Notícias do movimento indígena brasileiro: análise de conteúdo da produção da Apib e Coiab na pandemia da Covid-19

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Kolling, Patricia
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/253081
Resumo: A expansão das atividades de comunicação das organizações do movimento indígena, nos últimos anos, como estratégia de luta pela sobrevivência e pelos direitos, desperta atenção acadêmica. Com a pandemia da Covid-19, a vulnerabilidade desses povos fez com que a comunicação se tornasse ainda mais importante, tanto para informação das comunidades indígenas quanto dos não indígenas. Com o objetivo de compreender como as organizações do movimento indígena se manifestam nas notícias que produzem, refletindo sobre a construção de diferentes conhecimentos nas relações interétnicas no Brasil, desenvolveu-se esta tese. Buscou-se analisar a importância da comunicação do e para o movimento indígena, suas temáticas e seus posicionamentos. Pautou-se a proposta metodológica na Análise do Conteúdo (BARDIN, 2016) das notícias produzidas pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), publicadas nos sites das organizações, no primeiro ano da pandemia da Covid-19, de abril de 2020 a março de 2021. Analisaram-se 117 notícias das editorias de Saúde, Território e Meio Ambiente na busca de levantar dados quantitativos e qualitativos sobre pautas, fontes, critérios de noticiabilidade, temáticas e posicionamento das organizações indígenas. Teóricos como Peter Berger e Thomas Luckmann (2009, 2012), Anibal Quijano (2005), Nelson MaldonadoTorres (2019) auxiliaram a pensar a comunicação com um projeto decolonial, na busca de uma nova construção da realidade social. Manuel Castells (2013, 2017), Nelson Taquina (2008), Robert Park (2008) também ampararam essas reflexões sobre as notícias. Identificou-se, nas notícias estudadas, a valorização das fontes indígenas, que são a maioria nos textos, como também a valorização étnica de distintos povos. Esses aspectos subvertem os padrões coloniais, que silenciavam as vozes indígenas e invisibilizavam a diversidade desses povos. Quanto aos posicionamentos apresentados nos textos, destacaram-se as características de mobilização/movimentação dos indígenas na luta por direitos à saúde, meio ambiente e território, o que é característico do movimento desde a sua origem. Observou-se uma postura crítica em relação ao atual Governo Federal e suas instituições pelo descaso com a situação precária vivenciada pelos povos indígenas, durante a pandemia da Covid-19, além da impunidade na condenação dos crimes pelo desmatamento, queimadas, garimpo e invasão de terras indígenas. Com relação à proteção ambiental, a conduta é de interdependência dos povos indígenas com a floresta. Pode-se considerar as manifestações nas notícias como problematizadoras, críticas e transformadoras. Concluiu-se que as diferentes narrativas propostas pelo movimento indígena podem contribuir para desconstruir os conhecimentos institucionalizados na relação com os povos indígenas e fortalecer a contextualização de diferentes realidades e conhecimentos sobre esses povos.
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spelling Kolling, PatriciaMuller, Karla Maria2022-12-23T04:52:55Z2022http://hdl.handle.net/10183/253081001156105A expansão das atividades de comunicação das organizações do movimento indígena, nos últimos anos, como estratégia de luta pela sobrevivência e pelos direitos, desperta atenção acadêmica. Com a pandemia da Covid-19, a vulnerabilidade desses povos fez com que a comunicação se tornasse ainda mais importante, tanto para informação das comunidades indígenas quanto dos não indígenas. Com o objetivo de compreender como as organizações do movimento indígena se manifestam nas notícias que produzem, refletindo sobre a construção de diferentes conhecimentos nas relações interétnicas no Brasil, desenvolveu-se esta tese. Buscou-se analisar a importância da comunicação do e para o movimento indígena, suas temáticas e seus posicionamentos. Pautou-se a proposta metodológica na Análise do Conteúdo (BARDIN, 2016) das notícias produzidas pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), publicadas nos sites das organizações, no primeiro ano da pandemia da Covid-19, de abril de 2020 a março de 2021. Analisaram-se 117 notícias das editorias de Saúde, Território e Meio Ambiente na busca de levantar dados quantitativos e qualitativos sobre pautas, fontes, critérios de noticiabilidade, temáticas e posicionamento das organizações indígenas. Teóricos como Peter Berger e Thomas Luckmann (2009, 2012), Anibal Quijano (2005), Nelson MaldonadoTorres (2019) auxiliaram a pensar a comunicação com um projeto decolonial, na busca de uma nova construção da realidade social. Manuel Castells (2013, 2017), Nelson Taquina (2008), Robert Park (2008) também ampararam essas reflexões sobre as notícias. Identificou-se, nas notícias estudadas, a valorização das fontes indígenas, que são a maioria nos textos, como também a valorização étnica de distintos povos. Esses aspectos subvertem os padrões coloniais, que silenciavam as vozes