Biologia e taxonomia de temnocefalídeos (Platyhelminthes, Temnocephalida) epibiontes em Pomacea canaliculata (Lamarck, 1822) (Mollusca, Ampullariidae) do Rio Grande do Sul, Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Seixas, Samantha Alves
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/194106
Resumo: Pomacea canaliculata (Lamarck, 1822) é um molusco gastrópode da família Ampullariidae Gray, 1824. É a espécie de ampulariídeo com a maior distribuição geográfica conhecida, sendo abundante tanto na América do Sul, Central e parte da América do Norte. Está presente em muitos países asiáticos, onde foi introduzida na década de 1980. Os temnocefálidos pertencem ao filo Platyhelminthes e ao grupo polifilético ‘Turbellaria’. Temnocefalídeos neotropicais são epibiontes em moluscos, insetos, crustáceos e quelônios de hábitos dulciaqüícola. Na América do Sul, foram descritas 25 espécies do gênero Temnocephala Blanchard, 1849, três delas como epibiontes em P. canaliculata. O conhecimento sobre os temnocefalídeos epibiontes em Pomacea canaliculata no Brasil é escasso, tendo apenas uma das três espécies conhecidas, registrada no país. A partir da década de 1990, com a publicação de novas técnicas para a visualização de caracteres morfológicos importantes para a identificação das espécies, tornou-se necessário a complementação das descrições das espécies de temnocefalídeos descritas anteriormente. Quinhentos e noventa e um moluscos foram coletados no período de 1999 a 2007 em 11 pontos de coleta distribuídos em sete municípios do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. As coletas foram feitas manualmente ou com puçá e os temnocefalídeos coletados, processados e identificados no Laboratório de Helmintologia da UFRGS. Foram encontradas três espécies de temnocefalídeos: Temnocephala iheringi Haswell, 1893, Temnocephala rochensis Ponce de León, 1979 e Temnocephala haswelli Ponce de León, 1989. Duas destas espécies, T. iheringi e T. haswelli, foram encontradas em simpatria na Ilha da Pintada (Porto Alegre), Sava Clube (Porto Alegre), Ponta do Cirola (Barra do Ribeiro), Praia Florida (Guaíba), Arrozeira (Eldorado do Sul) e Distrito de Barra do Ouro (Maquiné), todos localizados na região leste do Estado. Infestações monoespecíficas de T. haswelli foram encontradas somente no Parque Marinha do Brasil (Porto Alegre). Temnocephala rochensis só foi encontrada no extremo sul do Estado, nas localidades Fazenda Sossego e Fazenda dos Afogados (Santa Vitória do Palmar); Fazenda da Invernada e Rodovia BR 116 (km 12) (Jaguarão). Temnocephala iheringi é a única das três espécies descrita do Brasil, sendo este o primeiro registro para o Estado do Rio Grande do Sul. Tanto T. haswelli quanto T. rochensis tinham sua distribuição restrita ao Uruguai, sendo este o primeiro registro para o Brasil. Novos caracteres de diferenciação das espécies foram estabelecidos para o estudo das infestações mistas de T. iheringi e T. haswelli. A posição relativa dos testículos, o limite ventral das glândulas vitelogênicas e a presença ou ausência do pigmento ocelar foram os caracteres utilizados nesta diferenciação. Com várias questões não resolvidas na sua descrição original, T. rochensis tem sua descrição atualizada e expandida. O fato da espécie ter sido descrita como tendo duas vesículas ‘resorbens’ foi resolvido. O que parecia ser uma segunda vesícula ‘resorbens’ ao autor, foi visto tratar-se de uma “vesicula intermedia”, a qual foi devidamente fotomicrografada e diagramada no presente trabalho.Os órgãos femininos do sistema reprodutor, pouco estudados nestas três espécies, tiveram sua descrição e morfometria detalhadas, desta forma tornando mais claras as diferenças entre as três espécies epibiontes do mesmo hospedeiro. Em T. iheringi, é mostrada pela primeira vez a placa sincicial do disco, assim como os poros no disco com a secreção de substância adesiva. Caracteres morfológicos importantes para a identificação das espécies, como o cirro (forma e número de espinhos do introvert), as placas sinciciais dorsolaterais póstentaculares ‘excretoras’ e a morfologia geral do sistema reprodutor, foram documentados nas três espécies em estudo, atualizando a sua caracterização.
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