Para além da via institucional : prelúdio para uma sociedade de sujeitos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/189933 |
Resumo: | A via institucional se encontra atualmente em seu momento derradeiro. Quando, já em idade madura, precisa voltar-se para a realidade social ao seu redor e para si mesma em um amplo questionamento. Esta realidade, que seus autores observam como expectadores curiosos em uma posição de ampla neutralidade, é marcada em seu momento atual pela ação de forças díspares, provenientes de projetos de modernização racionalistas e fragmentários. Por um lado, a racionalização e a instrumentalização da vida humana contribuem para o fechamento das coletividades em torno dos princípios da ordem, da produtividade e da eficiência técnica; por outro uma cultura hedonista e psicologista contribui para que o esforço coletivo seja substituído pelas felicidades privadas e a tradição pelo movimento. Tem-se um contexto social marcado pela constante ameaça de separação entre o ator e o sistema e entre o mundo da objetividade e o da subjetividade. O que nos leva a questionar se podem as instituições oferecer uma forma de mediação justa para estas duas metades em conflito. A partir desse questionamento, faço aqui uma análise crítica da instituição tanto como fenômeno quanto como construção teórica, buscando traçar os caminhos percorridos pelo institucionalismo na análise organizacional desde seus precursores até os desenvolvimentos recentes. Argumento que, em sua essência, a instituição representa um esforço de instrumentalização de uma base moral na vida social organizada de modo a produzir um estado equilibrado e ordenado de concordâncias acerca de um bem-viver, o que tem como consequências principais o conservadorismo, o elitismo e a estratificação social. A análise crítica da via institucional em seus desenvolvimentos teóricos revela a acentuação de cada uma destas componentes por meio da igualização das esferas valorativa e normativa, da criação de duas formas de individualismo e da naturalização da dinâmica social, ambos marcados pela ausência de um questionamento ético das instituições e seus portadores. Em decorrência disto, defendo que a opção institucional é insuficiente para lidar com os dilemas da modernidade e em oferecer aos indivíduos vias para uma mudança transformadora de sua realidade social. Proponho para tanto recorrer à ideia de sujeito trazida pela sociologia da ação, uma unidade ética que age como questionador e modificador de seu contexto na luta altruísta em defesa de direitos que estejam sendo esquecidos, apagados ou mesmo silenciados. |
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Cruz, Guillermo Fernando Hovermann daLopes, Fernando Dias2019-04-02T04:10:54Z2018http://hdl.handle.net/10183/189933001087572A via institucional se encontra atualmente em seu momento derradeiro. Quando, já em idade madura, precisa voltar-se para a realidade social ao seu redor e para si mesma em um amplo questionamento. Esta realidade, que seus autores observam como expectadores curiosos em uma posição de ampla neutralidade, é marcada em seu momento atual pela ação de forças díspares, provenientes de projetos de modernização racionalistas e fragmentários. Por um lado, a racionalização e a instrumentalização da vida humana contribuem para o fechamento das coletividades em torno dos princípios da ordem, da produtividade e da eficiência técnica; por outro uma cultura hedonista e psicologista contribui para que o esforço coletivo seja substituído pelas felicidades privadas e a tradição pelo movimento. Tem-se um contexto social marcado pela constante ameaça de separação entre o ator e o sistema e entre o mundo da objetividade e o da subjetividade. O que nos leva a questionar se podem as instituições oferecer uma forma de mediação justa para estas duas metades em conflito. A partir desse questionamento, faço aqui uma análise crítica da instituição tanto como fenômeno quanto como construção teórica, buscando traçar os caminhos percorridos pelo institucionalismo na análise organizacional desde seus precursores até os desenvolvimentos recentes. Argumento que, em sua essência, a instituição representa um esforço de instrumentalização de uma base moral na vida social organizada de modo a produzir um estado equilibrado e ordenado de concordâncias acerca de um bem-viver, o que tem como consequências principais o conservadorismo, o elitismo e a estratificação social. A análise crítica da via institucional em seus desenvolvimentos teóricos revela a acentuação de cada uma destas componentes por meio da igualização das esferas valorativa e normativa, da criação de duas formas de individualismo e da naturalização da dinâmica social, ambos marcados pela ausência de um questionamento ético das instituições e seus portadores. Em decorrência disto, defendo que a opção institucional é insuficiente para lidar com os dilemas da modernidade e em oferecer aos indivíduos vias para uma mudança transformadora de sua realidade social. Proponho para tanto recorrer à ideia de sujeito trazida pela sociologia da ação, uma unidade ética que age como questionador e modificador de seu contexto na luta altruísta em defesa de direitos que estejam sendo esquecidos, apagados ou mesmo silenciados.The institutional way is approaching a decisive moment. Reaching its mature age, it has to turn to itself and social reality with a questioning eye. This reality, which its authors observe as curious spectators in a position of broad neutrality, is pervaded by antagonist forces, stemming from rationalizing and fragmentary modernization projects. On the one hand, the rationalization and instrumentalization of human life contribute to the closure of collectivities around the principles of order, productivity and technical efficiency; on the other, a hedonist and psychologist culture contributes to the replacement of the collective effort by private happiness and of tradition by movement. There is a social context marked by the constant threat of separation between the actor and the system and between the world of objectivity and subjectivity. This context leads us to question whether institutions can provide a fair mediation for these two halves in conflict. Starting from this questioning, I make here a critical analysis of the institution both as a phenomenon and theoretical construction. As a starting point, I try to trace the paths covered by institutionalism in organizational analysis, from its precursors to the recent developments. I argue that the institution represents an effort to instrumentalize a moral basis in the organized social life. An effort oriented towards the production of a balanced and orderly state of concordances about a well-living and that has as main consequences the conservatism, the elitism, and the social stratification. The critical analysis of the institutional way in its theoretical developments reveals the accentuation of each of these components through the equalization of the evaluative and normative spheres, the creation of two forms of individualism and the naturalization of social dynamics, both marked by the absence of the ethical questioning of institutions and their carriers. As a result, I defend that the institutional option is insufficient to deal with the dilemmas of modernity and to offer individuals the means to transform their social reality. I propose to resort to the idea of the subject brought by the sociology of action, an ethical unit that acts as a questioner and modifier of its context in the altruistic struggle in defense of rights that are being forgotten, erased, or even silenced.application/pdfporInstitucionalismoModernização administrativaAnálise organizacionalOrganizational InstitutionalismEssaySubjectModernityPara além da via institucional : prelúdio para uma sociedade de sujeitosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de AdministraçãoPrograma de Pós-Graduação em AdministraçãoPorto Alegre, BR-RS2018doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001087572.pdf.txt001087572.pdf.txtExtracted Texttext/plain447376http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189933/2/001087572.pdf.txt4c758f46e54d20daa5d47d3c95b68908MD52ORIGINAL001087572.pdfTexto completoapplication/pdf1246425http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189933/1/001087572.pdf65a5fecae2da43222d3ea4bbd40fe728MD5110183/1899332019-04-03 04:16:40.249902oai:www.lume.ufrgs.br:10183/189933Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-04-03T07:16:40Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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