indígenas e invisibilizavam a diversidade desses povos. Quanto aos posicionamentos apresentados nos textos, destacaram-se as características de mobilização/movimentação dos indígenas na luta por direitos à saúde, meio ambiente e território, o que é característico do movimento desde a sua origem. Observou-se uma postura crítica em relação ao atual Governo Federal e suas instituições pelo descaso com a situação precária vivenciada pelos povos indígenas, durante a pandemia da Covid-19, além da impunidade na condenação dos crimes pelo desmatamento, queimadas, garimpo e invasão de terras indígenas. Com relação à proteção ambiental, a conduta é de interdependência dos povos indígenas com a floresta. Pode-se considerar as manifestações nas notícias como problematizadoras, críticas e transformadoras. Concluiu-se que as diferentes narrativas propostas pelo movimento indígena podem contribuir para desconstruir os conhecimentos institucionalizados na relação com os povos indígenas e fortalecer a contextualização de diferentes realidades e conhecimentos sobre esses povos.The expansion of communication activities by indigenous movement organizations in recent years as a strategy to fight for survival and for rights, arouses academic attention. With the Covid-19 pandemic, the vulnerability of these peoples has made communication even more important, for the information of both indigenous and non-indigenous communities. This thesis was developed to understand how indigenous movement organizations manifest in the news they produce, reflecting on the construction of different knowledge in the relationship with indigenous peoples in Brazil. It was sought to understand the importance of communication by and for the indigenous movement, its themes, and its positions. The methodological proposal was based on Content Analysis (BARDIN, 2016) of the news produced by the Articulation of Indigenous Peoples from Brazil (Apib) and the Coordination of Indigenous Organizations from the Brazilian Amazon (Coiab), published on the organizations' websites in the first year of the Covid-19 pandemic, from April 2020 to March 2021. 117 pieces of news from sections of Health, Territory and Environment were analyzed to collect quantitative and qualitative data on agenda, sources, newsworthiness criteria, themes, and positioning of indigenous organizations. Theorists such as Peter Berger and Thomas Luckmann (2009, 2012), Anibal Quijano (2005), Nelson Maldonado-Torres (2019) helped to think about communication with a decolonial project, searching for a new construction of social reality. Manuel Castells (2013, 2017), Nelson Taquina (2008), Robert Park (2008) also supported these reflections on the news. It was identified in the studied news, the valorization of indigenous sources, which is the majority in the texts, as well as the ethnic valorization of different peoples. These aspects subvert colonial patterns, which silenced indigenous voices and made the diversity of these peoples invisible. As for the positions presented in the texts, the characteristics of mobilization/movement of indigenous people in the struggle for health rights, environment and territory were highlighted, which has been a characteristic of the movement since its origin. It was observed a critical stance towards the current Federal Government and its institutions for the neglect of the precarious situation experienced by indigenous peoples during the Covid-19 pandemic, in addition to the impunity in condemning the crimes of deforestation, fires, mining and invasion of indigenous lands. Regarding environmental preservation, the conduct is one of interdependence between indigenous peoples and the forest. One can consider the manifestations in the news as problematizing, critical and transformative. It was concluded that the different narratives proposed by the indigenous movement can contribute to deconstruct institutionalized knowledge in the relationship with indigenous peoples and strengthen the contextualization of different realities and knowledge about these peoples.application/pdfporNotíciaRealidadePandemia de COVID-19 (2020-)Povos indígenasIndigenous movementNewsCommunicationIndigenous sourcesReality constructionNotícias do movimento indígena brasileiro: análise de conteúdo da produção da Apib e Coiab na pandemia da Covid-19info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Biblioteconomia e ComunicaçãoPrograma de Pós-Graduação em ComunicaçãoPorto Alegre, BR-RS2022doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001156105.pdf.txt001156105.pdf.txtExtracted Texttext/plain581478http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/253081/2/001156105.pdf.txt6ab6566657d353bbeddc70a78d589771MD52ORIGINAL001156105.pdfTexto completoapplication/pdf5192496http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/253081/1/001156105.pdf99ad547f2d9f6f10a739b90abd77e0a4MD5110183/2530812022-12-24 06:05:27.297448oai:www.lume.ufrgs.br:10183/253081Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-12-24T08:05:27Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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