Vinho com o almoço diminui a pressão arterial no período pós-prandial : ensaio clínico randomizado em indivíduos obesos e hipertensos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Foppa, Murilo
Data de Publicação: 1998
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/206009
Resumo: Introdução: Hipertensão arterial sistêmica, obesidade e consumo de álcool são muito prevalentes em nosso meio. Hipertensão arterial sistêmica e obesidade estão associados a uma maior incidência de doença cardiovascular e podem compartilhar mecanismos fisiopatológicos comuns, junto a outros fatores de risco. Consumo moderado de álcool pode reduzir o risco de doença cardiovascular. Esta proteção pode depender do tipo de bebida, padrões de consumo, fatores ambientais, estado prandial e presença de fatores de risco cardiovascular como dislipidemia, obesidade, resistência a insulina e aterosclerose. O álcool consumido isoladamente é capaz de produzir por um curto período de tempo uma redução da pressão arterial, sendo a magnitude desse efeito influenciada pelas características da população estudada e da dose e forma de administração do álcool. A monitorização ambulatorial de pressão arterial permite, de forma nao-invasiva e com a possibilidade de medidas frequentes, a avaliação das variações de curta duração que ocorrem na pressão arterial. As variações de curta duração induzidas pelo álcool podem ser particularmente importantes nos indivíduos com risco cardiovascular aumentado, como obesos e hipertensos. Objetivos: Testar a hipatese que dois calices de vinho, ingeridos junto com o almoço, causa redução da pressão arterial no intervalo pós-prandial, além de modificar as variações circadianas usuais da pressão arterial. Metodos: Cinco homens de meia-idade e 8 mulheres pós-menopausicas - todos hipertensos, obesos, sem o uso de drogas anti-hipertensivas e sem diabetes mellitus ou cardiopatia isquemica - participaram de um experimento cruzado aberto. De forma randomizada, os participantes receberam vinho (250ml, 23g de álcool) ou placebo junto a um almoço padronizado. A pressão arterial foi aferida por monitorização ambulatorial de 24h. Resultados: O vinho no almoço produziu uma redução de 5,3 ± 7,7 mmHg na pressao arterial no intervalo pas-prandial (P = 0,03), que permaneceu pelo restante do intervalo diumo. A redu9ao maxima foi de 8,5 ± 11,8 mmHg, ocorrendo 3h ap6s a intervenyao (P = 0,02). As pressoes sist61ica e diast61ica nos intervalos diumo e p6s-prandial, mostraram tendencias similarcs de redu9ao. Apesar de a intervenyao nao modificar diretamente a prcssao arterial durante a noite, o descenso noturno da pressao arterial sistalica foi menor durante o consumo de vinho (5,3 ± 10,2 vs. 11,1 ± 8,0 mmHg; P = 0,03). Conclusões: A ingestão de 250 ml de vinho como almoço produz uma reduyao da pressao arterial no periodo pas-prandial e restante do periodo diuno, modificando o comportamento circadiano usual da pressão arterial. Discussão: Os achados são consistentes com os estudos em outras populações, considerando-se as diferenças nos efeitos e protocolos utilizados. Considerando-se as evidências da literatura, pode-se especular que a redução da pressão arterial pós-prandial provocada pelo álcool pode trazer repercussões agudas e, potencialmente, crônicas, em diversos sistemas do organismo. Além de tudo, traz implicações clínicas, evidenciando a importância da identificação das características do consumo de álcool durante a avaliação clínica de pacientes hipertensos.
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