A dúvida mais persistente: as formas de governo do desaparecimento de pessoas no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Leal, Eduardo Martinelli
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/173797
Resumo: O desaparecimento de pessoas é um fenômeno complexo e polissêmico que pode estar conectado a diferentes condições históricas, saberes, tecnologias, expertises. Através de uma etnografia multissituada nos propomos a compreender as relações de poder investidas nas formas de governo (Foucault, 2008) do desaparecimento, através da emergência da militância de familiares, dos modos de subjetivação da experiência, de casos de desaparecimento, dos regimes de verdade e das expertises dos mediadores. Para tanto, fazemos uso da observação participante em eventos sobre o tema, entrevistas semiestruturadas com familiares e mediadores e de pesquisa bibliográfica e documental. A militância de familiares de pessoas desaparecidas emergiu a partir da mobilização contra a violência no Rio de Janeiro, nos anos de 1990, mas foi transformada pela imagem do sofrimento materno no espaço público. A família é fundamental na construção de marcos sociais a partir dos quais o desaparecimento é vivido como uma experiência social que envolve o tempo, o sofrimento, as relações de gênero e de classe e a busca à verdade. Embora a militância e o trabalho das instituições do Estado sejam fundamentais para o estabelecimento das relações de governo do desaparecimento, outros atores humanos e não-humanos são potencialmente aptos a se engajar e definir novos sentidos, táticas ou problematizações. A expertise se constitui como uma tecnologia de governo para os mediadores e funcionários do Estado, produzindo o desaparecido por meios de associações com familiares, técnicas e saberes.
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