insects. In order to understand, on the one hand, the relationships established between humans and bees having honey as an intermediary and, on the other hand, if there would be the disappearance of bees in Rio Grande do Sul, we conducted this research from the universe of beekeeping and meliponiculture. Conducted through an ethnographic methodology, whose participant observation was carried out mainly in beekeeping courses, seminars and spaces for beekeeping and meliponiculture in the state of Rio Grande do Sul. Based on ethnographic data elaborated in this universe, which is constituted from bees - with and without sting -, we developed this research. At first, from a historical perspective, I show that bees and their honeys have been fundamental companions for indigenous peoples, colonizers and settlers in Brazil. In the sequence, through a dialogue with the anthropology of food, I emphasize the centrality of honey in the relationship between bees and humans, which shows us the relevance of honey as the creator of links between both. Main substance consumed by humans that has been previously digested - and it is produced by insects - honey is endowed with flavors that go beyond sweet and provide many gustatory pleasures. After approaching the honeys and their many flavors, I discuss the knowledge, skills, values and habitability cultivated in the beekeeping world, which has in the enchantment of beekeepers by bees and their social life one of their main reasons. This admiration for bees finds in the interactions between beekeepers and bees that occur in the apiaries some points of tension, which are approached in the sequence when the beekeeping practices are discussed as "domesticatory acts" of the swarms, highlighting the complex beekeeping domesticity status and the threshold between gathering and harvesting of honey. Finally, I focus on meliponiculture, that is, the stingless beekeeping, stressing the importance of meliponists and the multispecies livability cultivation promoted by them, whose acts have conservationist connotations, since several species of native stingless bees are in the process of extinction.application/pdfporRelação homem-animalAbelhasMelHabitabilidadeAntropologia socialHuman non-human relationsBeesHoneyLivabilityAnthropologyDoces companheiras indispensáveis : um estudo antropológico sobre abelhas e habitabilidadeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em Antropologia SocialPorto Alegre, BR-RS2017doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001130587.pdf.txt001130587.pdf.txtExtracted Texttext/plain540906http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/226267/2/001130587.pdf.txtd2032ab68c1d1550ddac9937116ef234MD52ORIGINAL001130587.pdfTexto completoapplication/pdf15876085http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/226267/1/001130587.pdffa861ad7b9bcbc09ea091034dfbb4f2aMD5110183/2262672021-09-19 04:26:10.615149oai:www.lume.ufrgs.br:10183/226267Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-09-19T07:26:10Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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